Por Altamiro Borges
Através de um comunicado lacônico aos seus funcionários, o jornal Folha de S.Paulo informou nesta segunda-feira (5) o fechamento da sua única sucursal no interior paulista, em Ribeirão Preto, e a demissão de cinco dos seus sete jornalistas. Uma repórter só escapou do facão porque está grávida e a lei proíbe a dispensa. Segundo relato generoso do Portal Imprensa, “os dois funcionários mantidos atuarão como correspondentes da Agência Folha e as notícias sobre Ribeirão Preto e região continuarão a ser publicadas pelo jornal, mas de forma reduzida”. O site afirma que as dispensas decorrem da “queda de produção de cana-de-açúcar” na região, “o que pode ter atingido o jornal, com possível diminuição dos anunciantes”.
A justificativa é risível – parece coisa de advogado de defesa. Em novembro passado, a Folha já havia demitido mais de 20 profissionais na capital paulista – e não consta que foi devido à crise no setor açucareiro. Entre os dispensados estavam colunistas famosos e bem remunerados, como Eliane Cantanhêde, a da “massa cheirosa” tucana, e Fernando Rodrigues. As demissões também foram feitas de forma truculenta, o que levou a própria ombudsman do jornal a criticar a crueldade da famiglia Frias. Os cortes na Folha sinalizam que a crise na mídia impressa fará inúmeras vítimas em 2015. Entre outros fatores, esta grave crise decorre da explosão da internet e da crescente perda de credibilidade dos jornalões.
No final de 2014, outros dois veículos sentiram os efeitos desta decadência. O “Diário do Comércio” anunciou o seu fim e a Rede Anhanguera de Comunicação (RAC), proprietária dos jornais Diário do Povo e Correio Popular, demitiu 15 jornalistas em Campinas (SP). “O jornal acabou. Ainda não sei o que senti ao ouvir a inesperada sentença de morte”, descreveu nas redes sociais o diretor de redação do “Diário do Comércio”, Moises Rabinovici. O veículo com 90 anos de existência pertencia à Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que sequer comunicou à equipe o seu fechamento. No caso da RAC, a crise é antiga e o próprio Sindicato dos Jornalistas de São Paulo avalia que novas demissões deverão ocorrer.
A extinção dos dinossauros
Diante deste cenário dramático, alguns jornalistas ainda tentam manter as esperanças – ou as aparências – sobre o futuro da mídia impressa. O veterano Clóvis Rossi, da Folha, escreveu recentemente que “há vida no planeta jornal”. Com base numa reportagem de John Cassidy, do “New Yorker” dos EUA, ele argumentou que é possível superar a gravíssima crise do modelo de negócios dos jornalões, com quedas de tiragens e de publicidade, em plena era da internet. “Talvez dê, sim, para ganhar dinheiro com notícias no papel e em sua versão digital”. Ele mencionou o caso da “Times” de Londres, “que acaba de anunciar o primeiro lucro operacional após 13 anos de prejuízos”.
Também citou o “Financial Times”, que cobra do internauta após certo número de acessos gratuitos, e “o próprio ‘New York Times’, que embora continue fazendo cortes em sua redação, está atingindo uma base ampla de assinantes digitais (875 mil), 20% mais que no ano anterior”. Para Clóvis Rossi, este talvez seja o futuro modelo de negócios das empresas jornalísticas. Mesmo assim, ele pondera: “O otimismo do texto não leva o autor à ingenuidade de supor que a crise do modelo de negócios está superada, mas lhe permite afirmar que ‘o argumento de que jornais são dinossauros, destinados a serem substituídos por competidores on-line mais ágeis, parece um bocado menos convincente do que há poucos anos’. O dinossauro aqui agradece”.
Através de um comunicado lacônico aos seus funcionários, o jornal Folha de S.Paulo informou nesta segunda-feira (5) o fechamento da sua única sucursal no interior paulista, em Ribeirão Preto, e a demissão de cinco dos seus sete jornalistas. Uma repórter só escapou do facão porque está grávida e a lei proíbe a dispensa. Segundo relato generoso do Portal Imprensa, “os dois funcionários mantidos atuarão como correspondentes da Agência Folha e as notícias sobre Ribeirão Preto e região continuarão a ser publicadas pelo jornal, mas de forma reduzida”. O site afirma que as dispensas decorrem da “queda de produção de cana-de-açúcar” na região, “o que pode ter atingido o jornal, com possível diminuição dos anunciantes”.
A justificativa é risível – parece coisa de advogado de defesa. Em novembro passado, a Folha já havia demitido mais de 20 profissionais na capital paulista – e não consta que foi devido à crise no setor açucareiro. Entre os dispensados estavam colunistas famosos e bem remunerados, como Eliane Cantanhêde, a da “massa cheirosa” tucana, e Fernando Rodrigues. As demissões também foram feitas de forma truculenta, o que levou a própria ombudsman do jornal a criticar a crueldade da famiglia Frias. Os cortes na Folha sinalizam que a crise na mídia impressa fará inúmeras vítimas em 2015. Entre outros fatores, esta grave crise decorre da explosão da internet e da crescente perda de credibilidade dos jornalões.
No final de 2014, outros dois veículos sentiram os efeitos desta decadência. O “Diário do Comércio” anunciou o seu fim e a Rede Anhanguera de Comunicação (RAC), proprietária dos jornais Diário do Povo e Correio Popular, demitiu 15 jornalistas em Campinas (SP). “O jornal acabou. Ainda não sei o que senti ao ouvir a inesperada sentença de morte”, descreveu nas redes sociais o diretor de redação do “Diário do Comércio”, Moises Rabinovici. O veículo com 90 anos de existência pertencia à Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que sequer comunicou à equipe o seu fechamento. No caso da RAC, a crise é antiga e o próprio Sindicato dos Jornalistas de São Paulo avalia que novas demissões deverão ocorrer.
A extinção dos dinossauros
Diante deste cenário dramático, alguns jornalistas ainda tentam manter as esperanças – ou as aparências – sobre o futuro da mídia impressa. O veterano Clóvis Rossi, da Folha, escreveu recentemente que “há vida no planeta jornal”. Com base numa reportagem de John Cassidy, do “New Yorker” dos EUA, ele argumentou que é possível superar a gravíssima crise do modelo de negócios dos jornalões, com quedas de tiragens e de publicidade, em plena era da internet. “Talvez dê, sim, para ganhar dinheiro com notícias no papel e em sua versão digital”. Ele mencionou o caso da “Times” de Londres, “que acaba de anunciar o primeiro lucro operacional após 13 anos de prejuízos”.
Também citou o “Financial Times”, que cobra do internauta após certo número de acessos gratuitos, e “o próprio ‘New York Times’, que embora continue fazendo cortes em sua redação, está atingindo uma base ampla de assinantes digitais (875 mil), 20% mais que no ano anterior”. Para Clóvis Rossi, este talvez seja o futuro modelo de negócios das empresas jornalísticas. Mesmo assim, ele pondera: “O otimismo do texto não leva o autor à ingenuidade de supor que a crise do modelo de negócios está superada, mas lhe permite afirmar que ‘o argumento de que jornais são dinossauros, destinados a serem substituídos por competidores on-line mais ágeis, parece um bocado menos convincente do que há poucos anos’. O dinossauro aqui agradece”.
O veterano jornalista só deixou de registrar que os dinossauros sumiram da face da terra!
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... esse papo de dinossauro é coisa de quem tá gagá...
ResponderExcluirMe preocupa onde meu Beagle, o Otavio, fará suas necessidades diárias, percebi que a folha não passa de 20 paginas. Terei que comprar outro tipo de papel.
ResponderExcluir" Os cortes na Folha sinalizam que a crise na mídia impressa fará inúmeras vítimas em 2015" - É importante ressaltar que o fato também se deve à não eleição do candidato da mídia, Aécio, que provavelmente despejaria enormes quantias em publicidade e evitaria tais cortes. A luta da mídia para que Aécio fosse eleito também partia desse pressuposto: ele seria a salvação por pelo menos mais 4 anos.
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