terça-feira, 7 de junho de 2022

Brasil vira o país do mísero salário mínimo

Charge: Jean Galvão
Por Altamiro Borges


O jornal O Globo publicou nesta segunda-feira (6) um detalhado levantamento sobre a queda de renda dos brasileiros no reinado de Jair Bolsonaro, esse autêntico laranja do “deus-mercado”. Segundo o estudo, “o Brasil é, cada vez mais, o país do salário mínimo. O total de profissionais que ganham até o piso era de 27,6% dos trabalhadores no último trimestre de 2015 e foi a 30,09% no mesmo período de 2018. Já em 2022, no primeiro trimestre, a quantidade de trabalhadores, formais e informais, que recebia até um salário mínimo chegou a 38,22% do total da força ocupada”.

Em números absolutos, são 36,415 milhões de assalariados que recebem apenas R$ 1.212 por mês – 8,3 milhões a mais do que no fim do governo de Michel Temer. “Isso ocorreu tanto no emprego formal como no informal. Entre os que têm carteira assinada, o total de pessoas que ganham o piso passou de 14,06% no fim do governo Temer para 22,48% no primeiro trimestre deste ano. Entre os informais, o salto foi de 53,46% para 61,73%. No grupo de trabalhadores sem carteira assinada, há, inclusive, um grande contingente que ganha menos que o piso”.

As desgraceiras impostas por 'Bolsocaro'

Segundo o economista Lucas Assis, que fez o levantamento a pedido de O Globo, entre o primeiro trimestre de 2016 e o mesmo período de 2022, o Brasil teve um saldo de criação de 4,6 milhões de postos de trabalho (considerando admissões e demissões), sendo 76% no mercado informal. “O problema é que essa geração de postos ocorreu majoritariamente pelo achatamento salarial: foram criadas, no período, 7 milhões de vagas com rendimento de até um salário mínimo. Em contrapartida, foram destruídos 2,4 milhões de postos de trabalho com rendimento superior a esse patamar”.

Já a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) comprova que a criação da maioria das vagas somente com salário mínimo ajuda a derrubar de vez o poder aquisitivo dos brasileiros. “Em janeiro de 2015, a renda média do trabalhador era de R$ 2.764, em valores corrigidos pela inflação. Em julho de 2020, turbinado pelo Auxílio Emergencial, que aqueceu a economia, chegou ao recorde recente de R$ 2.967. Mas desde então teve diversas quedas e agora está em R$ 2.569”, descreve o jornal. E a alta acelerada da carestia de vida imposta pelo governo “Bolsocaro” causa ainda maior desgraceira.

Cesta básica supera o piso nacional

O site da Agência Sindical postou nesta terça-feira (7) um levantamento da Fundação Procon-SP que mostra que a “inflação generalizada faz a cesta básica superar o mínimo” em São Paulo. “Em março, o valor da cesta básica era de R$ 1.137,20. Em abril, chegou a R$ 1.209,71. ‘O preço de todos os bens subiram, e isso impacta muito na cesta básica. Para as classes mais pobres, o impacto é muito maior. E está cada vez mais difícil substituir produtos essenciais de alimentação, já que tudo está caro’, comenta Waldir Pereira Gomes, presidente do Sindicato dos Economistas de São Paulo. Boa parte dessa repercussão se deve à comparação com o mínimo, cujo valor bruto é R$ 1.212,00. Descontados os 7,5% à Previdência, quem ganha o salário mínimo recebe R$ 1.121,10. Ou seja, a cesta básica ficou R$ 88,61 acima do piso nacional”.

No início de maio, o site UOL já havia noticiado que “Jair Bolsonaro (PL) será o primeiro presidente a terminar o mandato com um salário mínimo com menor poder de compra do que quando iniciou o governo, desde o Plano Real, em 1994... Nesse período de 28 anos, nenhum ex-presidente entregou um salário mínimo mais desvalorizado, seja no primeiro ou no segundo mandato”. O site ainda registra que “o salário mínimo ideal no Brasil deveria ter sido de R$ 6.754,33 em abril, calcula o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos”.

“É mais que cinco vezes o valor atual, de R$ 1.212. De acordo com o Dieese, esse seria o pagamento mínimo para sustentar uma família de quatro pessoas no mês de fevereiro no Brasil, considerando gastos com moradia, transporte, alimentação, saúde, educação, vestuário, higiene, lazer e previdência”.

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