terça-feira, 10 de agosto de 2010
A sofisticação da grande mídia
Reproduzo artigo de Wladimir Pomar, publicado no sítio do Correio da Cidadania:
Quem se der ao trabalho de acompanhar, por pouco que seja, o noticiário da grande mídia a respeito das atividades diárias dos candidatos à presidência da República poderá notar o grau de sofisticação que as empresas de comunicação alcançaram para demonstrar sua pretensa neutralidade.
É verdade que elas não dedicam praticamente espaço algum ao que chamam de candidatos nanicos. O que, de imediato, já os classifica pejorativamente, embora isto pareça ser um senso comum na população. Portanto, quando o senso comum é de seu interesse, mesmo que seja incorreto do ponto de vista da vida democrática, a grande mídia não coloca qualquer um de seus inúmeros comentaristas políticos para explicar que tal conotação deveria ser repudiada.
Por outro lado, ela dedica religiosamente o mesmo espaço de tempo para os três candidatos que considera não-nanicos, ou que possuem chances reais de disputar com sucesso a presidência. Ou seja, a grande mídia decidiu, não se sabe bem baseada em que critérios, que a candidata Marina Silva não é nanica, embora as pesquisas de intenção de voto indiquem que ela possui menos de 10% da preferência do eleitorado.
No entanto, o aspecto mais sofisticado da cobertura dos grandes meios de comunicação às atividades diárias desses três candidatos está na própria cobertura. É verdade que eles têm alguma dificuldade de cobrir atividades eleitorais da candidata Marina porque tais atividades são, em geral, reduzidas. Mesmo assim, a mídia consegue ouvi-la, ou filmá-la no Senado, aparentemente para não ser acusada de excluir do espaço jornalístico uma das principais candidatas.
Em relação aos outros dois candidatos, Dilma e Serra, a grande mídia supera a si própria. Dilma pode estar num comício, numa passeata, numa aglomeração popular, mas as imagens são quase sempre da própria Dilma, sozinha, discursando ou sendo entrevistada, com ênfase nos trechos em que ela acha o que deve ser feito. Serra, ao contrário, aparece sempre cercado de gente, sendo abraçado, colocando crianças no colo, conversando com as pessoas, e suas falas são curtas e diretas, divulgando promessas que não constam de seu programa de governo.
Bem vistas as coisas, a grande mídia fez uma escolha e encontrou uma forma inteligente de mostrar sua preferência, aparentando neutralidade. Serra estaria com o povão, enquanto Dilma estaria longe desse contato popular. Serra diz o que vai fazer. Dilma acha o que pode fazer. O jornalismo se transformou em propaganda extremamente sofisticada.
O que não parece ser o caso da Justiça Eleitoral, numa publicidade institucional que chama a população e exercer o direito democrático do voto. Nessa publicidade, a figura do futuro presidente recebendo a faixa presidencial é a de um homem. Numa campanha em que a grande mídia considera a existência de três pretendentes principais, sendo dois deles mulheres, apresentar o futuro presidente como um homem é, na melhor das hipóteses, um erro grosseiro. Na pior, uma propaganda subliminar. Espanta que as campanhas das candidatas não tenham protestado e entrado com uma representação para mudar tal publicidade.
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Quem se der ao trabalho de acompanhar, por pouco que seja, o noticiário da grande mídia a respeito das atividades diárias dos candidatos à presidência da República poderá notar o grau de sofisticação que as empresas de comunicação alcançaram para demonstrar sua pretensa neutralidade.
É verdade que elas não dedicam praticamente espaço algum ao que chamam de candidatos nanicos. O que, de imediato, já os classifica pejorativamente, embora isto pareça ser um senso comum na população. Portanto, quando o senso comum é de seu interesse, mesmo que seja incorreto do ponto de vista da vida democrática, a grande mídia não coloca qualquer um de seus inúmeros comentaristas políticos para explicar que tal conotação deveria ser repudiada.
Por outro lado, ela dedica religiosamente o mesmo espaço de tempo para os três candidatos que considera não-nanicos, ou que possuem chances reais de disputar com sucesso a presidência. Ou seja, a grande mídia decidiu, não se sabe bem baseada em que critérios, que a candidata Marina Silva não é nanica, embora as pesquisas de intenção de voto indiquem que ela possui menos de 10% da preferência do eleitorado.
No entanto, o aspecto mais sofisticado da cobertura dos grandes meios de comunicação às atividades diárias desses três candidatos está na própria cobertura. É verdade que eles têm alguma dificuldade de cobrir atividades eleitorais da candidata Marina porque tais atividades são, em geral, reduzidas. Mesmo assim, a mídia consegue ouvi-la, ou filmá-la no Senado, aparentemente para não ser acusada de excluir do espaço jornalístico uma das principais candidatas.
Em relação aos outros dois candidatos, Dilma e Serra, a grande mídia supera a si própria. Dilma pode estar num comício, numa passeata, numa aglomeração popular, mas as imagens são quase sempre da própria Dilma, sozinha, discursando ou sendo entrevistada, com ênfase nos trechos em que ela acha o que deve ser feito. Serra, ao contrário, aparece sempre cercado de gente, sendo abraçado, colocando crianças no colo, conversando com as pessoas, e suas falas são curtas e diretas, divulgando promessas que não constam de seu programa de governo.
Bem vistas as coisas, a grande mídia fez uma escolha e encontrou uma forma inteligente de mostrar sua preferência, aparentando neutralidade. Serra estaria com o povão, enquanto Dilma estaria longe desse contato popular. Serra diz o que vai fazer. Dilma acha o que pode fazer. O jornalismo se transformou em propaganda extremamente sofisticada.
O que não parece ser o caso da Justiça Eleitoral, numa publicidade institucional que chama a população e exercer o direito democrático do voto. Nessa publicidade, a figura do futuro presidente recebendo a faixa presidencial é a de um homem. Numa campanha em que a grande mídia considera a existência de três pretendentes principais, sendo dois deles mulheres, apresentar o futuro presidente como um homem é, na melhor das hipóteses, um erro grosseiro. Na pior, uma propaganda subliminar. Espanta que as campanhas das candidatas não tenham protestado e entrado com uma representação para mudar tal publicidade.
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América Latina debate comunicação
Reproduzo artigo de Renata Mielli, direto do Paraguai, publicado no blog "Janela sobre a palavra":
Em Assunção, entidades do movimento social, redes de comunicação e representantes de governos se reuniram nos dias 09 e 10 de agosto para fazer “Um diálogo necessário para democratizar a comunicação e impulsionar a integração”.
Enfrentar os monopólios de comunicação, avançar na integração e aprofundar a soberania regional e dos países foi o eixo que orientou os debates do encontro.
Pela exposição dos participantes, que vieram de vários países (Argentina, Equador, Paraguai, Brasil, Chile, México, Venezuela, Cuba), foi possível ver que há uma sinergia muito grande entre as aspirações e metas da luta pela democratização da comunicação.
Apesar de estes países estarem em estágios diferenciados dessa luta e viverem situações políticas diversas, a ausência de espaços democráticos de comunicação é similar.
Entre os desafios apontados está o de fazer com que os movimentos sociais assumam essa pauta como estratégica e desenvolvam uma série de ações políticas para fazer com que o tema da comunicação se espraie para toda a sociedade. Sem mobilização popular para levantar a bandeira da comunicação como um direito humano será difícil alcançar vitórias nessa luta.
Por outro lado, somente a mobilização social não é suficiente. Para garantir a liberdade de expressão para todas as pessoas, assegurando a diversidade e a pluralidade, o Estado precisa agir no sentido de garantir espaços para que estas vozes sejam ouvidas. Ou seja, é imprescindível que os governos assumam a agenda da democratização da comunicação como parte indispensável das políticas para aprofundar a democratização da sociedade.
O que se pode ver é que em vários países – alguns mais, outros menos – há uma agenda pública de debates sobre a comunicação e conquistas estão sendo alcançadas. É o caso do Equador, da Venezuela, e da Argentina – este último muito debatido no encontro.
Em todos esses países, os debates e as mudanças estão sendo empreendidos com forte oposição dos oligopólios de comunicação. Daí, o alerta recorrente de que o grau de mudanças que vamos alcançar vai depender de como vamos enfrentar a correlação de forçar dentro de cada país.
A atividade foi organizada pela Alai – Agência Latina Americana de Informação, Aler – Associação latinoamericana de educação radiofônica, Minga Informativa e pela Rede Nacional de Emissoras do Paraguai, e contou com a participação de Argentina, Chile, Equador, Venezuela, Cuba, Brasil, México, Costa Rica.
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Em Assunção, entidades do movimento social, redes de comunicação e representantes de governos se reuniram nos dias 09 e 10 de agosto para fazer “Um diálogo necessário para democratizar a comunicação e impulsionar a integração”.
Enfrentar os monopólios de comunicação, avançar na integração e aprofundar a soberania regional e dos países foi o eixo que orientou os debates do encontro.
Pela exposição dos participantes, que vieram de vários países (Argentina, Equador, Paraguai, Brasil, Chile, México, Venezuela, Cuba), foi possível ver que há uma sinergia muito grande entre as aspirações e metas da luta pela democratização da comunicação.
Apesar de estes países estarem em estágios diferenciados dessa luta e viverem situações políticas diversas, a ausência de espaços democráticos de comunicação é similar.
Entre os desafios apontados está o de fazer com que os movimentos sociais assumam essa pauta como estratégica e desenvolvam uma série de ações políticas para fazer com que o tema da comunicação se espraie para toda a sociedade. Sem mobilização popular para levantar a bandeira da comunicação como um direito humano será difícil alcançar vitórias nessa luta.
Por outro lado, somente a mobilização social não é suficiente. Para garantir a liberdade de expressão para todas as pessoas, assegurando a diversidade e a pluralidade, o Estado precisa agir no sentido de garantir espaços para que estas vozes sejam ouvidas. Ou seja, é imprescindível que os governos assumam a agenda da democratização da comunicação como parte indispensável das políticas para aprofundar a democratização da sociedade.
O que se pode ver é que em vários países – alguns mais, outros menos – há uma agenda pública de debates sobre a comunicação e conquistas estão sendo alcançadas. É o caso do Equador, da Venezuela, e da Argentina – este último muito debatido no encontro.
Em todos esses países, os debates e as mudanças estão sendo empreendidos com forte oposição dos oligopólios de comunicação. Daí, o alerta recorrente de que o grau de mudanças que vamos alcançar vai depender de como vamos enfrentar a correlação de forçar dentro de cada país.
A atividade foi organizada pela Alai – Agência Latina Americana de Informação, Aler – Associação latinoamericana de educação radiofônica, Minga Informativa e pela Rede Nacional de Emissoras do Paraguai, e contou com a participação de Argentina, Chile, Equador, Venezuela, Cuba, Brasil, México, Costa Rica.
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Globo tira a máscara no Jornal Nacional
Reproduzo artigo de Fábio Michel, publicado na Rede Brasil Atual:
Como era de se esperar, a repercussão da entrevista da candidata Dilma Rousseff ao Jornal Nacional ganhou espaço entre a blogosfera imediatamente após a transmissão, na noite da segunda-feira (9).
Para Luis Nassif, cujo blog saiu do ar (mais uma vez) em razão da quantidade de acessos simultâneos, "(a entrevista) foi laboratório amplo de como o jornalismo pode utilizar estereótipos vazios em uma campanha eleitoral", referindo-se ao fato de o 'Casal Nacional'", em especial o apresentador William Bonner, provocar Dilma, ao perguntar sobre seu suposto temperamento impulsivo, capaz de “maltratar” ministros.
Bonner pode ter causado um mal-estar nos círculos administrativos da TV Globo ao questionar a candidata sobre as alianças do PT com figuras conhecidas da política nacional, como José Sarney e Fernando Collor, ambos proprietários de emissoras de TV retransmissora do sinal da Globo em seus estados.
Luiz Carlos Azenha, em seu Vi o Mundo, escancarou a tentativa de desestabilizar Dilma, quando esta foi perguntada sobre a ligação de sua candidatura ao presidente Lula. "Sabe, Bonner, o pessoal precisa, tem de escolher o que é que eu sou. Uns dizem que sou 'mulher forte', outros, que eu tenho tutor", reproduziu.
O tom quase intimidatório do apresentador Bonner foi citado nas redes sociais e por praticamente todos os blogues, que notaram que o desempenho da dupla acabou sendo mais relevante que a boa performance da candidata petista.
Sem sucesso em sua tentativa de provar que Dilma se sairia mal ao ser pressionada, restou ao JN tentar mostrar ao público que o governo atual vai mal. Questionou-se sobre problemas de infraestrutura, mas a resposta veio na hora, com a exposição de obras básicas atualmente em execução no Rio. E Dilma finalizou a entrevista com muitos motivos para ser mostrada com um largo sorriso.
A questão que fica agora para ser respondida pelo Jornal Nacional é qual o teor das perguntas que serão feitas para o candidato tucano, José Serra, que deve ser o entrevistado da noite da quarta-feira (11).
Segundo o jornalista Rodrigo Vianna, do Escrevinhador, o JN agiu como se o governo Lula fosse mal avaliado, estratégia que, pelas regras do bom jornalismo, deverá ser repetida na hora de sabatinar o ex-governador.
"Ironicamente, qualquer crítica pertinente que se faça a Serra terá que ser ao seu governo do Estado de São Paulo, o qual foi solenemente poupado de críticas pela mídia durante seus três anos e pouco de duração", escreve, para concluir que "se o telejornal usar com Serra a mesma medida usada com Dilma, revelará podres desconhecidos do tucano, nem que sejam só os eminentemente administrativos."
Se o 'casal nacional' e a equipe do JN conseguirá achar uma solução inteligente para o problema em que se meteram, ou se o telejornal de maior audiência da TV brasileira passará recibo de preferência partidária, a resposta virá na quarta-feira. Boa noite.
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Como era de se esperar, a repercussão da entrevista da candidata Dilma Rousseff ao Jornal Nacional ganhou espaço entre a blogosfera imediatamente após a transmissão, na noite da segunda-feira (9).
Para Luis Nassif, cujo blog saiu do ar (mais uma vez) em razão da quantidade de acessos simultâneos, "(a entrevista) foi laboratório amplo de como o jornalismo pode utilizar estereótipos vazios em uma campanha eleitoral", referindo-se ao fato de o 'Casal Nacional'", em especial o apresentador William Bonner, provocar Dilma, ao perguntar sobre seu suposto temperamento impulsivo, capaz de “maltratar” ministros.
Bonner pode ter causado um mal-estar nos círculos administrativos da TV Globo ao questionar a candidata sobre as alianças do PT com figuras conhecidas da política nacional, como José Sarney e Fernando Collor, ambos proprietários de emissoras de TV retransmissora do sinal da Globo em seus estados.
Luiz Carlos Azenha, em seu Vi o Mundo, escancarou a tentativa de desestabilizar Dilma, quando esta foi perguntada sobre a ligação de sua candidatura ao presidente Lula. "Sabe, Bonner, o pessoal precisa, tem de escolher o que é que eu sou. Uns dizem que sou 'mulher forte', outros, que eu tenho tutor", reproduziu.
O tom quase intimidatório do apresentador Bonner foi citado nas redes sociais e por praticamente todos os blogues, que notaram que o desempenho da dupla acabou sendo mais relevante que a boa performance da candidata petista.
Sem sucesso em sua tentativa de provar que Dilma se sairia mal ao ser pressionada, restou ao JN tentar mostrar ao público que o governo atual vai mal. Questionou-se sobre problemas de infraestrutura, mas a resposta veio na hora, com a exposição de obras básicas atualmente em execução no Rio. E Dilma finalizou a entrevista com muitos motivos para ser mostrada com um largo sorriso.
A questão que fica agora para ser respondida pelo Jornal Nacional é qual o teor das perguntas que serão feitas para o candidato tucano, José Serra, que deve ser o entrevistado da noite da quarta-feira (11).
Segundo o jornalista Rodrigo Vianna, do Escrevinhador, o JN agiu como se o governo Lula fosse mal avaliado, estratégia que, pelas regras do bom jornalismo, deverá ser repetida na hora de sabatinar o ex-governador.
"Ironicamente, qualquer crítica pertinente que se faça a Serra terá que ser ao seu governo do Estado de São Paulo, o qual foi solenemente poupado de críticas pela mídia durante seus três anos e pouco de duração", escreve, para concluir que "se o telejornal usar com Serra a mesma medida usada com Dilma, revelará podres desconhecidos do tucano, nem que sejam só os eminentemente administrativos."
Se o 'casal nacional' e a equipe do JN conseguirá achar uma solução inteligente para o problema em que se meteram, ou se o telejornal de maior audiência da TV brasileira passará recibo de preferência partidária, a resposta virá na quarta-feira. Boa noite.
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Chico Anísio, Maitê e a tropa de choque
Por Altamiro Borges
Chico Anísio, o humorista da TV Globo que sempre manteve sólidos vínculos com as elites no poder – ele até foi casado com a ex-ministra de Collor de Mello que surrupiou a poupança dos brasileiros –, despejou mentiras contra a candidata Dilma Rousseff numa entrevista recente ao programa Cultura Geral, na rádio Guarani FM, de Belo Horizonte:
“Eu fico meio grilado porque a candidata Dilma, assim como o Gabeira, está proibida de entrar nos Estados Unidos e em mais 11 países. Se botar o pé em Miami vai presa e não sei como que um presidente do Brasil pode conviver com essa proibição de entrar em 11 países, na América e mais 11 países importantes tipo Alemanha, Inglaterra, França, Itália”.
A radialista ainda retrucou: “Mas isso são águas passadas”. Mas, em tom sério, o decadente humorista insistiu na mentira: “Não… não, americano não perdoa. Ela participou do seqüestro do embaixador americano. Americano não perdoa, não”.
Mentiras e machismo explícito
Duas mentiras repetidas na maior caradura. A ex-ministra, que nunca negou o seu engajamento na resistência à ditadura militar, não participou do seqüestro do embaixador dos EUA no Brasil, Charles Burke Elbrick. Dilma Rousseff também nunca foi proibida de entrar naquele país. Tanto que, poucos dias depois das falsidades de Chico Anísio, ela até visitou os Estados Unidos.
Já nesta segunda-feira, a atriz global Maitê Proença negou a sua história – ela que teve destacado papel na luta pela redemocratização do país – ao afirmar ao jornal Estadão que a discriminação das mulheres talvez “venha a calhar nesse momento de eleições, atiçando os machos selvagens e nos salvando da Dilma”. Maitê já declarou que está em dúvida entre Marina Silva e José Serra, mas participou do jantar oferecido por artistas globais ao demotucano no Rio de Janeiro.
Globais investem na tática do medo
As duas declarações – uma mentirosa e outra machista – possivelmente não foram orientadas por Ali Kamel, o “senhor das trevas” da TV Globo, mas indicam o clima predominante na poderosa emissora. No Jornal Nacional, Willian Bonner não disfarça sua rejeição à candidata do governo – o que gerou outra “briga no ninho tucano” durante a entrevista de Dilma Rousseff, com Fátima Bernardes solicitando “um minutinho” de calma ao seu marido agressivo. Nos outros telejornais, Merval Pereira, Cristiana Lobo e outros também não escondem as suas preferências eleitorais.
No seminário do Instituto Millenium, realizado em março passado, várias estrelas da TV Globo já tinham sinalizado qual seria a linha editorial da emissora na cobertura das eleições de 2010. Willian Waack, Arnaldo Jabor e Marcelo Madureira, entre outros, esculhambaram o presidente Lula e a sua candidata. O evento do Millenium, antro da direita brasileira, serviu para unificar o discurso da mídia em torno da “tática do medo”. Na ausência da atriz global Regina Duarte, que cumpriu este deprimente papel nas eleições de 2002, outros já se alistaram na tropa de choque.
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Chico Anísio, o humorista da TV Globo que sempre manteve sólidos vínculos com as elites no poder – ele até foi casado com a ex-ministra de Collor de Mello que surrupiou a poupança dos brasileiros –, despejou mentiras contra a candidata Dilma Rousseff numa entrevista recente ao programa Cultura Geral, na rádio Guarani FM, de Belo Horizonte:
“Eu fico meio grilado porque a candidata Dilma, assim como o Gabeira, está proibida de entrar nos Estados Unidos e em mais 11 países. Se botar o pé em Miami vai presa e não sei como que um presidente do Brasil pode conviver com essa proibição de entrar em 11 países, na América e mais 11 países importantes tipo Alemanha, Inglaterra, França, Itália”.
A radialista ainda retrucou: “Mas isso são águas passadas”. Mas, em tom sério, o decadente humorista insistiu na mentira: “Não… não, americano não perdoa. Ela participou do seqüestro do embaixador americano. Americano não perdoa, não”.
Mentiras e machismo explícito
Duas mentiras repetidas na maior caradura. A ex-ministra, que nunca negou o seu engajamento na resistência à ditadura militar, não participou do seqüestro do embaixador dos EUA no Brasil, Charles Burke Elbrick. Dilma Rousseff também nunca foi proibida de entrar naquele país. Tanto que, poucos dias depois das falsidades de Chico Anísio, ela até visitou os Estados Unidos.
Já nesta segunda-feira, a atriz global Maitê Proença negou a sua história – ela que teve destacado papel na luta pela redemocratização do país – ao afirmar ao jornal Estadão que a discriminação das mulheres talvez “venha a calhar nesse momento de eleições, atiçando os machos selvagens e nos salvando da Dilma”. Maitê já declarou que está em dúvida entre Marina Silva e José Serra, mas participou do jantar oferecido por artistas globais ao demotucano no Rio de Janeiro.
Globais investem na tática do medo
As duas declarações – uma mentirosa e outra machista – possivelmente não foram orientadas por Ali Kamel, o “senhor das trevas” da TV Globo, mas indicam o clima predominante na poderosa emissora. No Jornal Nacional, Willian Bonner não disfarça sua rejeição à candidata do governo – o que gerou outra “briga no ninho tucano” durante a entrevista de Dilma Rousseff, com Fátima Bernardes solicitando “um minutinho” de calma ao seu marido agressivo. Nos outros telejornais, Merval Pereira, Cristiana Lobo e outros também não escondem as suas preferências eleitorais.
No seminário do Instituto Millenium, realizado em março passado, várias estrelas da TV Globo já tinham sinalizado qual seria a linha editorial da emissora na cobertura das eleições de 2010. Willian Waack, Arnaldo Jabor e Marcelo Madureira, entre outros, esculhambaram o presidente Lula e a sua candidata. O evento do Millenium, antro da direita brasileira, serviu para unificar o discurso da mídia em torno da “tática do medo”. Na ausência da atriz global Regina Duarte, que cumpriu este deprimente papel nas eleições de 2002, outros já se alistaram na tropa de choque.
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Uma radiografia da eleição para o Senado
Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:
Há alguns dias, escrevi aqui um texto sobre a eleição para a Câmara, e prometi que em seguida faria uma radiografia da disputa para o Senado. É o que apresento agora.
O PT adotou, nessa eleição, a tática de abrir mão de candidaturas a governos estaduais, com o objetivo de fortalecer a bancada no Senado Federal. Tática inteligente, já que o Senado (muito mais do que a Câmara) foi o grande obstáculo a Lula – com uma oposição numerosa e barulhenta. A idéia é permitir que Dilma – num eventual governo – tenha correlação de forças mais favorável no Senado.
Será que isso pode acontecer?
Peço, como sempre, a colaboração dos leitores, para corrigir e acrescentar informações que nos ajudem a entender esse quadro. Peço, também, paciência, porque o levantamento é exaustivo – bancada por bancada. Quem tiver menos interesse pode seguir direto para as conclusões finais.
Primeiro, é importante lembrar: dos 81 senadores (3 por Estado), 27 têm mandato até 2015. Portanto, o que está em jogo agora são as outras 54 vagas.
A análise do quadro político em cada Estado aponta para as seguintes possibilidades:
1) Forças de centro-esquerda
PT
- tem 2 senadores com mandato até 2014 – Suplicy (SP) e Tião Viana (AC) - e pode ganhar mais 2 sem precisar de um voto (Alfredo Nascimento e Renato Casagrande, que são favoritos na eleição para governador no AM e no ES, têm suplentes do PT);
- na eleição de outubro, o PT tem chance de eleger entre 8 e 15 novos senadores; Marta (SP), Paim (RS), José Pimentel (CE), Geisi (PR), Wellington (PI), Jorge Vianna (AC), Delcidio (MS) e Humberto Costa (PE) estão entre os dois mais citados nas pesquisas em seus respectivos Estados; mas o PT tem mais sete candidatos fortes, com chances de atropelar no final se Lula e Dilma ajudarem - Fernando Pimentel (MG), Walter Pinheiro (BA), Portela (RR), Fatima Cleide (RO), Abicalil (MT), Paulo Rocha (PA) e Lindhberg (RJ);
- dependendo dos resultados, o PT pode ficar com uma bancada de 12 a 19 senadores.
PCdoB
- tem um 1 senador com mandato até 2014 – Inacio Arruda (CE) ;
- não tem nenhum candidato entre os favoritos nas pesquisas, mas possui 3 nomes em terceiro nos levantamentos, e com chances reais de atropelar no fim – Netinho (SP), Vanessa Graziottin (AM) e Edvaldo (AC); Netinho aparece embolado com Quércia e Tuma na disputa pela segunda vaga de senador em SP; Vanessa e Edvaldo também aparecem pouco abaixo dos candidatos que lideram nos respectivos Estados;
- PCdoB pode ficar com bancada de 1 a 4 senadores;
PSB
- não tem nenhum senador com mandato até 2014;
- pode eleger entre 4 e 6 senadores nas eleições de outubro; aparecem entre os dois possíveis mais votados em seus Estados Antonio Carlos Valadares (SE), Rodrigo Rolemberg (DF), Zé Reinaldo (MA), Lidice da Mata (BA); mas outros nomes do partido tem chances – Capiberibe (AP) e Vilma (RN), essa última eu havia deixado fora da lista, mas corrijo aqui por orientação de leitores atentos;
- portanto, PSB pode ficar com uma bancada de 4 a 6 senadores.
PDT
- tem 2 senadores – Acir Gurgacz (RO) e João Durval (BA) – com mandato até 2014;
- pode eleger mais 3 senadores em outubro; Cristovam Buarque (DF), Waldez Goes (AP) e Dagoberto Nogueira (MS) aparecem nas duas primeiras colocações nas pesquisas em seus respectivos Estados;
- o PDT pode ficar com uma bancada de 5 senadores.
Na hipótese mais otimista para a centro-esquerda, os 4 partidos teriam uma bancada total de 33 senadores. Seria algo inédito no Brasil. Importante lembrar: alguns nomes que podem se eleger por PSB e PDT não têm histórico de militância pela esquerda.
Outras ressalvas:
- nomes como Lidice da Mata (PSB) e Walter Pinheiro (PT), por exemplo, dificilmente estarão juntos nesse cômputo geral. Disputam a mesma vaga para o Senado pela Bahia, já que a outra parece destinada a Cesar Borges (PR);
- em alguns Estados, parece difícil que os petistas, socialistas ou comunistas hoje em terceiro lugar consigam superar pelo menos um dos adversários na disputa (casos de Paulo Rocha no Pará e Lindhberg no Rio, que terá um enfrentamento duríssimo com Cesar Maia pela segunda vaga no Estado).
Por isso, a previsão mais realista é que as legendas de centro-esquerda fiquem com uma bancada em torno de 28 senadores.
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2) PMDB
- tem 3 senadores com mandato até 2014 – Pedro Simon (RS), Jarbas (PE) e Jose Sarney (AP);
- pode eleger em outubro de 14 e 19 senadores; estão entre os favoritos nas pesquisas Ferraço (ES), Rigotto (RS), Luiz Henrique (SC), Requião (PR), Jackson Barreto (SE), Renan Calheiros (AL), Garibaldi (RN), Lobão (MA), Marcelo Miranda (TO), Jader Barbalho (PA), Gilvan Borges (AP), Romero Jucá (RR), Eduardo Braga (AM) e Valdir Raupp (RO); mas outros 5 (sem ser favoritos) aparecem ainda com chance de ficar com uma das vagas em seus Estados – Moka (MS), João Alberto (MA), Vitalzinho (PB), Eunicio (CE) e Quércia (SP);
- portanto, o PMDB pode ficar com uma bancada total de 17 a 22 senadores.
Ressalva: dos 5 nomes ainda com chance, sem ser favoritos numericamente nas pesquisas, só Eunício e Moka parecem ter força política (incluindo a proximidade com Lula) para eventualmente ficar com a vaga.
Portanto, a previsão mais realista é que o PMDB fique com algo em torno de 18 senadores (vai disputar com PT – que deve eleger 17 ou 18 – o posto de maior bancada no Senado). Desses, pelo menos 4 não podem ser considerados aliados de Lula/Dilma (Jarbas, Simon, Rigotto e Luiz Henrique).
Ainda assim, 14 peemedebistas pró-governo somados a possíveis 28 senadores de um bloco de centro-esquerda já dariam 42 votos (maioria simples no Senado).
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3) Outras legendas aliadas de Lula/Dilma
PR
- não tem senadores com mandato até 2014;
- pode eleger 4 senadores em outubro; Blairo Maggi (MT), Magno Malta (ES), Cesar Borges (BA) e João Ribeiro (TO) são favoritos em seus Estados, de acordo com as últimas pesquisas;
- PR deve ficar com uma bancada de 4 senadores
PTB
- tem 5 senadores com mandato até 2014 – Mozarildo Cavalcanti (RR), Epitácio Cafeteira (MA), João Vicente Claudino (PI), Gim Argello (DF), Fernando Collor ou suplente (AL);
- pode eleger 1 ou 2 senadores; Tuma aparece em segundo em SP (mas pode acabar sem a vaga numa disputa que deve ser acirradíssima com Netinho, Quércia e Aloysio) e Armando Monteiro Neto (terceiro nas pesquisas em PE) pode surpreender o veterano Marco Maciel, se Lula e Eduardo Campos ajudarem;
- PTB pode ficar com bancada de 5 ou 6 senadores.
PRB
- não tem nenhum senador com mandato até 2014;
- em outubro deve eleger 1 senador - Crivella (RJ) está em primeiro nas pesquisas no Estado;
- PRB deve ficar com 1 senador.
PP
- tem 1 senador com mandato até 2014 – Dornelles (RJ);
- tinha chance clara de eleger mais 1 senador, mas Ivo Cassol (RO) teve seu registro cassado pelo TRE; no RS, Ana Amélia Lemos ainda pode surpreender os favoritos Rigotto e Paim.
- PP deve ficar com 1 ou 2 senadores.
As 4 legendas, somadas, devem ficar com algo em torno de 12 senadores. Desses, pelo menos 10 têm-se mantido próximos a Lula/Dilma.
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4) Legendas de oposição a Lula/Dilma no Senado
PSDB
- tem 5 senadores com mandato até 2014 – Mario Couto (PA), Marisa Serrano (MS), Marconi Perillo (GO), Alvaro Dias (PR) e Cícero Lucena (PB);
- pode eleger, em outubro, de 5 a 7 senadores que estão entre os dois primeiros nas pesquisas em seus Estados - Aécio (MG), Paulo Bauer (SC), Tasso (CE), Cassio Cunha Lima (PB), Lúcia Vania (GO) Marluce Pinto (RR) e Antero (MT) (os dois últimos correm algum risco, porque disputam a segunda vaga com candidatos do PT que podem crescer na reta final);
- PSDB deve ficar com uma bancada de 10 a 12 senadores.
DEM
- tem 5 senadores com mandato até 2014;
- pode eleger, de acordo com as pesquisas, até 6 senadores; estão entre os favoritos, até agora, Cesar Maia (RJ), Marco Maciel (PE), Agripino (RN), e Demóstenes Torres (GO); Heráclito Fortes (PI) aparece em terceiro nas pesquisas e pode perder a reeleição; Cesar Maia e Marco Maciel também devem ter dificuldades porque concorrem em Estados onde o eleitorado é francamente lulista, e um dos dois pode acabar derrotado por Armando Monteiro Neto (PE) ou Lindhberg (RJ);
- a previsão mais realista é que o DEM eleja 4 ou 5 senadores em outubro, e fique com uma bancada de até 10 senadores
PPS
- não tem senadores atualmente;
- pode eleger 1 senador em outubro – Itamar Franco (MG); mas a disputa será duríssima com Fernando Pimentel (PT);
- pode ficar com 1 senador.
PSC
- não tem senadores com mandato até 2014;
- pode eleger 1 senador – Mão Santa (PI) está entre os primeiros em seu Estado;
- PSC deve ficar com 1 senador a partir do ano que vem.
PMN
- não tem senadores;
- pode eleger 1 senador – Petecão no Acre está sem segundo, mas corre risco de ser derrotado por Edvaldo do PCdoB;
- PMN pode ficar com 1 senador a partir de 2011.
PSOL
- não tem senadores com mandato até 2014;
- deve eleger 1 senador – Heloisa Helena (AL) é favorita;
- PSOL deve ficar com 1 senador a partir de 2011.
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Vamos às conclusões finais…
- Na hipótese mais realista, a bancada PSDB/DEM/PSC/PPS/PMN deve somar algo em torno de 25 senadores a partir de 2011. Com mais 4 “dissidentes” do PMDB (Jarbas, Simon, Rigotto, Luiz Henrique), e 1 senador do PSOL, a oposição a um hipotético governo Dilma teria cerca de 29 senadores.
- Do outro lado, somados os votos das legendas de centro-esquerda (28 senadores) com o PMDB “lulista” (14 senadores) e mais 10 senadores de legendas “aliadas” (PP/PR/PRB/PTB) , um hipotético governo Dilma teria algo em torno de 52 votos no Senado. Dois terços do Plenário! Vida mais tranquila do que Lula.
- Tranquila entre aspas porque na turma pró-governo do PMDB haveria gente como Jáder Barbalho – que costuma trazer mais problema do que voto (a Ana Júlia que o diga, no Pará).
- De toda forma, a nota mais importante é o provável encolhimento do bloco DEM/PSDB. Difícil imaginar que Tasso Jereissati, Agripino e Demóstenes não consigam se eleger. Mas figuras como Heráclito Fortes, Artur Virgilio (e até Marco Maciel!) correm risco concreto de ficar fora do Congresso
- Os “demo-tucanos” não serão “varridos do mapa”, como chegam a dizer alguns de forma retumbante. Mas ficarão mais fracos. Se vencer, Dilma pode esperar menos dor-de-cabeça por parte dessa oposição barulhenta do Senado, e mais dor-de-cabeça pra negociar com os “neo-aliados” como Jáder, ou com os velhos “parceiros” (Renan/Sarney/Jucá).
- Na hipótese menos provável de Serra virar o jogo e ganhar, o PMDB cairá tranquilamente no colo dele. Sem traumas. E com muitos votos no Senado.
- Oito anos de Lula parecem ter sido insuficientes para esgotar o poder dos velhos caciques peemedebistas, que chegarão a Brasília mais fortes do que nunca. E – num hipotético governo Dilma – jogariam de tabelinha com um aliado poderoso a fazer sombra, na vice-presidência.
- Por isso, é fundamental que as legendas de centro-esquerda e o PT ofereçam um contra-peso ao poder do PMDB no Senado. Pelo quadro nos Estados, isso pode muito bem se concretizar. Lula, mais uma vez, demonstra uma capacidade impressionante de estrategista.
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Há alguns dias, escrevi aqui um texto sobre a eleição para a Câmara, e prometi que em seguida faria uma radiografia da disputa para o Senado. É o que apresento agora.
O PT adotou, nessa eleição, a tática de abrir mão de candidaturas a governos estaduais, com o objetivo de fortalecer a bancada no Senado Federal. Tática inteligente, já que o Senado (muito mais do que a Câmara) foi o grande obstáculo a Lula – com uma oposição numerosa e barulhenta. A idéia é permitir que Dilma – num eventual governo – tenha correlação de forças mais favorável no Senado.
Será que isso pode acontecer?
Peço, como sempre, a colaboração dos leitores, para corrigir e acrescentar informações que nos ajudem a entender esse quadro. Peço, também, paciência, porque o levantamento é exaustivo – bancada por bancada. Quem tiver menos interesse pode seguir direto para as conclusões finais.
Primeiro, é importante lembrar: dos 81 senadores (3 por Estado), 27 têm mandato até 2015. Portanto, o que está em jogo agora são as outras 54 vagas.
A análise do quadro político em cada Estado aponta para as seguintes possibilidades:
1) Forças de centro-esquerda
PT
- tem 2 senadores com mandato até 2014 – Suplicy (SP) e Tião Viana (AC) - e pode ganhar mais 2 sem precisar de um voto (Alfredo Nascimento e Renato Casagrande, que são favoritos na eleição para governador no AM e no ES, têm suplentes do PT);
- na eleição de outubro, o PT tem chance de eleger entre 8 e 15 novos senadores; Marta (SP), Paim (RS), José Pimentel (CE), Geisi (PR), Wellington (PI), Jorge Vianna (AC), Delcidio (MS) e Humberto Costa (PE) estão entre os dois mais citados nas pesquisas em seus respectivos Estados; mas o PT tem mais sete candidatos fortes, com chances de atropelar no final se Lula e Dilma ajudarem - Fernando Pimentel (MG), Walter Pinheiro (BA), Portela (RR), Fatima Cleide (RO), Abicalil (MT), Paulo Rocha (PA) e Lindhberg (RJ);
- dependendo dos resultados, o PT pode ficar com uma bancada de 12 a 19 senadores.
PCdoB
- tem um 1 senador com mandato até 2014 – Inacio Arruda (CE) ;
- não tem nenhum candidato entre os favoritos nas pesquisas, mas possui 3 nomes em terceiro nos levantamentos, e com chances reais de atropelar no fim – Netinho (SP), Vanessa Graziottin (AM) e Edvaldo (AC); Netinho aparece embolado com Quércia e Tuma na disputa pela segunda vaga de senador em SP; Vanessa e Edvaldo também aparecem pouco abaixo dos candidatos que lideram nos respectivos Estados;
- PCdoB pode ficar com bancada de 1 a 4 senadores;
PSB
- não tem nenhum senador com mandato até 2014;
- pode eleger entre 4 e 6 senadores nas eleições de outubro; aparecem entre os dois possíveis mais votados em seus Estados Antonio Carlos Valadares (SE), Rodrigo Rolemberg (DF), Zé Reinaldo (MA), Lidice da Mata (BA); mas outros nomes do partido tem chances – Capiberibe (AP) e Vilma (RN), essa última eu havia deixado fora da lista, mas corrijo aqui por orientação de leitores atentos;
- portanto, PSB pode ficar com uma bancada de 4 a 6 senadores.
PDT
- tem 2 senadores – Acir Gurgacz (RO) e João Durval (BA) – com mandato até 2014;
- pode eleger mais 3 senadores em outubro; Cristovam Buarque (DF), Waldez Goes (AP) e Dagoberto Nogueira (MS) aparecem nas duas primeiras colocações nas pesquisas em seus respectivos Estados;
- o PDT pode ficar com uma bancada de 5 senadores.
Na hipótese mais otimista para a centro-esquerda, os 4 partidos teriam uma bancada total de 33 senadores. Seria algo inédito no Brasil. Importante lembrar: alguns nomes que podem se eleger por PSB e PDT não têm histórico de militância pela esquerda.
Outras ressalvas:
- nomes como Lidice da Mata (PSB) e Walter Pinheiro (PT), por exemplo, dificilmente estarão juntos nesse cômputo geral. Disputam a mesma vaga para o Senado pela Bahia, já que a outra parece destinada a Cesar Borges (PR);
- em alguns Estados, parece difícil que os petistas, socialistas ou comunistas hoje em terceiro lugar consigam superar pelo menos um dos adversários na disputa (casos de Paulo Rocha no Pará e Lindhberg no Rio, que terá um enfrentamento duríssimo com Cesar Maia pela segunda vaga no Estado).
Por isso, a previsão mais realista é que as legendas de centro-esquerda fiquem com uma bancada em torno de 28 senadores.
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2) PMDB
- tem 3 senadores com mandato até 2014 – Pedro Simon (RS), Jarbas (PE) e Jose Sarney (AP);
- pode eleger em outubro de 14 e 19 senadores; estão entre os favoritos nas pesquisas Ferraço (ES), Rigotto (RS), Luiz Henrique (SC), Requião (PR), Jackson Barreto (SE), Renan Calheiros (AL), Garibaldi (RN), Lobão (MA), Marcelo Miranda (TO), Jader Barbalho (PA), Gilvan Borges (AP), Romero Jucá (RR), Eduardo Braga (AM) e Valdir Raupp (RO); mas outros 5 (sem ser favoritos) aparecem ainda com chance de ficar com uma das vagas em seus Estados – Moka (MS), João Alberto (MA), Vitalzinho (PB), Eunicio (CE) e Quércia (SP);
- portanto, o PMDB pode ficar com uma bancada total de 17 a 22 senadores.
Ressalva: dos 5 nomes ainda com chance, sem ser favoritos numericamente nas pesquisas, só Eunício e Moka parecem ter força política (incluindo a proximidade com Lula) para eventualmente ficar com a vaga.
Portanto, a previsão mais realista é que o PMDB fique com algo em torno de 18 senadores (vai disputar com PT – que deve eleger 17 ou 18 – o posto de maior bancada no Senado). Desses, pelo menos 4 não podem ser considerados aliados de Lula/Dilma (Jarbas, Simon, Rigotto e Luiz Henrique).
Ainda assim, 14 peemedebistas pró-governo somados a possíveis 28 senadores de um bloco de centro-esquerda já dariam 42 votos (maioria simples no Senado).
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3) Outras legendas aliadas de Lula/Dilma
PR
- não tem senadores com mandato até 2014;
- pode eleger 4 senadores em outubro; Blairo Maggi (MT), Magno Malta (ES), Cesar Borges (BA) e João Ribeiro (TO) são favoritos em seus Estados, de acordo com as últimas pesquisas;
- PR deve ficar com uma bancada de 4 senadores
PTB
- tem 5 senadores com mandato até 2014 – Mozarildo Cavalcanti (RR), Epitácio Cafeteira (MA), João Vicente Claudino (PI), Gim Argello (DF), Fernando Collor ou suplente (AL);
- pode eleger 1 ou 2 senadores; Tuma aparece em segundo em SP (mas pode acabar sem a vaga numa disputa que deve ser acirradíssima com Netinho, Quércia e Aloysio) e Armando Monteiro Neto (terceiro nas pesquisas em PE) pode surpreender o veterano Marco Maciel, se Lula e Eduardo Campos ajudarem;
- PTB pode ficar com bancada de 5 ou 6 senadores.
PRB
- não tem nenhum senador com mandato até 2014;
- em outubro deve eleger 1 senador - Crivella (RJ) está em primeiro nas pesquisas no Estado;
- PRB deve ficar com 1 senador.
PP
- tem 1 senador com mandato até 2014 – Dornelles (RJ);
- tinha chance clara de eleger mais 1 senador, mas Ivo Cassol (RO) teve seu registro cassado pelo TRE; no RS, Ana Amélia Lemos ainda pode surpreender os favoritos Rigotto e Paim.
- PP deve ficar com 1 ou 2 senadores.
As 4 legendas, somadas, devem ficar com algo em torno de 12 senadores. Desses, pelo menos 10 têm-se mantido próximos a Lula/Dilma.
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4) Legendas de oposição a Lula/Dilma no Senado
PSDB
- tem 5 senadores com mandato até 2014 – Mario Couto (PA), Marisa Serrano (MS), Marconi Perillo (GO), Alvaro Dias (PR) e Cícero Lucena (PB);
- pode eleger, em outubro, de 5 a 7 senadores que estão entre os dois primeiros nas pesquisas em seus Estados - Aécio (MG), Paulo Bauer (SC), Tasso (CE), Cassio Cunha Lima (PB), Lúcia Vania (GO) Marluce Pinto (RR) e Antero (MT) (os dois últimos correm algum risco, porque disputam a segunda vaga com candidatos do PT que podem crescer na reta final);
- PSDB deve ficar com uma bancada de 10 a 12 senadores.
DEM
- tem 5 senadores com mandato até 2014;
- pode eleger, de acordo com as pesquisas, até 6 senadores; estão entre os favoritos, até agora, Cesar Maia (RJ), Marco Maciel (PE), Agripino (RN), e Demóstenes Torres (GO); Heráclito Fortes (PI) aparece em terceiro nas pesquisas e pode perder a reeleição; Cesar Maia e Marco Maciel também devem ter dificuldades porque concorrem em Estados onde o eleitorado é francamente lulista, e um dos dois pode acabar derrotado por Armando Monteiro Neto (PE) ou Lindhberg (RJ);
- a previsão mais realista é que o DEM eleja 4 ou 5 senadores em outubro, e fique com uma bancada de até 10 senadores
PPS
- não tem senadores atualmente;
- pode eleger 1 senador em outubro – Itamar Franco (MG); mas a disputa será duríssima com Fernando Pimentel (PT);
- pode ficar com 1 senador.
PSC
- não tem senadores com mandato até 2014;
- pode eleger 1 senador – Mão Santa (PI) está entre os primeiros em seu Estado;
- PSC deve ficar com 1 senador a partir do ano que vem.
PMN
- não tem senadores;
- pode eleger 1 senador – Petecão no Acre está sem segundo, mas corre risco de ser derrotado por Edvaldo do PCdoB;
- PMN pode ficar com 1 senador a partir de 2011.
PSOL
- não tem senadores com mandato até 2014;
- deve eleger 1 senador – Heloisa Helena (AL) é favorita;
- PSOL deve ficar com 1 senador a partir de 2011.
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Vamos às conclusões finais…
- Na hipótese mais realista, a bancada PSDB/DEM/PSC/PPS/PMN deve somar algo em torno de 25 senadores a partir de 2011. Com mais 4 “dissidentes” do PMDB (Jarbas, Simon, Rigotto, Luiz Henrique), e 1 senador do PSOL, a oposição a um hipotético governo Dilma teria cerca de 29 senadores.
- Do outro lado, somados os votos das legendas de centro-esquerda (28 senadores) com o PMDB “lulista” (14 senadores) e mais 10 senadores de legendas “aliadas” (PP/PR/PRB/PTB) , um hipotético governo Dilma teria algo em torno de 52 votos no Senado. Dois terços do Plenário! Vida mais tranquila do que Lula.
- Tranquila entre aspas porque na turma pró-governo do PMDB haveria gente como Jáder Barbalho – que costuma trazer mais problema do que voto (a Ana Júlia que o diga, no Pará).
- De toda forma, a nota mais importante é o provável encolhimento do bloco DEM/PSDB. Difícil imaginar que Tasso Jereissati, Agripino e Demóstenes não consigam se eleger. Mas figuras como Heráclito Fortes, Artur Virgilio (e até Marco Maciel!) correm risco concreto de ficar fora do Congresso
- Os “demo-tucanos” não serão “varridos do mapa”, como chegam a dizer alguns de forma retumbante. Mas ficarão mais fracos. Se vencer, Dilma pode esperar menos dor-de-cabeça por parte dessa oposição barulhenta do Senado, e mais dor-de-cabeça pra negociar com os “neo-aliados” como Jáder, ou com os velhos “parceiros” (Renan/Sarney/Jucá).
- Na hipótese menos provável de Serra virar o jogo e ganhar, o PMDB cairá tranquilamente no colo dele. Sem traumas. E com muitos votos no Senado.
- Oito anos de Lula parecem ter sido insuficientes para esgotar o poder dos velhos caciques peemedebistas, que chegarão a Brasília mais fortes do que nunca. E – num hipotético governo Dilma – jogariam de tabelinha com um aliado poderoso a fazer sombra, na vice-presidência.
- Por isso, é fundamental que as legendas de centro-esquerda e o PT ofereçam um contra-peso ao poder do PMDB no Senado. Pelo quadro nos Estados, isso pode muito bem se concretizar. Lula, mais uma vez, demonstra uma capacidade impressionante de estrategista.
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O dilema do Jornal Nacional
Reproduzo artigo de Eduardo Guimarães, publicado no blog Cidadania:
A pressa de Willian Bonner em fazer o maior volume de acusações a Dilma Rousseff, ao PT e ao governo Lula no espaço dos 12 minutos da entrevista que a candidata concedeu ao Jornal Nacional na noite de ontem era tanta, que o jornalista acabou errando na dose.
A insistência do entrevistador no tom e no conteúdo acusatórios nas questões que fazia foi gerada pelo resvalar dos seus disparos retóricos na couraça paz e amor da entrevistada. Bonner ficou visivelmente irritado e se embolou com Fátima Bernardes no ataque.
Quem duvidava ou não sabia de que a Globo se opõe a Dilma, ao PT e até ao governo Lula tomou conhecimento disso ontem à noite.
Foi o que a entrevista mostrou, queiram os seus idealizadores ou não. Agiram como se o governo Lula fosse mal avaliado, e Bonner disparou críticas justamente ao ponto forte deste governo, a economia. Fizeram críticas, portanto, sem ressonância na sociedade.
Mas, enfim, o objetivo deste texto não é o de responder às acusações que Bonner e sua mulher fizeram a Dilma, ao PT e ao governo Lula, pois a candidata petista fez isso muito bem, com segurança e surpreendente serenidade.
Há que analisar o pós, o “day after”, que, ao contrário do que se pode pensar, não será no dia seguinte ao da entrevista e, sim, na quarta-feira, quando o entrevistado for José Serra e a Globo tiver que retirar a impressão que Bonner e Bernardes deixaram ao entrevistar Dilma.
Um fato inegável é o de que, se não quiserem dar de bandeja aos petistas a confirmação de suas queixas da mídia, Bonner e Bernardes terão que ser duros também com Serra.
Eis um dilema para o JN. As acusações a Dilma, ao governo Lula e ao PT usadas pelo “Casal Nacional” são amplamente conhecidas. São críticas que estão todos os dias na mídia há anos e anos, tanto na impressa quanto na eletrônica. Mas e a Serra, do que acusar?
Ironicamente, qualquer crítica pertinente que se faça a Serra terá que ser ao seu governo do Estado de São Paulo, o qual foi solenemente poupado de críticas pela mídia durante seus três anos e pouco de duração.
O JN não pode passar recibo de partidário, pois ele e toda a imprensa golpista negam isso até a morte. Mas se o telejornal usar com Serra a mesma medida usada com Dilma, revelará podres desconhecidos do tucano, nem que sejam só os eminentemente administrativos.
A julgar pela entrevista desastrada de ontem à noite, não acredito que terão competência para achar uma solução inteligente, artigo que tem lhes faltado há anos para derrubar a popularidade estratosférica do seu ex-maior desafeto.
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A pressa de Willian Bonner em fazer o maior volume de acusações a Dilma Rousseff, ao PT e ao governo Lula no espaço dos 12 minutos da entrevista que a candidata concedeu ao Jornal Nacional na noite de ontem era tanta, que o jornalista acabou errando na dose.
A insistência do entrevistador no tom e no conteúdo acusatórios nas questões que fazia foi gerada pelo resvalar dos seus disparos retóricos na couraça paz e amor da entrevistada. Bonner ficou visivelmente irritado e se embolou com Fátima Bernardes no ataque.
Quem duvidava ou não sabia de que a Globo se opõe a Dilma, ao PT e até ao governo Lula tomou conhecimento disso ontem à noite.
Foi o que a entrevista mostrou, queiram os seus idealizadores ou não. Agiram como se o governo Lula fosse mal avaliado, e Bonner disparou críticas justamente ao ponto forte deste governo, a economia. Fizeram críticas, portanto, sem ressonância na sociedade.
Mas, enfim, o objetivo deste texto não é o de responder às acusações que Bonner e sua mulher fizeram a Dilma, ao PT e ao governo Lula, pois a candidata petista fez isso muito bem, com segurança e surpreendente serenidade.
Há que analisar o pós, o “day after”, que, ao contrário do que se pode pensar, não será no dia seguinte ao da entrevista e, sim, na quarta-feira, quando o entrevistado for José Serra e a Globo tiver que retirar a impressão que Bonner e Bernardes deixaram ao entrevistar Dilma.
Um fato inegável é o de que, se não quiserem dar de bandeja aos petistas a confirmação de suas queixas da mídia, Bonner e Bernardes terão que ser duros também com Serra.
Eis um dilema para o JN. As acusações a Dilma, ao governo Lula e ao PT usadas pelo “Casal Nacional” são amplamente conhecidas. São críticas que estão todos os dias na mídia há anos e anos, tanto na impressa quanto na eletrônica. Mas e a Serra, do que acusar?
Ironicamente, qualquer crítica pertinente que se faça a Serra terá que ser ao seu governo do Estado de São Paulo, o qual foi solenemente poupado de críticas pela mídia durante seus três anos e pouco de duração.
O JN não pode passar recibo de partidário, pois ele e toda a imprensa golpista negam isso até a morte. Mas se o telejornal usar com Serra a mesma medida usada com Dilma, revelará podres desconhecidos do tucano, nem que sejam só os eminentemente administrativos.
A julgar pela entrevista desastrada de ontem à noite, não acredito que terão competência para achar uma solução inteligente, artigo que tem lhes faltado há anos para derrubar a popularidade estratosférica do seu ex-maior desafeto.
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