sexta-feira, 22 de maio de 2020

No vídeo, é o Bolsonaro-raiz

Por Fernando Brito, em seu blog:

Jair Bolsonaro, se falasse num botequim como fala na reunião do ministério, como se vê no vídeo divulgado por ordem de Celso de Mello, seria expulso sem piedade.

Mas esqueçamos o pequeno dicionário de grosserias e palavrões que ele despeja todo o tempo, o que já bastaria para excluí-lo de qualquer ambiente minimamente civilizado.

O conteúdo é desastroso, imensamente desastroso.

Jair Bolsonaro demonstra que já governa com uma clivagem ideológica e fala, apenas, para seus fanáticos, na linguagem de ódio e agressão igual à dos alucinados que o seguem e pedem o assassínio em massa da população pelo contágio do coronavírus.

Sua ânsia de distribuir armas a estes zumbis enlouquecidos beira a demência.

Os governadores de São Paulo e do Rio são chamados, respectivamente, de “bosta” e “estrume”, embora ambos o tenham apoiado em 2018.

O tal “plano econômico” de Braga Netto e o “mais do mesmo” com que Guedes acenou são, a rigor, nada senão esperar que, entregando e vendendo tudo para imaginários “investidores estrangeiros”, evidentemente inexistentes numa crise que é mundial.

É coisa de delírio dizer que “o Brasil quebrou” e achar que, com isso, alguém vai enterrar dinheiro em massa falida.

Pior, mesmo com os cortes determinados pelo STF, o conteúdo em relação aos chineses, inclusive da própria boca presidencial tem potencial para arruinar as nossas relações com nosso maior parceiro comercial. Foram chamados de invasores e de espiões e receberam a bravata presidencial de que eles “precisam de nós”, quando há excesso de oferta de quase tudo em todo mundo.

Aliás, Guedes dá a sua ajudinha a isso, afirmando que a China teria obrigações de auxiliar o Brasil por conta de “culpa” pela pandemia.

Sei que já esperamos qualquer coisa deste psicopata, mas acho que ninguém, em sã consciência, pode acreditar que a China vá fingir que não entendeu a hostilidade bolsonariana. Pode não passar recibo, mas agirá.

Por fim, ainda faltando assistir alguns trechos, é evidente que viu-se cruamente o perigo da continuidade deste homem à frente do governo e mesmo com o nível abaixo da crítica do nosso parlamento, reações virão.

O impedimento do presidente entra definitivamente em pauta.

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