Por Marcos Sacramento, no blog Diário do Centro do Mundo:
O anúncio da intervenção federal no Rio de Janeiro encheu o noticiário e as redes sociais de indagações a respeito das intenções de Temer. Há análises que veem um movimento no tabuleiro do jogo da reforma da Previdência.
Outras, exageradas, consideram o primeiro passo da jornada rumo à intervenção militar na Venezuela.
Entre hipóteses factíveis e fantasiosas, a única certeza é a inépcia presidencial para encarar o problema da violência urbana. Defeito, aliás, que não é exclusivo de Temer e sua gangue.
A ideia da força como único recurso para combater o crime é tão comum entre políticos e gestores públicos quanto os ternos azul-marinho.
Não interessa que as experiências passadas tenham comprovado a ineficácia da fórmula. Entra ano e sai ano o país é bombardeado com notícias de mortes por balas perdidas, arrastões, latrocínios, traficantes com armas de guerra, policiais mortos e suspeitos executados no Rio de Janeiro.
O cenário é parecido em outros estados, assim como as medidas para enfrentar o problema, com ênfase nos mecanismos de repressão e vigilância, como operações policiais e instalação de sistemas de videomonitoramento.
Projetos de prevenção focados na inclusão social, quando existem, ficam reféns das mudanças políticas.
Não raro programas são interrompidos assim que um novo governo assume, sob a justificativa de que apresentavam falhas e diante da promessa de implantação de um projeto “inovador” de prevenção à criminalidade.
A violência urbana é um problema com muitas causas: desigualdade social, educação pública precária, corrupção policial, falta de políticas sociais para a infância e a juventude, consumismo, desemprego, entre vários outros.
Índices de homicídios elevados em bairros onde o esgoto corre a céu aberto em contraponto às escassas mortes em bairros bem cuidados de ruas arborizadas e calçadas largas não são coincidências.
Assim como não é uma simples escolha que leva um jovem a trabalhar no tráfico mesmo sabendo que em poucos anos estará morto ou preso.
Os exemplos mostram como a questão é complexa. Envolve tanto a área de infraestrutura urbana quanto a Psicologia.
Para os donos do poder, contudo, a única alternativa é o uso da força policial, aquilo que a especialista em segurança pública Jacqueline Muniz chamou, em entrevista à Globo News, de “efeito espanta barata, sobe e desce morro”.
Claro que as operações policiais são importantes, mas sem políticas de prevenção elas se tornam um ciclo eterno de apreensões, prisões e mortes.
Acontece que para reprimir basta juntar a tropa, ir para os lugares de sempre e pegar os suspeitos de sempre. Prevenção é outra história. Exige comprometimento, pensamento a longo prazo e estudo, muito estudo.
Do alto dos seus 77 anos, é impossível que Temer nunca tenha ouvido falar disso. Como idade avançada não significa sabedoria, em vez de estudos ele emprega a teatralidade bélica.
Comprometimento só existe com as próprias vaidades, como na hora de mandar emissários à escola de samba para impedir o desfile do “vampiro-presidente”.
O pensamento a longo prazo dá lugar à criação apressada do Ministério de Segurança Pública, com a missão evasiva de “coordenar a segurança pública em todo o país” e prazo de validade para ser extinto.
Com tantas medidas equivocadas em curtíssimo espaço, não é preciso ser especialista para apostar que a situação do Rio continuará a mesma após a intervenção federal.
Isso se o crime não sair fortalecido.
Outras, exageradas, consideram o primeiro passo da jornada rumo à intervenção militar na Venezuela.
Entre hipóteses factíveis e fantasiosas, a única certeza é a inépcia presidencial para encarar o problema da violência urbana. Defeito, aliás, que não é exclusivo de Temer e sua gangue.
A ideia da força como único recurso para combater o crime é tão comum entre políticos e gestores públicos quanto os ternos azul-marinho.
Não interessa que as experiências passadas tenham comprovado a ineficácia da fórmula. Entra ano e sai ano o país é bombardeado com notícias de mortes por balas perdidas, arrastões, latrocínios, traficantes com armas de guerra, policiais mortos e suspeitos executados no Rio de Janeiro.
O cenário é parecido em outros estados, assim como as medidas para enfrentar o problema, com ênfase nos mecanismos de repressão e vigilância, como operações policiais e instalação de sistemas de videomonitoramento.
Projetos de prevenção focados na inclusão social, quando existem, ficam reféns das mudanças políticas.
Não raro programas são interrompidos assim que um novo governo assume, sob a justificativa de que apresentavam falhas e diante da promessa de implantação de um projeto “inovador” de prevenção à criminalidade.
A violência urbana é um problema com muitas causas: desigualdade social, educação pública precária, corrupção policial, falta de políticas sociais para a infância e a juventude, consumismo, desemprego, entre vários outros.
Índices de homicídios elevados em bairros onde o esgoto corre a céu aberto em contraponto às escassas mortes em bairros bem cuidados de ruas arborizadas e calçadas largas não são coincidências.
Assim como não é uma simples escolha que leva um jovem a trabalhar no tráfico mesmo sabendo que em poucos anos estará morto ou preso.
Os exemplos mostram como a questão é complexa. Envolve tanto a área de infraestrutura urbana quanto a Psicologia.
Para os donos do poder, contudo, a única alternativa é o uso da força policial, aquilo que a especialista em segurança pública Jacqueline Muniz chamou, em entrevista à Globo News, de “efeito espanta barata, sobe e desce morro”.
Claro que as operações policiais são importantes, mas sem políticas de prevenção elas se tornam um ciclo eterno de apreensões, prisões e mortes.
Acontece que para reprimir basta juntar a tropa, ir para os lugares de sempre e pegar os suspeitos de sempre. Prevenção é outra história. Exige comprometimento, pensamento a longo prazo e estudo, muito estudo.
Do alto dos seus 77 anos, é impossível que Temer nunca tenha ouvido falar disso. Como idade avançada não significa sabedoria, em vez de estudos ele emprega a teatralidade bélica.
Comprometimento só existe com as próprias vaidades, como na hora de mandar emissários à escola de samba para impedir o desfile do “vampiro-presidente”.
O pensamento a longo prazo dá lugar à criação apressada do Ministério de Segurança Pública, com a missão evasiva de “coordenar a segurança pública em todo o país” e prazo de validade para ser extinto.
Com tantas medidas equivocadas em curtíssimo espaço, não é preciso ser especialista para apostar que a situação do Rio continuará a mesma após a intervenção federal.
Isso se o crime não sair fortalecido.
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