Por Marcelo Zero
Muitos riram do ridículo vídeo, no qual o inacreditável chanceler Serra aparece como um estudante secundarista relapso que não sabe apontar as correspondências das letras do acrônimo BRICS com os países que compõem o famoso grupo.
Eu não. Fiquei chocado. Teria rido muito, caso fosse uma criança ou um adolescente preguiçoso, desses que gostam de cabular aulas. Mas Serra é o atual chanceler do Brasil. Goste-se ou não, ele representa o nosso país.
Não se trata aqui de um tema difícil, árido, só entendido por especialistas. O grupo dos BRICS é muito conhecido. Qualquer pessoa com um mínimo conhecimento, dessas que leem jornais ocasionalmente, sabe o que BRICS significa. Crianças sabem.
Ter um chanceler que não sabe direito o que BRICS significa é extremamente embaraçoso. É como ter um ministro da Fazenda que não sabe direito quem foi Celso Furtado, um presidente do Banco Central que não domina os mistérios da taxa Selic ou um ministro da Educação que não sabe o que são o Prouni e o Fies. É grave, muito grave.
É claro que um ministro de Estado não precisa dominar todos os temas de sua pasta, mas tem de saber o básico, o mínimo sobre os temas principais que estão sob sua alçada. No caso do ministro das Relações Exteriores, a responsabilidade aumenta muito, pois ele tem de defender pessoalmente os interesses do Brasil em negociações e foros internacionais. Essa é uma tarefa indelegável. Não pode ser repassada a assessores ou subordinados.
Por isso, preocupa muito a abissal queda de qualidade na condução de nosso MRE. Na época de Lula, que muitos criticavam por não ter educação formal, o Brasil tinha Celso Amorim, um brilhante diplomata de carreira, que revolucionou nossa política externa.
Com efeito, sob sua gestão o Brasil diversificou suas parcerias estratégicas, investiu no Mercosul e na integração regional, adensou sobremaneira a Cooperação Sul-Sul e expandiu sua presença na África, na Ásia e no Oriente Médio. Sob sua batuta, o país teve papel decisivo na criação da Unasul, da Celac e do próprio grupo dos BRICS, contribuindo para construção de um mundo mais multipolar e menos assimétrico. Em sua gestão, o país acumulou vultosos superávits, que eliminaram nossa dívida externa, e um enorme prestígio internacional, que alçou o Brasil à condição de ator internacional de primeira linha. Lula tornou-se um líder mundial, cuja presença era disputada em todos grandes foros e colocada sempre no centro das fotos oficiais. Celso Amorim foi escolhido como o melhor chanceler do mundo pela prestigiada revista Foreign Policy.
Agora, temos um chanceler que não sabe o que é BRICS. Mas não saber o que é BRICS é só a ponta de um iceberg de desconhecimento. Serra não entende nada de política externa. Nada, mesmo.
O chanceler do governo golpista apenas reproduz o senso comum imbecilizado sobre o assunto, os clichês preferidos da imprensa reacionária.
Sua cruzada desinformada contra o Mercosul e a integração regional é patética. Esse bloco, assim como a Associação Latino-Americana de Integração (ALADI) que o engloba, é vital para interesses do Brasil, principalmente para os interesses da indústria brasileira, já que 92% das nossas exportações para lá estão constituídas por produtos manufaturados. Além disso, entre 2002 e 2014, o Mercosul nos deu um extraordinário saldo positivo de mais de US$ 90 bilhões, sendo que com a ALADI, que o inclui, tivemos um saldo de US$ 137,2 bilhões. Tal saldo foi superior ao obtido à soma dos obtidos com EUA, a União Europeia e o BRICS.
Mesmo assim, a estratégia de Serra é a da desconstrução do bloco, a eliminação de sua união aduaneira, de modo criar uma espécie de Alcasul, uma mera área de livre comércio, na qual os Estados Partes poderiam assinar acordos de livre comércio com os EUA, a UE, etc. de forma independente.
No campo geopolítico, isso significará a volta da inclusão do Brasil e dos demais países signatários na órbita estratégica dos EUA. No âmbito do bloco, isso implicará o abandono da construção de um mercado comum, de uma cidadania comum, tornando totalmente sem sentido instituições supranacionais, como o Parlamento do Mercosul, por exemplo. Em termos comerciais e econômicos, tal fato redundará na perda de um mercado cativo de enorme importância para o país. Mais que um tiro no pé, será um tiro no peito da nossa economia.
A ofensiva de Serra contra a presidência da Venezuela no bloco, em confronto com o Tratado de Assunção e o Protocolo de Ouro Preto, faz parte dessa estratégia. Também faz parte dessa estratégia a prometida extinção de alguns instrumentos vitais para o bloco, como o FOCEM (o fundo de investimentos do bloco) e o Instituto Social do Mercosul. Sob Serra, o Mercosul parou. É um morto-vivo à espera de sua dissolução definitiva.
O pior, contudo, é a forma truculenta como Serra opera. Ele reproduz, no campo externo, a truculência com que o golpe opera no campo interno.
No Uruguai, sabe-se bem como foi obtida a aquiescência desse país à inaudita presidência colegiada que alijou a Venezuela. O Uruguai foi ameaçado de diversas formas. Serra ameaçou proibir algumas exportações importantes do Uruguai, como a de laticínios. Ademais, ameaçou também instituir um acordo de complementação econômica exclusivamente entre Brasil, Argentina e Paraguai, excluindo, na prática, o Uruguai do Mercosul. Acenou-se até mesmo com a compra das consciências uruguaias.
Serra não sabe o que é BRICS, mas sabe manejar, como Theodore Roosevelt, um grande porrete. Seu compromisso estratégico com os EUA, o leva a reproduzir, em nosso âmbito regional, a metodologia que Bush usava em âmbito mundial. Serra não faz diplomacia, um conceito que escapa a sua compreensão. Serra faz bullying internacional. Desde que assumiu, distribui coices e impropérios contra todos que questionam o golpe ao qual serve: OEA, Unasul, El Salvador, Nicarágua, Bolívia, Equador e até mesmo a ONU. Um diplomata nato, um talento raro a serviço da desconstrução da imagem do Brasil no exterior.
Nesse sentido, sua ignorância é o adorno necessário a sua truculência. Não sabe o que BRICS, não sabe o que é Mercosul, não sabe como funciona a OEA e seu sistema de proteção aos direitos humanos, que vai condenar o golpe. Só sabe que precisa alinhar ao Brasil aos EUA e privatizar o pré-sal. Na realidade, é só o que precisa saber. Quem usa o argumento da força não precisa da força dos argumentos.
Por tudo isso, o vídeo de Serra choca, amedronta. É como constatar que entregaram a condução de um ônibus escolar a um bêbado. Seu besteirol ridículo está serviço de uma política externa truculenta e estrategicamente míope.
Acabar com o Mercosul, com a integração regional, com a aproximação à África, com a participação do Brasil no BRICS etc. tem pouca graça. Mas acabar com o Brasil grande e soberano não tem graça nenhuma.
O Besteirol Ridículo do Inacreditável Chanceler Serra (BRICS) é uma grande tragédia para o Brasil.
Muitos riram do ridículo vídeo, no qual o inacreditável chanceler Serra aparece como um estudante secundarista relapso que não sabe apontar as correspondências das letras do acrônimo BRICS com os países que compõem o famoso grupo.
Eu não. Fiquei chocado. Teria rido muito, caso fosse uma criança ou um adolescente preguiçoso, desses que gostam de cabular aulas. Mas Serra é o atual chanceler do Brasil. Goste-se ou não, ele representa o nosso país.
Não se trata aqui de um tema difícil, árido, só entendido por especialistas. O grupo dos BRICS é muito conhecido. Qualquer pessoa com um mínimo conhecimento, dessas que leem jornais ocasionalmente, sabe o que BRICS significa. Crianças sabem.
Ter um chanceler que não sabe direito o que BRICS significa é extremamente embaraçoso. É como ter um ministro da Fazenda que não sabe direito quem foi Celso Furtado, um presidente do Banco Central que não domina os mistérios da taxa Selic ou um ministro da Educação que não sabe o que são o Prouni e o Fies. É grave, muito grave.
É claro que um ministro de Estado não precisa dominar todos os temas de sua pasta, mas tem de saber o básico, o mínimo sobre os temas principais que estão sob sua alçada. No caso do ministro das Relações Exteriores, a responsabilidade aumenta muito, pois ele tem de defender pessoalmente os interesses do Brasil em negociações e foros internacionais. Essa é uma tarefa indelegável. Não pode ser repassada a assessores ou subordinados.
Por isso, preocupa muito a abissal queda de qualidade na condução de nosso MRE. Na época de Lula, que muitos criticavam por não ter educação formal, o Brasil tinha Celso Amorim, um brilhante diplomata de carreira, que revolucionou nossa política externa.
Com efeito, sob sua gestão o Brasil diversificou suas parcerias estratégicas, investiu no Mercosul e na integração regional, adensou sobremaneira a Cooperação Sul-Sul e expandiu sua presença na África, na Ásia e no Oriente Médio. Sob sua batuta, o país teve papel decisivo na criação da Unasul, da Celac e do próprio grupo dos BRICS, contribuindo para construção de um mundo mais multipolar e menos assimétrico. Em sua gestão, o país acumulou vultosos superávits, que eliminaram nossa dívida externa, e um enorme prestígio internacional, que alçou o Brasil à condição de ator internacional de primeira linha. Lula tornou-se um líder mundial, cuja presença era disputada em todos grandes foros e colocada sempre no centro das fotos oficiais. Celso Amorim foi escolhido como o melhor chanceler do mundo pela prestigiada revista Foreign Policy.
Agora, temos um chanceler que não sabe o que é BRICS. Mas não saber o que é BRICS é só a ponta de um iceberg de desconhecimento. Serra não entende nada de política externa. Nada, mesmo.
O chanceler do governo golpista apenas reproduz o senso comum imbecilizado sobre o assunto, os clichês preferidos da imprensa reacionária.
Sua cruzada desinformada contra o Mercosul e a integração regional é patética. Esse bloco, assim como a Associação Latino-Americana de Integração (ALADI) que o engloba, é vital para interesses do Brasil, principalmente para os interesses da indústria brasileira, já que 92% das nossas exportações para lá estão constituídas por produtos manufaturados. Além disso, entre 2002 e 2014, o Mercosul nos deu um extraordinário saldo positivo de mais de US$ 90 bilhões, sendo que com a ALADI, que o inclui, tivemos um saldo de US$ 137,2 bilhões. Tal saldo foi superior ao obtido à soma dos obtidos com EUA, a União Europeia e o BRICS.
Mesmo assim, a estratégia de Serra é a da desconstrução do bloco, a eliminação de sua união aduaneira, de modo criar uma espécie de Alcasul, uma mera área de livre comércio, na qual os Estados Partes poderiam assinar acordos de livre comércio com os EUA, a UE, etc. de forma independente.
No campo geopolítico, isso significará a volta da inclusão do Brasil e dos demais países signatários na órbita estratégica dos EUA. No âmbito do bloco, isso implicará o abandono da construção de um mercado comum, de uma cidadania comum, tornando totalmente sem sentido instituições supranacionais, como o Parlamento do Mercosul, por exemplo. Em termos comerciais e econômicos, tal fato redundará na perda de um mercado cativo de enorme importância para o país. Mais que um tiro no pé, será um tiro no peito da nossa economia.
A ofensiva de Serra contra a presidência da Venezuela no bloco, em confronto com o Tratado de Assunção e o Protocolo de Ouro Preto, faz parte dessa estratégia. Também faz parte dessa estratégia a prometida extinção de alguns instrumentos vitais para o bloco, como o FOCEM (o fundo de investimentos do bloco) e o Instituto Social do Mercosul. Sob Serra, o Mercosul parou. É um morto-vivo à espera de sua dissolução definitiva.
O pior, contudo, é a forma truculenta como Serra opera. Ele reproduz, no campo externo, a truculência com que o golpe opera no campo interno.
No Uruguai, sabe-se bem como foi obtida a aquiescência desse país à inaudita presidência colegiada que alijou a Venezuela. O Uruguai foi ameaçado de diversas formas. Serra ameaçou proibir algumas exportações importantes do Uruguai, como a de laticínios. Ademais, ameaçou também instituir um acordo de complementação econômica exclusivamente entre Brasil, Argentina e Paraguai, excluindo, na prática, o Uruguai do Mercosul. Acenou-se até mesmo com a compra das consciências uruguaias.
Serra não sabe o que é BRICS, mas sabe manejar, como Theodore Roosevelt, um grande porrete. Seu compromisso estratégico com os EUA, o leva a reproduzir, em nosso âmbito regional, a metodologia que Bush usava em âmbito mundial. Serra não faz diplomacia, um conceito que escapa a sua compreensão. Serra faz bullying internacional. Desde que assumiu, distribui coices e impropérios contra todos que questionam o golpe ao qual serve: OEA, Unasul, El Salvador, Nicarágua, Bolívia, Equador e até mesmo a ONU. Um diplomata nato, um talento raro a serviço da desconstrução da imagem do Brasil no exterior.
Nesse sentido, sua ignorância é o adorno necessário a sua truculência. Não sabe o que BRICS, não sabe o que é Mercosul, não sabe como funciona a OEA e seu sistema de proteção aos direitos humanos, que vai condenar o golpe. Só sabe que precisa alinhar ao Brasil aos EUA e privatizar o pré-sal. Na realidade, é só o que precisa saber. Quem usa o argumento da força não precisa da força dos argumentos.
Por tudo isso, o vídeo de Serra choca, amedronta. É como constatar que entregaram a condução de um ônibus escolar a um bêbado. Seu besteirol ridículo está serviço de uma política externa truculenta e estrategicamente míope.
Acabar com o Mercosul, com a integração regional, com a aproximação à África, com a participação do Brasil no BRICS etc. tem pouca graça. Mas acabar com o Brasil grande e soberano não tem graça nenhuma.
O Besteirol Ridículo do Inacreditável Chanceler Serra (BRICS) é uma grande tragédia para o Brasil.
Alguém confirma que ele aparece pra trabalhar depois do meio dia, e no meio da tarde tira um cochilo numa salinha do MRE e que contratou o mordomo para chancelaria?
ResponderExcluirSem condição. Tem dúvida que é um fascista. Se continuar ele no cargo que está seremos uma rota do terrorismo por alinharmos com o E.U. e lutarmos contra o terror. É o que ele quer. Onde ponha mão, ele, destrói. Isso ele emntende, pois construir é mais difícil mesmos porque precisa de sabedoria o que ele não tem.; Pensa só no mau, destruição, traição, do tipo "eu quero me dar bem, f...do resto.". Mas eu acredito que el vai encontrar um igual a ele pela frente que vai ..........
ResponderExcluirNão esqueça do Ministro da Educação Fernando Haddad.
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