terça-feira, 19 de julho de 2022
Bibliotecas minguam e clubes de tiro crescem
Charge: Latuff |
Dentre as muitas indicações que podem ser sintomáticas da decadência de um país estão a redução dos espaços de acesso ao conhecimento, de um lado, e o aumento de locais que estimulam a violência, de outro. Não é à toa, portanto, que quase 800 bibliotecas públicas fecharam entre 2015 e 2020, último ano que consta no Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP). Nesse período, o número de clubes de tiro saiu de 40 para 291 e hoje já são 348.
O Brasil dos esquadrões da morte
Charge: Bier |
Policiais militares de Minas Gerais executaram a tiros um homem negro e desarmado, em Contagem, neste fim de semana. Imagens de celular gravadas por testemunhas (publicadas no site G1) mostram o momento em que um dos agentes leva Marcos Vinícius Vieira Couto, 29 anos, para trás de uma Kombi. Em seguida, dá para ouvir e ver os clarões de três disparos em sequência.
A PM mineira divulgou nota com versão inverossímil de resistência à prisão. O comando da instituição, a secretaria de Segurança Pública e o governador Romeu Zema, candidato à reeleição, têm a obrigação de mandar investigar e punir os responsáveis pela barbárie. Caso contrário, estarão protegendo criminosos e concordando com a aplicação da pena de morte contra civis sem direito à defesa e a processo, sem julgamento e sem condenação.
A grande mídia lava as mãos
Charge: Borega |
Observem que curioso: quando duas crianças brigam na escola, obtém-se resultados opostos se o inspetor diz que "fulano agrediu beltrano" ou que "beltrano acusa fulano" de tê-lo agredido.
No primeiro caso, trata-se de saber se a vítima está bem e o que fazer com o agressor para que a agressão jamais se repita.
No segundo caso, levantam-se suspeitas tanto sobre o acusador quanto sobre o acusado e, não raro, quem paga o pato é o acusador, cuja imagem oscila entre delator e covarde.
No primeiro caso, a tendência é que se puna o agressor. No segundo, a tendência é que se suplique ao acusador que cesse a confusão, e ambos são repreendidos. "Essas crianças, diz-se com enfado e resignação, sempre aprontando..."
O terror bolsonarista, o tubarão e o cavalo
Charge: Carvall |
O encontro de Bolsonaro com os embaixadores, do qual teria que sair deposto e preso, fez seu projeto de golpe andar algumas casas. Mais do que nunca está claro que só a mobilização da sociedade e as manifestações populares podem salvar a democracia.
No momento em que a violência política busca disseminar o terror pelos quatro cantos do país, com o nítido objetivo de frear o ímpeto dos muitos milhões de brasileiras e brasileiros que lutam para livrar o Brasil em outubro da barbárie fascista, é preciso manter a espinha ereta, a mente tranquila, mas o coração quente.
A intolerância da bandidagem bolsonarista visa impedir que as famílias pensem duas vezes antes de irem a um comício de Lula e dos candidatos do campo democrático e que os pais desencorajem seus filhos adolescentes e jovens a engrossarem os atos democráticos.
Bolsonaro usa militar como 'leão de chácara'
Charge: Jika |
Em todos os jornais, diz-se que os embaixadores, diante do show de Jair Bolsonaro sobre um delirante complô de ministros do TSE e do STF para fraudarem as eleições, viram no espetáculo um ensaio trumpista do presidente brasileiro para insurgir-se contra o resultado das urnas.
Assim é, mas com uma e decisiva diferença: Donald Trump não tinha o apoio dos chefes militares dos EUA e, por isso, não surgiu uma quartelada para apoiar os selvagens do Capitólio, ainda que, como revelaram as investigações posteriores, tenha havido algum retardo no emprego da Guarda Nacional para deter a tentativa de golpe arruaceira que seus adeptos promoveram.
Aqui, ao contrário, o que se vê é uma inadmissível subversão da ordem democrática promovida por eles, ao servirem-se de uma suposta “preocupação tecnológica” para, na prática, prestarem-se a serem exibidos como “leões de chácara” da ordem bolsonarista, não a republicana.
Vexame diplomático foi obra dos militares
Charge: Arte Villar |
O vexame protagonizado por Jair Bolsonaro (PL) no encontro com embaixadores, que pode resultar até mesmo em crime eleitoral e deixá-lo inelegível, foi obra dos generais Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria-Geral da Presidência; Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira; ex-comandante do Exército que está à frente da Defesa; e Walter Braga Netto, ex-ministro e pré-candidato a vice na chapa que concorre à reeleição.
Além deles, o tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, teria organizado o evento.
Reagir as falas golpistas de Bolsonaro
Charge: Geuvar |
O Instituto Vladimir Herzog vem a público para repudiar veementemente, mais uma vez, os ataques de Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral e ao regime democrático brasileiro.
Ao reunir embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada para repetir teorias conspiratórias absolutamente delirantes sobre as urnas eletrônicas, atacar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e promover novas ameaças de golpe ao Estado democrático de direito, Bolsonaro comete incontestáveis crimes de responsabilidade, que precisam ser devidamente punidos com base nas regras estabelecidas pela Constituição.
Derrotar nas ruas e nas urnas o fascismo
O absurdo encontro de Bolsonaro com dezenas de representantes diplomáticos estrangeiros consolidou no mundo inteiro a certeza a respeito da conspiração em marcha e do plano de ruptura institucional preparado pelos militares.
No ambiente doméstico, o evento serviu para diminuir relativamente o estado de negação da realidade acerca do protagonismo central dos militares na conjuntura.
Bolsonaro perpetrou novos atentados à legalidade e à constitucionalidade, adicionando mais crimes à sua extensa ficha criminal que o levará, após o fim do mandato, aos bancos de réus de tribunais nacionais e internacionais.
Em democracias minimamente funcionais, ele teria sido afastado da presidência, processado, condenado e preso. Mas isso, contudo, nem em sonho acontecerá no Brasil sob um Estado de Exceção, com uma democracia cambaleante e instituições fascistizadas.