quinta-feira, 14 de junho de 2012

Aref e a corrupção em São Paulo

Por Altamiro Borges

Há algo de podre na prefeitura de São Paulo. Em entrevista hoje à Folha, Daniela Gonzalez, ex-diretora financeira da Brookfield Gestão de Empreendimento (BGE), afirmou que a multinacional pagou R$ 1,6 milhão em propinas para liberar obras irregulares nos shoppings Higienópolis e Paulista. A grana teria sido repassada para Hussain Aref Saab, ex-diretor do setor de aprovação de prédios da prefeitura (Aprov), e ao vereador Aurélio Miguel (PR). Ouvidos pela Folha, ambos negaram a grave acusação.


No caso de Hussain Aref, a sua negativa tem pouca consistência. No mês passado, a imprensa revelou que ele adquiriu 106 imóveis nos sete anos em que dirigiu o Aprov. Diante do escândalo, o prefeito Gilberto Kassab, o mesmo que o indicou para o cargo durante a gestão de José Serra, tratou de exonerá-lo de imediato para evitar maiores desgastes. O caso, porém, volta à tona.

Daniela Gonzalez encaminhou as suas denúncias ao Ministério Público, que já abriu inquérito para apurar o caso. Ela entregou aos promotores as cópias de notas fiscais e e-mails que comprovariam o pagamento de propina, feito por duas empresas contratadas pela multinacional: a PAN Serviços de Administração e a Seron Engenharia e Empreendimentos Imobiliários. As propinas teriam sido repassadas em estacionamentos de shoppings. “Era uma prática comum”, disse a ex-diretora à Folha.

Quem mais está metido na sujeira?

Caso sejam comprovadas as graves denúncias, algumas perguntas serão inevitáveis. O ex-diretor da Aprov era o único envolvido neste esquema milionário de corrupção? Aref mesmo já disse que a aprovação de obras passava pela Secretaria de Planejamento. Quem mais, então, recebeu propina? Além dos 106 imóveis adquiridos no período, o que mais o ex-diretor da Aprov abocanhou? O dinheiro serviu apenas para o enriquecimento individual ou ajudou a irrigar algum caixa dois de campanha?

E o vereador Aurélio Miguel, do PR – a mesma sigla que acaba de aprovar aliança com José Serra para as eleições municipais? Ele recebeu propina? Diante da acusação, o vereador disse que nunca se encontrou com diretores da BGE e que nunca recebeu “dinheiro sujo”. Para ele, as denúncias seriam uma represália a sua ação política. Recentemente, Aurélio exigiu a apuração do desvio de recursos na Secretaria Municipal de Habitação. Como se observa, realmente há algo de podre na prefeitura de São Paulo.

Um comentário:

  1. Há algo de podre em qualquer gestão pública - ou não seria aceitável crianças, velhos, mulheres e homens em estado de miséria, de ignorância e abandono nas periferias das cidades, nas áreas rurais, em toda a sociedade. Grandes empresas decidem políticas públicas, compram políticos com financiamentos de campanhas, subornam funcionários de altos escalões enquanto vemos nossos irmãos vagando a esmo, em estado de barbárie, tendo roubados seus direitos básicos por um Estado criminosos, seqüestrado pelos mega-poderes econômicos.

    ResponderExcluir

Comente: