sábado, 16 de outubro de 2010

O crime eleitoral do Bispo de Guarulhos



Gráfica na capital paulista imprime, a pedido do bispo da igreja católica de Guarulhos, milhões de exemplares de jornal contra a candidata Dilma Rousseff. O caso é grave. É crime eleitoral. O bispo merecia ser processado e até preso

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As falcatruas do homem-bomba do Serra

Reproduzo matéria publicada no blog Cloaca News:

O ex-diretor de engenharia da Dersa, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, acusado de tráfico de influência, desvio de dinheiro público e improbidade administrativa, capitaneou algumas das principais obras do governo de José Serra. Ele foi o responsável pela medição e pagamentos a empreiteiras contratadas para construir o trecho sul do Rodoanel, pela expansão da avenida Jacu-Pêssego e pela reforma na Marginal Tietê.

No currículo do engenheiro constam 11 anos de serviços prestados ao PSDB. Trabalhou no segundo governo de Fernando Henrique Cardoso como assessor especial da Presidência, no programa Brasil Empreendedor Rural. Assumiu a diretoria da Dersa em 2005, primeiro de Relações Institucionais e, depois, de Engenharia.

O ex-governador José Serra, após ter refrescado sua memória e reconhecido que, sim, sabia quem era Paulo Preto, fez questão de frisar que seu ex-funcionário havia recebido, em 2009, o prêmio Engenheiro do Ano, do Instituto de Engenharia. Porém, o que Paulo Preto deixou para a população paulista foram obras repletas de irregularidades, que, inclusive, já ocasionaram a morte de duas pessoas.

Rodoanel

O trecho sul do Rodoanel custou R$ 5 bilhões e é alvo de suspeitas e denúncias de instituições fiscalizadoras como o Tribunal de Contas da União e o Ministério Público, que apontam a obra como um gigantesco ninho de superfaturamento e irregularidades de todo tipo.

Essa obra teve seu processo de construção acelerado para uso na campanha eleitoral. Sem uma efetiva fiscalização por parte do Estado, houve ajustes frequentes de preços ao longo da execução, alteração nos materiais utilizados e no projeto da obra.

Pelo projeto básico, por exemplo, deveriam ser usadas fundações de concreto conhecidas como tubulões para sustentar os vãos livres dos viadutos do trecho sul do Rodoanel. Mas os construtores trocaram esse material por duas mil vigas pré-moldadas, mais baratas – como as que desabaram sobre a Rodovia Régis Bittencourt em 13 de novembro de 2009, poucas horas depois de instaladas, esmagando três veículos e ferindo três pessoas.

A troca de material usado na construção, contudo, foi apenas uma das 79 irregularidades classificadas como “graves” em relatório emitido pelo Tribunal de Contas da União, em 29 de setembro de 2009, com base em duas auditorias feitas em 2007 e 2008, nos cinco lotes da obra.

Até hoje, seis meses depois de inaugurado, o trecho sul segue com problemas. Além da ausência de barreiras e acessos, falta de sinalização, câmeras de monitoramento, telefones de emergência, sistema de drenagem. A questão da segurança foi negligenciada. Há também o problema da iluminação, que ainda é obtida através de geradores. Duas pessoas já morreram em acidentes agravados por esses problemas.

Nova Marginal

"Pode ser mortal", diz o engenheiro Sergio Ejzenberg, mestre em Transportes pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, em referência aos riscos de acidentes provocados pela falta de guardrails nas novas pistas da Marginal do Tietê, inauguradas há seis meses.

A chamada Nova Marginal Tietê foi entregue praticamente sem sinalização e monitoramento nas vias. A falta de faixas e placas confundiam os motoristas e os colocam em risco de acidentes.

O líder da Bancada do PT na Assembleia, deputado Antonio Mentor, inclusive conseguiu a anulação das multas aplicadas na Nova Marginal devido à falta de sinalização.

Os motoristas enfrentam ainda um outro problema na Nova Marginal, que é ausência de iluminação em alguns trechos. Até agora, o sistema foi instalado em apenas 12,9 dos 23 quilômetros.

Também faltam acessos. No Complexo do Tatuapé, por exemplo, falta mais uma ponte para o trânsito de veículos que saem da Avenida Salim Farah Maluf em direção às rodovias Castelo Branco ou Ayrton Senna. A previsão de entrega dessa ponte é somente para o final do ano.

Vale lembrar também que ao anunciar o projeto de construção da Nova Marginal, o governador José Serra disse que o custo seria de R$ 800 milhões. Depois a obra passou para R$ 1,3 bilhão e finalmente, foi anunciado que a obra vai custar R$ 1,9 bilhão, ou seja, 137% a mais do revelado inicialmente.

Jacu-Pêssego

O prolongamento da avenida Jacu-Pêssego se arrasta desde 1996. A previsão inicial era abrir para o tráfego junto com a inauguração do trecho sul do Rodoanel, em abril, mas foi adiada por várias vezes.

No final de setembro, o jornal O Estado de S. Paulo percorreu a obra, orçada em R$1,9 bilhão, e verificou que ainda não estava finalizada. Apesar de parte da sinalização já estar pintada no chão, não havia placas nem semáforos. No canteiro central, o cenário era de muitas pedras. A via também não tinha retornos e as entradas para outras avenidas não estavam prontas.

Também não havia faixa para pedestres e as duas passarelas estavam em construção. Por fim, a iluminação estava deficiente e, em alguns trechos, postes ainda estavam sendo instalados.

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O aborto e o casal Monica e José Serra

Reproduzo mensagem enviada pelo amigo jornalista Alipio Freire:

Até este momento, nenhum de vocês me viu escrever sobre o aborto que teria feito a senhora Monica Serra.

Antes de tudo, porque considero que a privacidade das pessoas deve ser respeitada e preservada – princípio que aprendi ainda em criança, em minha casa, com os meus pais, e que os anos de militância e de vida, apenas reforçaram e consolidaram, dando-lhe contornos políticos mais claros e precisos.

Aprendi que transformar a privacidade das pessoas em espetáculo público é uma prática fascista, como é igualmente fascista todo ato de despolitizar e desqualificar o debate político (política = luta de classes, segmentos e grupos sociais em defesa dos seus interesses), substituindo esse debate pela discussão da privacidade e intimidade dos indivíduos [*].

Como muito bem afirma o filósofo Jean-Paul Sartre sobre a questão da tortura, penso igualmente a respeito do fascismo: "Não são os fascistas que produzem os fascismo. São as práticas fascistas que produzem homens e mulheres fascistas".

Sou intolerante com esse tipo de assunto.

E creio que devamos ser todos.

Com as últimas informações, ficou claro para mim que a única responsável por haver transformado em espetáculo público sua intimidade (aborto realizado aos quatro meses de gravidez) foi a própria senhora Monica Serra, esposa do candidato à Presidência da República, senhor José Serra, que o fez publicamente para suas alunas, e em diversas aulas e ocasiões. A mesma senhora que, em campanha pela eleição do seu esposo, afirmou que a candidata à Presidência Dilma Rousseff “vai matar as criancinhas”.

A auto-exposição pública, além de todas as mazelas já apontadas neste texto, ainda carrega as virtudes do narcisismo e da egolatria.

Enquanto a senhora Monica age dessa maneira (hipócrita, duplamente mentirosa, vulgar, narcísica, ególatra e fascista), a campanha do seu esposo – senhor José Serra – contrata um serviço de telemarketing para difundir que a candidata Dilma Rousseff, uma vez eleita, legalizaria o aborto em nosso país.

De acordo com o jornal “Correio Braziliense”, os telefonemas são dados por funcionárias mulheres do telemarketing, acrescentando: “Elas ligam em horário comercial no telefone fixo e procuram saber se há eleitor de Marina Silva (PV) na residência. Caso haja, as atendentes insistem na tecla de que a petista é a favor do aborto e que ela hoje se diz contrária apenas para ludibriar o eleitor”.

Por essas e outras, organizei alguns materiais que recebi de diversas fontes acerca do assunto, e que lhes repasso no pé desta mensagem e em arquivo.

Há uns dois dias, a candidata Dilma Rousseff assinou um documento público, no qual afirma que, durante sua gestão, a questão do aborto permanecerá tal qual está definida legalmente hoje.

Ainda que defensor da descriminalização do aborto e entender que esta é uma questão de políticas públicas – de Saúde e de Direitos Humanos – sinto-me na obrigação (ética e política) de declarar que concordo com este gesto da candidata Dilma Rousseff: a descriminalização do aborto é um assunto por demais sério e a quantidade de preconceitos que envolve (e que vêm sendo explorados calhordamente e de forma crapulosa nestas eleições pelo candidato José Serra, sua família e a frente DEM-Tucanos que ele representa), e que a atual correlação de forças impede qualquer avanço nessa direção. Depois de toda essa campanha, orquestrada pelo que há de mais podre em nossa sociedade, garantir os pequenos avanços conquistados a esse respeito, já é uma vitória.

Aos que ficam indignados com esta decisão da candidata Dilma Rousseff, chamo a atenção para quatro aspectos da questão:

Primeiro: a luta de classes (o fazer política) não se limita aos processos eleitorais – as eleições são um importante momento da política, mas não resumem ou substituem todas as manifestações do fazer político. Mais que as eleições, é a capacidade de mobilização e organização dos trabalhadores e dos demais explorados e oprimidos, quem tem a maior possibilidade de mudar a correlação de forças na sociedade, em favor dos interesses da maioria.

Segundo: hoje, derrotar a aliança DEM-Tucanos é mais importante do que discutir a questão do aborto, uma vez que a derrota das forças que apóiam o candidato José Serra deve ser, neste momento, nestas eleições, a questão prioritária, a questão principal. Desta derrota, depende a possibilidade de avançarmos em várias questões (pontuais ou não), inclusive aquelas relativas às diversas políticas públicas.

Terceiro: os rumos mais à esquerda ou à direita de qualquer governo dependerão sempre da nossa capacidade de pressão, da nossa capacidade de sermos sujeitos políticos: e só o somos, coletivamente. Ou seja, somente organizados somos um sujeito político capaz de enfrentar adversários e inimigos – o resto será sempre radicalismo-de-gogó, radicalidade inconseqüente. Necessitamos ser o suficientemente fortes em termos de organização e capacidade de mobilização, para empurrarmos os poderes da República na direção do atendimento dos nossos interesses.

Por exemplo: se cercássemos a sede do Supremo Tribunal Federal – STF, no momento de votações de assuntos substantivos para os nossos interesses, dificilmente os bípedes togados que ali decidem sobre destinos do país se sentiriam à vontade para agir como agem. Se cercássemos com milhões de pessoas o STJ, dificilmente personagens como o doutor Gilmar Mendes estariam compondo essa importante instância de poder. Sairiam de lá enxotados e sob nossas vaias. O mesmo serve para o Congresso.

Quarto: enquanto prosseguirmos esperando que os nossos representantes que compõem esses poderes (por melhores e honestos que sejam) sejam capazes sozinhos de responderem às nossas reivindicações e exigências, ou colheremos derrotas, ou os estimularemos a alianças por nós indesejadas, e mesmo a graves práticas não republicanas, como o suborno, a compra de votos, os desvios de dinheiros públicos, as chantagens dos dossiês e a toda essas práticas que negamos, que execramos e que devemos continuar a execrar.

Por fim, com esta minha mensagem e o material que segue espero ter contribuído para colocarmos a discussão do assunto aborto no seu mais adequado rumo, fugindo pelo menos da armadilha fascista que a santa aliança DEM-Tucanos propõem a todos nós.

Mais ainda, espero que, se vier a ser lida por dirigentes do Partido dos Trabalhadores, companheiros com responsabilidades no atual governo e/ou coordenadores da campanha da candidata Dilma Rousseff, inspire medidas política e/ou legais sobre o problema do telemarketing, e outras barbaridades que vêm sendo cometidas.

[*] A esse respeito, sugiro a leitura de “A honra perdida de Katharina Blum”, do escritor alemão Heinrich Böll, ou assistam o filme “A honra perdida de uma mulher”, do diretor Volker Schlöndorff (baseado no livro de Böll). Leiam e/ou assistam o filme, e insistam para que os seus filhos e outros jovens também leiam e/ou assistam o filme.

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Ana Maria Prestes: "Sonhos"

Reproduzo uma bela mensagem enviada pela amiga Ana Maria Prestes Rabelo:

Pessoas queridas,

Eu não costumo enviar este tipo de email, mas estou tão tocada com estas eleições que não pude me conter.

Certamente o Brasil de Lula e Dilma não é o país dos nossos sonhos, mas o pesadelo que prenuncia a candidatura FHC/Serra é por demais assustador.

Queria citar três experiências pessoais que me levam a dizer isto.

Em 1997, quando eu estudava na Escola Técnica Federal de Goiás, uma escola reconhecida por sua excelência no ensino e na formação tal como as diversas de escolas técnicas federais espalhadas pelo país naquela época, o presidente FHC fez o decreto 2208. O decreto era um golpe à estrutura das escolas técnicas federais por separar o ensino médio do técnico, um dos fatores centrais da qualidade da educação nestes centros.

Para mim foi um momento muito marcante pois eu começava minha militância no movimento estudantil e compartilhei com muitos colegas e professores o drama da implementação do decreto passando por cima de experiências riquissimas de ensino concomitante científico e técnico que formava centenas de jovens capacitados para a sociedade brasileira. O governo obedecia na época uma diretriz do Banco Mundial para a educação de formar mão-de-obra direcionada para as demandas do mercado, restringindo a formação destes jovens e inclusive a empregabilidade futura em outras áreas dada a especificidade da formação.

Com o governo Lula o decreto foi revertido, a maioria das escolas tecnicas foram transformadas em centros de formação tecnológica no nível médio e superior, equipadas e reestruturadas e uma série de novas unidades foram criadas por todo o país. Isso sem falar na geração de emprego que triplicou, dando oportunidade aos que se formavam e nas 14 universidades federais criadas por Lula contra nenhuma criada por FHC dando a chance do prosseguimento nos estudos.

Uma outra experiência pessoal e que tem relação com esta campanha foi a minha estada em 2008 em Portugal, quando realizava uma parte do meu doutorado. Na época acompanhei de perto um rico processo em que um dos países mais católicos do mundo aprovou a Lei da Interrupção Voluntária da Gravidez, ou o aborto. Foi uma campanha linda da sociedade civil com mobilização, debate e exercício democrático da opinião através de referendum que legitimou a lei.

Estou estupefata com o uso político que se tem dado a esta questão nas eleições no Brasil por um casal absolutamente hipócrita, o Sr. Serra e sua esposa, que são a favor do aborto, inclusive por já terem optado pela realização de um, segundo relatos de uma das alunas da esposa do Serra. Esta mesma senhora usou frases chulas contra uma candidata que desde o início falava nas entrevistas que tratava o aborto como uma questão de saúde pública, independente de sua posição pessoal.

Eu pessoalmente sou a favor do aborto e acho que esta campanha oportunista em si já representa um atraso para esta temática no Brasil. Eu quero educar as minhas filhas para um mundo em que elas tenham liberdade para decidir sobre suas convicções religiosas e pessoais e expressá-las livres de constrangimentos morais oportunos e completamente atrasados. Quero para minhas filhas inclusive um país em que a interrupção voluntária de uma gravidez não seja crime, mas um direito da mulher. Mas isto nunca foi assim defendido por Dilma, até porque o programa que ela representa não é da cabeça dela, mas fruto de um conjunto de acúmulos possíveis nas últimas décadas pós redemocratização.

Uma terceira e última experiência que gostaria de relatar - teria outras mais em vários temas - é a do papel do governo Lula no cenário internacional. Principalmente na parte Sul do mundo. Penso que vocês sabem que estou em fase de conclusão da minha tese de doutorado na UFMG em que estudo os movimentos contra-hegemonicos no sul global, especialmente o forum social mundial e sua ocorrencia no Brasil, na Índia e no Quênia.

Devido às minhas atividades internacionais tive a oportunidade de estar nos últimos anos pelos menos 5 vezes na África. Primeiro é impressionante quão profundas e urgentes são as demandas daquele povo em todos os quesitos, desde comida, saneamento e remédios à estruturas políticas mínimas para o exercício da expressão popular e de governos livres do constrangimento pós-colonial. O presidente Lula esteve em absolutamente todos os países da África, em vários foi a primeira vez que um presidente brasileiro e até latino-ameiricano colocava os pés.

Vocês imaginam o Serra indo ao Chad, ao Togo, à Eritrea ou ao Mali? O presidente Lula inverteu o eixo das relações exteriores brasileiras do norte para o sul. Muitas das relações estabelecidas são unilaterais, de apoio brasileiro às demandas dos povos destes países e não necessáriamente atendendo à demandas de comércio exterior brasileiro. Na minha última viagem à Africa do Sul, a ministra de relações exteriores pegou na minha mão e me disse olhando nos olhos: vocês precisam eleger a sucessora de Lula, pela África.

Eu não conheço a Dilma pessoalmente, não posso opinar sobre seu temperamento ou personalidade, mas eu acredito que a política é feita de acúmulos produzidos por coletivos humanos e ela faz parte de um. Ela é a continuidade de um processo ainda precário, mas que representou inúmeros avanços para a população brasileira nos últimos anos.

Eu quero fortemente que minhas filhas vivam em um país que respeite o passado heróico dos que lutaram contra a ditudura, um país livre da homofobia e que respeite o direito dos homossexuais, um país em que o aborto não seja um crime mas um direito de cada mulher à decisão sobre seu corpo e sua vida, um país em que a luta contra a miséria não seja desdenhada mas humanizada, um país em que a liberdade de imprensa não seja usurpada mas democratizada, um país em que boatos, campanhas difamatórias e desonestidade intelectual não sejam a base da candidatura de um concorrente ao mais alto posto do nosso país. Por isso eu voto Dilma.

Ana Maria Prestes Rabelo, estudante do doutorado em ciencia política na UFMG, mãe da Helena (4) e da Gabiela (6 meses).

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Aborto: a indignação de Sheila Ribeiro

Reproduzo artigo de Conceição Lemes, publicado no blog Viomundo:

No dia 14 de setembro, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Monica Serra, acompanhada de Índio da Costa (DEM), vice de José Serra (PSDB), deu a senha da campanha sórdida, em pleno andamento, contra Dilma Rousseff (PT). A repórter Gabriela Moreira, da Agência Estado, testemunhou. O Estadão publicou:

"A um eleitor evangélico, que citava Jesus Cristo como o “único homem que prestou no mundo” e que declarou voto em Dilma, a professora [Monica Serra] afirmou que a petista é a favor do aborto. 'Ela é a favor de matar as criancinhas', disse a mulher de Serra ao vendedor ambulante Edgar da Silva, de 73 anos".

Domingo passado, no debate realizado pela Band entre os dois presidenciáveis, Dilma jogou o esqueleto em cima da mesa. Cobrou de Serra as acusações de Monica a ela.

Serra não respondeu. Indignada, na segunda-feira às 10h24, Sheila Ribeiro postou em sua página na rede social Facebook uma reflexão com o título "Respeitemos a dor de Monica Serra".

"Meu nome é Sheila Ribeiro e trabalho como artista no Brasil. Sou bailarina e ex-estudante da Unicamp onde fui aluna de Monica Serra".



"Com todo respeito que devo a essa minha professora, gostaria de revelar publicamente que muitas de nossas aulas foram regadas a discussões sobre o aborto, sobre o seu aborto traumático. Monica Serra fez um aborto. Na época da ditadura, grávida de quatro meses, Monica Serra decidiu abortar, pois que seu marido estava exilado e todos vivíamos uma situação instável. Aqui está a prova de que o aborto é uma situação terrível, triste, para a mulher e para o casal, e por isso não deve ser crime, pois tantas são as situações complexas que levam uma mulher a passar por essa situação difícil. Ninguém gosta de fazer um aborto, assim como o casal Serra imagino não ter gostado. A educação sobre a contracepção deve ser máxima para que evitemos essa dor para a mulher e para o Estado".


O episódio aconteceu em 1992, 18 anos atrás. Sheila tinha 18 anos, fazia curso de Dança no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Monica Serra era então professora de Psicologia do Desenvolvimento Aplicada à Dança.

A revelação caiu como bomba na rede. A NovaE considerou boato de má fé, desqualificou-a (a matéria já foi tirada do ar).

O jornalista Gilberto de Souza, do Jornal Correio do Brasil, resolveu investigar. Conversou com a própria Sheila. Publicou a matéria aqui. Depois, ouviu mais três ex-alunas de Monica, que confirmaram o relato.

Neste sábado, a jornalista Mônica Bergamo, em sua coluna na Folha de S.Paulo, dá a notícia: "Monica Serra contou ter feito aborto, diz ex-aluna". A assessoria de Monica Serra não respondeu à consulta da Folha. O mesmo fez a de Serra com o Correio do Brasil.

“Discussão de genero sempre esteve presente em minha vida"

Seu nome completo é Sheila Canevacci (sobrenome do marido, o antropólogo Massimo Canevacci) Ribeiro. Profissionalmente, Sheila Ribeiro. Tem 37 anos. Morou 11 anos em Montreal, Canadá. Foi para lá depois de se formar na Unicamp. É coreógrafa e doutoranda em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo.

Nos meios da dança, Sheila é conhecida e reconhecida, no Brasil e no exterior. Quem priva do seu convívio pessoal ou profissional, não se espantou com a atitude dela.

Márcio Seligmann-Silva, professor livre-docente de Teoria Literária da Unicamp, com pos-doutorado pelo Zentrum Für Literaturforschung Berlim, Alemanha, e pela Yale University,nos EUA, afirma:

“A indignação de Sheila com o debate biopolítico que pontua nosso cenário político atual é plenamente compreensível, mas sua coragem talvez tenha a ver com esta experiência de vida em um país democrático [Canadá], onde as pessoas podem se manifestar sem medo”.

Helena Katz, professora no Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica e no Curso Comunicação das Artes do Corpo, na PUC-SP, comenta:

“Sheila Ribeiro está em cada um dos gestos que cria. O seu trabalho nos ajuda a identificar os danos que o discurso publicitário vem produzindo na sociedade e que não está somente na publicidade propriamente dita, mas que hoje pauta o modo como nos relacionamos e se materializa no nosso comportamento, na cidade, nos meios de comunicação. A potência da sua poética sempre crítica insufla, em cada um dos que entram em contato com as suas produções, a esperança de que um mundo melhor é possível”.

O coreógrafo Wagner Schwartz, do Rio de Janeiro, observa:

"Sheila Ribeiro é mulher, cidadã, coreógrafa. Antes ter um cunho corajoso, o seu relato tem uma potência vital, porque não está relacionado ao tema da dualidade morte-e-vida, muito menos às questões partidárias. Como sempre, seja em suas práticas artísticas ou entre amigos, Sheila reafirma a necessidade de se pensar o lugar das classes menos favorecidas, independente da grande escala de forças contrárias às suas ações, porque sua finalidade é, sempre, investigar a causa, sua dor e a sua liberdade".

A artista e produtora Cândida Monte, de Curitiba (PR), enfatiza:

“Sheila Ribeiro é uma mulher que escolhe atuar, pessoal e profissionalmente, com sinceridade e transparência. Age sempre de forma observadora, pensadora e questionadora. Tem um enorme interesse em discutir e refletir. Seu pensamento artístico emerge disso. Volta sua atenção à cultura para além das considerações sobre a estética, pensando o indivíduo através da arte”.

Sheila é filha de Majô Ribeiro, militante feminista que foi aluna de mestrado de Eva Blay e pesquisadora do Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais de Gênero da USP. Foi candidata derrotada a vereadora e a vice-prefeita em Osasco pelo PSDB.

A mãe, segundo Sheila, pouco se pronunciou sobre o episódio: “Só disse que achou bom que eu fiz isso pela questão da descriminalização do aborto”.

“Discussão de gênero sempre faz parte da minha vida, daí a minha indignação”, disse-me numa primeira conversa, que tivemos na quarta-feira. “No primeiro turno, votei no Plínio [de Arruda Sampaio, do Psol]. No segundo, voto na Dilma.”

“Eu não admito que a própria vítima se assemelhe ao seu opressor"

Na segunda conversa, Sheila, que já havia se mostrado assertiva no primeiro contato, foi bastante firme. Divertida, atenta, interessada, não titubeou um instante:

“As pessoas acharam que eu era falsa [personagem fake, inventado], muitos me agrediram, muitos insinuaram que eu tinha ganhado dinheiro. Eu fico muito triste e brava com essas coisas”.

” O que eu posso garantir é que Monica nos contou que fez aborto. Havia muitas outras pessoas que sabem que não é mentira o que eu disse”.

“Quando eu vi o Serra se esquivando no debate, tive um troço, fiquei indignada e fiz uma reflexão sobre o que é ser uma pessoa na privacidade e o que é ser uma pessoa pública”.

“A minha primeira preocupação foi exercer a minha cidadania. Acharam que eu fiz isso porque eu vivi praticamente a minha vida inteira de adulta no Canadá, onde as pessoas falam abertamente sobre esses assuntos e outros assuntos complexos de se abordar. O que me interessa é a saúde pública”.

“Algumas pessoas me dizem que tive coragem, outras ficaram assustadas de eu falar diretamente. Pensei: sou anormal? Acho que o meu jeito é por causa do Canadá. Depois que eu me formei na Unicamp, morei 11 anos lá. A minha vida adulta e profissional, eu desenvolvi lá. Tenho dupla nacionalidade”

“No Canadá, o aborto é legalizado. Eu te contei das clínicas de ginecologia lá [os serviços de saúde são públicos]? Você telefona, funciona assim. Bem-vinda à clínica da mulher. Para urgências, disque zero. Para consultas, disque 1. Para abortos, disque 2. Para exames, disque 3”.

“Um amigo disse: ‘E se a Monica e o Serra se converteram?’ Eu respondi. Vamos supor que a Monica e Serra se converteram à religião e se arrependeram do aborto que fizeram. Só que quando uma pessoa se arrepende perante Deus – o aborto é crime perante Deus –, eles fazem os seus Pai-Nossos, depois vão ser absolvidos e vão para o céu ou para o inferno. Quer dizer: é uma discussão religiosa”.

“Se a pessoa é religiosa, ninguém a obriga a fazer o aborto. Muito bem. A pessoa pode ser religiosa, dizer eu sou contra o aborto em todos os níveis, eu nunca vou fazer o aborto, porque é um crime perante Deus. Ok. Só que você pode não misturar essa coisa crime perante Deus, porque no Estado laico não tem Deus. O Estado laico é um Estado”.

“Quem é religioso, não é obrigado a fazer. Ponto. No Canadá, é visto como um problema de saúde pública”.

“As pessoas ficam me perguntando: você é a favor do aborto a partir de que mês? Quem sou eu para dizer quando, em que mês, como não deve? Tem vários países em que o aborto é legalizado, o Brasil tem que aprender com eles. Ponto”.

“O que me chocou mais, mais, mais, é que o aborto é uma questão de todos. Até uma pessoa militante contra a descriminalização do aborto já fez aborto. Além da Monica, eu cito a Benedita da Silva (PT), que é contra a descriminação do aborto e também fez aborto”.

“Significa o quê? Olha a lógica da matemática. Se eu sou contra a descriminalização, acho o aborto um crime e faço o meu clandestino, eu deixo criar uma coisa perversa em mim que é o contrário absoluto da cidadania. Morrer não é só porque tomou Cytotet, colocou agulha de crochê. Morrer é também não poder exercer a sua cidadania. Daí a importância da descriminalização”.

“Não significa que você precisa ficar contando para todo mundo que fez aborto… colocar no jornal que fez aborto. Mas, se você precisar fazer, você sabe que não é uma criminosa. Você sabe que não está morrendo por dentro por ter cometido um crime”.

“Agora se você é uma religiosa e faz aborto, está cometendo um crime religioso. É um problema seu cultural, social, religioso. Isso é um problema da pessoa” .

“O que mais deixou indignada, portanto, é que até as militantes contra o aborto fazem aborto”.

“Outra coisa que me chocou foi que a Mônica Serra no debate virou uma carta do jogo, assim como o pré-sal, a Petrobras, a banda larga, privatização. Então, diante de qualquer carta do jogo, o Serra não enfrentava, não dialogava…”.

“Para mim, todas eram cartas do jogo das quais ele ficava se esquivando. Mas eu fiquei mais sensível com a Monica Serra, porque eu a conheço. Na minha cabeça, misturou a relação da pessoa civil, que relatou ter feito aborto, e da pessoa simbólica, que estava ali fazendo campanha contra a descriminalização”.

“É como se eu estivesse no sofá e ouvisse alguém na televisão dizer que o Nelson Mandela é racista. Eu diria: como assim? O Nelson Mandela é negro, foi preso, lutou contra o apartheid… Tem alguma coisa errada. Aí eu escreveria um artigo: O que está acontecendo com o Nelson Mandela como pessoa pública. Ele mesmo é racista? Não é racista?

“A Monica Serra que existiu na minha realidade enquanto aluna é a Monica da família Allende, que fez aborto. A outra Monica Serra, que eu vi no debate, é uma citação do nome de uma pessoa, que era uma carta do jogo, uma Monica Serra simbólica, que virou uma carta do jogo. Só.”

“É uma tremenda contradição. Eu sou uma pessoa brasileira, como outras, que não tem medo de falar. Uma pessoa que foi lapidada em praça pública porque cometeu adultério não vai lutar para que isso exista. Afinal, ela foi vítima disso, concorda?”.

“Assim como eu disse no Facebook que nós devemos respeitar a Mônica Serra – evidentemente a figurativa, a metafórica –, está errado as pessoas se calarem. Eu como cidadã, mais ainda como ser humano, não admito que a professora que, traumatizada, falou para mim sobre a experiência do aborto que ela teve por causa da didatura"– é super importante citar o contexto –, venha hoje não considerar a sua própria dor que ela me fez escutar”.

“Eu sou uma artista. Quando exibo alguma obra, a pessoa está perdendo o tempo dela para ver a minha proposta comunicacional. A Monica Serra usou a aula de psicologia do movimento para falar disso. Acho lindo. Não acho que é problema. A Universidade é para isso mesmo. É para falar de aborto, de questões complexas ligadas ao ser humano. Aquela humanidade que ela dividiu com a gente, inclusive me ensinou a levantar e a escrever sobre isso no dia seguinte ao debate. Foi o fato que falou por si só“.

“Eu não gosto de que qualquer mulher tenha de fazer aborto por causa de uma ditadura. Então, eu não admito que essa própria vítima se assemelhe ao opressor”.

“Sei que tem várias pessoas me condenando. Escreveram em um post: “Ai, com uma amiga dessas…” Para começar, eu não sou amiga da Monica Serra. Eu fui aluna dela. Eu gosto dela. Mas por mais que eu goste do meu marido, da minha mãe, dos meus irmãos, do meu vizinho, quando uma pessoa faz uma coisa que é eticamente contra os meus valores humanistas, eu vou me colocar contrária. Eu vou dizer. Tal pessoa, eu gosto muito de você, mas não concordo politicamente com o seu posicionamento. Só isso. Então para mim a última coisa que interessa nessa coisa, nessa história é a Monica Serra. É a última”.

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Serra invade missa e toma vaia no Ceará

Reproduzo matéria de Saul Leblon, publicada no "Blog das Frases" no sítio Carta Maior:

"Isso é uma profanação"

Cristãos começam a reagir ao oportunismo religioso de Serra. A presença do candidato do conservadorismo nativo na missa da festa de São Francisco, em Canindé (CE), neste sábado, pode ter sido um ponto de inflexão.

A festa é o maior evento religioso da cidade. Quando chegou, Serra foi vaiado por manifestantes pró-Dilma. O candidato chegou a ser empurrado num início de conflito.

"Gostaria que a missa não fosse tumultuada com os políticos que aqui chegaram, por favor. Se vieram com outra intenção, peço que saiam assim como entraram. Isso é uma profanação", advretiu o celebrante olhando fixamente para a fileira da frente onde Serra estava.

Perto do fim da missa, o frade exibiu um panfleto contra Dilma e foi mais duro ainda: "Acusam a candidata do PT em nome da igreja. Não é verdade". A plateia aplaudiu. "Não está autorizada essa coisa. A igreja não está autorizando essas coisas". Mais aplausos. Serra saiu à francesa.

Indignação também nas universidades

Inteligência brasileira se une contra um retrocesso chamado Serra.

Intelectuais e artistas brasileiros se mobilizam em todo o país em manifestações de protesto e indignação contra as metas e os métodos adotados pela candidatura do conservadorismo brasileiro. Circulam pelas universidades e na Internet o "Manifesto dos Reitores contra Serra"; o "Manifesto dos Professores de Filosofia contra Serra"; o "Manifesto dos Artistas e Intelectuais contra Serra". O mais recente documento, que ontem já reunia cerca de 680 assinaturas, é o manifesto dos professores universitários que abre com a seguinte frase:

"Nós, professores universitários, consideramos um retrocesso as propostas e os métodos políticos da candidatura Serra".

Porto Alegre se levanta

Tarso Genro mobiliza dois mil militantes.

"Um tom de urgência, gravidade e intensa mobilização marcou praticamente todas as intervenções".

No Rio, na 2º feira, dia 18, no teatro Casa Grande, intelectuais liderados por Chico Buarque, Emir Sader, Eric Nepomuceno e Leonardo Boff entregam manifesto de apoio a Dilma Rousseff.

Em São Paulo, na 3º feira, dia 19, às 19 horas, a campanha pró-Dilma tem encontro marcado na PUC-SP, Monte Alegre ,1024. O ato está sendo organizado pelo jurista Celso Antônio Bandeira de Mello e pelo teólogo Mário Sérgio Cortella.

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Manifesto dos movimento sociais pró-Dilma

Reproduzo manifesto encabeçado pela Via Campensina e MST, intitulado "Vamos eleger Dilma Rousseff presidenta do Brasil":

No início do processo eleitoral deste ano, os movimentos sociais e a Via Campesina Brasil tomaram a decisão política de empenhar esforços para eleger o maior número possível de parlamentares e governadores identificados com as bandeiras populares da classe trabalhadora, com o aprofundamento da democracia e soberania brasileira e com políticas que combatam a concentração da propriedade e da renda em nosso país.

Quanto à eleição presidencial, as organizações populares que compõem a Via Campesina decidiram lutar para que não houvesse a vitória eleitoral de uma proposta neoliberal, representando pela candidatura do tucano José Serra. Passando o primeiro turno dessa campanha eleitoral, realizado em 3 de outubro, queremos, com este comunicado ao povo brasileiro, manifestar nossa decisão política frente às eleições deste ano.

Avaliação do 1º turno

As renovações que aconteceram nas Assembleias estaduais, na Câmara dos Deputados, no Senado Federal, além da eleição e reeleição de governadores progressistas, são alvissareiras. No Senado Federal, especialmente, fomos vitoriosos com a eleição de companheiros e companheiras identificadas com as nossas lutas e com a não eleição de senadores que se notabilizaram pela perseguição aos movimentos sociais, identificados com os interesses do agronegócio.

Destacamos como vitória a derrota eleitoral do governo tucano de Yeda Crusius, no Rio Grande do Sul, que se notabilizou, juntamente com o governo tucano de São Paulo, pelo controle da mídia, criminalização dos movimentos sociais e repressão à luta pela reforma agrária, aos movimentos de moradia e ao movimento dos professores da rede pública estadual.

Em relação às campanhas presidenciais, não transcorreram debates em torno de projetos políticos e dos problemas principais que afetam a população brasileira. A campanha de Dilma Rousseff (PT) buscou apenas, de forma pragmática, divulgar o desenvolvimento econômico e as políticas sociais do governo Lula, apoiando-se na popularidade e nos enorme índices de aprovação do atual governo. Com essa estratégia, obteve quase 47% dos votos, que foram insuficientes para vencer no primeiro turno.

A candidatura de José Serra (PSDB) nos surpreendeu, não por sua identificação com as políticas neoliberais, e sim pelo baixo nível da sua campanha presidencial. Foi agressivo e perseguiu jornalistas em entrevistas, tentou interferir em julgamentos do Supremo Tribunal Federal (STF), espalhou mentiras e acusações infundadas.

Chegou a usar a própria esposa, que percorreu as ruas de Niterói (RJ) dizendo que Dilma Rousseff “é a favor de matar as criancinhas”. Somente uma candidatura sem nenhum compromisso com a ética e com a verdade, contando com o total controle sobre a mídia, pode desenvolver uma campanha de tão baixo nível. A biografia do candidato já é a maior derrotada nestas eleições.

A candidatura de Marina Silva (PV) cumpriu o objetivo a que se propôs: provocar o segundo turno nesta campanha eleitoral. O tempo dirá se o seu êxito serviu para fortalecer a democracia ou simplesmente foi utilizada pelas forças conservadoras, para que retornassem ao governo.

Já as candidaturas identificadas com os partidos de esquerda, que utilizaram o espaço eleitoral para defender os interesses da classe trabalhadora, infelizmente tiveram uma votação inexpressiva.

O descenso social que temos há duas décadas em nosso país, a fragmentação das organizações da classe trabalhadora e a fragilidade da política de comunicação com a sociedade certamente influíram no resultado eleitoral. Cabe uma auto-crítica aos partidos políticos que se limitam apenas às campanhas eleitorais para dialogar com a sociedade. E que não falte daqui pra frente trabalho de base e a formação política permanente.

As eleições deste ano demonstraram o poder nefasto e antidemocrático da mídia. Mas, por outro lado, foi potencializada uma rede de comunicadores independentes, comprometidos com a liberdade de expressão e com o direito à informação, e que enfrentam aguerridamente o monopólio dos meios de comunicação em nosso país. São avanços rumo à democratização da informação e na construção de uma comunicação democrática e plural, com a participação da sociedade.

O 2º turno

Nós reafirmamos nosso compromisso em defesa das bandeiras de lutas da classe trabalhadora e na construção de um país democrático, socialmente justo e soberano. Independentemente do governo eleito, seja ele qual for, iremos lutar de forma intransigente pela expansão das liberdades e dos direitos democráticos oprimidos.

Vamos lutar também por mudanças nas instituições e serviços públicos, em benefício da ampla maioria da população; combater aos monopólios para o desenvolvimento com soberania e distribuição de renda; defender as conquistas trabalhistas, a redução da jornada de trabalho, o direito de greve para os servidores públicos; a Previdência Social pública, de boa qualidade, pelo fim do fator previdenciário

Defendemos também a realização de uma reforma urbana, com moradia, saneamento básico, transporte público e segurança; a construção de serviços de saúde universal e de boa qualidade; reformas na educação pública e promoção da cultura nacional-popular com caráter universal; o fim do latifúndio, limite do capital estrangeiro sobre os nossos recursos naturais e a realização de uma Reforma Agrária anti-latifundiária; a implantação de novas relações da sociedade com o meio ambiente e efetivação uma política externa de autodeterminação, solidariedade aos povos e que priorize a integração dos povos do continente latino-americano e do Caribe.

Infelizmente, os avanços do governo Lula em direção a essas bandeiras democrático-populares foram insuficientes, em que pese o acerto de sua política externa. Também nos preocupa constatar que, no arco de alianças da candidatura de Dilma Rousseff, há forças políticas que se contrapõem a essas demandas sociais.

Porém, temos uma certeza: José Serra, por sua campanha, pelo seu governo no Estado de São Paulo e pelos oito anos de governo FHC, tornou-se o inimigo dessas bandeiras de lutas. Pelo caráter anti-democrático e anti-popular dos partidos que compõem sua aliança eleitoral e por sua personalidade autoritária, estamos convictos que uma possível vitória sua significará um retrocesso para os movimentos sociais e populares em nosso país, para as conquistas democráticas em nosso continente e uma maior subordinação ao império dos Estados Unidos. Esse retrocesso não queremos que aconteça.

Nossa posição nessa conjuntura

Assim, os movimentos sociais e a Via Campesina Brasil afirmam o seu apoio e compromisso de lutar para eleger a candidata Dilma Rousseff para o cargo de presidenta do Brasil. Queremos nos juntar aos movimentos sindicais, populares, estudantis, religiosos e progressistas para promover debates com a sociedade, desmascarar a propaganda enganosa dos neoliberais e autoritários e exigir avanços na democracia, nas políticas públicas que favoreçam a população, no combate aos corruptos e corruptores e na democratização do poder em nosso país.

Precisamos derrotar a candidatura Serra, que representa as forças direitistas e fascistas do país. Devemos seguir organizando o povo para que lute por seus direitos e mudanças sociais, mantendo sempre nossa autonomia política frente aos governos.

Conclamamos a militância de todos os movimentos sociais, os lutadores e lutadoras do povo brasileiro, para se engajarem nessa luta, que é importantíssima para a classe trabalhadora.

Vamos à luta!! Vamos eleger Dilma Rousseff presidenta do Brasil.

- Via Campesina Brasil

- Movimento dos Atingidos por Barragens- MAB

- Movimento das Mulheres Camponesas- MMC

- Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA

- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra- MST

- Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil- FEAB

- Assembléia Popular- PE

- Centro de Estudos Barão de Itararé

- Fórum Brasileiro de Economia Solidária

- Marcha Mundial das Mulheres- MMM

- Movimento Camponês Popular- MCP

- Rede Brasileira de Integração dos Povos- REBRIP

- Rede de Educação Cidadã Sudeste- RECID

- Sindicato dos Engenheiros do Paraná- Senge-PR

- Uniao de Estudantes Afrodescendentes-UNEAFRO

- Projeto Popular

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O PSTU e a metafísica do absenteísmo

Reproduzo artigo de polêmica enviado pelo professor José Ricardo Figueiredo:

No segundo turno destas eleições, o PSTU recomendou voto nulo a seus militantes e eleitores, como já fizera em 2006. O PSOL estuda a questão, não tendo repetido o intempestivo voto nulo decretado por Heloísa Helena logo no início do segundo turno, e acatado pelo partido. Mas muitos no PSOL se inclinam pela mesma tendência de voto nulo. Acreditam que esta é a postura coerente com seu discurso do primeiro turno, onde buscaram diferenciar-se das principais candidaturas denunciando-as todas como parte de um mesmo “tudo que está aí”.

De fato, nenhuma das principais candidaturas ostentou propostas de enfrentamento das relações capitalistas em geral, nem de redistribuição radical das rendas ou das propriedades. Pelo ângulo dos que defendem um discurso explicitamente socialista, há fundamentos lógicos para a defesa da abstenção.

É fato que, pela complexidade e amplitude das questões políticas, há também fundamentos lógicos para uma postura distinta. Por exemplo, num debate em que Plínio foi perguntado por Serra a respeito das relações Brasil-Irã, ele defendeu, na prática, a atual política brasileira. Em vista da importância da questão da paz mundial, esta aproximação com a atual linha da política brasileira, por si só, justificaria um apoio crítico no segundo turno. Entretanto, a concordância foi pontual, enquanto as falas nos debates e a propaganda do PSOL, como do PSTU, enfatizaram as divergências.

Algumas vezes, as divergências se manifestaram de forma injusta, como quando Plínio foi perguntado por Dilma sobre o ProUni e o ReUni. Respondeu o esperado acerca do ProUni, criticando o financiamento das escolas privadas. Mas também não deu o braço a torcer pelo ReUni, que virou “política do Banco Mundial”. Ora, o Reuni é uma expressiva ampliação das universidades federais, na qual os novos professores vem sendo contratados por meio de concursos públicos, tal como o movimento docente, discente e de funcionários sempre defendeu. Por razões táticas, para marcar diferença e não valorizar a adversária, Plínio passou por cima de uma das bandeiras históricas mais importantes destes movimentos. Nestes pontos, portanto, a defesa do voto nulo é coerente com o erro.

Mas isto não é a essência da questão. A coerência que se busca é a coerência com uma política de explicitação de um projeto socialista. E a que leva tal coerência lógica?

Temos neste segundo turno uma acirrada oposição entre dois campos, o que governou entre 1995 e 2002, e o que governou entre 2003 e 2010. O acirramento se vê, principalmente, pela imprensa, instrumento central da política em situações democráticas. Por mais heterogênea que seja a composição de cada um destes dois campos, toda a grande imprensa defende, sem exceção, o retorno do primeiro campo ao poder. Esta polarização não é nova. Ocorreu nas eleições de 2006, de 2002, e mesmo na de 1989. E lembra muito as polarizações de um passado mais remoto, como a crise de 1954, que levou ao suicídio de Vargas, e a campanha pró-golpe de 1964.

É diante desta luta feroz que PSTU defende, e talvez o PSOL venha a defender, em termos de coerência lógica, o voto nulo. A soma dos votos obtidos por estes dois partidos no primeiro turno foi aproximadamente 1% do total dos votos válidos. Mas a coerência lógica com o discurso que lhes propiciou tal votação é o motivo para lavar as mãos, soberbamente, diante da luta em que se engalfinharão os outros 99% da população.

Evidentemente, esta lógica é profundamente idealista, metafísica, por que parte do discurso, dos projetos idealizados para o futuro, e ignora a realidade material, a luta objetiva que se desenvolve no momento. Supostamente revolucionária, esta lógica nada tem a ver com o marxismo e o leninismo, que reiteradamente insistem na essencialidade da estratégia e da tática políticas se fundarem nas análises concretas das situações concretas. O absenteísmo é antagônico à política como práxis de enfrentamento das contradições reais da sociedade, tal como se manifestam efetivamente, e só se fundamenta em formulações teóricas abstratas.

Entretanto, isto não significa que o absenteísmo não tenha conseqüências concretas. Tem, porque o absenteísmo não é neutro. Não se vê nenhum militante de extrema direita pregar o voto nulo porque, por exemplo, em seu passado, Serra, tal como Dilma, pertenceu a grupo de resistência à ditadura militar. A propaganda absenteísta não tem a pretensão de convencer partidários de Serra a mudarem de idéia e anular seu voto. Seu alvo são eleitores possivelmente simpáticos a Dilma, mas que tenham divergências em relação ao projeto em andamento.

Mas, afinal, o que vale este pequeno detalhe prático para quem tanto valoriza a coerência do discurso na construção do socialismo ideal? Diante de ideais tão sublimes, que importam as conseqüências imediatas? Bem feito para Dilma, para Lula, para todos aqueles que decepcionaram os defensores do socialismo ideal! Bem feito para a população em geral, que ainda não percebeu a magnificência do ideário socialista, e continua a fiar-se no reformismo, aliás, “melhorismo”!

Este ponto de vista tem sua coerência. Pelo menos para quem não depende de bolsa-família, nem do aumento real de salário mínimo. Para quem não valoriza a criação de empregos neste sujo mundo capitalista. Nem a diminuição das desigualdades regionais. Nem a política externa soberana e pacifista, incluindo os esforços de integração latino-americana. Nem a interrupção das privatizações a toque de caixa e a preço de esterco. Nem o aumento dos investimentos em universidades e em pesquisa. Para quem, enfim, defende um socialismo tão lindo, tão distributivista, tão democrático, tão ecológico, tão ideal, que as humildes conquistas do presente são irrelevantes. Abstraindo, evidentemente, um ou outro infiltrado, que defende o voto nulo de esquerda precisamente pelas conseqüências práticas em favor da direita.

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Em tempo: O texto de polêmica de José Ricardo Figueiredo foi escrito antes da executiva nacional do PSOL aprovar a resolução "Nenhum voto em Serra", liberando seus militantes para o voto crítico em Dilma ou voto nulo.

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Docentes universitários: Serra é o atraso

Reproduzo o "manifesto em defesa da educação pública", que já coletou centenas de assinaturas de professores universitários em todo o país:

Nós, professores universitários, consideramos um retrocesso as propostas e os métodos políticos da candidatura Serra. Seu histórico como governante preocupa todos que acreditam que os rumos do sistema educacional e a defesa de princípios democráticos são vitais ao futuro do país.

Sob seu governo, a Universidade de São Paulo foi invadida por policiais armados com metralhadoras, atirando bombas de gás lacrimogêneo. Em seu primeiro ato como governador, assinou decretos que revogavam a relativa autonomia financeira e administrativa das Universidades estaduais paulistas.

Os salários dos professores da USP, Unicamp e Unesp vêm sendo sistematicamente achatados, mesmo com os recordes na arrecadação de impostos. Numa inversão da situação vigente nas últimas décadas, eles se encontram hoje em patamares menores que a remuneração dos docentes das universidades federais.

Esse “choque de gestão” é ainda mais drástico no âmbito do ensino fundamental e médio, convergindo para uma política de sucateamento da Rede Pública. São Paulo foi o único Estado que não apresentou, desde 2007, crescimento no exame do Ideb, índice que avalia o aprendizado desses dois níveis educacionais.

Os salários da rede pública no Estado mais rico da federação são menores que os de Tocantins, Roraima, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Espírito Santo, Acre, entre outros. Somada aos contratos precários e às condições aviltantes de trabalho, a baixa remuneração tende a expelir desse sistema educacional os professores qualificados e a desestimular quem decide se manter na Rede Pública.

Diante das reivindicações por melhores condições de trabalho, Serra costuma afirmar que não passam de manifestação de interesses corporativos e sindicais, de “tró-ló-ló” de grupos políticos que querem desestabilizá-lo. Assim, além de evitar a discussão acerca do conteúdo das reivindicações, desqualifica movimentos organizados da sociedade civil, quando não os recebe com cassetetes.

Serra escolheu como Secretário da Educação Paulo Renato, ministro nos oito anos do governo FHC. Neste período, nenhuma Escola Técnica Federal foi construída e as existentes arruinaram-se. As universidades públicas federais foram sucateadas ao ponto em que faltou dinheiro até mesmo para pagar as contas de luz, como foi o caso na UFRJ. A proibição de novas contratações gerou um déficit de 7.000 professores.

Em contrapartida, sua gestão incentivou a proliferação sem critérios de universidades privadas. Já na Secretaria da Educação de São Paulo, Paulo Renato transferiu, via terceirização, para grandes empresas educacionais privadas a organização dos currículos escolares, o fornecimento de material didático e a formação continuada de professores. O Brasil não pode correr o risco de ter seu sistema educacional dirigido por interesses econômicos privados.

No comando do governo federal, o PSDB inaugurou o cargo de “engavetador geral da república”. Em São Paulo, nos últimos anos, barrou mais de setenta pedidos de CPIs, abafando casos notórios de corrupção que estão sendo julgados em tribunais internacionais. Sua campanha promove uma deseducação política ao imitar práticas da extrema direita norte-americana em que uma orquestração de boatos dissemina dogmas religiosos. A celebração bonapartista de sua pessoa, em detrimento das forças políticas, só encontra paralelo na campanha de 1989, de Fernando Collor.


Fábio Konder Comparato, USP

Carlos Nelson Coutinho, UFRJ

Marilena Chaui, USP

Otávio Velho, UFRJ

Ruy Fausto, USP

João José Reis, UFBA

Joel Birman, UFRJ

Dermeval Saviani, Unicamp

Emilia Viotti da Costa, USP

Renato Ortiz, Unicamp

João Adolfo Hansen, USP

Flora Sussekind, Unirio

Maria Victoria de Mesquita Benevides, USP

Laymert Garcia dos Santos, Unicamp

Franklin Leopoldo e Silva, USP

Ronaldo Vainfas, UFF

Otavio Soares Dulci, UFMG

Theotonio dos Santos, UFF

Wander Melo Miranda, UFMG

Glauco Arbix, USP

Enio Candotti, UFRJ

Luis Fernandes, UFRJ

Ildeu de Castro Moreira, UFRJ

José Castilho de Marques Neto, Unesp

Laura Tavares, UFRJ

Heloisa Fernandes, USP

José Arbex Jr., PUC-SP

Emir Sader, UERJ

Leda Paulani, USP

Luiz Renato Martins, USP

Henrique Carneiro, USP

Antonio Carlos Mazzeo, Unesp

Caio Navarro de Toledo, Unicamp

Celso Frederico, USP

Armando Boito, Unicamp

João Quartim de Moraes, Unicamp

Flavio Aguiar, USP

Wolfgang LeoMaar, UFSCar

Scarlett Marton, USP

Sidney Chalhoub, Unicamp

Léon Kossovitch, USP

Angela Leite Lopes, UFRJ

Benjamin Abdalla Jr., USP

Marcelo Perine, PUC-SP

José Ricardo Ramalho, UFRJ

Celso F. Favaretto, USP

Ivana Bentes, UFRJ

Irene Cardoso, USP

Vladimir Safatle, USP

Peter Pal Pelbart, PUC- SP

Gilberto Bercovici, USP

Consuelo Lins, UFRJ

Afrânio Catani, USP

Liliana Segnini, Unicamp

José Sérgio F. de Carvalho, USP
Eliana Regina de Freitas Dutra, UFMG

Sergio Cardoso, USP

Maria Lygia Quartim de Moraes, Unicamp

Vera da Silva Telles, USP

Juarez Guimarães, UFMG

Ricardo Musse, USP

Sebastião Velasco e Cruz, Unicamp

Maria Ligia Coelho Prado,USP

Federico Neiburg, UFRJ

José Carlos Bruni, USP

Ligia Chiappini, Universidade Livre de Berlim

Sérgio de Carvalho, USP

Marcos Dantas, UFRJ

Luiz Roncari, USP

Giuseppe Cocco, UFRJ

Eleutério Prado, USP

Walquíria Domingues Leão Rego, Unicamp

Marcos Silva, USP

Luís Augusto Fischer, UFRS

Edilson Crema, USP

Rosa Maria Dias, Uerj

José Jeremias de Oliveira Filho, USP

Evando Nascimento, UFJF

Adélia Bezerra de Meneses, Unicamp

Iumna Simon, USP

Elisa Kossovitch, Unicamp

Cilaine Alves Cunha, USP

Ladislau Dowbor, PUC-SP

Sandra Guardini Teixeira Vasconcelos, USP

Lucilia de Almeida Neves, UnB

Bernardo Ricupero, USP

Gil Vicente Reis de Figueiredo, UFSCar

Lincoln Secco, USP

Jacyntho Lins Brandão, UFMG

Marcio Suzuki, USP

José Camilo Pena, PUC-RJ

Joaquim Alves de Aguiar, USP

Eugenio Maria de França Ramos, Unesp

Alessandro Octaviani, USP

Lúcio Flávio Rodrigues de Almeida, PUC-SP

Mauro Zilbovicius, USP

Rodrigo Duarte, UFMG

Jorge Luiz Souto Maior, USP

Francisco Foot Hardman, Unicamp

Paulo Nakatani, UFES

Helder Garmes, USP

Marly de A. G. Vianna, UFSCar

Maria Lúcia Montes, USP

Adriano Codato, UFPR

Ana Fani Alessandri Carlos, USP

Denilson Lopes, UFRJ

Ricardo Nascimento Fabbrini, USP

Paulo Silveira, USP

Ernani Chaves, UFPA

Mario Sergio Salerno, USP

Evelina Dagnino, Unicamp

Zenir Campos Reis, USP

Marcos Siscar, Unicamp

Sean Purdy, USP

Liv Sovik, UFRJ

Christian Ingo Lenz Dunker, USP

João Roberto Martins Filho, UFSCar

Marcus Orione, USP

Carlos Ranulfo, UFMG

Gustavo Venturi, USP

Nelson Cardoso Amaral, UFG

Amaury Cesar Moraes, USP

Silvia de Assis Saes, UFBA

Flavio Campos, USP

Anselmo Pessoa Neto, UFG

Vinicius Berlendis de Figueiredo, UFPR

Marta Maria Chagas de Carvalho, USP

Francisco Rüdiger, UFRS

Maria Augusta da Costa Vieira, USP

Rubem Murilo Leão Rego, Unicamp

Nelson Schapochnik, USP

Maria Helena P. T. Machado, USP

Elyeser Szturm, UnB

Luiz Recaman, USP

Reginaldo Moraes, Unicamp

Iram Jácome Rodrigues, USP

Alysson Mascaro, USP

Roberto Grun, UFSCar

Paulo Benevides Soares, USP

Edson de Sousa, UFRGS

Analice Palombini, UFRS

Márcia Cavalcante Schuback, UFRJ

Luciano Elia, Uerj

Marcia Tosta Dias, Unifesp

Paulo Martins, USP

Julio Ambrozio, UFJF

Salete de Almeida Cara, USP

Oto Araujo Vale, UFSCar

Iris Kantor, USP

João Emanuel, UFRN

Francisco Alambert, USP

José Geraldo Silveira Bueno, PUC-SP

Marta Kawano, USP

José Luiz Vieira, UFF

Paulo Faria, UFRGS

Ricardo Basbaum, Uerj

Fernando Lourenço, Unicamp

Luiz Carlos Soares, UFF

André Carone, Unifesp

Adriano Scatolin, USP

Richard Simanke, UFSCar

Arlenice Almeida, Unifesp

Miriam Avila, UFMG

Sérgio Salomão Shecaira, USP

Carlos Eduardo Martins, UFRJ

Antonio Albino Canelas Rubim, UFBA.

Eduardo Morettin, USP

Claudio Oliveira, UFF

Eduardo Brandão, USP

Jesus Ranieri, Unicamp

Mayra Laudanna, USP

Aldo Duran, UFU

Luiz Hebeche, UFSC

Adma Muhana, USP

Fábio Durão, Unicamp

Amarilio Ferreira Jr., UFSCar

Marlise Matos, UFMG

Jaime Ginzburg, USP

Emiliano José, UFBA

Ianni Regia Scarcelli, USP

Ivo da Silva Júnior, Unifesp

Mauricio Santana Dias, USP

Adalberto Muller, UFF

Cláudio Oliveira, UFF

Ana Paula Pacheco, USP

Sérgio Alcides, UFMG

Heloisa Buarque de Almeida, USP

Romualdo Pessoa Campos Filho, UFG

Suzana Guerra Albornoz, UNISC/RS

Bento Itamar Borges, UFU

Tânia Pellegrini, UFSCar

Sonia Campaner, PUC-SP

Luiz Damon, UFPR

Eduardo Passos, UFF

Horácio Antunes, UFMA

Laurindo Dias Minhoto, USP

Paulo Henrique Martinez, Unesp

Igor Fuser, Faculdade Cásper Líbero

Rodnei Nascimento, Unifesp

José Paulo Guedes Pinto, UFRRJ

Herculano Campos, UFRN

Adriano de Freixo, UFF

Alexandre Fonseca, UFRJ

Raul Vinhas Ribeiro, Unicamp

Carmem Lúcia Negreiros de Figueiredo, Uerj

Carmen Gabriel, UFRJ

Ana Gonçalves Magalhães, USP

Regina Mennin, Unifesp

Regina Pedroza, UnB

Regina Vinhaes Gracindo, UnB

Elina Pessanha, UFRJ

Elisa Maria Vieira, UFMG

Reinaldo Martiniano, UFMG

Freda Indursky, UFRGS

Frederico Carvalho, UFRJ

Renata Paparelli, PUC-SP

Renato Lima Barbosa, UEL

Antonio Prado, Unicamp

Antonio Teixeira, UFMG

Aparecida Neri de Souza, Unicamp

Ricardo Barbosa de Lima, UFG

Ricardo Kosovski, UNIRIO

Ricardo Mayer, UFAL

Rita Diogo, UERJ

Adalberto Paranhos, UFU

Adalton Franciozo Diniz, PUC-SP

Alcides Fernando Gussi, UFC

Aldo Victorino, UERJ
José Guilherme Ramos, Unincor

Alex Fabiano Jardim, Unimontes

Alexandra Epoglou, UFU

Alexandre Henz, Unifesp

Alfredo Cordiviola, UFPE

Alícia Gonçalves, UFPB

Alita Sá Rego, UERJ

Alvaro Luis Nogueira, CEFET/RJ

Amaury Júnior, UFRJ

Amilcar Pereira, UFRJ

Amon Pinho, UFU

Ana Maira Coutinho, PUC-Minas

Ana Maria Araújo Freire, PUC/SP

Ana Maria Chiarini, UFMG

Ana Maria Doimo, UFMG

Ana Maria Medeiros, UERJ

André Daibert, CEFET/RJ

André Figueiredo, UFRRJ

André Leclerc, UFC

André Martins, UFRJ

André Paulo Castanha, Unioeste

Andrea Franco, PUC-Rio

Andrea Macedo, UFMG

Andrea Silva Ponte, UFPB

Angela Prysthon, UFPE

Angelita Matos Souza, Facamp

Angelita Pereira de Lima, UFG

Aníbal Bragança, UFF

Anita Leandro, UFRJ

Anna Carolina Lo Bianco, UFRJ

Antonio Carlos Lima, UFRJ

Antônio Cristian Saraiva Paiva, UFC

Antonio Justino Ruas Madureira, UFU

Antonio Pinheiro de Queiroz, UnB

Armen Mamigonian, USP

Benito Bisso Schmidt, UFRGS

Benjamin Picado, UFF

Branca Jurema Ponce, PUC/SP

Brasilmar Nunes, UFF

Bruna Dantas, Univ. Cruzeiro do Sul

Bruno Guimarães, UFOP

Carla Dias, UFRJ

Carlos Bauer, Uninove

Carlos José Espíndola, UFSC

Carolina Martins Pulici, Centro Universitário Senac

Cauê Alves, PUC-SP

Celia Rocha Calvo, UFU

César Barreira, UFC

César Nigliorin, UFF

Clara Araujo, UERJ

Clarice Mota, UFAL

Claudinei Silva, Unioeste

Claudio Benedito Baptista Leite, Unifesp

Cláudio DeNipoti, UEPG

Cleber Santos Vieira, Unifesp

Custódia Selma Sena do Amaral, UFG

Daniela Frozi, UERJ

Daniela Weber, FURG

Daniele Nilym, UFC

Dau Bastos, UFRJ

Débora Barreto, UCM

Debora Breder, UCM

Débora Diniz, UnB

Denise Golcalves, UFRJ

Diva Maciel, UnB

Doris Accioly, USP

Doris Rinaldi, Uerj

Douglas Barros, PUC-Campinas

Edgar Gandra, UFPel

Edson Arantes Junior, UEG

Eduardo Sterzi, Faap

Elizabeth Maria Azevedo Bilange, UFMS

Emerson Giumbelli, UFRGS

Ercília Cazarin, Univ. Passo Fundo

Ernesto Perini, UFMG

Eugênio Rezende de Carvalho, UFG

Fabiana de Souza, UFG

Fabiele Stockmans, UFPE

Fábio Franzini, Unifesp

Fernanda dos Santos Castelano Rodrigues, UFSCar

Fernando Fragozo, UFRJ

Fernando Freitas, UERJ

Fernando Resende, UFF

Fernando Salis, UFRJ

Filipe Ceppas, UFRJ

Flavio Fogliatto, UFRGS

Geísa Matos, UFC

George Lopes Paulino, UFC

Geovane Jacó, UECE

Geraldo Orthof ,UnB

Geraldo Pontes Jr., UERJ

Gesuína Leclerc, UFC

Gilberto Almeida, UFBA

Gilson Iannini, UFOP

Giselle Martins Venancio, UFF

Gizelia Maria da Silva Freitas, UFPA

Graciela Paveti, UFMG

Gustavo Coelho, UERJ

Gustavo Krause, UERJ

Hélio Carlos Miranda de Oliveira, UFU

Hélio Silva, UFSC

Henri Acselrad, UFRJ

Henrique Antoun, UFRJ

José Carlos Prioste, Uerj

José Carlos Rodrigues, PUC – Rio

José Claudinei Lombardi, Unicamp

Henrique Antoun, UFRJ

Henrique de Paiva, Uninove

Humberto Hermenegildo de Araújo, UFRN

Ianni Scarcelli, USP

Irlys Barreira, UFC

Isaurora Cláudia Martins, UVA

Ivan Rodrigues Martin, Unifesp

Izabela Tamaso, UFG

Jackson Aquino, UFC

Jacqueline Girão Lima, UFRJ

Jacqueline O.L. Zago, UFTM

Janete M. Lins de Azevedo, UFPE

Jania Perla Diógenes de Aquino, UFC

Joana Bahia, UERJ

Joelma Albuquerque, UFAL

John Comerford, UFRRJ

Jorge Valadares, Fund Oswaldo Cruz

José Artur Quilici Gonzalez, UFABC

José Lindomar Albuquerque, UNIFESP

José Luiz Ferreira, UFERSA

José Messias Bastos,UFSC

José Otávio Guimarães, UnB

José Ubiratan Delgado, IRD- CNEN

Joziane Ferraz de Assis, UFV

Kátia Paranhos, UFU

Kelen Christina Leite, UFSCar

Laura Feuerwerker, USP

Leandro Lopes Pereira de Melo, Centro Universitário Senac

Simone Wolff, UEL

Solange Ferraz de Lima, USP

Sônia Maria Rodrigues, UFG

Lena Lavinas, UFRJ

Leonardo Daniato, UniFor

Lia Tomas, Unesp

Liliam Faria Porto Borges, UNIOESTE

Lúcia Maria de Assis, UFG

Lucia Pulino, UnB

Luciana Hartmann, UnB

Luciano Mendes de Faria Filho, UFMG

Luciano Rezende, Instituto Federal de Alagoas

Luciano Simão, UFF

Luís Filipe Silvério Lima, Unifesp

Luis Mattei, UFF

Luiz Fábio Paiva, UFAM

Luiz Paulo Colatto, CEFET-RJ

Luiz Sérgio Duarte da Silva, UFG

Madalena Guasco Peixoto, PUC-SP

Marcelo Carcanholo, UFF

Marcelo de Sena, UFMG

Marcelo Martins de Sena, UFMG

Marcelo Paixão, UFRJ

Marcelo Pinheiro, UFU

Marcia Angela Aguiar, UFPE

Marcia Cristina Consolim, Unifesp

Márcia Maria Menendes Motta, UFF

Marcia Maria Motta, UFF

Marcia Paraquett, UFBA

Marcio Galdman, UFRJ

Marco André Feldman Schneider, UFF

Marcos Aurélio da Silva, UFSC

Marcos Barreto, UFRJ

Marcos Cordeiro Pires, Unesp

Marcos Santana de Souza, UFS

Marcus Wolff , UCM

Maria Amélia Dalvi, UFES

Maria Aparecida Leite Soares, Unifesp

Maria Augusta Fonseca, USP

Maria Cristina Batalha, UERJ

Maria Cristina Giorgi, CEFET- RJ

Maria Cristina Volpi, UFRJ

Mônica de Carvalho, PUC-SP

Natalia Reis, UFF

Neide T. Maia González, USP

Nelson Maravalhas, UnB

Nelson Tomazi, UEL

Maria de Fátima Gomes, UFRJ

Maria Fernanda Fernandes, Unifesp

Maria Jacqueline Lima, UFRJ

Maria José Aviz do Rosário, UFPA

Maria José Vale, Unicastelo

Maria Lúcia Homem, FAAP

Maria Lúcia Seidl, UERJ

Maria Luiza de Oliveira, Unifesp

Maria Luiza Heilborn, UERJ

Maria Neyara de Oliveira Araújo, UFC

Maria Rita Aprile, Uniban

María Zulma M. Kulikowski, USP

Mariana Cavalcanti, FGV-RJ

Marisa Bittar, UFSCar

Markus Lasch, Unifesp

Marlon Salomon, UFG

Marly Vianna, UFSCar

Márnio Pinto, UFSC

Marta Peres, UFRJ

Marta Pinheiro, UFRJ

Mary Castro, UCSal

Miroslav Milovic, UnB
Edson Arantes Jr., UERJ

Moema Rebouças, UFES

Monica Alvim, UFRJ

Monica Bruckmann, UFRJ

Nereide Saviani, Unisantos

Neusa Maria Dal Ri, Unesp

Nina Leite, Unicamp

Nise Jinkings, UFSC

Nora Krawczyk, Unicamp

Olga Cabrera, UFG

Olgamir Amancia Ferreira de Paiva, UnB

Ovídio de Abreu, UFF

Patrícia Reinheimer, UFRRJ

Patrícia Sampaio, UFAM

Paulino José Orso, Unioeste

Paulo Bernardo Ferreira Vaz, UFMG

Paulo Machado, UFSC

Paulo Pinheiro Machado, UFSC

Paulo Roberto de Almeida, UFU

Rafael Haddock-Lobo, UFRJ

Ramón Fernandez, FGV-SP

Raul Pacheco Filho, PUC-SP

Rita Schmidt, UFRGS

Robespierre de Oliveira, UEM

Rodrigo Nobile, UERJ

Rogério Medeiros, UFRJ

Ronaldo Gaspar, Unicastelo

Rosana C. Zanelatto Santos, UFMS

Rosana Costa, UFRJ

Rosemary de Oliveira Almeida, UECE

Sabrina Moehlecke, UFRJ

Sara Rojo, UFMG

Sarita Albagli, UFRJ

Sidnei Casetto, Unifesp

Silviane Barbato, UnB

Silvio Costa, PUC/GO

Simone Michelin, UFRJ

Suzzana Alice Lima Almeida, UNEB

Sylvia Novaes, USP

Tadeu Alencar Arrais, UFG

Tadeu Capistrano, UFRJ

Tania Rivera, UnB

Tatiana Roque, UFRJ

Telma Maria Gonçalves Menicucci, UFMG

Tercio Redondo, USP

Théo Lobarinhas Piñeiro, UFF

Tomaz Aroldo Santos, UFMG

Valdemar Sguissardi, UFSCar

Vera Chuelli, UFPR

Vera Figueiredo, PUC-Rio

Victor Hugo Pereira, UERJ

Viviane Veras, Unicamp

Volnei Garrafa, UnB

Wagner da Silva Teixeira, UFTM

Waldir Beividas, USP

Wilson Correia, UFRB

Adriano de Freixo, Universidade Federal Fluminense

Andre Gunder Frank, UFF

Flávia Nascimento, UNESP

Graziela Serroni Perosa, EACH/USP

Gustavo Caponi, Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC

Helena Esser dos Reis, UFG

Jaime Rodrigues, Universidade Federal de São Paulo/Unifesp

Jaqueline Kalmus, UniFIEO

Joana Ziller – Universidade Federal de Ouro Preto/UFOP

Juliana Tavares, IFF

Luis Guilherme Galeão da Silva, USP

Luiz Mariano Carvalho, UERJ

Maria Margareth de Lima, UFPB

Maria Waldenez de Oliveira, UFSCAR

Nelson Schapochnik, USP

Paulo Rodrigues Belém, PUC/Rio de Janeiro

Rita Fagundes, UFS

Tercio Loureiro Redondo, USP

Valéria Vasconcelos, UNIUBE/MG

Ana Paula Cantelli Castro, Universidade Federal do Piauí/UFP

Hélio Lemos Sôlha – Professor, UNICAMP

Pedro C. Chadarevian, UFSCAR

Ivaldo Pontes Filho, UFPE

Ricardo Summa, UFRRJ

Ernesto Salles, UFF

Sidney Calheiros de Lima, USP

Claudia Moraes de Souza, Unesp/Marília

Estêvão Martins Palitot, Universidade Federal da Paraíba/UFB

Lilian Sagio Cezar, USP

Gislene Aparecida dos Santos, EACH – USP

Eliézer Cardoso de Oliveira, Universidade Estadual de Goiás

Luiz Menna-Barreto, EACH/USP

Raquel Alvarenga Sena Venera, UFSC

Aida Marques, Universidade Federal Fluminense

Cleria Botelho da Costa, UnB

Ernestina Gomes de Oliveira, Faculdade de Direito do Instituto Superior de Ciências Aplicadas de Limeira

Kátia Menezes de Sousa, Universidade Federal de Goiás

Aluizio Moreira, UFCG

Luiz Gonzaga Godoi Trigo, EACH/USP

Lucas Bleicher, UFMG

Luiz Carlos Seixas, FMU e UniFIEO

Giane da Silva Mariano Lessa, UFRRJ

George Gomes Coutinho, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro

Walter Andrade, Fundação Padre Albino

Antonio Torres Montenegro, Universidade Federal de Pernambuco/UFPE

Regina Beatriz Guimarães Neto, Universidade Federal de Pernambuco/UFPE

Enilce Albergaria Rocha, Universidade Federal de Juiz de Fora

Reinaldo Salvitti, USP

Vania Noeli Ferreira de Assunção, PUC/SP

José Arlindo dos Santos, Fundação Universidade do Tocantins/UNITINS

Jose Carlos Vaz, USP

Marisa Midori Deaecto, USP

Luiz Cruz Lima, Universidade Estadual do Ceará/UECE

Maria do Carmo Lessa Guimarães, Universidade Federal da Bahia/UFBA

Ebe Maria de Lima Siqueira, Universidade Estadual de Goiás/UnU

Alexei Alves de Queiroz, UnB

Francisco Mazzeu, Unesp

Cláudia Regina Vargas, UFSCAR

Fábio Ferreira de Almeida, Universidade Federal de Goiás

Celso Kraemer, Universidade Regional de Blumenau

Gladys Rocha, UFMG

Murilo César Ramos, UnB

Deolinda Freire, Universidade Federal do Triângulo Mineiro

Corinta Maria Grisolia Geraldi, UNICAMP

João Wanderley Geraldi, UNICAMP

Durval Muniz de Albuquerque Junior, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Rafael Sanzio, UnB

Sônia Selene Baçal de Oliveira, Universidade Federal do Amazonas/UFAM

Arlindo da Silva Lourenço, Uniban

Izabel Cristina dos Santos Teixeira, UFT/Araguaína

Glaucíria Mota Brasil, Universiade Estadual do Ceará

Alícia Ferreira Gonçalves, UFPB

Francisco Alves, UFSCar

Luiz Armando Bagolin, USP

Igor Fuser, Faculdade Cásper Líbero

Paula Glenadel, UFF

Lana Ferreira de Lima, Universidade Federal de Goiás/UFG

Karina Chianca Venâncio, Universidade Federal de Pernambuco/UFPE

Surya Aaronovich Pombo de Barros, Universidade Federal da Paraíba/UFPB

Fausto Fuser, USP

Silvia Beatriz Adoue, UNESP/Araraquara

Paulo Henrique Martinez, Unesp

Iram Jácome Rodrigues, USP

Sílvio Camargo, Unicamp

Fernando Nogueira da Costa, Unicamp

Mariana Cassab, UFRJ

Suzana Guerra Albornoz, FURG/Rio Grande e UNISC/RS

Alexandre Abda, FAP/SP

José Edvar Costa de Araújo, Universidade Estadual Vale do Acaraú

Gabriel Almeida Antunes Rossini, PUC/SP

Cláudio Oliveira, Universidade Federal Fluminense/UFF

Aixa Teresinha Melo de Oliveira, CEFET/RJ – UnED/Petrópolis

Flávio Rocha de Oliveira, FESP/SP

Viviane Conceição Antunes Lima, UFRRJ

Rita Maskell Rapold, UNEB

Valter Duarte Ferreira Filho, UERJ e UFRJ

Romeu Adriano da Silva, Universidade Federal de Alfenas

Paulo Cesar Azevedo Ribeiro, Universidade Estácio de Sá

Andréa Lisly Gonçalves, Universidade Federal de Ouro Preto

Álvaro Luis Martins de Almeida Nogueira, Cefet

Welerson Fernandes Kneipp, Cefet

Jarlene Rodrigues Reis, Cefet

André Barcelos Damasceno Daibert, Cefet

Luiz Antonio Mousinho Magalhães, Universidade Federal da Paraíba/UFPB

Maria Cristina Cortez Wissenbach, USP

Denise Helena P.Laranjeira, Universidade Estadual de Feira de Santana

Magnus Roberto de Mello Pereira, Universidade Federal do Paraná/UFPR

Ricardo Cardoso Paschoal, CEFET/RJ

Luciano dos Santos Bersot, UFPR

Sérgio de Paula Machado, Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ

Antônio Alberto Machado, Unesp/Franca-SP

Sérgio Ricardo de Souza, CEFET/MG

Angela Thalassa, Faculdade de Arujá / IESA

Débora C. Piotto, USP

Marcelo Parizzi Marques Fonseca, UFSJ

Carlos Augusto de Castro Bastos, Universidade Federal do Amapá

Carina Inserra Bernini, Centro Universitário FIEO

Marta Costa, USP

Ana Paula Hey, USP

Angela Maria Carneiro Araújo, UNICAMP

Ignacio Godinho Delgado, Universidade Federal de Juiz de Fora

Otávio Luís de Santana, UFCG

Vladmir Agostini, UFSJ

Roberto de Barros Faria, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Sônia Maria Rocha Sampaio, UFBA

Anderson Pires, Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF

Wilma Ferreira de Jesus, Faculdade Católica de Uberlândia

Antonio José de Almeida Meirelles, Unicamp

José Ademir Sales de Lima, USP

Ileizi Fiorelli Silva, UEL

Ana Fernandes, UFBA

Léo Carrer Nogueira, Universidade Estadual de Goiás

Regina Ilka Vieira Vasconcelos, UFU

Dilmar Santos de Miranda, UFC
Consiglia Latorre, UFC

Cláudia Maria Ribeiro Viscardi, Universidade Federal de Juiz de Fora

Sérgio Henriques Saraiva, Universidade Federal do Espírito Santo/UFES

Dolores Aronovich Aguero, Universidade Federal do Ceará

Attila Louzada, Universidade Federal do Rio Grande

Rogério Bitarelli Medeiros, Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ

Rodney Werke, Unisul

Bruno Mendonça da Silva, Universidade Católica de Pernambuco

Ricardo Oliveira, UFRRJ

Hudson Costa Gonçalves da Cruz, Universidade Estadual Vale do Acaraú

Maurício Vieira Martins, Universidade Federal Fluminense

Mário Tadeu Siqueira Barros, UECE/Universidade Estadual do Ceará

Flavio Galib, UNICAMP e UNIMEP/SP

Maria Amalia Andery, PUC/SP

Bruno Capanema, USP e UnB

José da Cruz Bispo de Miranda, UESPI

Marcos Olender, Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF

Simone Nacaguma, FACAMP/SP

Sônia Maria Aranha Rodrigues de Andrade, Faculdade Anhanguera

Carlos Eduardo O. Berriel, Unicamp

Yêda Maria da Costa Lima Varlotta, UMC/SP

Flávia de Mattos Motta, Universidade Estadual de Santa Catarina/USC

Maria Conceição Maciel Filgueira, Universidade Est. do Rio Grande do Norte

Robson Laverdi, UNIOESTE

Glícia Pontes, Universidade Federal do Ceará

Sebastião Faustino Pereira Filho, UFRN

Roberto Hugo Bielschowsky, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Américo Tristão Bernardes, Universidade Federal de Ouro Preto

Telma Ferraz Leal, Universidade Federal de Pernambuco

Cristiane Kerches da Silva Leite, USP

Vivian Urquidi, USP

Adriana Duarte, UFMG

Alexandre Fortes, UFRRJ

Carmelita Brito de Freitas Felício, Universidade Federal de Goiás

Nésio Antônio Moreira Teixeira de Barros, UFRN

Luiz Gustavo Santos Cota, Faculdade de Ciências Humanas do Vale do Piranga/MG

Clóvis Alencar Butzge, Universidade Federal da Fronteira Sul/UFFS/PR

Débora Cristina Morato Pinto, UFSCar

Márcia Marques, UnB

Antonio Carlos Moraes, Universidade Federal do Espírito Santo/UFES

Ricardo Brauer Vigoderis, UFRPE/UAG

Maria Luiza Scher Pereira, UFJF

Terezinha Maria Scher Pereira, UFJF

Débora El-Jaick Andrade, Universidade Federal Fluminense

Clinio de Oliveira Amaral, UFRRJ

Cláudia Regina Andrade dos Santos, UNIRIO/UFRJ

Ulises Simon da Silveira, Univ. Est.Mato Grosso do Sul/UEMS

Fabrizio Guinzani, Unesc/SC

Ana Elizabeth Albuquerque Maia, Universidade Federal do Ceará/UFC

Pedro Germano Leal, UFRN e University of Glasgow

Dimas Enéas Soares Ferreira, FUPAC, IPTAN e EPCAR

Geraldo Moreira Prado, Estácio de Sá e UNIRIO

José Luiz Aidar Prado, PUC/SP

Maria Elaine Kohlsdorf, Universidade de Brasília/UnB

Everaldo Carlos Venâncio, Universidade Federal do ABC/SP

Cláudia Souza Leitão, Universidade Estadual do Ceará/UEC

Lídia Santos, profa. de Literatura Brasileira na Univ. da Cidade de New York, NY, EUA

Sonia Maria Guedes Gondim, Universidade Federal da Bahia/UFBA

José Clécio B. Quesado, Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ

Micheli Dantas Soares, UFBA

Marcelo Milan, University of Wisconsin Parkside

Daniela Canella, Universidade Federal de Goiás/UFG

Elisabete de Sousa Otero, UFRGS

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A força dos movimentos sociais




Reproduzo reportagem de João Peres, publicada na Rede Brasil Atual:

São Paulo – A candidatura governista à Presidência da República somou importantes apoios nesta reta final de campanha. Após diversos setores acadêmicos declararem que não querem o retorno das políticas neoliberais, linha representada pelo candidato José Serra (PSDB), foi a vez de trabalhadores, líderes religiosos, estudantes e movimentos sociais mostrarem que desejam a continuidade.

Nesta sexta-feira (15), a candidata Dilma Rousseff (PT) recebeu, primeiramente, o apoio de profissionais da área de educação. O incentivo mais forte, no entanto, veio mais tarde, durante comício em São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo. O multitudinário evento marcou o início de uma série de ações que tentam frear o crescimento do adversário do PSDB, e mostrar que a vitória tucana significaria o retorno às políticas dos anos 1990.

Trabalhadores e estudantes, além de reafirmarem o desejo de continuidade, entregaram à candidata os compromissos que esperam ver cumpridos ao longo dos próximos quatro anos. Para as centrais sindicais, os pontos principais são a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e a manutenção da política de valorização do salário mínimo – este último ponto já acordado.

Artur Henrique, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), pontuou que querem transformar em derrota a vitória de Dilma no primeiro turno e convocou a militância a conquistar, nas ruas, os votos necessários para triunfar no dia 31 de outubro. “Essa proposta de salário mínimo de R$ 600 é para acabar com a política de valorização, que acertamos com o governo até 2023”, afirmou, a respeito da promessa eleitoral de Serra. Artur e outros discursantes da noite lembraram que, no período FHC, não houve uma política para o mínimo, que acabou defasado. O deputado Paulo Pereira da Silva, da Força Sindical, classificou de demagogia a proposta do tucano.

Religião

O ato ocorreu em meio à tentativa da campanha de reverter o estrago gerado pelos boatos em torno da candidata, em especial a questão do aborto. Por isso, as falas foram abertas por líderes religiosos, que lembraram a importância de o país seguir no caminho da redução das injustiças.

O discurso mais enfático foi do Padre Júlio Lancelotti, fortemente aplaudido ao afirmar que é preciso afastar o “demônio da injustiça”. “Queremos escolher o caminho que defenda os pobres, que livre as pessoas da escravidão. Não usamos a palavra de Deus para fazer acordo com a mentira e com a maldade.” Com um público bastante receptivo, o padre pediu que se orasse o Pai Nosso, no que foi prontamente atendido pela multidão.

Mulheres pioneiras

Movimentos sociais apoiam candidatura de Dilma (Foto: Gerardo Lazzari) Outra que aumentou a empolgação dos presentes foi a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP). A parlamentar fez um discurso inflamado em que lembrou que São Miguel tem bastante “cabeça chata e pescoço curto”, referência a nordestinos como ela e o presidente Lula.

Erundina lembrou que foi a zona leste paulistana que a elegeu prefeita no fim da década de 1980. “Adivinha quem derrotei?”, perguntava a deputada, que recebia das massas a resposta em uníssono: “Maluf”. “E quem mais eu derrotei? Derrotei Serra. Derrotei Serra. Derrotei Serra”, vibrava, afirmando que agora chegou mais uma “desaforada para a desforra”.

Para Erundina, é a hora da segunda grande revolução neste país, que em 2002 elegeu um “cabeça chata” para a Presidência.

– Fez ou não fez um bom governo?

– Fez – clamava a massa.

– Vocês querem continuar?

– Sim.

– Vamos eleger a primeira mulher para presidente. Vamos ou não vamos?

– Vamos.

– Quem é essa mulher?

– Dilma, Dilma, Dilma – era o grito que se ouvia da multidão.

Os oradores do comício deixaram claro que não se pode perder de vista que Serra, apesar de não ser próximo das massas, tem a seu favor a velha mídia. Wagner Gomes, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, considera que há uma campanha “dia e noite” a favor do tucano. “Quero saber que apoio popular tem José Serra. Queria que a imprensa mostrasse algum comício do Serra.”

O presidente Lula também chamou atenção, de maneira indireta, para o tema. “Queria dizer, para a imprensa anotar, que é uma vergonha a campanha do nosso adversário em ataques à companheira Dilma Rousseff. É uma vergonha o preconceito contra a mulher.”

Professor

O comício voltou a reunir os candidatos da base aliada em São Paulo, vencedores ou não das eleições de 3 de outubro. Aloizio Mercadante, que se candidatou ao governo paulista, elencou problemas da gestão de Serra no estado, focando especialmente na questão da educação devido ao Dia do Professor, celebrado nesta sexta.

“Como tratou o professor no governo deles? 100 mil professores sem concurso. E quando foram reivindicar, receberam cacetete e borrachada”, destacou, lembrando da repressão policial aos docentes da rede pública estadual que fizeram greve este ano. “Não vem agora fazer demagogia e prometer porque você nunca respeitou o professor”.

O vereador paulistano Netinho (PCdoB), derrotado na disputa ao Senado, lembrou que aqueles que “abriram as portas” das universidades para os negros foram Dilma e Lula. De acordo com dados divulgados recentemente pelo IBGE, o acesso de “pretos” (nomenclatura do instituto) ao ensino superior quadruplicou no período.

Marta Suplicy, eleita para o Senado pelo PT, lamentou a campanha de difamação contra a ex-ministra, a quem classificou de “uma mulher de garra”. “Quem passa pelo que essa mulher passou enfrenta tudo.”

A noite foi de estreia do novo jingle de campanha. Em tom de música popular brasileira, a música apresenta um homem que comemora a mudança vista em sua vida nos últimos anos: trabalho, comida na mesa, lazer. O evento terminou ao som de "Hoje posso sonhar / Meu Brasil tá querendo Dilma / Meu Brasil tá querendo continuar."

Fotos: Gerardo Lazzari.

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Os jornalistas e a volta da Santa Inquisição

Reproduzo artigo de Leonardo Sakamoto, publicado em seu blog:

No dia 10 de maio de 1933, montanhas de livros foram criadas nas praças de diversas cidades da Alemanha. O regime nazista queria fazer uma limpeza da literatura e de todos os escritos que desviassem dos padrões impostos. Centenas de milhares queimaram até as cinzas.

Einstein, Mann, Freud, entre outros, foram perseguidos por ousarem pensar diferente da maioria. A Alemanha “purificou pelo fogo” as idéias imundas deles, da mesma forma que, durante a Contra-Reforma, a Santa Inquisição purificou com fogo a carne, o sangue e os ossos daqueles que ousaram não concordar com suas idéias. A opinião pública e parte dos intelectuais alemães se acovardaram ou acharam pertinente o fogaréu nazista, levado a cabo por estudantes que apoiavam o regime. Deu no que deu.

Hoje, colegas da imprensa me contam histórias de membros de igrejas e templos do interior pedindo a seus fiéis que destruam livros que tratem de direitos humanos – agindo, provavelmente, sem o aval das cúpulas de suas denominações. Que se livrem de tudo o que não tenha a ver com a visão violenta e, portanto, errada que eles têm do amor. Demorou, mas veio. O pessoal que sente saudades da Idade Média saiu do armário.

Será que, no afã de contestar propostas presentes no III Programa Nacional de Direitos Humanos, parte da imprensa conseguiu finalmente cristalizar a imagem idiota que “direitos humanos” é coisa de defender bandido, matar crianças e proibir as pessoas de terem fé?

Direitos humanos diz respeito exatamente ao contrário. Considerando que todas as pessoas nasçam iguais e livres, por todas compartilharem da raça humana, elas merecem ser tratadas com dignidade e respeito.

Se pegarem todos os Programas Nacionais dos Direitos Humanos, de FHC a Lula, verão que eles tratam de liberdade religiosa e de associação, do direito à saude, à educação, à cultura, a ter uma identidade, a andar livremente, de falar e defender posições sem ser agredido, de não ter medo de passar fome ou de viver na miséria, de poder participar do processo político, de eleger e ser eleito, do direito a não ser expulso de sua casa, do direito à segurança, à integridade do seu corpo, a um julgamento justo, de não ser tratado como animal. De encontrar no outro um semelhante e tratá-lo como tal.

Não importa em quem você vote, não importa quem você queira no poder. Mas não deixe os mesmos ventos que sopraram em 1933 se espalharem pelo Brasil do início do século 21. Estratégias eleitorais acordaram um monstro - algumas pessoas das próprias campanhas já perceberam a besteira que fizeram, mas a espiral negativa agora gira por si e só uma ação combinada dos dois lados faria ela parar.

Esse monstro, a Intolerância, continua sendo alimentado a cada dia, pelo ódio, pelo irracional. Argumentos já não fazem efeito. O problema é que ele não vai parar no dia 31 de outubro, e quando tiver devorado o pouco de dignidade que conseguimos garantir às minorias, virá atrás das míseras liberdades individuais de todos, que não corresponderem à fé professada por alguns. Nós, como jornalistas, temos um dever de evitar alimentá-lo, sob o risco de sermos, ao final, cúmplices de tudo isso.

Estamos vivendo algo que não tem cara de eleições e sim de Contra-Reforma, agora com a participação de setores Protestantes e de grupos Católicos que foram perseguidos e torturados séculos atrás. Quem diria.

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Maria Rita Kehl e a campanha fascistóide

Reproduzo entrevista concedida ao jornalista Celso Marcondes, publicado no sítio da revista CartaCapital:

O fim da coluna da psicanalista Maria Rita Kehl no O Estado de S.Paulo foi um dos assuntos da semana, em particular na internet. Seu artigo “Dois Pesos” foi pesado demais para os donos do diário paulista. Neste espaço, publicamos vários artigos a respeito. A repercussão enorme gerou até um abaixo-assinado que corre pela rede em sua defesa. Passado o impacto, Rita Kehl conversou com CartaCapital a respeito das eleições presidenciais, que ela acompanha de perto, com o olhar da profissional conceituada em sua área e também com a visão de cidadã e jornalista, carreira que seguiu nos tempos da ditadura. Ela se diz escandalizada com os temas que tomaram conta do debate eleitoral e responsabilizou a campanha do PSDB por isso.

Teu artigo no Estadão discutia a disseminação de um grave preconceito através da rede. Essa parece ter sido uma característica do uso do veículo nestas eleições, em particular entre a chamada classe média. Você acredita que a internet, pelas suas especificidades, ajuda a este tipo de comportamento?

Ajuda de fato. A internet, pela facilidade de acesso, pelas características que só ela tem, apresenta este potencial terrível de ser lugar da fofoca, de blábláblá. Mesmo quando não é um uso irresponsável, como são os casos destes tuites para dizer ”olha, eu estou aqui”, “eu existo”, “olha a foto do meu filho”, “do aniversário do fulano”. Mas tem também um potencial incrível, como a possibilidade de convocar uma passeata da manhã para a tarde, como aconteceu antes da guerra do Iraque, em vários países do mundo, e reunir milhões de pessoas. Então, eu não condenaria a internet, ela tem grande potencial, é um veiculo que dá justamente a possibilidade de você se incluir, de você escrever, pelo menos para quem é da classe média ou que tem acesso a uma lan house. Ela serve a essas duas coisas. Talvez com o tempo os leitores comecem a criar sua própria capacidade de discriminar.

O preconceito que você identifica no teu artigo, este incomodo com a ascensão dos mais pobres, e por consequência com um governo mais identificado com eles, não é uma marca das nossas elites que aparece muito na rede?

Veja, a internet divulgou essas correntes preconceituosas, apócrifas, que sempre começavam assim: “uma prima minha”, “um parente meu”, “um amigo da minha empregada”, sempre assim. Mas por outro lado, o que tem de legal, é que, por exemplo, este meu artigo foi mais lido que qualquer outra coisa que eu jamais tenha escrito. Se ele tivesse ficado apenas no Estadão, ele teria sido lido, mas jamais deste jeito. Isso é uma coisa muito legal.

Falemos de ética: você acha que o caso Erenice atingiu eleitoralmente esta classe média?

Eu acho que sim. Eu li um artigo dizendo que o caso Erenice foi mais decisivo para exigir o segundo turno que essa “fofocaiada” toda sobre o aborto. E, infelizmente, está certo. O governo para o qual eu voto e continuo votando tem uma leniência com a questão da corrupção, que deixa até difícil um petista defender, tenho que dizer isso. Lula naturalizou a corrupção, como sendo parte do jogo político. E aí, está bom, quando fica mais escandaloso, demite. Mas “deixa acontecer”, entendeu? Renan Calheiros, Sarney, são vergonhas que a gente tem que engolir, fica parecendo que é culpa da oposição agitar isso. Claro que ela vai agitar. Nós agitaríamos isso se aparecesse uma coisa tão escandalosa na outra campanha.

A diferença aí – que é a favor da atitude do governo Lula, mas que ao mesmo tempo não o torna vítima – é que o governo Lula não consegue blindar a imprensa como o governo do PSDB consegue, porque tem a imprensa na mão. Então, quando surge alguma coisa, surge como fofoca que desaparece no dia seguinte. Como a coisa do Paulo Preto, que o Serra não respondeu no debate e ficou por isso mesmo. A gente sabe que é um governo que blinda. O Alckmin, como a candidatura dele estava bem, teve a campanha toda em céu de brigadeiro, do começo ao fim, não tinha ninguém que pudesse pegar alguma coisa e contestar. E se pegasse, não ia sair na imprensa. De fato, a grande imprensa se encarrega de censurar quaisquer denúncias sobre os governos que ela apoia. Mas mesmo que a imprensa seja parcial ao denunciar um caso como o da Erenice, o caso em si está errado, não poderia aparecer.

O governo não poderia ficar surpreso com a “escandalização” feita pela grande imprensa, certo?

Claro! Ele sabe qual é o jogo e não era para ter corrupção deste jeito. Uma coisa ou outra você não controla, uma coisa pequena, mas para mim é difícil responder quando as pessoas dizem: “mas, como? Estava no nariz dela! Era uma coisa que estava a família inteira metendo a mão”. Coloca os petistas numa situação difícil.

Esta eleição está sendo marcada também pela discussão de temas no campo da moral: aborto, religião. O que te parece isso?

Eu acho que isso mostra o atraso da sociedade brasileira. Porque, claro, nenhum candidato vai ser eleito se estiver em descompasso com a maioria da sociedade. O Plínio foi um exemplo ótimo, de um cara que falava tudo o que tinha na cabeça, tudo o que ele pensa de verdade, de uma forma consistente, porque ele não tinha compromisso de se eleger. O que me espanta é o atraso da sociedade brasileira. E a ignorância aí é apoiada pelo Serra de misturar questões religiosas com questões políticas. Como é que as igrejas começam a pautar a lei agora? Uma coisa é eles decidirem o que é pecado e o que não é, outra coisa é eles decidirem o que é ilegal e o que não é.

E isso acabou virando pauta de campanha presidencial, não é?

Vira pauta e vira motivo de constrangimento. A campanha do PSDB tem responsabilidades sim, de acirrar esta intolerância religiosa neste momento da campanha. A Dilma respondeu duas vezes no debate da Band que neste País não tem intolerância religiosa. Fica esta irresponsabilidade feia do PSDB estar acirrando isso, mas ao mesmo tempo a sociedade mostra neste ponto como é atrasada. Aparecem comentários de que a Dilma é a favor do aborto como se ela tivesse o poder de decidir, se ela apoia o aborto, vai ter aborto. Como se isso não tivesse que passar pelo Congresso. Além de tudo joga muito com a ignorância do povo.

E os candidatos chegam a “endireitar”, fazer campanha nas igrejas e citarem Deus à exaustão. Não acha que isso tem um papel deseducador, em particular para crianças e adolescentes?

Isso é o pior. Por um lado, eu acho que o problema da corrupção não é da responsabilidade do PSDB, eles vão extrair o máximo de vantagens que puderem arrancar deste caso da Casa Civil. Por outro lado, é responsabilidade sim, do PSDB e da campanha Serra o tom fascistóide que estas coisas estão adquirindo. É horrível que os candidatos tenham que aparecer ajoelhados comungando, dizendo que são a favor da vida… claro que são a favor da vida, quem é que não é?

Agora, é a Igreja que não é a favor da vida. Aí é uma opinião minha. A ONG Católicas pelo Direito de Decidir me convidou para debater e elas pensam assim: a criminalização do aborto é uma questão contra a liberdade sexual da mulher, ponto. Não pode usar camisinha, porque a Igreja também é contra. Então é uma questão de dizer: sexo só dentro do casamento e só para ter filho. É isso, que não está escrito assim, mas é o que está dito. Se não pode usar preservativo, não pode evitar filho, não pode nem evitar infecções, epidemias como o HIV que mata milhões na África, que “a favor da vida” é esse?

O Dafolha divulgou uma pesquisa que diz que a posição contra o aborto na sociedade aumentou depois destas semanas de discussão na campanha, veja o efeito nocivo.

Claro, porque o que circula é uma desinformação, “coitadinha da criancinha”, “eu poderia ter sido abortado” e “porque eu não fui abortado eu estou aqui”, não é neste grau. E a Marina tem responsabilidade nisso. Mesmo que a Dilma ganhe, a sociedade retrocedeu muito e isso é responsabilidade da campanha. É terrível.

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