sexta-feira, 30 de março de 2018

Fórmula 1 atropela a TV Globo

Por Altamiro Borges

Em matéria postada no UOL na quarta-feira (28), o colunista Ricardo Feltrin informa que “a Globo já tem um problemão para resolver este ano. Um de seus produtos mais caros e expostos, a Fórmula 1, começou mal em audiência. Pela primeira vez desde 1970 não há nenhum piloto brasileiro na pista. A primeira prova, vencida por Sebastian Vettel, registrou apenas 4,4 pontos de média na Grande São Paulo – principal mercado publicitário do país. Segundo levantamento da coluna, trata-se do menor índice de todos os tempos – desde que as corridas começaram a ser transmitidas aos domingos e medidas pelo Ibope... Para efeitos de comparação, em 2000 a primeira corrida da temporada deu 26,0 pontos à Globo”.

Este “problemão” pode agravar ainda mais a situação financeira da emissora. A Fórmula 1 é um de seus produtos mais caros. “Estima-se que todas as cotas de patrocínio devam custar cerca de R$ 500 milhões anuais aos anunciantes ‘master’. Parece muito e é, mas cada marca-cotista da F1 na Globo aparecerá o ano todo em horário nobre, em várias chamadas semanais no ‘Jornal Nacional’ – o produto mais prestigioso da casa. Mesmo assim, as corridas são fundamentais para a exposição das marcas. Este ano Itaipava, NET, Nívea, Renault, Santander e Tim são os patrocinadores oficiais da modalidade”. Com a queda crescente de audiência, esta “mina de ouro” pode se esgotar, o que reduzirá ainda mais as receitas da emissora.

Em recente artigo, Samuel Possebon, do site Tele Time, revelou que a saúde financeira do império global não está bem. “Saiu o balanço do Grupo Globo referente ao ano de 2017. Conforme este noticiário havia antecipado, pela primeira vez a TV Globo teve resultado operacional negativo, numa combinação de queda de receitas que não foram acompanhadas por uma redução proporcional nos custos (possivelmente por conta da contabilização dos custos de direitos para a Copa do Mundo). De qualquer maneira, considerando os resultados financeiros, o grupo ainda teve um lucro bastante significativo, praticamente estável em relação ao ano de 2016. A novidade é que a distribuição de dividendos aos acionistas despencou no ano passado”.

Ainda de acordo com o especialista em mídia, “em termos de receita, houve uma queda expressiva na controladora (TV Globo e operações de Internet), mas também uma queda nas controladas (TV paga e mídia impressa), o que se refletiu no resultado consolidado. A receita líquida da controladora foi de R$ 9,779 bilhões em 2017, contra R$ 10,247 bilhões em 2016. A queda, de 4,5%, se deve ao mercado publicitário, já que a receita líquida considera principalmente os resultados de vendas, publicidades e serviços. Ou seja, a Globo teve uma perda de R$ 468 milhões. Considerando o resultado consolidado (incluindo TV paga e mídia impressa) a queda na receita foi um pouco maior, de R$ 531 milhões, totalizando em 2017 uma receita líquida de R$ 14,801 bilhões (contra R$ 15,332 bilhões em 2016, o que significa uma queda de 3,4%)”.

"Mesmo com a queda no mercado de TV por assinatura, a piora no resultado da Globo se explica principalmente pela retração (ou maior concorrência) no mercado publicitário. A boa notícia é que o ritmo de queda de receitas do grupo desacelerou em relação a 2015 e 2016, quando vinha ficando na casa dos 10%... Os custos da controladora permaneceram praticamente estáveis, com um leve aumento nas despesas administrativas, o que levou a Globo a um resultado operacional líquido negativo em R$ 83,3 milhões, contra um resultado positivo em 2016 de R$ 191 milhões. Esta queda no resultado operacional já vinha sendo sentida nos últimos três anos, mas é a primeira vez que um resultado negativo é registrado na controladora”.

Esta queda na receita ainda não abala o império global, mas já causa dores de cabeça aos filhos de Roberto Marinho, que não têm nome próprio – como ironiza o blogueiro Paulo Henrique Amorim. “A Globo tem um patrimônio e caixa acumulados que asseguram um importante resultado nas receitas financeiras, o que faz com que o grupo apresente lucro, mas é importante notar que houve, de 2016 para 2017, uma queda expressiva nas receitas financeiras, possivelmente em decorrência da distribuição de dividendos ocorrida em 2016. Em 2017, a receita financeira consolidada foi de R$ 943,4 milhões, contra R$ 1,617 bilhão em 2016, ou seja, uma queda de mais de 41%”, aponta Samuel Possebon.

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