terça-feira, 18 de abril de 2017

MP de SP e as delações contra os tucanos

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Na semana passada, o Brasil tomou um choque de realidade com a descoberta tardia de que os políticos que vinham posando de virgens escandalizadas com a zona de meretrício não passam de hipócritas desavergonhados que contavam com a proteção da mídia e da direita fundamentalista que controla o Judiciário e a Lava Jato.

Acontece que vinha ficando chato. Ninguém é tão trouxa de acreditar que só existem corruptos no PT e nos partidos que se aliaram ao PT. Foi preciso entregar os anéis (suspeitos tucanos) para salvar os dedos (a destruição do PT e de Lula).

Aécio, sim, vai ser o primeiro a ser comido, como dizia Romero Jucá. Será imolado para pegarem Lula. E talvez tenham que entregar Serra também.

FHC e Alckmin, só em último caso.

Isso não é motivo de comemoração. Sabe por que, leitor? Porque estão usando bodes expiatórios. Querem substituir essa classe política desgastada por uma casta de inimputáveis que vem por aí.

Promotores e policiais federais estão sendo docemente convencidos a entrar na política. E vão entrar. Todos eles.

Chegarão ao poder ostentando ligações com o Judiciário, com as polícias, com o Ministério Público e terão gás para fazer o que quiserem por um longo tempo, até que o país descubra que colocou no poder gente sem compromisso com a sociedade e que almeja altos salários, poder e estrelato.

E dane-se o social, a desigualdade, a miséria.

Enquanto isso, a pobreza e a desigualdade continuarão tocando fogo no país. A crise social que estão construindo ao manterem o país em crise econômica por tanto tempo vai jogar o Brasil em uma guerra civil.

Ou melhor, em uma revolução francesa.

Os mauricinhos empertigados, com seus colarinhos brancos como a neve vão descobrir que linchamento de políticos não enche barrigas. O povo quer emprego, quer melhorar de vida, quer viver e consumir como a elite branca. Ou de forma parecida.

Experimentou consumismo, experimentou dignidade na era Lula e aquele tempo não vai lhe sair da memória.

A corrupção? Ora, a corrupção. Alguém acha mesmo que os “super-heróis” que estão prendendo os “super-vilões” da política pertencem a uma espécie angelical infensa à corrupção?

Não tem corrupção no Judiciário? Pergunte a Eliana Calmon, ministra aposentada do Superior Tribunal de Justiça, ex-corregedora nacional de Justiça. Em entrevista à Folha de São Paulo ela explicou muito bem quanta podridão há nesse poder.

E o Ministério Público? Para mensurar quanta corrupção há no Ministério Público basta ver os casos José Serra e Geraldo Alckmin

O executivo Fabio Gandolfo, um dos delatores da Odebrecht na Operação Lava Jato, afirmou que o senador José Serra (PSDB-SP) recebeu R$ 4,67 milhões em 2004 sobre obras da Linha 2-Verde do Metrô de São Paulo.

Investigado há três anos, o esquema de formação de cartel em contratos de trem e metrô do governo do Estado de São Paulo não levou ninguém para a prisão até agora. O Ministério Público denunciou cerca de 30 pessoas, entre empresários, lobistas e ex-funcionários das estatais paulistas que cuidam do transporte sobre trilhos em oito processos diferentes.

Todavia, as ações que investigam a participação de políticos no esquema não provocaram a acusação formal de nenhuma pessoa. Ou seja: NENHUM POLÍTICO FOI ACUSADO.

Para o Ministério Público de São Paulo, o ex-governador José Serra e o governador Geraldo Alckmin “não sabiam” da roubalheira de BILHÕES no metrô e na CPTM.

O cartel dos trens foi descoberto após uma mudança no comando da multinacional Siemens, que decidiu assinar um acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 2013, denunciando as irregularidades que aconteceram desde 1995, durante os governos dos tucanos Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin.

Durante as mais de duas décadas que os tucanos governam São Paulo, BILHÕES DE REAIS foram surrupiados dos cofres paulistas e os governadores “não perceberam”.

Há, ainda, o escândalo do Rodoanel. São bilhões e bilhões de reais a mais cobrados dos cofres públicos. O Ministério Público não viu nenhuma responsabilidade de políticos. Mais uma vez, só técnicos e empresas indiciados.

Acima de tudo, as delações da Odebrecht que implicam José Serra e Geraldo Alckmin são um atestado ou de incompetência ou de corrupção do Ministério Público de São Paulo, que conduz, há décadas, pseudo investigações sobre roubalheiras ferroviárias e rodoviárias no Estado e jamais teve a curiosidade de se perguntar se os governadores de plantão tinham responsabilidade.

Como se vê, a iniciativa de espertalhões como Marina Silva de levar membros do MP, das polícias ou do Judiciário para a política resultará na troca de seis por meia dúzia.

Como esta página vinha dizendo, a Lava Jato tem sido ruim para o país por vários fatores. Primeiro, por restringir as acusações de corrupção aos inimigos da elite branca dominante – petistas. Segundo, por preservar setores notoriamente infestados pela corrupção como Judiciário, polícias, Ministério Público.

As acusações a tucanos são tardias e só não direi insuficientes porque as prisões que atingem só ao PT e a aliados não são um caminho correto, pois violam o direito de defesa e o princípio de presunção da inocência. Mas as acusações a políticos blindados pelo MP de SP e pela mídia não passam de marketing, voltado a criar a ilusão de que a Lava Jato investiga sem viés político.

Para emoldurar esse quadro dantesco, a sociedade termina a semana esbofeteada por pilantras, gente imoral, sem vergonha na cara que ousa afrontar a todos nós com sorrisos estampados em suas caras-duras.

Ao longo da semana passada, os telejornais mostraram os rostos sorridentes como os desses dois picaretas da foto abaixo [aqui].

Do que riem esses sujeitos? Do mal que causaram a dezenas de milhões de brasileiros humildes que mal e porcamente sobrevivem com serviços públicos precários, muitas vezes sem saneamento básico, sem escolas decentes, sem hospitais humanizados, sem vias seguras para se locomoverem…

O cinismo desses sujeitos se conecta com o de autoridades que nos fazem de idiotas ao tentarem restringir a corrupção desbragada que esmaga este país e que não está no PT, no PSDB ou no Ministério Público e, sim, na alma do brasileiro, acostumado a querer, sempre, levar vantagem em tudo.

Não existe povo ético com homens públicos corruptos. Estes vêm daquele. A corrupção não é “dus puliticu”, é de um povo que precisa entender o sentido de coletividade, de que não existe país bom para alguns e péssimo para todos. O Brasil só será um país bom para se viver quando houver liberdade, igualdade e fraternidade por aqui.

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