sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Bolsonaro e o conservador do Alabama

Por Antonio Barbosa Filho, em seu blog:

Com um discurso muito parecido ao de Jair Bolsonaro – contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, os direitos dos gays e anti-imigrantes, especialmente muçulmanos – o juiz conservador Roy Moore conseguiu uma façanha histórica: perder uma eleição para o Senado no estado do Alabama, que está para os republicanos como São Paulo está para os tucanos. Assim como o PSDB governa São Paulo há 24 anos, os republicanos não perdiam uma eleição no Alabama há 25.

A diferença não foi grande, apenas 20 mil votos, 1,4% do eleitorado. E também como o tucano Aécio Neves, o perdedor recusou-se a reconhecer a derrota, ameaçando pedir uma recontagem de votos. Roy Moore deu uma coletiva em que citou Deus várias vezes, recitou versículos da Bíblia, tudo para afirmar que não acreditava no resultado. Seu cristianismo (outra semelhança com a extrema-direita brasileira) contrasta com sua folha corrida: acusado por sete mulheres de tê-las assediado sexualmente, duas delas menores de idade na ocasião dos fatos.

Moore não era o candidato preferido da cúpula republicana nas prévias do partido, mas teve forte apoio da rede de TV Fox (maior produtora de fake news na mídia norte-americana) e de pastores evangélicos fundamentalistas. Na campanha, o candidato tentou usar o mesmo discurso de ódio às minorias que levou Trump à vitória. Sempre usando o nome de Deus, ele disse que muçulmanos não deveriam ocupar lugar no Congresso; que o homossexualismo deveria ser ilegal; e que a lei da Sharia está em vigor nos EUA!

No próprio dia da eleição, seu apoiador Jake Tapper deu uma entrevista à CNN, na qual afirmou que os muçulmanos não podem ocupar cargo no Congresso porque não fariam juramento sobre a Bíblia. O apresentador respondeu que a Constituição não exige nenhuma Bíblia, que o juramento poderia ser feito sobre qualquer texto religioso, ou sobre texto algum! O entrevistado calou a boca.
O vencedor

Doug Jones, o democrata eleito pelo Alabama, defendeu um programa totalmente inverso ao de Trump e de seu adversário Roy Moore: apóia o HealthCare (sistema de saúde pública que ficou conhecido como ObamaCare); educação igual e acessível para todas as crianças (o racismo ainda existe fortemente no Alabama); recursos para as ciências e ações sobre a mudança climática; salários iguais para homens e mulheres; e valorização da diversidade, com “boas-vindas às contribuições de todos”, um aceno de respeito aos imigrantes.

Um dos fatores que contribuíram para a histórica vitória foi o voto das mulheres negras, simpatizantes do partido Democrata: nesse contingente, Doug Jones teve incríveis 98,2% dos votos!

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