Em sua coluna no jornal O Globo de ontem (15), Merval
Pereira finalmente chegou à conclusão de que não há mais escapatória para o
governador Marconi Perillo (PSDB). No artigo intitulado “O governo paralelo de
Cachoeira em Goiás”, ele quase decreta o fim do tucano. Em seus comentários na Globo
News, o “imortal” é sempre meio enfadonho, lerdo. Desta vez, porém, ele até que foi
mais rapidinho!
Com base na longa investigação da Polícia Federal, que expõe
os tentáculos da quadrilha de Cachoeira – que numa única casa de jogos faturava
R$ 1,2 milhão ao mês –, o colunista do jornal O Globo tira algumas conclusões
importantes e bombásticas. Vale conferir as principais:
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Os contatos e referências da organização criminosa
envolveram empresários, jornalistas (‘setor’ de comunicação era importante para
ela) e agentes públicos de níveis municipal, estadual e federal, como
secretários, prefeitos, vereadores, deputados estaduais, distritais, federais,
ministros (também de tribunais superiores), funcionários de agências
reguladoras e assessores...
Inequivocamente, a autoridade pública mais íntima da
organização era o senador Demóstenes Torres. ‘Ao angariar contratos para Delta
no Centro-Oeste e em outras áreas do país, ele tornava-se sócio oculto da
empresa’, informa a Polícia Federal... ‘Colocava-se sempre à disposição para
usar sua influência política, em todas as esferas de poder, em favor dos
negócios da organização’. Cachoeira tinha grande articulação política,
“suprapartidária”, procurava influenciar vários detentores de mandatos.
Também se movimentava no campo eleitoral, discutindo
candidaturas, sugerindo nomes e tratativas entre potenciais candidatos, em
especial com o senador Demóstenes Torres. Os vínculos políticos e a proteção
policial mediante suborno davam a Cachoeira a sensação de intocabilidade: “Todo
mês falam que estão me investigando, vão me pegar... e nada acontece”,
comentava no telefone Nextel supostamente inviolável...
Até aqui, o governo de Goiás, do tucano Marconi Perillo, foi
aquele sobre o qual a organização criminosa mais ampliou seus tentáculos,
podendo se falar mesmo, segundo a Polícia Federal, de um “governo paralelo”:
até o corregedor da Secretaria de Segurança Pública era do esquema.
A Organização tinha “cota” de indicações políticas no
governo. O governador Marconi Perillo, citado 237 vezes em conversas, teve
encontros diretos com Cachoeira, tratava-o amistosamente e vendeu sua casa para
o próprio, recebendo cheques assinados por Leonardo Ramos, sobrinho do capo.
As investigações mostram também intensas gestões para
negócios com o governo do Distrito Federal, através de busca de contratos,
legalização de terras (Ibran, Terracap, Incra) e outros “serviços”. Não foi
detectado, até aqui, qualquer diálogo do governador petista Agnelo Queiroz com
Cachoeira...
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Antes tarde do que nunca
O artigo de Merval Pereira, um dos principais colunistas da
famiglia Marinho, confirma que a situação de Marconi Perillo é das mais
dramáticas. Afinal, quem governava ou governa Goiás: o dirigente do PSDB ou o
mafioso Carlinhos Cachoeira? O texto do jornalista das Organizações Globo
reforça a tese dos que defendem o imediato impeachment do governador tucano.
Como diz o ditado, antes tarde do que nunca. Até pouco tempo
atrás, o “imortal” ainda se esforçava para defender Perillo. Como ironizou o
blogueiro Eduardo Guimarães, num texto de 13 de abril de 2012, “Merval tenta
blindar Marconi ‘Perigo’”. Ele atacava o governador petista Agnelo Queiroz e
limpava a barra do governador tucano de Goiás. Agora, parece, Merval resolveu
se afastar do “Perigo”. Fedeu!
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