segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Lula vai se licenciar no segundo turno?

Por Altamiro Borges

Bem no início do processo eleitoral deste ano houve um forte boato de que Lula se licenciaria da Presidência da República para se engajar integralmente na campanha de Dilma Rousseff. O vice José Alencar teria sido, inclusive, aconselhado a não disputar qualquer cargo em Minas Gerais, aonde até aparecia como favorito para unificar a oposição e vencer a disputa para o governo. Sua permanência em Brasília visaria dar maior segurança para uma saída transitória de Lula.

Naquele período, o demotucano José Serra aparecia com folga nas pesquisas devido ao chamado “recall” – a forte exposição de seu nome em outros pleitos. Já a ex-ministra, que nunca disputará uma eleição, era pouco conhecida. Antes mesmo da propaganda na TV e rádio, porém, Dilma já ultrapassou o adversário, evidenciando o prestígio de Lula e a sua capacidade de transferência de voto. A sua licença da presidência não se fez necessária.

Risco do retorno dos neoliberais

Agora a situação é outra, o que justificaria o envolvimento completo, de corpo e alma, de Lula na campanha. A direita ganhou novo fôlego, beneficiada pela “onda verde” de Marina Silva – que já foi ministra do atual governo –, e apostará tudo no segundo turno. Os cofres demotucanos devem engordar, com a contribuição generosa do grande capital que teme a continuidade do ciclo aberto por Lula; os governos estaduais sob comando da direita entrarão pesado na campanha.

Corre-se o risco do retorno do bloco neoliberal-conservador ao governo central. Da regressão na política externa altiva e soberana, com a retomada do “alinhamento automático” aos EUA. Da volta à criminalização dos movimentos sociais, com o rompimento do diálogo democrático. Do retrocesso nas políticas sociais, que tiraram da miséria milhões de brasileiros. Do fortalecimento da ortodoxia neoliberal, com seu desmonte do estado, da nação e do trabalho. Ou seja: o que foi construído nestes oito anos pode ser destruído, virando um simples parêntesis na história do país.

A força da militância nas ruas

Para evitar este desastre será preciso amplitude política e, principalmente, maior politização da sociedade. Lula, com seu carisma e sua popularidade, poderá dar ainda maior contribuição nesta hora decisiva. Liberado das suas funções da presidência, ele poderá percorrer o país alertando as camadas populares sobre o significado da batalha em curso. Com ele e Dilma Rousseff, será possível agendar mais comícios, passeatas e visitas, mobilizando milhares de ativistas.

A presença diária de Lula na campanha, com a sua pedagogia própria e a força do seu carisma, pode ser a principal arma da campanha neste segundo turno. Contra o arsenal da direita e da sua mídia, a força do povo, da militância politizada nas ruas. Os demotucanos e seus porta-vozes na imprensa vão chiar. Vão tremer. Mas não há como impedir o presidente de lutar, com todas suas energias, para dar continuidade a sua obra – que está apenas começando e não pode ser abortada.

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Favoritismo não garante vitória de Dilma

Por Altamiro Borges

O favoritismo de Dilma Rousseff no segundo turno é algo inquestionável. A diferença entre ela e o demotucano José Serra, de 14,5 milhões votos, é a maior prova. Mas só o favoritismo não garante a vitória da primeira mulher na Presidência. Prefiro seguir a cautela do revolucionário italiano Antonio Gramsci, que dizia que é “preciso ser pessimista no diagnóstico e otimista na ação”.

Uma batalha de vida ou morte

Após se mostrar abatida com decadente campanha do demotucano, a direita volta se ouriçar. Nos comentários de seus colunistas na mídia, a excitação é despudorada. Ela festeja a ida ao segundo turno como se fosse uma grande vitória. A “onda verde”, inventada pela própria mídia, salvou os tucanos, num ecologismo às avessas. Agora, a direita jogará todas as fichas na disputa decisiva.

Se o jogo já foi sujo e rasteiro no primeiro turno, pior ainda será neste segundo. Para a direita, é uma guerra de vida ou morte. Não tem meio-termo ou respeito à democracia. Derrotada, ela calcula que demorará a retornar ao núcleo central do poder. Neste esforço derradeiro, as forças conservadoras contarão com algumas peças importantes, que não podem ser subestimadas:

O violento arsenal da direita

- A grande burguesia, mesmo não tendo do que reclamar do governo Lula – nunca ganhou tanto dinheiro na vida –, desconfia de um futuro governo Dilma. Teme que ela aprofunde as mudanças no país. O intragável José Serra, do bloco neoliberal-conservador, é mais confiável, mais seguro, e terá agora bem mais apoio;

- A mídia golpista se reanimou com o êxito obtido no primeiro turno. Seus petardos fustigaram a candidata governista e a invenção da “onda verde” garantiu o segundo turno. Ela comemora seu êxito. Mostrou que não está morta, como alguns imaginavam. Para ela, não há possibilidade de qualquer recuo. Se a direita for derrotada, ela perderá o pouco que ainda tem de credibilidade. Ela será, sem dúvida, a mais feroz e venenosa inimiga de Dilma Rousseff neste segundo turno.

- As forças do atraso – os generais do pijama do Clube Militar e os fundamentalistas religiosos, entre outros setores conservadores – agora radicalizarão seu discurso fascistóide. Eles ainda não conseguem repetir as marchas “com Deus, pela liberdade”, que prepararam o clima para o golpe militar de 1964, mas continuam bem ativos no submundo da política. Seu veneno ainda amedronta muita gente, inclusive do povo.

- A chamada “classe média”, que come mortadela e arrota caviar, também será acionada para o segundo turno. No seu egoísmo suicida, ela será uma importante reserva das forças de direita. Principalmente nos centros urbanos do Sul e Sudeste, ela tentará seduzir os trabalhadores que lhe prestam serviços, os “agregados sociais”. A “classe mérdia” sempre se atiça nas horas decisivas.

Habilidade e firmeza na ação

Diante deste arsenal da direita, as forças que apostam na “continuidade com avanços” precisarão de muita habilidade política e muita firmeza na ação. Habilidade para reconquistar o eleitor seduzido pela “onda verde”; para agregar todas as forças, do centro à esquerda, do PMDB ao PSOL, que estiveram metidas nas suas próprias campanhas; para engajar o conjunto das forças progressistas do país.

E firmeza para politizar o debate, principalmente na TV, escancarando a disputa de projetos. Não dá mais para continuar apanhando, ouvindo mentiras, sem dar resposta, sem partir para o contra-ataque. Os demotucanos representam o que há de pior na política brasileira, o que há de mais regressivo e destrutivo. Eles precisam ser desmascarados com argumentos e coragem, sem vacilações. Esta firmeza política é que poderá contagiar e ativar a militância na guerrilha cotidiana até 31 de outubro.

Do contrário, o favoritismo de Dilma Rousseff pode virar frustração, como enormes prejuízos para a acumulação de forças no Brasil e na América Latina.

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Mídia tenta ofuscar favoritismo de Dilma

Por Altamiro Borges

Âncoras e colunistas da mídia demotucana atingiram o orgasmo múltiplo nas últimas horas. Na televisão, por exemplo, é visível a alegria de Boris Casoy, Carlos Nascimento, Willian Bonner, Merval Pereira e Cristiana Lôbo, entre outros, com a realização do segundo turno das eleições presidenciais. Os espaços concedidos a José Serra, que obteve 32,61% dos votos (33.132.174), e a Marina Silva, que colheu 19,33% (19.636.337), são bem maiores e vistosos do que os cedidos a Dilma Rousseff, que quase venceu o pleito no primeiro turno – 46,91% dos votos (47.651.280).

As edições dos telejornais apresentam os derrotados como vitoriosos – festa dos tucanos em São Paulo e imagens angelicais da candidata verde – e mostram a candidata vitoriosa abatida, como se fosse a grande derrotada. O objetivo desta manipulação grotesca é animar a oposição de direita e desarmar os setores que apostam na continuidade da mudança. O esforço unificado da mídia é para tentar ofuscar o favoritismo de Dilma Rousseff no segundo turno. Ela tenta vender a idéia que será uma nova eleição, como se a realizada neste domingo não tivesse qualquer importância.

Moto-Serra e os votos verdes

De concreto, a oposição demotucana foi derrotada nas urnas. No início da campanha eleitoral, José Serra aparecia como franco favorito – com quase o dobro da intenção de voto da ex-ministra do governo Lula. Antes mesmo do horário eleitoral, ele perdeu milhões de votos e passou para a segundo colocação. A possibilidade de vitória no primeiro turno de Dilma Rousseff, que nunca disputou um pleito e era pouco conhecida da sociedade, era real. Ela só se inviabilizou na reta final graças ao fenômeno da chamada “onda verde”, em boa parte criada pela própria mídia.

Numa análise fria, sem a partidarização apaixonada da mídia demotucana, Dilma Rousseff é a franca favorita para vencer as eleições em 31 de outubro. Ela conseguiu colocar mais de 14,5 milhões de votos a frente de Serra. Dos 19,6 milhões de votos dados pelo eleitor seduzido pela verde Marina, ela precisa colher cerca de 4 milhões para ser eleita a primeira mulher presidente do Brasil. Nem o maior torcedor do tucanato, convertido recentemente ao eco-capitalismo, avalia que Serra conseguirá abocanhar aproximadamente 15 milhões de votos da candidata verde.

Derrota do bloco liberal-conservador

Os colunistas da mídia demotucana destacam apenas os fatores favoráveis a Serra. Dizem que agora Aécio Neves, que manteve com folga o governo de Minas Gerais, estará livre para fazer campanha. Mas ele nunca esteve preso. Se não abraçou na campanha do concorrente paulista foi por outros motivos. Afirmam ainda que Geraldo Alckmin, novamente eleito ao governo paulista, será um importante reforço para sua campanha – mas é bom não esquecer a traição que o mesmo sofreu na eleição para a prefeitura da capital paulista. A vingança pode ser maligna!

Já no caso de Dilma Rousseff, os colunistas da mídia direitista preferem ocultar seu favoritismo. Na primeira eleição em que disputou, ela teve o mesmo percentual de votos de Lula no primeiro turno de 2002 – após três tentativas castradas de chegar à presidência e uma sólida projeção nas lutas sindicais. Além disso, ela contará agora com vários governadores, senadores e deputados eleitos – a vitória do seu campo político nos pleitos estaduais foi acachapante. A correlação de forças se alterou nesta eleição, com a derrota do bloco neoliberal-conservador.

Em síntese, o favoritismo de Dilma Rousseff para o segundo turno é visível – só mesmo a mídia demotucana tenta ofuscá-lo com seus padrões de manipulação. Mas o favoritismo, por si só, não garante a vitória. O segundo turno exigirá muita energia. Será uma guerra sangrenta!

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Um balanço inicial do primeiro turno

Reproduzo artigo de Emir Sader, publicado em seu blog no sítio Carta Maior:

A esquerda teve o melhor resultado eleitoral de sua história: Dilma em primeiro lugar, governadores no Rio Grande do Sul, na Bahia, em Pernambuco, no Ceará, no Espírito Santo, Sergipe, Acre, boas possibilidades no Distrito Federal, possibilidades ainda no Pará, limpa impressionante e renovação com grande bancada no Senado, maiores aumentos nas bancadas parlamentares na Câmara.

A frustração veio da expectativa criada pelas pesquisas de uma eventual vitória no primeiro turno para presidente. Uma análise mais precisa é necessária, a começar pelo altíssimo numero de abstenções e também dos votos nulos e brancos que, somados, superam um quarto do eleitorado. Mas também dos efeitos das campanhas de difamação – sobre o aborto, luta contra a ditadura, etc., assim como o efeito que o caso da Erenice efetivamente teve para diminuir o resultado final da Dilma.

A votação da Marina certamente influenciou. A leitura desse eleitorado é complexa, nem de longe se trata de onda ecológica no Brasil – as outras votações dos verdes foram inexpressivas. Juntaram-se varias coisas, desde votos verdes, esquerda light, até votos anti-Dilma, votos desencantados com o Serra, entre outros. Mas o montante alto requer uma análise mais precisa.

Para o segundo turno contam esses votos: mais da metade concentrados em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, além do DF, onde ela ficou em primeiro lugar. Qualquer que seja a decisão de apoio no segundo turno – a convocação de assembléias para definir deve confirmar a tendência a abstenção, tornando mais difícil a operação política da direção de apoiar Serra -, esse eleitorado se orientará, em grande medida, não pela decisão partidária, ficando disponível para os outros candidatos. Em 2006, nem o PSol conseguiu que seus votos deixassem de ir para outros candidatos, desobedecendo a orientação do voto em branco.

É uma ilusão considerar que o segundo turno é outra eleição. É a continuação do primeiro, em novas condições – de bipolarização. A campanha deve ser dirigida diretamente por Lula, deve ser centrada na comparação dos governos do FHC e do Lula, deve ter uma estratégia específica para o eleitorado da Marina e deve multiplicar os comícios e outros atos de massa – um diferencial importante entre as duas candidaturas.

Em 2006 o segundo turno foi muito importante para dar um caráter mais definido à polarização com os tucanos, o mesmo deve se dar agora. Que ele multiplique a votação e a mobilização, para tornar mais forte ainda a vitória da Dilma. Ela é favorita, mas devemos precaver-nos das manobras dos adversários, do uso da imprensa, das campanhas difamatórias.

Pode ser um segundo turno de polarização mais clara também, porque os debates diluíam os temas, na medida em que havia um coro de 3 candidatos colocando ênfase nas denúncias. Não soubemos colocar como agenda central o fato de que o Brasil se tornou menos injusto, menos desigual, com Lula, e que esse é o caminho central a seguir.

Outros temas do primeiro turno abordaremos em outros artigos. Este é para abrir a discussão com todos.

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Reconquistar o eleitor seduzido por Marina

Reproduzo artigo de Cláudio Gonzalez, publicado no sítio Vermelho:


Uma análise rápida dos resultados eleitorais para a eleição presidencial nos permite opinar que a candidata Dilma Rousseff (PT) só deixou de ganhar a eleição no primeiro turno pois uma parte de seus eleitores, na última hora, migrou para a candidata do Pv, Marina Silva. E este eleitorado está conecntrado principalmente na classe média urbana e na juventude. São eles que Dilma deve reconquistar para garantir uma vitória respeitável no segundo turno.

Com 99,9% dos votos apurados, a candidata Dilma Roussef tinha 46,9% dos votos, José Serra (PSDB) vinha a seguir com 32,6% e Marina Silva em terceiro lugar com 19,3%. Os demais candidatos não alcançaram 1% dos votos. Quem chegou mais perto disso foi Plínio, do PSOL, que obteve 0,9%. Eymael (PSDC), Zé Maria (PSTU) e Levy Fidelix tiveram cada um 0,1%. Ivan Pinheiro (PCB) e Rui Costa Pimenta (PCO) tiveram tão poucos votos que com o arredondamento pontuam 0%.

Sete dias antes do primeiro turno, Marina Silva alcançava, na média das pesquisas, 15% dos votos válidos, enquanto Dilma tinha em média 53% e Serra 30%. Fica evidente que o crescimento da candidata verde na reta final deu-se subtraindo votos de Dilma. Isso aconteceu particularmente nas grandes cidades do Sudeste e entre o eleitorado mais jovem. Nos quatro estados do Sudeste Marina obteve mais de 20% dos votos. Dilma perdeu votos para Marina também entre eleitores evangélicos, submetidos nos últimos dias da campanha a uma avalanche de baixarias com viés moralista e religioso espalhadas pela internet por apoiadores do candidato tucano José Serra.

A perseguição implacável da grande imprensa contra a candidata de Lula também ajudou a subtrair apoios que a petista tinha entre o eleitorado de classe média, mais suscetível ao denuncismo da mídia.

Pesou também contra Dilma, creio eu, uma certa dosagem exagerada da presença de Lula nas atividades de campanha e na TV, o que acabou ofuscando a candidata. Ainda que tomar para si o legado deste governo seja o grande trunfo de Dilma, é preciso cuidar para que a campanha dê à ela mais autonomia e identidade, mostrando que Dilma será uma boa presidente por seus próprios méritos e não apenas porque Lula assim desejou. A ex-ministra tem qualidades de sobra para isso.

Classe média

O forte apoio de Lula fez o eleitorado do Nordeste e da maior parte do Norte, além do Rio Grande do Sul e quase todo o Sudeste (com exceção de São Paulo), continuar apoiando majoritariamente a candidata do PT. Mas Dilma viu sua liderança ser superada por Serra em SC, PR, SP e em quase todo o Centro-Oeste (com exceção de GO), além de três estados do Norte (RR, RO e AC). Nestes estados, a diferença entre Dilma e Serra foi pequena, mas sufiente para impedir a vitória no primeiro turno. A preferência por Dilma balança justamente naqueles setores e localidades que não conhecem bem ou não mantém vínculo direto com os projetos sociais e as realizações do atual governo.

Ainda que a internet agregue a opinião de um universo bastante reduzido de brasileiros, pode-se perceber pelas redes sociais que a chamada #ondaverde que levou Marina a uma votação próxima dos 20% cativou boa parte da juventude não-partidária, porém com tendências progressistas. Parte destes eleitores nunca pretenderam votar em Serra, mas precisarão ser cativados pela campanha de Dilma no segundo turno para que possam migrar da #ondaverde para uma #ondavermelha.

A oposição de direita, que dava como certa a derrota no domingo, sai psicologicamente fortalecida do primeiro turno, apesar de não ter conseguido ampliar seu eleitorado a ponto de ameaçar o favoritismo da candidata do governo. A candidatura de Serra não conseguiu empolgar novos setores do eleitorado, ainda está baseada, no geral, no eleitorado mais rico e conservador e naqueles que mesmo sendo das classes C, D e E ainda alimentam algum tipo de preconceito contra o PT.

Apoios para o segundo turno

Ao discursar neste domingo após a confirmação do segundo turno, Marina Silva anunciou que defenderá a realização de uma plenária de seu partido, o PV, com segmentos sociais que a apoiaram, para decidir quem o partido vai apoiar. "O partido vai ter que fazer uma discussão nas suas instâncias e, por respeito aos que fizeram aliança conosco, vai ter de também convidá-los para debater as nossas posições", disse.

Marina mandou recados para a direção do PV, próxima do PSDB e inclinada a manifestar apoio imediato a José Serra. O PV participava da gestão tucana no governo de São Paulo e estava coligado com os tucanos no Rio de Janeiro.

"A nossa decisão será uma decisão que não tem nada a ver com a velha política que se apressa em manifestar uma posição só para vislumbrar pontos lá na frente", cutucou.

Por sua trajetória e seu perfil, a tendência pessoal de Marina é apoiar a candidatura do PT. Sem dúvida, seria uma grande ajuda para Dilma se Marina viesse a público manifestar seu apoio. Mas como essa é uma possibilidade incerta, resta à campanha de Dilma não perder tempo e já começar a construir discursos, propostas e iniciativas para buscar a adesão do eleitorado que votou em Marina no primeiro turno.

Precisa, também, capitalizar as importantes vitórias conquistadas pelos partidos da base de apoio do governo Lula nas disputas para governos estaduais, Senado e Câmara Federal. Revigorados pela vitória e desobrigados da tarefa de buscar a própria sobrevivência nas urnas, estes governadores, senadores e deputados eleitos devem ser chamados a dar uma contribuição ainda mais incisiva à vitória de Dilma no segundo turno do que deram no primeiro turno.

Em 2006, a campanha de Lula pela reeleição conseguiu, no segundo turno contra Geraldo Alckmin (PSDB), não só atrair os eleitores que deram votos a outros candidatos no primeiro turno, como também arrancou uma parcela considerável dos votos do próprio tucano. Fez isso desmascarando a candidatura da direita e mostrando aos eleitores os perigos que a volta ao passado neoliberal representa.

Agora em 2010, quando o encadeamento dos fatos mostram um quadro muito semelhante ao de 2006, não há motivos para que Lula, Dilma e seus aliados não lancem mão desta estratégia. Afinal, Serra, mais do que Alckmin, carrega consigo as marcas de um passado desastroso que o Brasil não quer de volta.

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A turma que ia dar surra no Lula perdeu

Reproduzo artigo de Paulo Henrique Amorim, pubicado no blog Conversa Afiada:

No Amazonas, Vanessa do PC do B derrotou Arthur Virgilio Cardoso, aquele que derrubou a CPMF, mandou o Senado cobrir o Visa dele em Paris e disse que ia dar uma surra no Lula.

Na Bahia, Walter Pinheiro e Lidice da Mata derrotaram Cesar Borges e Aleluia, carlistas e Golpistas.

No Ceará, o excelente deputado petista Pimentel derrotou o Tasso “tenho jatinho porque posso” Jereissati na segunda vaga para o Senado.

Em Mato Grosso, Antero Paes e Barros, funcionário do Serra e Golpista de primeira hora, ficou em quarto.

Na Paraíba, Ephraim Moraes, outro Golpista do DEMO, foi derrotado.

Em Pernambuco assistiu-se a um espetáculo deslumbrante: Armando Monteiro e Humberto Costa derrotaram Marco Maciel (12%) e Raul Jungmann (8%).

Dois Golpistas abatidos numa eleição só.

No Piauí, também.

Mão Santa e Heráclito, ambos com 14%, foram solenemente derrotados.

Agora, finalmente, se saberá quem paga os advogados para Heráclito processar este ordinário blogueiro.

No Paraná, outro herói do Golpe na CPI dos Correios, Gustavo Fruet, foi devidamente derrotado para o Senado.

No Rio, César Maia, que ofereceu o Índio ao Serra e pretendia ocupar a extrema direita no Senado, perdeu para Lindberg e Crivella.

No Rio Grande do Sul, Rigotto, que persegue o jornalista Elmar Bones, ficou atrás de Paim e Ana Amélia.

Da bancada Golpista original, autêntica, 24 quilates, sobraram o Demóstenes (o do grampo sem áudio) e o Agripino, no Rio Grande do Norte.

Vão ter que trabalhar com o Aloysio Nunes Ferreira de São Paulo.

Porque em São Paulo, ficou zero a zero.

Marta entrou no lugar de Mercadante e o Aloysio no de Tuma.

Dilma vai controlar o Senado.

Em tempo: cabe registrar que dois candidatos a Governador in pectore do Serra, escolhidos pessoalmente pelo “dedazo” do Serra, foram devidamente trucidados, Jarbas, em Pernambuco e Gabeira, no Rio.

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Tentando entender a "onda verde"

Reproduzo artigo de Luiz Carlos Azenha, publicado no blog Viomundo:

Houve onda verde, sim. E a onda verde, que pegou de surpresa a todos os institutos de pesquisa, é que está levando a eleição presidencial para o segundo turno.

Dito isso, é preciso tentar entender o que alimentou essa onda verde.

Sinceramente, não acredito que isso se deva apenas à sórdida campanha movida por religiosos católicos e evangélicos contra a candidata governista.

Isso jamais renderia a Marina Silva mais de 18 milhões de votos!

Por dados anedóticos, colhidos aqui e ali, é possível notar que Marina respondeu a uma aspiração dos jovens, que se mostraram fartos com a polarização PT/PSDB.

Se assim for, a proposta do presidente Lula de promover a campanha em seus termos, ou seja, num confronto bipolar, fracassou nas urnas neste domingo.

Os eleitores de Marina querem saber mais. Querem mais que as produções de alta qualidade do marqueteiro João Santana.

Quem é leitor do blog sabe que já tratei mais de uma vez da falta de politização da campanha no primeiro turno.

Foi uma opção do PT, que parecia acreditar que bastava propagandear os feitos econômicos do governo — o que foi feito com competência na campanha televisiva — para garantir a vitória em primeiro turno.

Marina Silva se projetou, em minha modesta opinião, justamente nesse buraco negro da falta de politização.

Outra observação necessária: um presidente com 80% de aprovação nas pesquisas conseguiu transferir pouco mais da metade disso para a sua candidata.

Reflexo, em minha opinião, da falta de politização que acompanhou a ascensão social de milhões de brasileiros para a classe média. Vários comentaristas já trataram disso. Seria o “fator Berlusconi”. Ou seja, uma ascensão social que promove um eleitorado conservador, cuja lealdade não reflete compromisso político com um projeto e muito suscetível às questões morais — o boato de que o vice de Dilma é satanista, por exemplo. O “melhorismo” de Lula, na definição de Plínio de Arruda Sampaio, se assenta sobre bases mais frágeis do que se imaginava?

O segundo turno, em minha opinião, é resultado de um conjunto de fatores.

Sem qualquer sombra de dúvida, a mídia desempenhou um papel relevante, disparando balas de prata que reduziram sensivelmente a vantagem da candidata petista nas últimas semanas de campanha.

Acima de tudo, a mídia cumpriu a tarefa a que se propôs, de desviar o foco da eleição das questões econômicas para os escândalos.

Serra não recolheu os escombros, que cairam no colo de Marina Silva.

Acima de tudo, no entanto, é preciso colocar todos os pingos nos is dos erros na campanha da candidata governista:

1. Como todos sabíamos antecipadamente do papel que a mídia iria desempenhar em 2010, ninguém detectou o potencial explosivo dos negócios em torno de Erenice Guerra?

2. Por que a campanha de Dilma Rousseff não se antecipou aos boatos de forma didática, como Barack Obama fez nos Estados Unidos, criando um site específico para combatê-los?

3. Por que a campanha de Dilma não rebateu as promessas de José Serra e não politizou a campanha?

De qualquer forma, a votação expressiva de Marina Silva indica uma mudança significativa no quadro político brasileiro e, portanto, nos próximos 30 dias de campanha.

Acredito que a campanha de José Serra vai dar alguns passos em busca do centro político, representado agora pela “terceira via” de Marina. Ficará muito mais difícil, nestas circunstâncias, fazer agora a polarização politizada que o PT poderia ter feito durante a campanha do primeiro turno.

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Só a esperança não vencerá o medo

Reproduzo artigo de Eduardo Guimarães, publicado no Blog da Cidadania:

Começo a escrever bem antes do fim da apuração dos votos. Neste momento, desenha-se um 2º turno. Ou seja: o bombardeio midiático teve maior êxito do que o previsto, como em 2002 e em 2006, e não foi possível vencer com a facilidade imaginada.

Ainda assim, vamos contextualizar as coisas: Dilma Rousseff era a única candidata que não tinha a perspectiva de ver tudo terminar no 1º turno e vence com larga vantagem o 1º, apesar da frustração de quem esperava ver o fim da disputa em 3 de outubro.

Nesta segunda etapa da eleição, pois, haverá que corrigir a rota da primeira no que diz respeito não só à campanha governista, mas à militância.

A campanha de Dilma optou por apanhar calada, sem se defender e, sobretudo, sem atacar. A mídia pôde tomar partido à vontade e a denúncia do partidarismo se resumiu a um discurso exaltado e destemperado do presidente Lula.

Já a militância, nos dias que antecederam a eleição registrava no Twitter e até em comentários nos blogs que estava com “medo” do 2º turno.

Convenhamos: ninguém vence uma luta em que entra com medo ou na qual se deixa espancar sem reagir. É luta, não campeonato de fleuma, do lado da campanha governista, ou uma terapia psicológica, no que se refere à militância.

Dito isso, vejamos qual é a situação de Dilma e de Serra na segunda rodada.

Dilma termina o 1º turno com quase metade dos votos válidos e Serra, com cerca de um terço. Os votos de Marina se dividirão entre os dois. Em que medida, ninguém sabe. Mas ninguém imagina que o tucano herdará todos os votos daquela que serviu para lhe gerar uma chance adicional na eleição.

Marina teve cerca de 1/5 dos votos válidos. Ora, Dilma só precisa de pouco mais de 1/4 desses votos para vencer a eleição em 2º turno. Não se imagina que ela tenha muito menos de 1/3 desses votos. E há os votos dos nanicos, ainda. O quase 1% de Plínio já está com Dilma.

Dilma continua a franca favorita para vencer a eleição, portanto. Mas se a sua campanha continuar deixando a mídia fazer o mesmo jogo do 1º turno, está demonstrado que a capacidade da população de compreender o jogo não é tão grande, sendo necessário, desta vez, enfrentar as acusações que virão pela mídia.

Este blogueiro já dizia que, de alguma maneira, estava dividido entre o desejo de ver a eleição terminar no 1º turno e o de ela ir para o segundo para que finalmente fosse denunciado o trabalho sujo que a imprensa golpista vem fazendo nesses anos todos.

Diferentemente de 2002 e de 2006, e sem o mito Lula na disputa, para enfrentar a máquina da direita midiática não será possível contar só com a esperança para vencer o medo. Quem terá que ajudar a vencê-lo, desta vez, será a coragem.

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