Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:
As últimas pesquisas presidenciais para 2018, que colocaram o senador mineiro Aécio Neves bem à frente do governador paulista Geraldo Alckmin, provocaram uma radical troca de ninho no poleiro tucano. Aos poucos, eles foram invertendo seus papéis no combate ao governo Dilma, a Lula e ao PT.
A guinada de Alckmin, o moderado, disposto a abandonar o epíteto de "picolé de chuchu", começou no dia 29 de agosto, em Cuiabá, durante a filiação do governador do Mato Grosso, Pedro Taques. Ao lado de Aécio e outros tucanões, ele mandou ver:
"Temos que nos livrar dessa praga que é o PT. O PT do desemprego, da inflação, dos juros pornográficos e dessa praga do desvio público. Hoje é tempo de honestidade".
Assim do nada, sem aviso prévio, Alckmin mudou sua estratégia mineira de deixar o tempo passar, sem fazer muita marola contra o governo, para esperar a sua vez em 2018, enquanto Aécio entrava de cabeça na campanha do "Fora Dilma", para atear fogo no circo e provocar novas eleições já. Em 16 de agosto, até foi às ruas e subiu num caminhão de som durante as manifestações de protesto em Belo Horizonte.
Como viu que estava pegando mal este seu açodamento em defesa do impeachment da presidente, até entre as próprias lideranças tucanas, a começar por Fernando Henrique Cardoso, o neto de Tancredo deu uma recuada, saiu de cena e terceirizou os ataques mais radicais para o deputado federal paulista Carlos Sampaio, uma mistura de black bloc com pit bull da bancada do PSDB na Câmara.
Depois de desfilar num jipe do Exército durante a parada de 7 de setembro em São Paulo, o novo Alckmin continuou na ofensiva e disparou: "A República não aceita rapinagem e não aceita mentira". Ao ser perguntado por jornalistas se a abertura de inquérito pelo STF contra dois ministros de Dilma envolvia a campanha da presidente em 2014 na Operação Lava Jato, respondeu de bate pronto: "Entendo que sim. O que eu tenho defendido é investigar, de maneira profunda, seriamente, rapidamente e, depois, cumprir a Constituição".
Como presidente do PSDB, Aécio Neves, por sua vez, soltou uma nota em que se limita a dizer que "a lei foi feita para ser cumprida por todos, em especial por quem deveria dar o exemplo. Não apenas as oposições, mas a sociedade, aguarda que, em face às reiteradas graves denúncias de utilização de propina na campanha da presidente, as investigações ocorram. Até para que ela possa de defender".
Num ponto, porém, os dois presidenciáveis tucanos são absolutamente iguais: a mesma veemência com que defendem investigações contra o PT eles não mostram na hora de falar das denúncias contra o PSDB, sempre relegadas aos pés de página e escondidas no noticiário.
Quando os mesmos repórteres perguntaram ao governador sobre o envolvimento do nome do senador paulista Aloysio Nunes, que foi candidato a vice na chapa de Aécio, no mesmo inquérito do STF, e pelas mesmas razões, o governador saiu-se pela tangente de sempre: "Investigação é para todos, mas ele já se defendeu" - como se os outros citados na delação do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, também já não houvessem se defendido.
Antes de se retirar, Alckmin ainda procurou pontificar como estadista: "É o momento de grandes reformas e de se repensar o Estado que não cabe no PIB". Fiel ao modo tucano de fazer política, só não disse quais reformas são essas nem como o Estado deve ser repensado.
Aguarda-se agora a divulgação das próximas pesquisas presidenciais para sabermos como ficará a distribuição de papéis no poleiro tucano. Outro eterno presidenciável, o também senador paulista José Serra, por enquanto, está só na espreita, para ver no que vai dar este realinhamento entre Alckmin e Aécio no ninho sucessório em que só tem lugar para um deles.
Tucanos são tucanos.
A guinada de Alckmin, o moderado, disposto a abandonar o epíteto de "picolé de chuchu", começou no dia 29 de agosto, em Cuiabá, durante a filiação do governador do Mato Grosso, Pedro Taques. Ao lado de Aécio e outros tucanões, ele mandou ver:
"Temos que nos livrar dessa praga que é o PT. O PT do desemprego, da inflação, dos juros pornográficos e dessa praga do desvio público. Hoje é tempo de honestidade".
Assim do nada, sem aviso prévio, Alckmin mudou sua estratégia mineira de deixar o tempo passar, sem fazer muita marola contra o governo, para esperar a sua vez em 2018, enquanto Aécio entrava de cabeça na campanha do "Fora Dilma", para atear fogo no circo e provocar novas eleições já. Em 16 de agosto, até foi às ruas e subiu num caminhão de som durante as manifestações de protesto em Belo Horizonte.
Como viu que estava pegando mal este seu açodamento em defesa do impeachment da presidente, até entre as próprias lideranças tucanas, a começar por Fernando Henrique Cardoso, o neto de Tancredo deu uma recuada, saiu de cena e terceirizou os ataques mais radicais para o deputado federal paulista Carlos Sampaio, uma mistura de black bloc com pit bull da bancada do PSDB na Câmara.
Depois de desfilar num jipe do Exército durante a parada de 7 de setembro em São Paulo, o novo Alckmin continuou na ofensiva e disparou: "A República não aceita rapinagem e não aceita mentira". Ao ser perguntado por jornalistas se a abertura de inquérito pelo STF contra dois ministros de Dilma envolvia a campanha da presidente em 2014 na Operação Lava Jato, respondeu de bate pronto: "Entendo que sim. O que eu tenho defendido é investigar, de maneira profunda, seriamente, rapidamente e, depois, cumprir a Constituição".
Como presidente do PSDB, Aécio Neves, por sua vez, soltou uma nota em que se limita a dizer que "a lei foi feita para ser cumprida por todos, em especial por quem deveria dar o exemplo. Não apenas as oposições, mas a sociedade, aguarda que, em face às reiteradas graves denúncias de utilização de propina na campanha da presidente, as investigações ocorram. Até para que ela possa de defender".
Num ponto, porém, os dois presidenciáveis tucanos são absolutamente iguais: a mesma veemência com que defendem investigações contra o PT eles não mostram na hora de falar das denúncias contra o PSDB, sempre relegadas aos pés de página e escondidas no noticiário.
Quando os mesmos repórteres perguntaram ao governador sobre o envolvimento do nome do senador paulista Aloysio Nunes, que foi candidato a vice na chapa de Aécio, no mesmo inquérito do STF, e pelas mesmas razões, o governador saiu-se pela tangente de sempre: "Investigação é para todos, mas ele já se defendeu" - como se os outros citados na delação do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, também já não houvessem se defendido.
Antes de se retirar, Alckmin ainda procurou pontificar como estadista: "É o momento de grandes reformas e de se repensar o Estado que não cabe no PIB". Fiel ao modo tucano de fazer política, só não disse quais reformas são essas nem como o Estado deve ser repensado.
Aguarda-se agora a divulgação das próximas pesquisas presidenciais para sabermos como ficará a distribuição de papéis no poleiro tucano. Outro eterno presidenciável, o também senador paulista José Serra, por enquanto, está só na espreita, para ver no que vai dar este realinhamento entre Alckmin e Aécio no ninho sucessório em que só tem lugar para um deles.
Tucanos são tucanos.
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