terça-feira, 8 de outubro de 2024

A eleição municipal e o governo Lula

Foto: Ricardo Stuckert
Por Jeferson Miola, em seu blog:

Há quem argumente, no governo e no PT, que o resultado saído das urnas no último domingo é favorável ao governo, porque os partidos que ocupam ministérios e formam a base no Congresso saíram-se vitoriosos.

A realidade concreta, no entanto, não é bem assim.

A eleição municipal consagrou a vitória daqueles partidos fisiológicos e oportunistas que participaram e apoiaram ativamente o governo fascista-militar do Bolsonaro e que agora comandam áreas relevantes no governo Lula sem, contudo, qualquer lealdade política e programática a ele.

Gilberto Kassab, o camaleônico presidente do PSD, não deixa dúvidas a esse respeito. “Meu projeto é Tarcísio. Eu vou estar alinhado com o projeto que seja compatível com o projeto do Tarcísio, seja ele governador ou presidente”, declarou.

Austeridade e popularidade

Fernando Haddad
Por Paulo Kliass, no site Vermelho:


A proximidade do processo das eleições municipais acabou por deixar um pouco à margem nos grandes meios de comunicação o debate a respeito da perda de popularidade do presidente Lula e da avaliação de seu governo. É compreensível que a emergência e a polarização do pleito nas mais de 5.700 cidades terminem por colocar essa questão em segundo plano na agenda política. No entanto, como haverá segundo turno em menos de 100 destes locais, é provável que o debate a respeito da contradição entre a realidade exibida pelas estatísticas oficiais de economia e a popularidade em queda passe a merecer mais espaço na imprensa.

É preciso um governo Lula 3-B

Posse do presidente Lula em 2023. Foto: Ricardo Stuckert/PR
Por Antonio Martins, no site Outras Palavras:


I.

O governo Lula 3-A chocou-se contra um iceberg ontem (6/10), ao sofrer uma derrota eleitoral muito vasta. Sua rota ao desastre segue a de outros governantes que hesitam em enfrentar as novas forças que oprimem as sociedades – em especial, o rentismo –, desencantam os eleitores com a democracia e abrem espaço para a ultradireita e suas diversas formas de antipolítica. O fenômeno espalha-se pela Europa e Américas. Ocorreu (ou ocorre) com Alberto Fernández na Argentina, Gabriel Boric no Chile, Emmanuel Macron na França, Olaf Scholz na Alemanha, o Partido Democratico (ex-PCI) na Itália, os socialistas portugueses, o Syriza na Grécia e tantos outros.

Não é hora para autoengano ou desespero

Charge: Aroeira/247
Por Tereza Cruvinel, no site Brasil-247:


As urnas falaram ontem mas não proclamaram vitoriosos absolutos ou derrotados sem salvação. Nosso próprio sistema partidário não permite tanto. Mas, para a esquerda e as forças aglutinadas pelo governo Lula, não vale tapar o sol com a peneira e ignorar as vitorias colhidas pela direita e a extrema-direita.

E muito menos ignorar o alerta contido na grande votação dada pelos paulistanos a Pablo Marçal, ainda que seu último crime liquide com sua carreira,

Os partidos conservadores, só com o resultado do primeiro turno, já comandarão a maioria absoluta das prefeituras do país. Até agora, o maior vitorioso neste quesito foi o PSD, com 888 prefeituras, seguido do MDB (863), do PP (752), do União Brasil (590) e do PL (523).