Reproduzo matéria publicado na página dos blogueiros cariocas:
No domingo passado, dia 29/08, cerca de 10 blogueiros progressistas se reuniram no Sindicato do Chopp, no Leme, para dar início à mobilização estadual dos blogueiros, twitteiros e outros internautas com o mesmo perfil progressista.
A primeira mobilização foi definida já após o final do 1° Encontro Nacional dos Blogueiros Progressistas, aonde ficou escolhida a hashtag do evento estadual (#RioBlogProg) e as primeiras formas de mobilização. Com isso, foi criada uma lista de discussão por e-mail, aonde está se debatendo diversos temas da organização além de outros temas de interesse dos internautas progressistas.
Desde aquele momento, os internautas cariocas presentes já sentiam que a principal necessidade era viabilizar a realização de oficinas que capacitem e melhorem a capacidade de circulação do conteúdo gerado por todos. Essa é a maior prioridade do #RioBlogProg e não ficará restringida ao evento em si. A idéia é que a rede criada possa permanentemente estabelecer parcerias capazes de criar soluções e especialmente multiplicar e transbordar, ou seja, sempre termos novos internautas aderindo ao movimento e estes com capacitação para propagar os ideais progressistas e as ferramentas de disseminação de conteúdo.
Com 10 integrantes na mesa (nenhum deles jornalista, destaca-se), iniciamos um debate aberto sem regras de moderação. O primeiro tema foi o cenário da blogosfera no Rio de Janeiro, aonde claramente vivemos sob forte influência do poder da Rede Globo e todo seu sistema de comunicação que inclui jornais, rádios e numa medida geral fazemos contraponto e geramos contra-informação nas lacunas da velha mídia e analisando e criticando erros e o "pensamento único" dessa poderosíssima empresa de comunicação.
Portanto, somente nisso o estabelecimento de uma rede organizada de internautas cariocas já é fundamental, pois estamos no mesmo estado da sede da talvez última empresa de comunicação ainda com alguma capacidade de manipulação, especialmente por meio do Jornal Nacional.
Na reunião percebemos a ausência de muitos blogueiros e twitteiros cariocas de ótima capacidade, alguns como o Brizola Neto naturalmente envolvidos na campanha, mas a idéia é contar com todos os grandes nomes do cenário carioca, Blog do Mello, Blog do Alê, Óleo do Diabo, Blog do Saraiva entre outros importantes geradores de conteúdo. Na reunião reconhecemos também que temos forte geração de conteúdo em listas de discussão, tal como a Rede 3setor que se fazia presente com o Beto, uma das diversas redes de circulação de conteúdo alternativo por e-mail que são gerenciadas a partir do Rio de Janeiro.
Mas lá não estávamos "mal-servidos", representavam-se importantes blogueiros cariocas como por exemplo o Saulo do Blog do LEN, a @Ro_anna do Maria da Penha Neles e o Márcio Kerbel do Blog do Kerbel.
Como foi falado na nossa reunião e nessa excelente entrevista do Brizola Neto ao Luiz Carlos Azenha, do Vi o Mundo, com a queda dos grandes grupos de comunicação sediados no Estado do Rio que faziam concorrência forte às Organizações Globo (tal como o Grupo Bloch, o Jornal do Brasil e os Diários Associados), resta aos blogueiros e internautas organizarem-se de forma a tornar o contraponto de opinião e geração de conteúdo crítico e preenchendo as lacunas que a Globo não se interessa, tal como a Baixada Fluminense, o interior do Estado e as áreas mais pobres da capital.
Observação: Não foi falado na reunião, mas o jornalista Sidney Rezende, que é funcionário das Organizações Globo, tem um excelente trabalho independente na internet de "preencher lacunas" com o site SRZD.
Da mesma forma, tal como funciona o Tijolaço do deputado carioca Brizola Neto (80% de audiência de fora do RJ), o Rio sempre foi produtor de conteúdo com perfil de "caixa de ressonância nacional" até pela cidade ter sido capital por tanto tempo e ter sido originária de diversos nomes de expressão nacional em termos de "pensar o país". Que, ainda recentemente, o Encontro Nacional de Mídia Livre, realizado no Rio de Janeiro, juntou 700 pessoas. E, posto isso, há grande potencial para que o Rio de Janeiro seja sede do 2° Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas.
Passamos então a discutir sobre o evento estadual. Como o 2° Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas será em maio/2011, temos até abril para organizar nosso evento estadual. Não foi fechada uma data ao certo, mas a opção de janeiro apareceu como a mais forte. A questão de ser alta temporada prejudica a questão de hospedagem, mas podemos adotar soluções de hospedagem solidária a quem vier do interior.
Local: Há 2 propostas fortes e não excludentes entre si:
- Universidade: para a realização de oficinas, a opção de realização do #RioBlogProg em uma universidade seria perfeita, pela existência de laboratórios de informática que estão preparados exatamente para essa finalidade, segundo informações da reunião.
- Auditórios de sindicatos: seguiria o mesmo molde do Encontro Nacional, utilizando-se dos bons auditórios de sindicatos que apóiam o movimento blogueiro.
A realização exclusiva nos auditórios impediria a realização de oficinas (apenas as com celular seriam viáveis), no momento nossa maior prioridade. É possível pensar até numa grade que permita eventos nos 2 ambientes, com oficinas em laboratórios/Pontões de Cultura e plenárias em auditórios para debates.
Trazer a universidade e especialmente a academia, tanto professores como alunos, jovens, é uma meta importante que precisamos para ampliar nossa capacidade de produção de qualidade e disseminação de conteúdo. A universidade também leva vantagem por agregar espaços adequados para nosso evento, além de ter boa banda larga o que foi por exemplo um enorme problema durante o Encontro Nacional.
Além dos nomes citados, foram pensadas diversas parcerias com membros da ECO da UFRJ (especialmente com a Ivana Bentes, entusiasta da mídia livre), com a CUFA, com alguns políticos que também utilizam a internet (mesmo que de maneira inadequada) e com o Emir Sader, que também encontra-se em campanha como suplente de senador.
Dentre outros temas internos à organização, a transmissão do encontro com boa qualidade é prioridade. Também iremos construir um projeto executivo para apresentar aos nossos "amigos da blogosfera" e na realização das parcerias que desejamos, com apoios de caráter financeiro, estrutural, social e político.
Quem estiver interessado em saber da íntegra da ata de nossa reunião, e participar das nossas discussões, convido para ingressar na lista #RioBlogProg que a ata encontra-se disponível nos arquivos do grupo. E utilize no Twiiter e nas redes sociais a hashtag #RioBlogProg sempre que falar a respeito não apenas do evento, mas do movimento dos internautas progressistas do Estado do Rio de Janeiro.
Próxima reunião
Será na primeira semana de outubro, em algum auditório no Centro do Rio de Janeiro. A discussão sobre o tema está em aberto na lista, inscreva-se e participe!
.
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Paraná prepara encontro dos blogueiros
Reproduzo matéria publicada na página dos blogueiros paranaenses:
Os blogueiros residentes no Paraná presentes ao I Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, em 22 de agosto, formaram um comitê para organizar o I Encontro Estadual dos Blogueiros Progressistas no Paraná – EEBP-PR.
O I EEBP-PR, “A cidadania ativa na Internet: o caráter revolucionário dos blogs. O desafio do Paraná”, será realizado nos dias 26, 27 e 28 de novembro de 2010, em Curitiba. Será também a etapa estadual de preparação para o II Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas que acontecerá em 2011.
O Encontro Estadual tem como objetivos:
- Disseminar o fenômeno dos blogs no Paraná;
- Ampliar o número de agentes ativos na blogosfera como forma de aprofundar o conteúdo de cidadania da internet.
O EEPB-PR é um espaço aberto destinado à aproximação de blogueiros, twitteiros e sites progressistas e independentes de todo estado, onde se buscará fortalecer a rede virtual e horizontal em criação no Paraná.
Assim como o Encontro Nacional realizado em São Paulo, o paranaense será um espaço supra-partidário, onde os blogueiros, twitteiros e sites independentes, os movimentos sociais, populares e sindical, jornalistas e ativistas das causas sociais, debaterão:
- A liberdade de expressão, internet e aspectos jurídicos;
- A Internet, a cidadania e os movimentos sociais;
- Papel dos blogs, twitter e outras ferramentas;
- Estratégias de formação de cidadãos ativos e conectados na internet, alfabetização digital e adensamento das redes;
- Blogs: conteúdo prioritário do jornalismo, da informação e da opinião.
A democratização das comunicações, a liberdade de expressão, os Planos Estadual e Nacional de Banda Larga (PEBL e PNBL), a neutralidade da internet, são temas vitais para construção de um Paraná Autônomo, Livre, Plural e Democrático para todos os que aqui vivem.
O EEBP-PR ainda contará com oficinas práticas, com “aulas” de blogosferização – orientação e suporte à criação e uso de blogs – para associações de moradores, movimentos populares e sindicatos.
Os defensores da liberdade de expressão e da democratização dos meios de comunicação no Paraná mostrarão a força da parceria entre movimentos sociais, sindicatos e blogueiros independentes.
Acesse nosso blog coletivo http://paranablogs.wordpress.com/, acompanhe as novidades e ajude a organizar o I Encontro Estadual de Blogueiros Progressistas no Paraná.
Fazem parte do Comitê Organizador do I Encontro de Blogueiros Progressistas no Paraná:
- http://amigosdatvbrasil.blogspot.com/
- http://cadernosdagraciosa.blogspot.com
- http://engajarte-blog.blogspot.com/
- http://maisdeumbilhaopassamfome.blogspot.com/
- http://midiacrucis.wordpress.com/
- http://mvtvcom.com.br/
- http://www.tie-brasil.org/
- http://tribunasetoreletrico.blogspot.com/
- http://vivasamas.wordpress.com/
.
Os blogueiros residentes no Paraná presentes ao I Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, em 22 de agosto, formaram um comitê para organizar o I Encontro Estadual dos Blogueiros Progressistas no Paraná – EEBP-PR.
O I EEBP-PR, “A cidadania ativa na Internet: o caráter revolucionário dos blogs. O desafio do Paraná”, será realizado nos dias 26, 27 e 28 de novembro de 2010, em Curitiba. Será também a etapa estadual de preparação para o II Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas que acontecerá em 2011.
O Encontro Estadual tem como objetivos:
- Disseminar o fenômeno dos blogs no Paraná;
- Ampliar o número de agentes ativos na blogosfera como forma de aprofundar o conteúdo de cidadania da internet.
O EEPB-PR é um espaço aberto destinado à aproximação de blogueiros, twitteiros e sites progressistas e independentes de todo estado, onde se buscará fortalecer a rede virtual e horizontal em criação no Paraná.
Assim como o Encontro Nacional realizado em São Paulo, o paranaense será um espaço supra-partidário, onde os blogueiros, twitteiros e sites independentes, os movimentos sociais, populares e sindical, jornalistas e ativistas das causas sociais, debaterão:
- A liberdade de expressão, internet e aspectos jurídicos;
- A Internet, a cidadania e os movimentos sociais;
- Papel dos blogs, twitter e outras ferramentas;
- Estratégias de formação de cidadãos ativos e conectados na internet, alfabetização digital e adensamento das redes;
- Blogs: conteúdo prioritário do jornalismo, da informação e da opinião.
A democratização das comunicações, a liberdade de expressão, os Planos Estadual e Nacional de Banda Larga (PEBL e PNBL), a neutralidade da internet, são temas vitais para construção de um Paraná Autônomo, Livre, Plural e Democrático para todos os que aqui vivem.
O EEBP-PR ainda contará com oficinas práticas, com “aulas” de blogosferização – orientação e suporte à criação e uso de blogs – para associações de moradores, movimentos populares e sindicatos.
Os defensores da liberdade de expressão e da democratização dos meios de comunicação no Paraná mostrarão a força da parceria entre movimentos sociais, sindicatos e blogueiros independentes.
Acesse nosso blog coletivo http://paranablogs.wordpress.com/, acompanhe as novidades e ajude a organizar o I Encontro Estadual de Blogueiros Progressistas no Paraná.
Fazem parte do Comitê Organizador do I Encontro de Blogueiros Progressistas no Paraná:
- http://amigosdatvbrasil.blogspot.com/
- http://cadernosdagraciosa.blogspot.com
- http://engajarte-blog.blogspot.com/
- http://maisdeumbilhaopassamfome.blogspot.com/
- http://midiacrucis.wordpress.com/
- http://mvtvcom.com.br/
- http://www.tie-brasil.org/
- http://tribunasetoreletrico.blogspot.com/
- http://vivasamas.wordpress.com/
.
A direita quer ganhar no tapetão
Reproduzo editorial do sítio Vermelho:
Há um espectro rondando a sucessão presidencial – o fantasma da tentativa de uma saída à margem das normas institucionais e da lei. Da busca da vitória no tapetão, como se diz no futebol. Mas não passa de um espectro, de uma pálida sombra de um passado ameaçador que, nestes vinte e cinco anos de normalidade democrática – o mais longo da história do país – parece expulso de vez do cenário brasileiro.
O caminho desse espectro é o envelhecido roteiro da direita brasileira, a ameaça do uso de dossiês como petardos contra adversários políticos. Na eleição deste ano, ele vem envolto em uma construção capenga: a bisbilhotagem da situação fiscal para constranger adversários políticos. Em junho a Folha de S. Paulo denunciou a violação do sigilo fiscal do dirigente tucano Eduardo Jorge e acusou o comando de campanha de Dilma Rousseff como a origem dessa irregularidade. Mais tarde a denuncia engordou com a inclusão de outros dirigentes tucanos na lista dos que teriam tido suas declarações à Receita Federal acessadas ilegalmente. Agora, aparece nessa lista o nome da filha de José Serra, Verônica. Tudo isso, segundo a denúncia da mídia dos patrões e do cardinalato tucano, mirando o candidato da oposição, o próprio José Serra.
Mais um passo da trama foi dado no dia 1º de setembro, quando o alto comando da campanha da oposição entrou com uma representação no Tribunal Superior Eleitoral acusando o Partido dos Trabalhadores de montar dossiês anti-tucanos, exigindo a apuração do suposto envolvimento de Dilma Rousseff na quebra dos sigilos e pedindo a cassação de sua candidatura. O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, Aldir Passarinho Jr, deu a essa pretensão descabida (e golpista) o destino adequado: o silêncio dos arquivos. Mesmo porque ele avaliou não existe fatos que comprovem a presunção aloprada dos tucanos.
É uma acusação improcedente e inverossímil. Afinal, montada em índices de opinião que superam os 51% de aprovação popular e indicam uma confortável e aparentemente irreversível dianteira sobre o tucano José Serra e a soma das indicações de todos os demais candidatos (o que indica uma vitória já no primeiro turno da eleição), qual o sentido que poderia ter uma iniciativa ilegal contra um adversário que as pesquisas revelam cada vez mais distante?
A estridente campanha da mídia em torno desses supostos dossiês só pode ter um sentido: o de criar fatos para justificar medidas judiciais contra a quase provável eleição de Dilma Rousseff. Isto é, na iminência de perder nas urnas, no voto popular, a direita parece articular-se para disputar nos tribunais, alegando um crime eleitoral cuja prova seria justamente o dossiê formado pela bisbilhotagem que ela alardeia pela mídia.
Essa atitude tem um nome: golpe. No passado, a direita colocou na rua a classe média conservadora e teve o apoio de chefes militares anticomunistas para afastar do poder políticos que não rezavam por sua cartilha, mas representavam avanços democráticos e sociais como Getúlio Vargas e João Goulart.
Foi à memória desse passado que precisa ser superado que o tucano José Serra referiu-se (e a mídia repercutiu) quando, em encontro com militares reformados (aposentados) no Clube da Aeronáutica (dia 27 de agosto) desenterrou o argumento da direita para derrubar Goulart em 1964: o fantasma da "república sindicalista”, que volta a assombrar os conservadores golpistas, entre os quais ele próprio se inclui ao repetir tal alegação. “Uma grande motivação da derrubada de Jango era que a idea da república sindicalista não tinha a menor possibilidade de acontecer tal a fraqueza do governo. Mas agora fizeram a república sindicalista”, disse ele numa visível incitação à ação militar contra o governo Lula. No passado quem agia assim era conhecido como “vivandeira de quartel”, aqueles que rondavam os homens fardados para reverter derrotas nas urnas.
Hoje, essa direita golpista já não tem apoio popular (que fim levou o “Cansei”, de 2007?). Com e com os oficiais da ativa das Forças Armadas voltados para seus deveres profissionais e constitucionais, o que resta à direita é um conluio entre retrógrados anciãos do neoliberalismo e o jornalismo decadente da imprensa do grande capital.
Contra a direita, a nação coloca-se quase unânime, como indicam os 96% de aprovação ao governo Lula (soma dos que, nas pesquisas de opinião, consideram seu governo ótimo, bom ou regular). A palavra golpe precisa ser banida do dicionário político brasileiro. O povo não aceita mais saídas à margem da lei e contrárias à soberania popular manifestada nas urnas. Nem a normalidade democrática acolhe aventuras dessa natureza.
.
Há um espectro rondando a sucessão presidencial – o fantasma da tentativa de uma saída à margem das normas institucionais e da lei. Da busca da vitória no tapetão, como se diz no futebol. Mas não passa de um espectro, de uma pálida sombra de um passado ameaçador que, nestes vinte e cinco anos de normalidade democrática – o mais longo da história do país – parece expulso de vez do cenário brasileiro.
O caminho desse espectro é o envelhecido roteiro da direita brasileira, a ameaça do uso de dossiês como petardos contra adversários políticos. Na eleição deste ano, ele vem envolto em uma construção capenga: a bisbilhotagem da situação fiscal para constranger adversários políticos. Em junho a Folha de S. Paulo denunciou a violação do sigilo fiscal do dirigente tucano Eduardo Jorge e acusou o comando de campanha de Dilma Rousseff como a origem dessa irregularidade. Mais tarde a denuncia engordou com a inclusão de outros dirigentes tucanos na lista dos que teriam tido suas declarações à Receita Federal acessadas ilegalmente. Agora, aparece nessa lista o nome da filha de José Serra, Verônica. Tudo isso, segundo a denúncia da mídia dos patrões e do cardinalato tucano, mirando o candidato da oposição, o próprio José Serra.
Mais um passo da trama foi dado no dia 1º de setembro, quando o alto comando da campanha da oposição entrou com uma representação no Tribunal Superior Eleitoral acusando o Partido dos Trabalhadores de montar dossiês anti-tucanos, exigindo a apuração do suposto envolvimento de Dilma Rousseff na quebra dos sigilos e pedindo a cassação de sua candidatura. O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, Aldir Passarinho Jr, deu a essa pretensão descabida (e golpista) o destino adequado: o silêncio dos arquivos. Mesmo porque ele avaliou não existe fatos que comprovem a presunção aloprada dos tucanos.
É uma acusação improcedente e inverossímil. Afinal, montada em índices de opinião que superam os 51% de aprovação popular e indicam uma confortável e aparentemente irreversível dianteira sobre o tucano José Serra e a soma das indicações de todos os demais candidatos (o que indica uma vitória já no primeiro turno da eleição), qual o sentido que poderia ter uma iniciativa ilegal contra um adversário que as pesquisas revelam cada vez mais distante?
A estridente campanha da mídia em torno desses supostos dossiês só pode ter um sentido: o de criar fatos para justificar medidas judiciais contra a quase provável eleição de Dilma Rousseff. Isto é, na iminência de perder nas urnas, no voto popular, a direita parece articular-se para disputar nos tribunais, alegando um crime eleitoral cuja prova seria justamente o dossiê formado pela bisbilhotagem que ela alardeia pela mídia.
Essa atitude tem um nome: golpe. No passado, a direita colocou na rua a classe média conservadora e teve o apoio de chefes militares anticomunistas para afastar do poder políticos que não rezavam por sua cartilha, mas representavam avanços democráticos e sociais como Getúlio Vargas e João Goulart.
Foi à memória desse passado que precisa ser superado que o tucano José Serra referiu-se (e a mídia repercutiu) quando, em encontro com militares reformados (aposentados) no Clube da Aeronáutica (dia 27 de agosto) desenterrou o argumento da direita para derrubar Goulart em 1964: o fantasma da "república sindicalista”, que volta a assombrar os conservadores golpistas, entre os quais ele próprio se inclui ao repetir tal alegação. “Uma grande motivação da derrubada de Jango era que a idea da república sindicalista não tinha a menor possibilidade de acontecer tal a fraqueza do governo. Mas agora fizeram a república sindicalista”, disse ele numa visível incitação à ação militar contra o governo Lula. No passado quem agia assim era conhecido como “vivandeira de quartel”, aqueles que rondavam os homens fardados para reverter derrotas nas urnas.
Hoje, essa direita golpista já não tem apoio popular (que fim levou o “Cansei”, de 2007?). Com e com os oficiais da ativa das Forças Armadas voltados para seus deveres profissionais e constitucionais, o que resta à direita é um conluio entre retrógrados anciãos do neoliberalismo e o jornalismo decadente da imprensa do grande capital.
Contra a direita, a nação coloca-se quase unânime, como indicam os 96% de aprovação ao governo Lula (soma dos que, nas pesquisas de opinião, consideram seu governo ótimo, bom ou regular). A palavra golpe precisa ser banida do dicionário político brasileiro. O povo não aceita mais saídas à margem da lei e contrárias à soberania popular manifestada nas urnas. Nem a normalidade democrática acolhe aventuras dessa natureza.
.
Folha é humilhada no Twitter
Reproduzo delicioso artigo de Idelber Avelar, publicado no sítio da Revista Fórum:
Muita gente costuma dizer que o século XVIII terminou em 1789, que o século XIX terminou em 1914 e que o século XX terminou em 1991 (ou em 11/09/2001, segundo como se veja a coisa). Claro que não são afirmações a serem tomadas literalmente. São alegorias do movimento real da história.
É neste sentido, alegórico, não literal, que poderíamos dizer que no dia 05 de setembro de 2010, o jornal Folha de S. Paulo morreu no Twitter. Continuará existindo, claro, enquanto suas fontes de financiamento permitirem e enquanto existirem jornalistas dispostos, ou obrigados por necessidade, a se submeter àquilo. Mas ele morreu como veículo de comunicação ao qual se possa atribuir um mínimo farrapo de credibilidade.
O mote foi a assombrosamente mentirosa manchete de ontem, que não guardava qualquer relação com a verdade, ou sequer com a própria matéria: Consumidor pagou R$ 1 bi por falha de Dilma. Quem sabe ABC sobre política, concluiu na hora: a manchete não tinha nada a ver com informação. Era algo para Serra usar em seu programa. Como o jornal morreu, não tem sentido refutá-lo com fatos. Dilma já o fez com elegância.
No meio da tarde de ontem, o Flávio Gomes, especialista em automobilismo, lançou esta, a partir de uma tuitada do @eduu27: Vamos criar o #DilmaFactsByFolha. "Dilma serviu o café de Ronaldo no dia da final da Copa de 1998" via @eduu27. Logo a Cynara Menezes, este atleticano blogueiro e outros tuiteiros começamos a criar outras possíveis manchetes para que a Folha servisse de bandeja ao programa eleitoral do Serra. Sucediam-se hilárias tuitadas como:
@flaviogomes69: Dilma a padre no Sul: "Enche os balõezinhos que dá". #DilmaFactsByFolha
@Lau_Roces A Al-Qaeda era só um grupo de árabes nerds fãs de RPG e aeromodelismo. Até conhecerem a Dilma. #DilmaFactsbyFolha
@alexcastrolll Antes de Dilma mergulhar no Mar Morto, ele não estava nem doente! #DilmaFactsByFolha
@ocachete Folha Informa: Dilma cortou a cabeça do último Highlander #DilmaFactsByFolha
@tuliovianna Dilma embebedou o Jeremias #DilmaFactsByFolha
@ludelfuego Dilma Roussef atirou o pau no gato #DilmaFactsbyFolha
@botecoterapia O fuzil chama-se AK-47 por imposição da Dilma que vetou o AK-45. #DilmaFactsByFolha
@estadodecirco Dilma para John: "Querido, deixa eu te apresentar uma amiga, esta é a Yoko..." #DilmaFactsByFolha
@drrosinha: `Padre irlandês que agarrou maratonista brasileiro em Atenas era filiado ao PT` #DilmaFactsByFolha
@camilalpav Folha revela: Dilma seria dona do circo que separou Dumbo da mãe. #DilmaFactsByFolha
@rayssagon Dilma vendia Marlboro para bebê fumante. #DilmaFactsByFolha
@lelo13: Descoberta a identidade dá louca que gritava "Pedro, me dá meu chip": Era Dilma Rousseff #DilmaFactsByFolha
@la_simas Sociológo Demetrio Magnoli afirma que Dilma era o contato da VPR com os Panteras Negras #DilmaFactsbyFolha
@andersonscampos Repórteres da Folha apuraram junto a moradores do condomínio de Dilma que ela peida no elevador #DilmaFactsByFolha
@eduardohomem41 O Ministério da Saúde adverte: camisinhas da marca Dilma arrebentam! #dilmafactsbyfolha
@jeffrodri Dilma escreveu o rascunho do AI-5. Costa e Silva deu uma amenizada. #DilmaFactsByFolha
Algumas das minhas próprias contribuições foram :
@iavelar Confirmado que Dilma é a autora das receitas médicas de Vanusa.
@iavelar Dilma disse a Bush: "em seis meses você resolve esse negócio no Iraque"
@iavelar Em Jerusalém, 1948, Dilma disse à ONU: "É só repartir isso aqui que dá tudo certo.
@iavelar Dilma disse ao Covas em 89: "chega lá em PoA e diz que torce pro Grêmio e pro Inter, os gaúchos adoram isso"
@iavelar Escavação da Folha revela: Dilma comprou vibrador com dinheiro do mensalão, seduziu Capitu e corneou Bentinho.
@iavelar Confirmado: Dilma Rousseff é culpada pela maior humilhação que a internet já impôs a um jornal
Para quem não conhece o Twitter: o caractere #, quando anteposto a qualquer palavra, a transforma numa “hashtag”, ou seja, num link que te permite encontrar todas as outras mensagens com o mesmo assunto, desde que o internauta se lembre de incluir o # colado à palavra. Programas como o Tweetdeck te permitem ler ao mesmo tempo, em três colunas, as atualizações daqueles a quem tu segues, as menções a ti mesmo por qualquer pessoa e todas as tuitadas que incluem uma determinada hashtag. Eu recomendo.
Em um par de horas, as tuitadas se sucediam numa velocidade frenética, que leitor nenhum conseguia ler na totalidade, com alusões a tudo, desde o Gênesis (Dilma criou intrigas entre Abel e Caim, por exemplo) até a Copa de 50 (Dilma levantou a saia e atrapalhou o goleiro Barbosa). Sem nenhuma coordenação, de forma espontânea e anárquica, sem qualquer orientação da campanha de Dilma ou participação de sua coordenação de internet, o #DilmafactsbyFolha ia subindo nos Trending Topics (a ferramenta que mede a popularidade de um determinado tema no Twitter) até chegar ao topo dos TT brasileiros e ao segundo lugar dos TTs mundiais. O importante site What the Trend repercutiu, com matéria em inglês. No começo da noite, eu já recebia emails de amigos norte-americanos e até o telefonema de um jornal dos EUA, perguntando: What`s #DilmaFactsbyFolha?
Era a Folha de S. Paulo humilhada no Twitter.
Evidentemente, a desonestidade da Folha permite que, na edição de segunda-feira, ela tenha ignorado dezenas ou centenas de milhares de tuitadas que correram o mundo virtual e foram comentadas em redações até aqui nos EUA, mas fizesse alusão a um tuíte de Roberto Jefferson. Tanta distração só pode ser culpa da Dilma.
PS: Se, depois desta, tu ainda não te animas a fazer uma conta no Twitter, eu não sei o que te dizer. Além de usar esta caixa para comentar o que queiras, façamos também duas coisas: selecionar alguns dos tuítes favoritos dos leitores do Biscoito (é só clicar na tag e ir descendo a página) e dirimir dúvidas para quem quer se juntar ao microblog e ainda não sabe como ele funciona. Se você ainda não me segue no Twitter, é só ir lá e clicar no "follow". Estou circulando notícias da campanha com certa regularidade por lá.
.
Muita gente costuma dizer que o século XVIII terminou em 1789, que o século XIX terminou em 1914 e que o século XX terminou em 1991 (ou em 11/09/2001, segundo como se veja a coisa). Claro que não são afirmações a serem tomadas literalmente. São alegorias do movimento real da história.
É neste sentido, alegórico, não literal, que poderíamos dizer que no dia 05 de setembro de 2010, o jornal Folha de S. Paulo morreu no Twitter. Continuará existindo, claro, enquanto suas fontes de financiamento permitirem e enquanto existirem jornalistas dispostos, ou obrigados por necessidade, a se submeter àquilo. Mas ele morreu como veículo de comunicação ao qual se possa atribuir um mínimo farrapo de credibilidade.
O mote foi a assombrosamente mentirosa manchete de ontem, que não guardava qualquer relação com a verdade, ou sequer com a própria matéria: Consumidor pagou R$ 1 bi por falha de Dilma. Quem sabe ABC sobre política, concluiu na hora: a manchete não tinha nada a ver com informação. Era algo para Serra usar em seu programa. Como o jornal morreu, não tem sentido refutá-lo com fatos. Dilma já o fez com elegância.
No meio da tarde de ontem, o Flávio Gomes, especialista em automobilismo, lançou esta, a partir de uma tuitada do @eduu27: Vamos criar o #DilmaFactsByFolha. "Dilma serviu o café de Ronaldo no dia da final da Copa de 1998" via @eduu27. Logo a Cynara Menezes, este atleticano blogueiro e outros tuiteiros começamos a criar outras possíveis manchetes para que a Folha servisse de bandeja ao programa eleitoral do Serra. Sucediam-se hilárias tuitadas como:
@flaviogomes69: Dilma a padre no Sul: "Enche os balõezinhos que dá". #DilmaFactsByFolha
@Lau_Roces A Al-Qaeda era só um grupo de árabes nerds fãs de RPG e aeromodelismo. Até conhecerem a Dilma. #DilmaFactsbyFolha
@alexcastrolll Antes de Dilma mergulhar no Mar Morto, ele não estava nem doente! #DilmaFactsByFolha
@ocachete Folha Informa: Dilma cortou a cabeça do último Highlander #DilmaFactsByFolha
@tuliovianna Dilma embebedou o Jeremias #DilmaFactsByFolha
@ludelfuego Dilma Roussef atirou o pau no gato #DilmaFactsbyFolha
@botecoterapia O fuzil chama-se AK-47 por imposição da Dilma que vetou o AK-45. #DilmaFactsByFolha
@estadodecirco Dilma para John: "Querido, deixa eu te apresentar uma amiga, esta é a Yoko..." #DilmaFactsByFolha
@drrosinha: `Padre irlandês que agarrou maratonista brasileiro em Atenas era filiado ao PT` #DilmaFactsByFolha
@camilalpav Folha revela: Dilma seria dona do circo que separou Dumbo da mãe. #DilmaFactsByFolha
@rayssagon Dilma vendia Marlboro para bebê fumante. #DilmaFactsByFolha
@lelo13: Descoberta a identidade dá louca que gritava "Pedro, me dá meu chip": Era Dilma Rousseff #DilmaFactsByFolha
@la_simas Sociológo Demetrio Magnoli afirma que Dilma era o contato da VPR com os Panteras Negras #DilmaFactsbyFolha
@andersonscampos Repórteres da Folha apuraram junto a moradores do condomínio de Dilma que ela peida no elevador #DilmaFactsByFolha
@eduardohomem41 O Ministério da Saúde adverte: camisinhas da marca Dilma arrebentam! #dilmafactsbyfolha
@jeffrodri Dilma escreveu o rascunho do AI-5. Costa e Silva deu uma amenizada. #DilmaFactsByFolha
Algumas das minhas próprias contribuições foram :
@iavelar Confirmado que Dilma é a autora das receitas médicas de Vanusa.
@iavelar Dilma disse a Bush: "em seis meses você resolve esse negócio no Iraque"
@iavelar Em Jerusalém, 1948, Dilma disse à ONU: "É só repartir isso aqui que dá tudo certo.
@iavelar Dilma disse ao Covas em 89: "chega lá em PoA e diz que torce pro Grêmio e pro Inter, os gaúchos adoram isso"
@iavelar Escavação da Folha revela: Dilma comprou vibrador com dinheiro do mensalão, seduziu Capitu e corneou Bentinho.
@iavelar Confirmado: Dilma Rousseff é culpada pela maior humilhação que a internet já impôs a um jornal
Para quem não conhece o Twitter: o caractere #, quando anteposto a qualquer palavra, a transforma numa “hashtag”, ou seja, num link que te permite encontrar todas as outras mensagens com o mesmo assunto, desde que o internauta se lembre de incluir o # colado à palavra. Programas como o Tweetdeck te permitem ler ao mesmo tempo, em três colunas, as atualizações daqueles a quem tu segues, as menções a ti mesmo por qualquer pessoa e todas as tuitadas que incluem uma determinada hashtag. Eu recomendo.
Em um par de horas, as tuitadas se sucediam numa velocidade frenética, que leitor nenhum conseguia ler na totalidade, com alusões a tudo, desde o Gênesis (Dilma criou intrigas entre Abel e Caim, por exemplo) até a Copa de 50 (Dilma levantou a saia e atrapalhou o goleiro Barbosa). Sem nenhuma coordenação, de forma espontânea e anárquica, sem qualquer orientação da campanha de Dilma ou participação de sua coordenação de internet, o #DilmafactsbyFolha ia subindo nos Trending Topics (a ferramenta que mede a popularidade de um determinado tema no Twitter) até chegar ao topo dos TT brasileiros e ao segundo lugar dos TTs mundiais. O importante site What the Trend repercutiu, com matéria em inglês. No começo da noite, eu já recebia emails de amigos norte-americanos e até o telefonema de um jornal dos EUA, perguntando: What`s #DilmaFactsbyFolha?
Era a Folha de S. Paulo humilhada no Twitter.
Evidentemente, a desonestidade da Folha permite que, na edição de segunda-feira, ela tenha ignorado dezenas ou centenas de milhares de tuitadas que correram o mundo virtual e foram comentadas em redações até aqui nos EUA, mas fizesse alusão a um tuíte de Roberto Jefferson. Tanta distração só pode ser culpa da Dilma.
PS: Se, depois desta, tu ainda não te animas a fazer uma conta no Twitter, eu não sei o que te dizer. Além de usar esta caixa para comentar o que queiras, façamos também duas coisas: selecionar alguns dos tuítes favoritos dos leitores do Biscoito (é só clicar na tag e ir descendo a página) e dirimir dúvidas para quem quer se juntar ao microblog e ainda não sabe como ele funciona. Se você ainda não me segue no Twitter, é só ir lá e clicar no "follow". Estou circulando notícias da campanha com certa regularidade por lá.
.
O jornalismo de simulacros
Reproduzo artigo de Washington Araújo, publicado no Observatório da Imprensa:
– Que é a verdade? – disse zombando Pilatos e não esperou pela resposta.
Assim começa Bacon seu Ensaio sobre a Verdade. E Pilatos tinha mesmo razão em não esperar pela resposta: as duas correntes filosóficas dominantes na época – o Epicurismo e a doutrina da Nova Academia – concluíam pela não existência de uma resposta plausível para a questão. Os séculos passaram e encontramos, resistindo ao tempo, a confissão súplice e ardente de Santo Agostinho: "Ó Verdade, Verdade! Quanto intimamente suspiram por ti as medulas de minha alma!" E faltam muitos devotos de Agostinho em nossas redações.
O jornalismo brasileiro que já não era muito assertivo terminou a semana passada vestido em forma de grande ponto de interrogação. Aquela coisa improdutiva e entediante de investigar antes de publicar a matéria foi solenemente escanteada. Estamos sob o império do "grande Se", sob o domínio do "achismo" desde as coisas mais banais até às mais importantes para o país.
Às favas com a busca da verdade, com as declarações de princípios a invocar reiteradas vezes um simulacro de isenção, imparcialidade, busca incessante pela objetividade jornalística. É como se as primeiras páginas dos jornais, seus espaços nobres e vistosos se transformassem do dia para a noite em editoriais alagadiços, transbordando de uma seção a outra, de uma editoria a outra, irrompendo em colunas de notas políticas, avançando por sobre o colunismo social e até mesmo impregnando o espaço dos leitores com a opinião amplamente expostos em cataclísmicos editoriais e repercutidos ao longo da edição. Ufa! Mas não fica por aí: essa semana teve até o vazamento do áudio do apresentador do Jornal da Globo, William Waack, em que mandava Dilma Rousseff calar a boca.
Atos sórdidos
Há poucos dias tratei neste Observatório da angústia irreprimida da grande mídia pelos tais fatos novos, algo que realmente pudesse quebrar a espinha dorsal da continuidade política que vem se desenhando no horizonte, embalada que é por resultados de pesquisas de opinião praticamente unânimes. E, na falta de fatos novos, vamos de fatos velhos mesmos – afinal, se potencializa isso e aquilo, monta-se imensa colcha de retalhos com restos de escândalos antigos, menos antigos e relativamente novos e, quem sabe?, teremos algo que responda prontamente ao se procurar por seu nome: "Fato novo! Venha aqui! É pra você, fato novo!"
E assim tem sido com o chamado caso da violação do sigilo fiscal de cinco personalidades ligadas ao PSDB, sendo uma a filha do candidato José Serra e também um primo da mulher do candidato. Descobriu-se no mesmo par de dias que foram quebrados os sigilos fiscais de outras 315 pessoas, incluindo-se na numerosa lista o empresário Samuel Klein, dono da Casa Bahia, e a da apresentadora da TV Globo, Ana Maria Braga.
O estardalhaço, como previsível, tem seu foco nas figuras do mundo político. É sobre essas cinco pessoas que tanta tinta é gasta, tanto papel é impresso, tanto espaço midiático é concedido e estendido até não mais poder. Quanto aos demais 315, que bem podem ser cinco centenas e meia de pessoas, a indignação não é suficiente para preencher o espaço de nota de rodapé. Tal é a realidade com que nos defrontamos.
Os inquéritos estão todos engatinhando, mas as sentenças finais já foram proferidas há bastante tempo pelos tribunais encastelados em nossas principais redações de jornais, emissoras de rádio e de tevê. A sentença que vem sendo propalada apresenta muitas variações para a não mais que duas conclusões:
1. Os sigilos fiscais das cinco personalidades ligadas ao PSDB foram deliberadamente quebrados com o intuito de favorecer a campanha presidencial de Dilma Rousseff, fazê-la avançar nas pesquisas de opinião pública e, concomitantemente, prejudicar a postulação presidencial de José Serra;
2. Estes atos sórdidos e cafajestes foram adredemente pensados, planejados e executados com conhecimento e aquiescência do comitê que coordena a campanha governista.
Uma coisa ou outra
O que falta é a prática daquilo que atendia pelo nome de bom jornalismo. O caso atual seguirá aos anais da crônica política brasileira como aquele em que a grande imprensa privilegiou a cobertura por ela mesma proferida para o caso, e seu poder imenso para relatar o necessário e indispensável processo de investigação que caso de tal monta continua a ensejar. E são muitos, numerosos, os fios desencapados nas repartições da Receita Federal em Mauá e em Santo André, municípios da grande São Paulo. Um roteiro minimamente razoável poderia ser seguido por jornalistas não-togados para desvendar o cipoal de contradições que o caso apresenta. Se perguntado por algum estudante de jornalismo não hesitaria em prescrever os seguintes passos:
* Refletir sobre o caso em si. É grave? Sim, gravíssimo. E a potencializarão pela grande imprensa não seria menos grave. Não é papel da imprensa partidarizar o objeto de sua cobertura. E no presente caso é exatamente isso o que ocorre: as manchetes da manhã seguem direto para a propaganda política do principal beneficiário do affair.
* Há que se retroceder na agenda política do Brasil a setembro de 2009. Estabelecer com o distanciamento crítico possível qual era o quadro político nacional de então: Aécio Neves estaria descartado da indicação tucana para concorrer à presidência da República? Se não, por que algum familiar do então governador mineiro não teve seu sigilo fiscal violado?
* Conceder o benefício da dúvida antes de convocar o pelotão de fuzilamento. Há que se responder objetivamente a algumas questões elementares: e se Dilma Rousseff for completamente inocente? E se o seu partido não tiver qualquer participação com a violação dos sigilos? E se o assunto estiver mesmo restrito à esfera penal e não à esfera político-eleitoral?
* Há que se refletir sobre a ação do PSDB junto ao TSE visando cassar o registro da candidatura governista. Tal ação demonstrou o elevado grau de belicosidade que se busca injetar em uma campanha com tudo para ser modorrenta. Do início ao fim. E recebeu até nome: "Ação Bala de Prata". Não fosse a firmeza combinada com a serenidade do ministro do TSE Aldir Passarinho e teríamos o país de pernas pro ar. Não se publicou qualquer análise minimamente aprofundada sobre as implicações de tal investida oposicionista.
* Há que se levantar também o outro lado dessa história. A começar por esta singela questão: e se a gestação do atual escândalo foi premeditada, planejado com bastante antecedência para surgir como fato novo com poder de fogo capaz de levar a eleição do primeiro para o segundo turno?
* Há que se buscar a motivação da candidata governista ao desejar – ainda em setembro de 2009 – recolher de forma ilegal, e flagrantemente criminosa, informações contidas na declaração de renda de Verônica Serra, a filha do então governador paulista José Serra.
* Há que se descobrir a motivação para bisbilhotar o sigilo fiscal de Eduardo Jorge Caldas Pereira, vice-presidente do PSDB e de outros quadros do partido. O mesmo quando apresentadora Ana Maria Braga e o empresário Samuel Klein.
* Há que se notar que, no caso específico da quebra do sigilo de Verônica Serra, surgiu uma procuração falsificada da primeira à última letra e que tem como personagem central o hoje notório contador Antonio Carlos Atella. Notícias dão conta que o personagem carrega consigo perfil inequívoco do clássico estelionatário. Afinal trata-se de cidadão que chegou a possuir não apenas um CPF, mas cinco CPFs e que, sem papas na língua, pretende vender por bom dinheiro informações sobre seu modus operandi e, em suas palavras, "com essa estória vou me arrumar". Seria importante levantar a vida pregressa do atilado contador, vasculhar seus computadores, devassar sua vida profissional sempre com o devido respaldo legal.
* Projetar o presente caso no futuro buscando um padrão. Por exemplo, analisar sobre que ações poderiam proteger a sociedade brasileira da ação de delinqüentes interessados em turvar o processo eleitoral.
Uma coisa é certa: ou a imprensa se contenta em ser imprensa ou então desiste disso e funda uma agremiação política. Diretrizes partidárias não faltariam, a começar pela visceral defesa da liberdade de prensa, de imprensa, de empresa. O desafio seria saber delimitar uma de outra.
.
– Que é a verdade? – disse zombando Pilatos e não esperou pela resposta.
Assim começa Bacon seu Ensaio sobre a Verdade. E Pilatos tinha mesmo razão em não esperar pela resposta: as duas correntes filosóficas dominantes na época – o Epicurismo e a doutrina da Nova Academia – concluíam pela não existência de uma resposta plausível para a questão. Os séculos passaram e encontramos, resistindo ao tempo, a confissão súplice e ardente de Santo Agostinho: "Ó Verdade, Verdade! Quanto intimamente suspiram por ti as medulas de minha alma!" E faltam muitos devotos de Agostinho em nossas redações.
O jornalismo brasileiro que já não era muito assertivo terminou a semana passada vestido em forma de grande ponto de interrogação. Aquela coisa improdutiva e entediante de investigar antes de publicar a matéria foi solenemente escanteada. Estamos sob o império do "grande Se", sob o domínio do "achismo" desde as coisas mais banais até às mais importantes para o país.
Às favas com a busca da verdade, com as declarações de princípios a invocar reiteradas vezes um simulacro de isenção, imparcialidade, busca incessante pela objetividade jornalística. É como se as primeiras páginas dos jornais, seus espaços nobres e vistosos se transformassem do dia para a noite em editoriais alagadiços, transbordando de uma seção a outra, de uma editoria a outra, irrompendo em colunas de notas políticas, avançando por sobre o colunismo social e até mesmo impregnando o espaço dos leitores com a opinião amplamente expostos em cataclísmicos editoriais e repercutidos ao longo da edição. Ufa! Mas não fica por aí: essa semana teve até o vazamento do áudio do apresentador do Jornal da Globo, William Waack, em que mandava Dilma Rousseff calar a boca.
Atos sórdidos
Há poucos dias tratei neste Observatório da angústia irreprimida da grande mídia pelos tais fatos novos, algo que realmente pudesse quebrar a espinha dorsal da continuidade política que vem se desenhando no horizonte, embalada que é por resultados de pesquisas de opinião praticamente unânimes. E, na falta de fatos novos, vamos de fatos velhos mesmos – afinal, se potencializa isso e aquilo, monta-se imensa colcha de retalhos com restos de escândalos antigos, menos antigos e relativamente novos e, quem sabe?, teremos algo que responda prontamente ao se procurar por seu nome: "Fato novo! Venha aqui! É pra você, fato novo!"
E assim tem sido com o chamado caso da violação do sigilo fiscal de cinco personalidades ligadas ao PSDB, sendo uma a filha do candidato José Serra e também um primo da mulher do candidato. Descobriu-se no mesmo par de dias que foram quebrados os sigilos fiscais de outras 315 pessoas, incluindo-se na numerosa lista o empresário Samuel Klein, dono da Casa Bahia, e a da apresentadora da TV Globo, Ana Maria Braga.
O estardalhaço, como previsível, tem seu foco nas figuras do mundo político. É sobre essas cinco pessoas que tanta tinta é gasta, tanto papel é impresso, tanto espaço midiático é concedido e estendido até não mais poder. Quanto aos demais 315, que bem podem ser cinco centenas e meia de pessoas, a indignação não é suficiente para preencher o espaço de nota de rodapé. Tal é a realidade com que nos defrontamos.
Os inquéritos estão todos engatinhando, mas as sentenças finais já foram proferidas há bastante tempo pelos tribunais encastelados em nossas principais redações de jornais, emissoras de rádio e de tevê. A sentença que vem sendo propalada apresenta muitas variações para a não mais que duas conclusões:
1. Os sigilos fiscais das cinco personalidades ligadas ao PSDB foram deliberadamente quebrados com o intuito de favorecer a campanha presidencial de Dilma Rousseff, fazê-la avançar nas pesquisas de opinião pública e, concomitantemente, prejudicar a postulação presidencial de José Serra;
2. Estes atos sórdidos e cafajestes foram adredemente pensados, planejados e executados com conhecimento e aquiescência do comitê que coordena a campanha governista.
Uma coisa ou outra
O que falta é a prática daquilo que atendia pelo nome de bom jornalismo. O caso atual seguirá aos anais da crônica política brasileira como aquele em que a grande imprensa privilegiou a cobertura por ela mesma proferida para o caso, e seu poder imenso para relatar o necessário e indispensável processo de investigação que caso de tal monta continua a ensejar. E são muitos, numerosos, os fios desencapados nas repartições da Receita Federal em Mauá e em Santo André, municípios da grande São Paulo. Um roteiro minimamente razoável poderia ser seguido por jornalistas não-togados para desvendar o cipoal de contradições que o caso apresenta. Se perguntado por algum estudante de jornalismo não hesitaria em prescrever os seguintes passos:
* Refletir sobre o caso em si. É grave? Sim, gravíssimo. E a potencializarão pela grande imprensa não seria menos grave. Não é papel da imprensa partidarizar o objeto de sua cobertura. E no presente caso é exatamente isso o que ocorre: as manchetes da manhã seguem direto para a propaganda política do principal beneficiário do affair.
* Há que se retroceder na agenda política do Brasil a setembro de 2009. Estabelecer com o distanciamento crítico possível qual era o quadro político nacional de então: Aécio Neves estaria descartado da indicação tucana para concorrer à presidência da República? Se não, por que algum familiar do então governador mineiro não teve seu sigilo fiscal violado?
* Conceder o benefício da dúvida antes de convocar o pelotão de fuzilamento. Há que se responder objetivamente a algumas questões elementares: e se Dilma Rousseff for completamente inocente? E se o seu partido não tiver qualquer participação com a violação dos sigilos? E se o assunto estiver mesmo restrito à esfera penal e não à esfera político-eleitoral?
* Há que se refletir sobre a ação do PSDB junto ao TSE visando cassar o registro da candidatura governista. Tal ação demonstrou o elevado grau de belicosidade que se busca injetar em uma campanha com tudo para ser modorrenta. Do início ao fim. E recebeu até nome: "Ação Bala de Prata". Não fosse a firmeza combinada com a serenidade do ministro do TSE Aldir Passarinho e teríamos o país de pernas pro ar. Não se publicou qualquer análise minimamente aprofundada sobre as implicações de tal investida oposicionista.
* Há que se levantar também o outro lado dessa história. A começar por esta singela questão: e se a gestação do atual escândalo foi premeditada, planejado com bastante antecedência para surgir como fato novo com poder de fogo capaz de levar a eleição do primeiro para o segundo turno?
* Há que se buscar a motivação da candidata governista ao desejar – ainda em setembro de 2009 – recolher de forma ilegal, e flagrantemente criminosa, informações contidas na declaração de renda de Verônica Serra, a filha do então governador paulista José Serra.
* Há que se descobrir a motivação para bisbilhotar o sigilo fiscal de Eduardo Jorge Caldas Pereira, vice-presidente do PSDB e de outros quadros do partido. O mesmo quando apresentadora Ana Maria Braga e o empresário Samuel Klein.
* Há que se notar que, no caso específico da quebra do sigilo de Verônica Serra, surgiu uma procuração falsificada da primeira à última letra e que tem como personagem central o hoje notório contador Antonio Carlos Atella. Notícias dão conta que o personagem carrega consigo perfil inequívoco do clássico estelionatário. Afinal trata-se de cidadão que chegou a possuir não apenas um CPF, mas cinco CPFs e que, sem papas na língua, pretende vender por bom dinheiro informações sobre seu modus operandi e, em suas palavras, "com essa estória vou me arrumar". Seria importante levantar a vida pregressa do atilado contador, vasculhar seus computadores, devassar sua vida profissional sempre com o devido respaldo legal.
* Projetar o presente caso no futuro buscando um padrão. Por exemplo, analisar sobre que ações poderiam proteger a sociedade brasileira da ação de delinqüentes interessados em turvar o processo eleitoral.
Uma coisa é certa: ou a imprensa se contenta em ser imprensa ou então desiste disso e funda uma agremiação política. Diretrizes partidárias não faltariam, a começar pela visceral defesa da liberdade de prensa, de imprensa, de empresa. O desafio seria saber delimitar uma de outra.
.
O PIG é incansável e tentará o golpe
Reproduzo artigo de Paulo Henrique Amorim, publicado no blog Conversa Afiada:
Faltam quatro domingos para o PiG e o Serra (são a mesma coisa) tentarem detonar a Dilma.
Neste fim de semana, a tropa de choque do Serra não poderia ser mais significativa.
Lá estavam: Roberto Freire (que não elege um vereador em Recife); o Índio; Álvaro Dias (que o Serra deletou sumariamente); e o Eduardo Jorge, que a mediocridade tucana promoveu à condição de Grão Cavalheiro.
O Blog do Nassif chega a imaginar que o "jenio", o PiG e esses Quatro Cavalheiros do Apocalipse tentarão reabrir o dossiê da Dilma guerrilheira.
O Nassif acredita que, na verdade, como aconteceu quando o jornal nacional omitiu o desastre da Gol, a punhalada será perpetrada na sexta-feira que anteceder a eleição.
Para que a Dilma não possa mais responder ao jornal nacional no horário eleitoral.
Foi assim no “primeiro golpe já houve; só falta o segundo“.
A Época foi ao fundo do poço da vida guerrilheira da Dilma.
E não trouxe nada lá de dentro.
A Folha já produziu uma ficha falsa.
Deu com os burros n’água – e talvez ainda tome um processo judicial pelas fuças.
E a Folha insiste.
Foi a Superior Tribunal Militar para desencavar o passado da Dilma.
Poderia aproveitar a viagem e deseterrar o passado do “seu” Frias”, quando colaborava com os torturadores do regime militar.
Falta pouco tempo, mas ainda há muito tempo para o Golpe.
Como prevê o Farol de Alexandria, em memorável artigo, hoje, no Estadão.
Diz o Farol: “estamos decidindo (o Farol gosta de um gerúndio – PHA) se queremos correr o risco de um retrocesso democrático (sic) em nome do personalismo paternal (sic) (e amanhã, quem sabe, maternal)… Há tempo ainda para derrotá-lo. Eleição se ganha no dia”.
Ele é um jenio, esse pai do jenio.
Só quem acredita que pesquisa ganhe eleição é o discípulo dele, o jenio.
Que usou o Datafalha e o Globope para passar com um trator por cima do Aécio.
Amigo navegante, todo cuidado é pouco.
O Gilmar Dantas é suplente do Tribunal Superior Eleitoral.
A procuradora é a Dra Cureau, um exemplo comovente de imparcialidade.
(A sra já recebeu o diploma do Serra? A sra. soube que sumiu o Caixa (2?) do Serra?)
E o Marco Aurélio de Mello é titular do TSE.
Todo cuidado é pouco.
O PiG é incansável.
Eleição se ganha no dia.
Quem se sentou de véspera na cadeira não foi a Dilma, foi o jenio, o pai do jenio.
.
Faltam quatro domingos para o PiG e o Serra (são a mesma coisa) tentarem detonar a Dilma.
Neste fim de semana, a tropa de choque do Serra não poderia ser mais significativa.
Lá estavam: Roberto Freire (que não elege um vereador em Recife); o Índio; Álvaro Dias (que o Serra deletou sumariamente); e o Eduardo Jorge, que a mediocridade tucana promoveu à condição de Grão Cavalheiro.
O Blog do Nassif chega a imaginar que o "jenio", o PiG e esses Quatro Cavalheiros do Apocalipse tentarão reabrir o dossiê da Dilma guerrilheira.
O Nassif acredita que, na verdade, como aconteceu quando o jornal nacional omitiu o desastre da Gol, a punhalada será perpetrada na sexta-feira que anteceder a eleição.
Para que a Dilma não possa mais responder ao jornal nacional no horário eleitoral.
Foi assim no “primeiro golpe já houve; só falta o segundo“.
A Época foi ao fundo do poço da vida guerrilheira da Dilma.
E não trouxe nada lá de dentro.
A Folha já produziu uma ficha falsa.
Deu com os burros n’água – e talvez ainda tome um processo judicial pelas fuças.
E a Folha insiste.
Foi a Superior Tribunal Militar para desencavar o passado da Dilma.
Poderia aproveitar a viagem e deseterrar o passado do “seu” Frias”, quando colaborava com os torturadores do regime militar.
Falta pouco tempo, mas ainda há muito tempo para o Golpe.
Como prevê o Farol de Alexandria, em memorável artigo, hoje, no Estadão.
Diz o Farol: “estamos decidindo (o Farol gosta de um gerúndio – PHA) se queremos correr o risco de um retrocesso democrático (sic) em nome do personalismo paternal (sic) (e amanhã, quem sabe, maternal)… Há tempo ainda para derrotá-lo. Eleição se ganha no dia”.
Ele é um jenio, esse pai do jenio.
Só quem acredita que pesquisa ganhe eleição é o discípulo dele, o jenio.
Que usou o Datafalha e o Globope para passar com um trator por cima do Aécio.
Amigo navegante, todo cuidado é pouco.
O Gilmar Dantas é suplente do Tribunal Superior Eleitoral.
A procuradora é a Dra Cureau, um exemplo comovente de imparcialidade.
(A sra já recebeu o diploma do Serra? A sra. soube que sumiu o Caixa (2?) do Serra?)
E o Marco Aurélio de Mello é titular do TSE.
Todo cuidado é pouco.
O PiG é incansável.
Eleição se ganha no dia.
Quem se sentou de véspera na cadeira não foi a Dilma, foi o jenio, o pai do jenio.
.
Balas de prata e os tempos das filhas
Reproduzo artigo de Gilson Caroni Filho, publicado no sítio Carta Maior:
É cristalino o significado político das últimas declarações de José Serra. Ao comparar, em um telejornal das Organizações Globo, a presidenciável petista, Dilma Rousseff, ao ex-presidente Fernando Collor, o tucano deixou claro que já não lhe sobra margem para argumentos sutis. Quando responsabiliza a ex-ministra pela quebra do sigilo fiscal de sua filha, Verônica Serra, o candidato do PSDB, comprova, mais uma vez, que, neste momento, está refugiado à sombra de togas obscuras e barões midiáticos, aos quais deve prestar vassalagem até o dia 3 de outubro.
Carente de apoio popular, perdendo força a cada dia na classe média, e constatando a decomposição de seu apoio político-parlamentar, Serra só espera sobreviver a partir do apoio que vem obtendo de redações que se transformaram em extensões de seus comitês eleitorais. Sua candidatura está em estranha suspensão, em compasso de espera entre o imprevisto e um novo ato do drama de retrocesso calculado. Esperando por uma improvável “bala de prata", parece estar pronto para enveredar por uma aventura de alto preço para o país: um golpe branco em nome da preservação do Estado Democrático de Direito. Melancólico, mas é o que parece lhe restar.
Fingindo não saber que acabou o teatro esquizofrênico do falso moderno que pensava ser rei, o tucano não teme o ridículo: “O Collor utilizou o filho do Lula em 1989. Agora, pegaram a minha filha (...) para meter nesse jogo político sujo por preocupação com a minha vitória. Dilma está repetindo Collor". Traçar paralelismos requer cuidados que, quando não são tomados, revela a verdadeiras intenções do discurso e do gesto. A mistificação - e Serra deveria saber disso - costuma cobrar preço alto.
Vamos por partes, para melhor detalhar o processo. Collor foi eleito através de uma campanha em que misturou um discurso modernizante com apelos a valores e crenças tradicionais. A reforma do Estado e a moralização da sociedade eram os eixos centrais do discurso. Quem, a essa altura da campanha, está adotando a receita do bolo collorido? A total ausência de compromisso com a verdade e com a ética é marca de qual candidatura? Não convém brincar com o passado recente. O país, hoje, já não padece de aguda crise de cidadania. A sociedade civil já não se submete às surradas cantilenas reacionárias.
Collor atiçou o medo das camadas médias denunciando futuras medidas socializantes de candidatos mais à esquerda, principalmente Lula. Quando, seguindo a mesma trilha do “caçador de marajás”, um prócer tucano afirma que ”devastados os partidos, se Dilma ganhar as eleições sobrará um subperonismo (o lulismo) contagiando os dóceis fragmentos partidários “, cabe a pergunta: quem está repetindo quem? Que democracia é preservada quando se pretende reduzir o aparato estatal a uma espécie de polícia da produção a serviço dos ditames do mercado? Como obter a submissão do mundo do trabalho sem a supressão de direitos democráticos?
Por fim, o ex-presidente da UNE, deveria se lembrar que Collor atacou seu adversário no segundo turno, manipulando uma antiga namorada de Lula. Em tudo isso, o ex-presidente contou com uma máquina de apoio e propaganda como nunca tinha sido visto, custeada por grandes grupos econômicos. O apoio da Globo foi, como é, notório e especialmente importante. Como se vê, não cabe misturar filhas e tempos distintos.
Lurian Cordeiro da Silva surgiu no cenário eleitoral como golpe baixo de uma campanha ameaçada pela curva de crescimento da candidatura oponente. Verônica Allende Serra, sem que se saiba ainda quem encomendou a quebra de seu sigilo fiscal, vem a público por emanações do mercado financeiro. Não é plausível confundir coisas e nomes. Sociedades financeiras e namoros apaixonados são coisas bem diferentes. Disso sabem todos, de Miriam Cordeiro a Daniel Dantas.
O que poucos se dão conta é que o uso da “bala de prata” é improvável por uma logística inédita: dessa vez o “lobisomem” e o atirador estão umbilicalmente ligados. Qualquer disparo fulmina os dois. Simbiose perfeita.
.
É cristalino o significado político das últimas declarações de José Serra. Ao comparar, em um telejornal das Organizações Globo, a presidenciável petista, Dilma Rousseff, ao ex-presidente Fernando Collor, o tucano deixou claro que já não lhe sobra margem para argumentos sutis. Quando responsabiliza a ex-ministra pela quebra do sigilo fiscal de sua filha, Verônica Serra, o candidato do PSDB, comprova, mais uma vez, que, neste momento, está refugiado à sombra de togas obscuras e barões midiáticos, aos quais deve prestar vassalagem até o dia 3 de outubro.
Carente de apoio popular, perdendo força a cada dia na classe média, e constatando a decomposição de seu apoio político-parlamentar, Serra só espera sobreviver a partir do apoio que vem obtendo de redações que se transformaram em extensões de seus comitês eleitorais. Sua candidatura está em estranha suspensão, em compasso de espera entre o imprevisto e um novo ato do drama de retrocesso calculado. Esperando por uma improvável “bala de prata", parece estar pronto para enveredar por uma aventura de alto preço para o país: um golpe branco em nome da preservação do Estado Democrático de Direito. Melancólico, mas é o que parece lhe restar.
Fingindo não saber que acabou o teatro esquizofrênico do falso moderno que pensava ser rei, o tucano não teme o ridículo: “O Collor utilizou o filho do Lula em 1989. Agora, pegaram a minha filha (...) para meter nesse jogo político sujo por preocupação com a minha vitória. Dilma está repetindo Collor". Traçar paralelismos requer cuidados que, quando não são tomados, revela a verdadeiras intenções do discurso e do gesto. A mistificação - e Serra deveria saber disso - costuma cobrar preço alto.
Vamos por partes, para melhor detalhar o processo. Collor foi eleito através de uma campanha em que misturou um discurso modernizante com apelos a valores e crenças tradicionais. A reforma do Estado e a moralização da sociedade eram os eixos centrais do discurso. Quem, a essa altura da campanha, está adotando a receita do bolo collorido? A total ausência de compromisso com a verdade e com a ética é marca de qual candidatura? Não convém brincar com o passado recente. O país, hoje, já não padece de aguda crise de cidadania. A sociedade civil já não se submete às surradas cantilenas reacionárias.
Collor atiçou o medo das camadas médias denunciando futuras medidas socializantes de candidatos mais à esquerda, principalmente Lula. Quando, seguindo a mesma trilha do “caçador de marajás”, um prócer tucano afirma que ”devastados os partidos, se Dilma ganhar as eleições sobrará um subperonismo (o lulismo) contagiando os dóceis fragmentos partidários “, cabe a pergunta: quem está repetindo quem? Que democracia é preservada quando se pretende reduzir o aparato estatal a uma espécie de polícia da produção a serviço dos ditames do mercado? Como obter a submissão do mundo do trabalho sem a supressão de direitos democráticos?
Por fim, o ex-presidente da UNE, deveria se lembrar que Collor atacou seu adversário no segundo turno, manipulando uma antiga namorada de Lula. Em tudo isso, o ex-presidente contou com uma máquina de apoio e propaganda como nunca tinha sido visto, custeada por grandes grupos econômicos. O apoio da Globo foi, como é, notório e especialmente importante. Como se vê, não cabe misturar filhas e tempos distintos.
Lurian Cordeiro da Silva surgiu no cenário eleitoral como golpe baixo de uma campanha ameaçada pela curva de crescimento da candidatura oponente. Verônica Allende Serra, sem que se saiba ainda quem encomendou a quebra de seu sigilo fiscal, vem a público por emanações do mercado financeiro. Não é plausível confundir coisas e nomes. Sociedades financeiras e namoros apaixonados são coisas bem diferentes. Disso sabem todos, de Miriam Cordeiro a Daniel Dantas.
O que poucos se dão conta é que o uso da “bala de prata” é improvável por uma logística inédita: dessa vez o “lobisomem” e o atirador estão umbilicalmente ligados. Qualquer disparo fulmina os dois. Simbiose perfeita.
.
Pelo limite da propriedade da terra
Reproduzo artigo de Dom Pedro Casaldáliga, publicado no sítio da Adital:
Um santo profeta de antigamente dizia que Deus criou o Universo e o diabo inventou a propriedade. "A Terra é de Deus e Ela dá a todos", repete o povo. Nos quatro primeiros séculos da Igreja cristã, muitas vozes proféticas condenaram o pecado do lucro, da acumulação, da absolutização da propriedade. Seguiam o exemplo de Jesus, tão explicito frente ao dinheiro e a acumulação. Ele nos ensinou que o Pai é "nosso" e que o pão deve ser "nosso". Ele próprio se faz partilha e comunhão.
Depois dessa primeira época, banhada em sangue mártir, a Igreja de Jesus tem cometido muitas alianças espúrias com o dinheiro e o poder. Lamentavelmente ela tem ajudado com palavras, com feitos e com estruturas, a fazer da propriedade um direito "sagrado". Também ela tem ajudado, muitas vezes, a condenar a propriedade absoluta e a reivindicar a hipoteca social que pesa sobre toda a propriedade.
A propriedade é um direito e também um dever. A propriedade capitalista, por definição, acumula e exclui, justifica a fome, a miséria, a depredação e o ecocídio, o armamentismo e as guerras...
Frente à propriedade absoluta, há tempo que vêm surgindo vozes e ações de protesto, de revolta, de propostas justas e alternativas. Concretamente no nosso Brasil (e em toda nossa América). Este Brasil, que poderia ser uma benção, ocupa o segundo lugar mundial na concentração da propriedade fundiária. É campeão em latifúndio e em desigualdade social.
Está na hora de condenar o latifúndio como uma iniquidade. Está na hora de fazer da reforma agrária uma realidade e não mais um sarcasmo de promessas e subterfúgios. Proclamamos, com indignação e com esperança, que é possível, necessário e urgente acabar com o latifúndio. Todo latifúndio é injusto. E só se fará justiça ao povo do campo com uma reforma agrária e agrícola de terra distribuída e estabelecidos os limites máximos de toda propriedade.
Estamos em campanha por um outro modelo para o campo brasileiro. Atualizaremos e radicalizaremos uma autêntica revolução no campo. Pelo Deus da vida e da Terra. Militantes e mártires, que vêm dando seu suor e seu sangue, nos comprometem e nos acompanham. Exigimos do Congresso e do Judiciário o cumprimento da Constituição que dispõe que "a propriedade atenderá sua função social".
Queremos fazer do Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo um Fórum permanente e verdadeiramente nacional. E, concretizando nossa luta e reivindicação, assumimos, com a teimosia que for necessária, e em união com todas as forças vivas, a Campanha pelo Limite da Propriedade da Terra.
.
Um santo profeta de antigamente dizia que Deus criou o Universo e o diabo inventou a propriedade. "A Terra é de Deus e Ela dá a todos", repete o povo. Nos quatro primeiros séculos da Igreja cristã, muitas vozes proféticas condenaram o pecado do lucro, da acumulação, da absolutização da propriedade. Seguiam o exemplo de Jesus, tão explicito frente ao dinheiro e a acumulação. Ele nos ensinou que o Pai é "nosso" e que o pão deve ser "nosso". Ele próprio se faz partilha e comunhão.
Depois dessa primeira época, banhada em sangue mártir, a Igreja de Jesus tem cometido muitas alianças espúrias com o dinheiro e o poder. Lamentavelmente ela tem ajudado com palavras, com feitos e com estruturas, a fazer da propriedade um direito "sagrado". Também ela tem ajudado, muitas vezes, a condenar a propriedade absoluta e a reivindicar a hipoteca social que pesa sobre toda a propriedade.
A propriedade é um direito e também um dever. A propriedade capitalista, por definição, acumula e exclui, justifica a fome, a miséria, a depredação e o ecocídio, o armamentismo e as guerras...
Frente à propriedade absoluta, há tempo que vêm surgindo vozes e ações de protesto, de revolta, de propostas justas e alternativas. Concretamente no nosso Brasil (e em toda nossa América). Este Brasil, que poderia ser uma benção, ocupa o segundo lugar mundial na concentração da propriedade fundiária. É campeão em latifúndio e em desigualdade social.
Está na hora de condenar o latifúndio como uma iniquidade. Está na hora de fazer da reforma agrária uma realidade e não mais um sarcasmo de promessas e subterfúgios. Proclamamos, com indignação e com esperança, que é possível, necessário e urgente acabar com o latifúndio. Todo latifúndio é injusto. E só se fará justiça ao povo do campo com uma reforma agrária e agrícola de terra distribuída e estabelecidos os limites máximos de toda propriedade.
Estamos em campanha por um outro modelo para o campo brasileiro. Atualizaremos e radicalizaremos uma autêntica revolução no campo. Pelo Deus da vida e da Terra. Militantes e mártires, que vêm dando seu suor e seu sangue, nos comprometem e nos acompanham. Exigimos do Congresso e do Judiciário o cumprimento da Constituição que dispõe que "a propriedade atenderá sua função social".
Queremos fazer do Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo um Fórum permanente e verdadeiramente nacional. E, concretizando nossa luta e reivindicação, assumimos, com a teimosia que for necessária, e em união com todas as forças vivas, a Campanha pelo Limite da Propriedade da Terra.
.