sexta-feira, 1 de maio de 2020

Discutir calendário de futebol afronta a vida

Por Ricardo Flaitt, no jornal Lance:

Em tempos de terraplanismo, pandemia é gripezinha. Em tempos de pandemia, que colapsa vidas, economias, hospitais, relacionamentos sociais e reordena o mundo do real para o virtual e vice-versa, ainda há quem encontre tempo para discutir calendários de campeonatos, sendo que o sensato, o óbvio mesmo!, no mundo redondo da bola, seria buscar soluções para preservar as vidas de torcedores e jogadores.

E se o Brasil tivesse um governo sério?

Por Bepe Damasco, em seu blog: 

1- Em primeiro lugar, mandaria às favas a economia. A racionalidade econômica seria substituída pela obsessão por salvar vidas. Depois se pensaria em como remendar as finanças. Como Lula tem dito, na guerra do Paraguai o Brasil gastou o equivalente a 11 vezes o orçamento do país à época. E estamos em guerra contra um inimigo potente, traiçoeiro e invisível.

2- A Casa da Moeda estaria emitindo dinheiro para ajudar as pessoas, financiar programas emergenciais do governo federal e socorrer estados e municípios.

3- O presidente da República lideraria os esforços de enfrentamento da pandemia, em articulação permanente com os governadores, prefeitos e o Congresso Nacional. Usaria com frequência as redes sociais e a cadeia nacional de rádio e televisão para fazer balanços e conclamar a população a ficar em casa, como única forma de se achatar a curva de contágio. Com o aumento do número de casos, a quarentena daria lugar ao lockdown, o fechamento total, como fizeram outros países. O chefe da nação prestaria também suas condolências e expressaria solidariedade às famílias enlutadas pela dor da perda de entes queridos.

Presidente da Argentina peita empresários

Por Martín Fernández Lorenzo, no blog Socialista Morena:

Há duas semanas, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, deu uma coletiva de imprensa onde enfrentou o inimigo mais poderoso da quarentena que decretou há um mês: os grandes empresários do país. “Bem, muchachos: chegou sua hora de ganhar menos”, disparou. Dias depois, chamou de “miseráveis” os empresários que demitiram trabalhadores em meio à pandemia de coronavírus, como a construtora Techint, que, no início do mês, deu um pé na bunda de 1500 operários, mesmo com o decreto presidencial proibindo demissões por 60 dias.

Forças democráticas e os desafios do amanhã

Por Roberto Amaral, em seu blog:

O populismo de extrema-direita, que hoje toma o nome de bolsonarismo, não é fruto do acaso, nem jabuticaba em pé de goiabeira: sua emergência responde a uma necessidade do processo político brasileiro, marcado pela presença ativa de setores radicalmente conservadores de nossa sociedade cuja formação deita raízes na escravidão de negros e no genocídio das populações nativas. Somos, desde as origens coloniais, uma sociedade racista e autoritária, de um autoritarismo larvar que pervade todos os escaninhos das relações sociais, econômicas e pessoais. O poder sempre esteve enfeixado nas mãos de uns poucos proprietários brancos, senhores da terra, da liberdade e da vida do “povo”, os outros, o “povaréu”, que hoje os sociólogos prezam chamar de “classes subalternas”. Pois subalternos, população secundarizada, eram todos os não-proprietários.
 

Três cenários para purgatório da política

Por Luís Fernando Vitagliano, no site Brasil Debate:

Para qualquer balanço de governo, neste momento é primordial levar em conta que a base de sustentação da eleição de Bolsonaro e seu domínio técnico das redes sociais permanecem como o grande trunfo do presidente contra qualquer aspirante ao seu cargo. Bolsonaro é o político com maior capacidade de fazer das redes sociais uma ferramenta de popularidade e consegue criar fatos políticos manipulando seus robôs e seus apoiadores. Graças a isso se elegeu presidente, graças a isso aprovou projetos impopulares e também sustenta sua popularidade mesmo depois de vários reveses de governo. Portanto, é preciso entender que nenhum candidato da direita tem tamanha influência, e que Jair Bolsonaro segue sendo a figura principal do banquete político quando se especula sobre 2022.

Por mais lucro, neoliberais atacam sindicatos

Por Caroline Oliveira, no jornal Brasil de Fato:

O Brasil está com o pé na ditadura militar enquanto Otávio faz piquete na porta da fábrica, com um megafone na mão. Seu filho, Tião, metalúrgico de família, ignora o pai e o piquete. Para ele, greve é utopia, uma luta inglória. Sua preocupação é deixar a vida difícil para trás.

Na peça teatral “Eles não usam black-tie”, escrita por Gianfrancesco Guarnieri, estão retratados os conflitos de uma categoria e de duas gerações que parecem viver em mundos diferentes, ainda que iguais.

Projetados os personagens para 2020, Otávio seria o trabalhador que está diante do desafio de reorganização do movimento sindical diante das transformações no capitalismo.

O dinheiro e o mercado

Por Luiz Gonzaga Belluzzo, no blog Nocaute:

Na quarta-feira, 15 de abril, o New York Times apresentou sua perplexidade com as iniciativas do Federal Reserve e do Tesouro americano que ajambraram um pacote trilionário para manter a economia de Tio Sam à tona.

O jornal conta que “os Estados Unidos responderam aos estragos econômicos causados pelo Coronavírus com o maior pacote de ajuda de sua história: US$ 2 trilhões.

Ele essencialmente substitui alguns meses de atividade econômica americana por uma enxurrada de dinheiro do governo – cada centavo dele emprestado ao próprio governo.”

E, logo, lança uma pergunta: “De onde vem todo esse dinheiro?

Resposta: “A maioria do nada.”

Os 45 anos do fim da "Guerra do Vietnã"

Foto: Ha Tien Anh/EFE
Por Pedro Oliveira

A chamada “Guerra do Vietnã” , que os vietnamitas chamam de Guerra de Libertação, teve início em meados da década de 60 do século passado, após os patriotas e revolucionários vietnamitas terem derrotado completamente o exército colonial mais experiente da época, o Exército Francês, na histórica batalha de Dien Bien Phu, em 1954. Os “conselheiros” americanos que atuavam já com os militares franceses resolveram substituir os franceses na tarefa de continuar a exploração do povo e das riquezas naturais do Vietnã.

Em defesa da vida do povo, mudar o governo!

Por João Pedro Stedile

O Brasil vive uma crise econômica, política, social e ambiental, que pode ser considerada a mais grave e profunda da história. Essa crise não será resolvida com golpes institucionais, como foi o impeachment sem crime de responsabilidade da presidenta Dilma Rousseff.

Desde 2014, todo o peso da crise está sendo jogado nas costas da classe trabalhadora, que está pagando com desemprego, precarização do trabalho e perda de direitos trabalhistas, previdenciários, de moradia, educação e terra, conquistados a duras penas ao longo das últimas décadas.

Com isso, as crises econômicas e social se agravaram. A burguesia brasileira apoiou de “mala e cuia”, como dizemos no sul, a opção fascista da eleição do Bolsonaro. É patética a revelação de José Luiz Egydio Setúbal, um dos herdeiros do Itaú, de que os grandes capitalistas apoiaram Bolsonaro, menos um que ficou com João Amoedo.

A pandemia deixou o capitalismo nu

Por Luiz Inácio Lula da Silva

“Meus amigos e minhas amigas,

Trabalhadores e trabalhadoras do Brasil e do mundo,

Quero começar a minha fala prestando solidariedade aos familiares de todas as vítimas do coronavírus e a todos os trabalhadores e trabalhadoras que estão lutando para salvar vidas em todo o mundo.

Um vírus desconhecido conseguiu fechar fronteiras, trancar em casa mais de três bilhões de seres humanos e mudar de maneira dramática a vida de cada um de nós. Há três meses estamos como num longo túnel sem fim, recebendo a cada dia notícias piores que as do dia anterior. A humanidade desperta todos os dias torcendo para que o número de mortos de hoje seja menor que o de ontem. Estamos vivendo os mais tenebrosos dias da nossa história.

Isolamento sabotado com asfixia financeira

Por Tereza Cruvinel, no site Brasil-247:

Para conseguir o perigoso afrouxamento do isolamento social, que está tendo como resultado o galope da pandemia, anunciando para o Brasil um morticínio, Jair Bolsonaro e seu governo têm se valido do estrangulamento financeiro das pessoas pobres, do SUS e dos estados e municípios.

O Congresso aprovou a liberação de mais de R$ 200 bilhões para o enfrentamento da pandemia mas os recursos chegam aos pingos aos destinatários.

Se o mesmo acontecer com o socorro de R$ 120 bilhões a estados e municípios, acertados hoje entre o ministro Guedes e presidente do Senado, David Alcolumbre, as coisas vão piorar muito.

Retardando o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600, forçando as pessoas a se exporem ao contágio em filas na porta da Receita e da CEF, o governo forçou milhares delas a buscar algum ganho nas ruas, no comércio ambulante, nos bicos.

A produção de alimentos e a saúde humana

Foto: MST
Por Valdemar Arl, Yasser Jamil Fayad, Jamil Abdalla Fayad, Edson Walmor Wuerges, Darlan Rodrigo Marchesi e Pedro Ivan Christoffoli

1. Introdução

O imenso impacto gerado pela emergência em saúde pública de uma nova doença que, rapidamente, deixou a condição de um surto localizado na cidade chinesa de Wuhan, na província de Hubei, em final de dezembro de 2019, para se tornar uma pandemia alertada pela OMS em 11 de março de 2020 ainda não está exatamente dimensionada. Uma pandemia de curso dinâmico que se abate em diferentes perfis epidemiológicos em todo o globo e agudiza as incertezas econômicas, ambientais e sociais no contexto mundial, além de evidenciar a crise profunda de paradigma que vivemos e lança, ao mesmo tempo, desafios para construir significativas mudanças conjunturais e estruturais capaz de romper com o atual modelo e modo de produção.