quinta-feira, 20 de março de 2014

A briga entre a Globo e a Folha

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
 

Quando as coisas vão bem, ninguém briga. Mas quando a crise bate, os ânimos ficam à flor da pele.

É este o pano de fundo para a decisão da Globo de proibir o UOL e alguns outros sites de cobrir o BBB 14.

Todas as audiências da Globo caem aceleradamente, sob o impacto da internet – incluída a do BBB.

O que a Globo provavelmente imaginou é que parte da audiência perdida pelo BBB está no UOL e em outros portais.

Vai ser interessante observar se o Ibope trôpego do BBB se recupera com a novidade. Tenho, para mim, que é o clássico triunfo da esperança.

Senti uma certa satisfação com a notícia porque me lembrei do que a Folha, dona do UOL, fez com a Falha de S. Paulo. A mesma pressão econômica pela justiça, a mesma censura, a mesma agressão à liberdade de expressão.

Ri sozinho, também, ao ler a nota do UOL. O portal se orgulhava de ter feito “a melhor cobertura” do BBB em suas 14 edições.

Pausa para gargalhar.

Ora, você deve se orgulhar de coisas relevantes. Fazer a melhor cobertura das manifestações, ou das eleições, ou da chegada do homem à lua, e por aí vai.

Mas do BBB, o símbolo máximo da frivolidade idiota da televisão?

É briga de sócios (são donos em conjunto do Valor), mas sócios que se detestam. Lembro de Roberto Irineu Marinho se referindo aos Frias, numa reunião na Globo, como “os anões da Barão de Limeira”. (Pelo lado pitotesco, uma vez, na saída de um encontro do Conselho Editorial da Globo, José Roberto Marinho veio me perguntar se era verdade que Roberto Civita se referia a ele e aos dois irmãos como ‘Três Patetas’. Respondi que jamais ouvira Civita dizer aquilo.)

O episódio expõe também uma esquisitice brasileira. Os concorrentes da Globo dão um espaço absurdo à emissora, o que apenas a ajuda na captura de mais de 50% da receita publicitária do país.

A própria Folha ainda hoje mantém uma coluna diária sobre o mundo da televisão quando seus leitores já estão amplamente conectados na internet, e distantes de novelas, telejornais e coisas do gênero.

Será que os editores da Folha não acompanham o Ibope da Globo? Ou os movimentos de seus leitores rumo à internet?

É patética a reação do UOL: avisou a seus leitores que continuará a dar toneladas de conteúdo do BBB na Folha e em outros sites da empresa.

Isto é o que “o jornal a serviço do Brasil” tem a fazer numa situação de enfrentamento?

Ora, que a Folha tenha uma reação máscula.

Fica aqui a sugestão de que o jornal cubra, enfim, o escândalo documentado da sonegação da Globo na Copa de 2002.

O selo da campanha já está dado: “Mostra o Darf!”

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