Por Altamiro Borges
O “churrascão em Higienópolis”, o protesto irreverente contra o patético elitismo de alguns moradores deste bairro “chique” da capital paulista, continua rendendo comentários na mídia. Nem dava para esconder o sucesso da manifestação realizada no último sábado – que, segundo a PM, mobilizou 700 pessoas e, segundo os mais otimistas, reuniu 4 mil manifestantes.
Cobertura esconde caráter político
No geral, os telejornais trataram o evento como uma grande “festa”, sem ressaltar seu caráter eminentemente político de repúdio ao preconceito de 3.500 moradores que assinaram abaixo-assinado contra a construção de uma estação de Metrô – que traria, segundo uma das signatárias, “gente diferenciada” para o bairro, como mendigos, camelôs e os pobres.
A TV Globo, por exemplo, até deu destaque ao churrascão – o que não é comum na emissora, que sempre esconde ou criminaliza os protestos populares. Mas preferiu tratar o episódio em termos “técnicos”, ouvindo “especialista” do governo tucano sobre a utilidade da estação do Metrô. Evitou abordar o caráter classista do evento, a sua crítica ao preconceito da elite paulistana.
O pitbull da revista Veja
Já alguns “calunistas” tentaram desqualificar o protesto. Reinaldo Azevedo, da Veja, foi um dos mais agressivos – se é que algum dia ele não já foi hidrófobo. Preocupado diante do “preconceito contra os ricos”, até mentiu para agradar seus cegos seguidores. Garantiu que o ato no shopping Higienópolis reuniu “não mais do que 50 ou 60 pessoas – e estou sendo generoso”. Ridículo!
“Eu estava no meio da turma, disfarçado de cachorro, para não ser identificado”, relata Reinaldo, o que reforça o seu apelido de pitbull da Veja. Raivoso, ele afirma que os manifestantes eram os “burguesotes extremistas”, os “festivos” e os “petralhas”, como ele rotula, agressivamente, a militância petista e de esquerda. Pelo tom, o protesto irritou o queridinho da nobre famiglia Civita.
Tentativas de desqualificar o ato
Já Fernando de Barros e Silva, da Folha, foi mais cuidadoso, mas não conteve o veneno. Ele realmente esteve no churrascão – sem qualquer disfarce de cachorro. Eduardo Guimarães até teve um bate-boca civilizado com o jornalista “primário”, conforme relato no Blog da Cidadania. Em sua coluna, ele jura que “não pretendo tirar o brilho do evento”, mas procura desqualifá-lo.
Afirma que o churrascão foi “das classes médias (médias mais altas do que baixas). O povão era residual” – como se isto retirasse a importância da mobilização. Ancorado num amigo, diz que “o protesto parecia um playground revolucionário”. E ainda teoriza: o ato expressou “uma fração de classe reagindo ao sentimento ostensivamente antipovo de representantes dessa mesma classe”.
Razões do incômodo
Este incômodo de setores da mídia pode ter várias explicações. A primeira é a rejeição a qualquer protesto popular. As elites têm medo do povo na rua, seja exigindo direitos ou criticando os desmandos das elites. Gente na rua só é bom quando é manietada, quando serve aos seus interesses de classe – como nas marchas golpistas de 1964, insufladas pela Folha e outros jornalões.
A outra explicação decorre da crescente força da internet. Em três dias, sem qualquer material impresso ou ação mais organizada, centenas de pessoas foram mobilizadas para participar de um protesto contra o preconceito da elite. As redes sociais cumpriram papel determinante. Isto deve apavorar um bocado os opressores e os seus serviçais na mídia.
O “churrascão em Higienópolis”, o protesto irreverente contra o patético elitismo de alguns moradores deste bairro “chique” da capital paulista, continua rendendo comentários na mídia. Nem dava para esconder o sucesso da manifestação realizada no último sábado – que, segundo a PM, mobilizou 700 pessoas e, segundo os mais otimistas, reuniu 4 mil manifestantes.
Cobertura esconde caráter político
No geral, os telejornais trataram o evento como uma grande “festa”, sem ressaltar seu caráter eminentemente político de repúdio ao preconceito de 3.500 moradores que assinaram abaixo-assinado contra a construção de uma estação de Metrô – que traria, segundo uma das signatárias, “gente diferenciada” para o bairro, como mendigos, camelôs e os pobres.
A TV Globo, por exemplo, até deu destaque ao churrascão – o que não é comum na emissora, que sempre esconde ou criminaliza os protestos populares. Mas preferiu tratar o episódio em termos “técnicos”, ouvindo “especialista” do governo tucano sobre a utilidade da estação do Metrô. Evitou abordar o caráter classista do evento, a sua crítica ao preconceito da elite paulistana.
O pitbull da revista Veja
Já alguns “calunistas” tentaram desqualificar o protesto. Reinaldo Azevedo, da Veja, foi um dos mais agressivos – se é que algum dia ele não já foi hidrófobo. Preocupado diante do “preconceito contra os ricos”, até mentiu para agradar seus cegos seguidores. Garantiu que o ato no shopping Higienópolis reuniu “não mais do que 50 ou 60 pessoas – e estou sendo generoso”. Ridículo!
“Eu estava no meio da turma, disfarçado de cachorro, para não ser identificado”, relata Reinaldo, o que reforça o seu apelido de pitbull da Veja. Raivoso, ele afirma que os manifestantes eram os “burguesotes extremistas”, os “festivos” e os “petralhas”, como ele rotula, agressivamente, a militância petista e de esquerda. Pelo tom, o protesto irritou o queridinho da nobre famiglia Civita.
Tentativas de desqualificar o ato
Já Fernando de Barros e Silva, da Folha, foi mais cuidadoso, mas não conteve o veneno. Ele realmente esteve no churrascão – sem qualquer disfarce de cachorro. Eduardo Guimarães até teve um bate-boca civilizado com o jornalista “primário”, conforme relato no Blog da Cidadania. Em sua coluna, ele jura que “não pretendo tirar o brilho do evento”, mas procura desqualifá-lo.
Afirma que o churrascão foi “das classes médias (médias mais altas do que baixas). O povão era residual” – como se isto retirasse a importância da mobilização. Ancorado num amigo, diz que “o protesto parecia um playground revolucionário”. E ainda teoriza: o ato expressou “uma fração de classe reagindo ao sentimento ostensivamente antipovo de representantes dessa mesma classe”.
Razões do incômodo
Este incômodo de setores da mídia pode ter várias explicações. A primeira é a rejeição a qualquer protesto popular. As elites têm medo do povo na rua, seja exigindo direitos ou criticando os desmandos das elites. Gente na rua só é bom quando é manietada, quando serve aos seus interesses de classe – como nas marchas golpistas de 1964, insufladas pela Folha e outros jornalões.
A outra explicação decorre da crescente força da internet. Em três dias, sem qualquer material impresso ou ação mais organizada, centenas de pessoas foram mobilizadas para participar de um protesto contra o preconceito da elite. As redes sociais cumpriram papel determinante. Isto deve apavorar um bocado os opressores e os seus serviçais na mídia.
Caro Miro,
ResponderExcluirReinaldo Azevedo tem que ser processado: ofedeu os cochorros!!
Quando se fala em “elite de São Paulo” é bom explicar que não se trata daqueles que compraram veiculo de luxo a prestação ou moram em apartamentos de luxo financiados. Esses são os que se acham “elite” e querem pensar como ela, enquanto se zangam ao saber que o filho da empregada estuda na mesma faculdade que seus filhos ou ouvem a diarista dizer que não irá mais fazer a faxina se não houver vaga de estacionamento no prédio para ela. Elite é quem tem pelo menos 50 milhões. Quem quer pensar como a elite pensa, sem ser, é apenas uma piada.
ResponderExcluirPerfeita a conclusão com "Razões do Incômodo". Depois da mobilização no Egito, tendo como a "origem primária" a internet, é bom que que os "calunistas" tentem resgatar o compromisso com a verdade. Não deixo de ler, diariamente, você e o Eduardo "primário" Guimarães. Não leio Veja há quase 10 anos.
ResponderExcluir50 ou 60 pessoas????...rs. O menor número que eu ouvi falar foi num jornal da Gazeta, que dizia que tinham "centenas" de pessoas. Que hilário! Arua tomada de pessoas, um verdadeiro "mar de gente" e me falam em "centenas" de pessoas (pra não comentar os 50/60).
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