Janio, jornalismo e democracia

Janio de Freitas
Por Cristina Serra, em seu blog:


Poucos jornalistas brasileiros podem ser alçados à categoria de lenda. Janio de Freitas está nesse panteão com honra e glória. Muitos de nós decidiram ser jornalistas por causa dele, inspirados por ele. Querendo ser como ele. Muitos de nós ficaram (e ficam) pelo caminho: porque as dificuldades da profissão são imensas, porque os salários são baixos e as pressões, às vezes, insuportáveis.

A longevidade de Janio no front é um símbolo poderoso de que é possível atuar na profissão com dignidade e altivez. Ele atravessou o século 20 e já adentra a terceira década do 21, tendo inscrito seu nome na história do jornalismo brasileiro ainda muito jovem.

A extrema-direita ainda respira

Guernica, 1937/Pablo Picasso
Por Roberto Amaral, em seu blog:


As reflexões sobre o processo histórico republicano e a hora presente convencem-me de que o fato novo a ser considerado (para que a ele respondam o pensamento e a ação da esquerda) é a emergência de forte movimento de extrema-direita, que se afasta, na sua contundência e periculosidade, das experiências que dominaram o cenário político brasileiro do século passado.

Em recente debate, expostas estas ideias, foi-me objetado que o Brasil “sempre foi conservador e de direita”. Como certificado desta afirmação foram lembrados o integralismo, incidente na primeira metade do século passado, e o udeno-lacerdismo, já depois da reconstitucionalização de 1946. A contestação, porém, desconsidera as distinções entre direita e extrema-direita, ademais de conter, em si, um elemento conservador: quando naturaliza o processo reacionário, está admitindo sua permanência. O “sempre foi assim” (de direita) pode insinuar um “será sempre assim”, e se, desgraçadamente, será sempre assim, nada mais, ou muito pouco, resta ao agente social.

Lula e os urubus ‘muy amigos’

Curitiba, setembro de 2022. Foto: Ricardo Stuckert
Por Fernando Brito, em seu blog:

A elite brasileira – que não tem, faz tempo, nomes para ganhar uma eleição presidencial – adotou o estranho hábito de querer “levar sem ganhar” e tenta fazer que Lula assuma o papel inverso, o de “ganhar, mas não levar”.

Assistimos, desde a semana seguinte eleitoral, a este movimento, com a ânsia desesperada pela indicação formal do ministro da Fazenda, a pretender que, se não fosse possível enxertar ali um neoliberal, que ao menos se fizesse o ungido ajoelhar-se diante deste altar e retomar a cantilena do “corta e vende” da qual, desde Joaquim Levy, passou a ser a única política econômica “aceitável”, ainda que só produza a ruína a que estamos sendo levados, já quase se vai completar uma década.

Bolsonaro foi fiel aos que bancaram seu poder

Charge: Joaquim
Por Jair de Souza

Faltam tão somente duas semanas para a posse do novo governo encabeçado por Luiz Inácio Lula da Silva. Muita gente anda contando nos dedos os dias faltantes numa tentativa desesperada de acelerar a passagem do tempo para que a virada de página se consuma com mais rapidez.

Sim, para a maioria de nosso povo é um grande alívio saber que a experiência nazista-bolsonarista está a poucos dias de chegar ao fim. Nunca antes tínhamos sido submetidos a tantas desgraças e sofrimentos como nos passados quatro anos que estão por terminar.

Há quem afirme que, em vista dos resultados de sua gestão, este é o governo mais incompetente de toda nossa existência como nação. De fato, é quase impossível encontrar algum feito ou medida tomada pelo atual governante, ou por sua equipe, que tenha favorecido os interesses das maiorias populares ou atendido suas necessidades básicas. Neste sentido, não há absolutamente nada de positivo que possa ser mencionado.