domingo, 17 de agosto de 2014

A máquina abandonou Aécio?

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Há um surdo desespero na campanha do PSDB.

Assistem, sem outra reação que não a do sinceríssimo Reinaldo Azevedo, o movimento da imensa máquina de propaganda da mídia em favor de Marina Silva, tranformada em mater dolorosa de Eduardo Campos, com quem – todos sabem – mantinha uma relação de convivência eleitoral, ao ponto de, mês e meio atrás, ter mandando divulgar nota dizendo que a aliança PSB-Rede tinha data para acabar.

Agora, porém, tudo mudou.

Eduardo, morto, transformou-se em líder de Marina e ela, muito viva, em “continuadora” de sua trajetória, à qual há apenas 10 meses se juntou.

A família – por ironia o “ponto fraco” que William Bonner e Patrícia Poeta apontavam no candidato, no Jornal Nacional, na véspera de sua morte – agora é erguida como símbolo da virtude de Campos e elevada à condição de foro político onde se decidem os rumos da campanha.

O PSDB, acostumado a “surfar” os tsunamis de mídia, está perplexo diante de tudo.

Despareceu dos jornais, com os quais podia, antes, dar-se ao luxo de se relacionar com “notas oficiais”.

É obrigado, constrangido, a ler até mesmo Merval Pereira dizer que, agora, ”Marina seria a candidata das ruas, e tentarão fixar em Aécio Neves do PSDB a imagem de que é o candidato dos políticos.”

Quem construiu a “não-política” como ideal de pureza – esquecendo que a política foi a evolução com que a democracia grega superou a transmissão hereditária do poder – agora se vê atropelado por ela.

É que, talvez, na sua imensa vaidade, os tucanos não enxerguem que a direita brasileira quer que ocupe a Presidência qualquer um que se disponha a ser um “não-presidente” .

Dócil por fraqueza, leniente por conveniência, fraco por definição e caráter.

Ou tudo isso por transtorno próprio aos que se lambuzam no poder inesperado.

O processo político, não obstante, prossegue, como a negativa de Galileu do movimento da Terra se completa com aquele “entretanto, se move”.

Até segunda ordem das pesquisas, a mídia sepultou Aécio Neves.

E sem velório ou lágrimas.

3 comentários:

  1. Brilhante e reveladora análise. Não sei se o "povão" vai engolir a "não-presidente". Creio que haverá uma percepção do oportunismo, da sonsidez, da armadilha, da cavilosidade de Marina. A mídia não consegue impingir tudo o que quer. Nem Aécio, nem Marina. Essa última, de um vazio disfarçado, de uma enrolação proposital. Usando seu bla-bla-bla tradicional, e diante de "epifânicos" fatos, só posso dizer: "My God!".

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  2. O Datafolha já diz isso em última pesquisa. Já era esperado, pois Marina sempre teve mais voto que Campos, que agora, a exemplo de Tancredo, passou a ser mártir.
    Ademais, o nome de Marina passou a ser bastante falado nas tevês, net, rádios e jornais desde o dia 13ago. último.
    Amanhã, naturalmente, por causa do desespero tucano, os dois - Psdb e Psb - passarão a se olhar como adversários recíprocos e não somente o Pt de Dilma.
    Alguma água ainda vai rolar.

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  3. Maria Amelia Silva Silveira18 de agosto de 2014 às 10:38

    Ignez você se lembra do "bagaço" quase sem voz, olheiras profundas em que se transformou Marina, quando Ministra do Meio Ambiente, frente aos embates naturais próprios do cargo que exercia? E o que fez? Persistiu em seus ideais? Defendeu seu ponto de vista? Mostrou-se convicta, segura? Claro que não! Escolheu o caminho da renúncia,ainda mais quando percebeu que o Lula optou acertadamente por Dilma à Presidência.Saiu do PT,magoada!Não apoiou a Dilma no 2o. turno!Ela não tem perfil para ocupar o cargo mais importante do Brasil! É fraca física, intelectual e emocionalmente, inflexível em certas questões polêmicas,por princípio religioso e, por trás disso tudo, dissimula uma vaidade e ambição desmedidas!Se ela vencer as eleições(Deus nos livre!),quem tem a ganhar são as oligarquias, pois não está de mãos dadas com os donos do Banco Itaú, da Natura, com o Jorge Bornhausen, etc?.E tudo voltará como antes!Uma calamidade!

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