quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A Europa se curva ante os bancos

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Do jornal francês Libération:

“A cena é a mesma, todos os dias: à hora do almoço, uma multidão silenciosa aglomera-se diante das grades da Câmara de Atenas, a dois passos da praça Omonia. Quantos são? Cem? Muitos mais?

 “À noite, são duas ou três vezes mais”, diz, suspirando, Xanthi, uma mulher jovem que a Câmara encarregou de “controlar a multidão”. O ambiente fica tenso, quando os portões finalmente se abrem e as pessoas formam uma longa fila até ao balcão onde lhes é entregue uma Coca-Cola light e uma espécie de puré de batata, numa tigela de plástico.


Ouvem-se gritos e discussões. Tem de ser tudo muito rápido: a distribuição demora apenas meia hora. No meio de um certo número de marginais e de idosos que usam roupas velhas, destaca-se de imediato uma nova categoria de cidadãos, até agora pouco habituados a mendigar alimentos.”


Hoje, divulgou-se o nível de desemprego na zona do Euro em 2011: 10,4%. O maior, na Espanha (23%), mas taxas muito altas em países como Portugal (13,6%), França (9,8%) e Itália (8,6%).

Cenas e números quase inacreditáveis para nós, que crescemos vendo o capitalismo europeu como a possibilidade de um estado de bem-estar social mesmo dentro deste sistema econômico.

O welfare-state, em nome da eficiência, foi sendo paulatinamente desmontado em nome da eficiência. Princípios dos partidos socialistas europeus, como a estatização do sistema bancário, bandeira de François Mitterrand, abandonados e tratados como “velharia de ideias” , obsoletas.

E, como a Europa do capitalismo social não reformou o sistema bancário, colocando-lhe algum nível de controle social, o sistema bancário reformou a Europa, colocando a sociedade europeia sob seu controle.

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