sábado, 21 de setembro de 2019

RJ não marcha por Ágatha, executada pela PM

Da série: Quantos Marielle ainda vai ter de receber?
Por Kiko Nogueira, no Diário do Centro do Mundo:

O Rio de Janeiro deveria estar na rua em protesto contra o assassinato da menina Ágatha Félix, 8 anos, pela polícia de Witzel.

No entanto, o Rio de Janeiro está em casa.

Ou melhor, nem todo ele: as pessoas do Complexo do Alemão, onde ela foi baleada, saíram com cartazes.

Tristes, poucas, cansadas, desanimadas, mais do que revoltadas.

O Rio de Janeiro, que elegeu um governador genocida e um prefeito bispo da Universal, não se importa com seus mortos diários.

A mídia e as relações obscenas da Lava-Jato

Do site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

Em 420 páginas e com artigos de 60 autores, o livro Relações obscenas: as revelações do The Intercept/BR (Ed. Tirant Lo Blanch) será lançado no dia 1º de outubro, na sede do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, em São Paulo. Organizado por Wilson Ramos Filho, Maria Inês Nassif, Hugo Cavalcanti Melo Filho e Mirian Gonçalves, a obra conta ainda com ilustrações de Renato Aroeira e prefácio do escritor e jornalista Fernando Morais. Além do lançamento do livro, haverá debate com as participação de Wilson Ramos Filho ("Xixo"), Maria Inês Nassif e Gustavo Conde.

Witzel e o massacre como política

Por Jandira Feghali, no site Vermelho:

O Rio de Janeiro assiste, entre estupefato e impotente, ao verdadeiro caos que tomou o lugar de uma política de segurança que há muito é esperada pela sociedade fluminense. O aumento da atuação de milícias, o despreparo da polícia e um governo que tem na bala a solução para o combate ao crime fazem de nosso estado uma bomba relógio prestes a explodir.

A isso se soma um perigoso discurso de que todos os que moram em favelas, comunidades e em habitações inseguras o fazem conscientes dos riscos e, por isso, suas vidas não importam. Ora, deste discurso equivocado – sustentado pelo racismo estrutural – para as ações em curso no Rio de Janeiro é um pulo.

Bolsonaro, a destruição ambiental e o caos

Charge: Rodrigo de Matos/Cartoon Movement
Por Nilto Tatto, na revista Teoria e Debate:

Estou próximo de completar 40 anos ininterruptos acompanhando de perto, seja como assessor político de entidades, atuando em organizações não governamentais e agora no segundo mandato de deputado federal pelo estado de São Paulo, o arcabouço ambiental no país, os avanços nas políticas públicas de defesa do meio ambiente, limites e debates acalorados apontando contradições entre projetos de desenvolvimento nacional e a necessária preservação ambiental e social, tanto da natureza quanto das comunidades que vivem no entorno de empreendimentos de qualquer tipo. Nesse período, nunca presenciei nada parecido com a sanha destrutiva do governo Bolsonaro em relação ao meio ambiente, o pouco caso com as leis e o salvo-conduto estatal a criminosos ambientais, personificado na figura de seu ministro Ricardo Salles, filiado ao Partido Novo, que de novidade trouxe apenas a aceleração da destruição da Amazônia em índices alarmantes.

O autoritarismo de quem fala mais alto

Por Jason de Lima e Silva, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Já não há como ficar em cima do muro. O insuportável tem nome e sobrenome. Teve urna também. E a utopia da farda, autoritarismo, o reino de Salomão, nada disso salvou o país de coisa alguma, apenas deixou mais claro as suas contradições.

O que nos ensina muita coisa sobre essa terra tão bela e extensa, que já tem, como dizia Villa-Lobos em 1951, “a forma geográfica de um coração”.

Primeiro, há um esquecimento estratégico de sua história. Negar ter havido ditadura, por exemplo, é repetir a obrigação profissional do protagonista de 1984: incinerar os documentos e toda a verdade que pudesse desmoronar o poder estabelecido.


O dia em que entrevistei Lula na prisão

Foto: Ricardo Stuckert
Por Renato Rovai, em seu blog:

Hoje foi um dia bem diferente dos demais do ponto de vista profissional. Eu não passei a noite ansioso, não acordei nervoso, não deu dor de barriga na hora de preparar as perguntas. Nada disso. Mas eu estava meio embaralhado, meio angustiado e até mais triste do que feliz.

Eu acordei umas 6h da manhã para ir à entrevista do presidente Lula. Não é exatamente uma novidade para mim entrevistá-lo. Nunca contei as vezes que o fiz, mas certamente já devem estar perto de 10. Se for contar as pequenas entrevistas, talvez mais de 20 ou 30.

Bacurau: um manifesto revolucionário

Imagem do Facebook: Bacurau
Por Mariana Bicalho e Rafael Leal, no site Carta Maior:

Bacurau é uma distopia cinematográfica extremamente realista. Com pequenas exceções, o recado em Bacurau é direto, sem rodeios ou surrealismos exageradamente metafóricos. Por mais que Kleber Mendonça diga que não quer passar mensagem alguma com seu novo filme, em parceria com Juliano Dorneles, as imagens e o roteiro que saltam aos nossos olhos, com fotografia, edição, trilha sonora e atuações impecáveis, não deixam dúvidas: Bacurau é um manifesto de amor pelo Nordeste, pelo Brasil e, sobretudo, pela libertação nacional.

Bolsonaro vai a ONU contradizer o mundo

Por Fernando Brito, em seu blog:

Por todo o mundo, hoje, multidões se mobilizam contra as mudanças climáticas provocadas pela ação humana.

Até na CNN noticia-se que a questão ganhou tanto peso que "trabalhadores e investidores estão forçando as empresas a agir” sobre a questão, como se viu ontem quando fundos de investimento cobram providências do Brasil sobre as queimadas na Amazônia.

Na terça-feira, Jair Bolsonaro vai à ONU, entrar na contramão disso.

Vai aproveitar uma “belíssima” chance de tornar nosso país mais discriminado perante a comunidade internacional.

Lula não pode ser solto

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

“O mais encoberto
tornou-se o mais manifesto,
todos os velhos
paradoxos do devir reaparecerão
numa nova juventude –
transmutação.”
Deleuze


As formas e o discurso da opressão mudam em cada ciclo da História, mas tem na transmutação a sua permanência essencial. O Promotor que pediu a condenação de Antonio Gramsci disse ao Tribunal Fascista que o julgava, algo como: “façam este cérebro parar de pensar por 20 anos!” O acusador de Nelson Mandela, no Tribunal do “apartheid” pediu ao Juiz – branco e fascista – mais ou menos isso:
“matem esse homem!” Os Promotores da República de Curitiba e o Juiz Moro acertaram na surdina, talvez o seguinte: “vamos tirar Lula da corrida, para que seja Presidente qualquer um, menos ele.” Dizem que “Che” falou ao seu carrasco: “aponta bem, vais matar um Homem!” Cada vítima com seu algoz, cada algoz preparando sua infinita pequenez perante a História, ao deparar-se com indivíduos bem maiores do que ele.

Internet: liberdade é controle

Por Rafael Evangelista, no site Outras Palavras:

Duas palavras vêm permeando o debate sobre o futuro – em grande medida, o presente – da democracia frente ao domínio das grandes plataformas: desordem e desinformação. Grandes conglomerados como Google/Alphabet [1] e Facebook já extrapolaram, faz muito tempo, seu papel como simples empresas de tecnologia – ainda que isso nada tenha de simples. Tornaram-se gigantescos grupos de mídia, de informação e comunicação, responsáveis maiores pelo acesso filtrado do globo ao sistema de notícias e de conhecimento, ao contato que temos com a realidade do mundo para além de nossas experiências pessoais.