terça-feira, 1 de novembro de 2016

Giro à direita no Brasil. Por quanto tempo?

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

O prefeito eleito do Rio, Marcelo Crivella, resumiu sua vitória como um sonoro “não” da cidade tida como mais progressista do Brasil às bandeiras do aborto, da legalização das drogas e do ensino sobre diversidade sexual nas escolas. Ele de fato as combateu, mas não foram estas as bandeiras centrais de seu adversário Marcelo Freixo, do PSOL, no segundo turno. O que sua vitória simboliza é a conclusão da guinada do Brasil à direita, num giro sem precedentes depois da redemocratização, e que no primeiro turno teve na vitória de João Dória em São Paulo seu sinal mais eloquente. Não só dos caminhos que a esquerda seguir para se recuperar do tombo dependerá a duração deste ciclo, em que o Brasil será um país bem diferente. A partir de janeiro a direita estará governando o país e a maioria dos municípios, e de seus resultados dependerá a duração deste ciclo.

O MST não é organização criminosa

Por Cezar Britto e Paulo Freire

Em tempo de criminalização dos movimentos sociais ou daqueles que contestam o sistema patrimonialista brasileiro, muito se discute sobre a legalidade do MST e de outras organizações que lutam para fazer real a promessa constitucional de Reforma Agrária. Este debate ganhou maior volume após a recente decisão do STJ, notadamente em razão do julgamento do HC nº 371.135, por sua Sexta Turma, em 18 de outubro de 2016. É que apressadas interpretações, centradas em vícios ideológicos e preconceituosos, cuidaram de divulgar versões destoantes dos fatos e das manifestações postas em julgamento.

O comportamento da esquerda no RJ

Por Jandira Feghali

A política se expressa de muitas formas e, neste momento pós eleições municipais do Rio, vale uma pequena reflexão. As urnas falam e falam bem alto. Porém os gestos também falam alto, pois refletem uma visão de presente e de futuro, direcionam estratégias, determinam aliados, a relação com eles e compromissos reais com o povo.

A vitória da negação da política e o comando da prefeitura do Rio em mãos conservadoras são um retrocesso. Lamento sinceramente a derrota de Marcelo Freixo, candidato apoiado por nós do PCdoB e demais forças de esquerda no segundo turno.

Cunha e Marcelo no país de Moro

Por Mauro Santayana, em seu blog:

A notícia de que Marcelo Odebrecht teria, no longo processo a que está sendo submetido, protestado inocência e recusado bravamente o fechamento de um suposto acordo de delação premiada, contestando até mesmo a posição de seus advogados, além de discutir com procuradores, que finalmente teriam comemorado entusiasticamente a quebra de sua admirável resistência moral e psicológica, apenas reforça a convição - termo que está cada vez mais em voga ultimamente - de que o que ocorreu no caso de Odebrecht e de outros presos e empresas, não passa, em grande parte - para tempos "excepcionais", medidas "excepcionais" - de pressão, de extorsão e de tortura.

A política econômica e social do golpe

Por Marcio Pochmann, na revista Caros Amigos:

Tal como em 1964, os golpistas de 2016 também não se satisfizeram com a retirada arbitrária do presidente eleito democraticamente. Essa foi apenas a primeira parte, necessária para que a implantação de uma nova política econômica e social se tornasse possível, pois pelo voto isso dificilmente ocorreria.

Logo no início da ditadura civil-militar (1964-1985), alguns democratas descontentes com o governo de João Goulart declararam apoio ao golpe, imaginando tratar-se apenas de pontual e circunstancial limpeza política, capaz de permitir a imediata sequência do regime democrático. Ledo engano: concomitantemente com a imposição do Ato Institucional (AI) número 1, a política econômica e social antidemocrática foi sendo implementada, tendo como objetivo imediato o estabelecimento do teto dos gastos públicos.

Os dados ainda estão rolando no Brasil

Por Antonio Martins, no site Outras Palavras:

Assim que as urnas se fecharam, neste domingo, começou uma operação político-midiática para afirmar que uma página da história do país foi virada. A ampla vitória de candidatos ligados ao governo, na maior parte dos municípios, significaria que já não se pode falar em golpe. Os eleitores teriam confirmado, nas urnas, sua adesão a uma maré liberal-conservadora. Ela é expressa nas importantes vitórias do PSDB e na emergência de figuras como o pastor Crivella, da Igreja Universal. Após as eleições - e aqui está o pulo do gato - deveríamos aceitar como inevitáveis as contra-reformas propostas pelo governo Temer e pelo empresariado: PEC-241 (PEC-55 no Senado). Redução dos direitos previdenciários. Ataque à legislação trabalhista. Todo este raciocínio é manco e interesseiro (– como você verá no começo da tarde).

Lava-Jato e governo destroem a economia

Por Carlos Drummond, na revista CartaCapital:

Não bastassem a recessão brasileira, a crise mundial, a privatização e a desnacionalização impulsionadas pelo ministro das Relações Exteriores, José Serra, e pelo presidente da Petrobras, Pedro Parente, e ainda a austeridade mais longa do mundo da PEC 241, chancelada pelo presidente Michel Temer, o ministro da Fazenda Henrique Meirelles e a maioria da Câmara, o País sofrerá por mais um ano os prejuízos da desarticulação da sua principal cadeia produtiva, a de óleo e gás. O motivo é a recente prorrogação, pelo Conselho Superior do Ministério Público Federal, da Lava Jato do juiz Sergio Moro e do MPF, até setembro de 2017.

Mais de 130 universidades estão ocupadas

Foto: Ana Miranda e Larissa Pinto/Mídia NINJA
Do site da UNE:

Em todas as regiões do Brasil universidades estão ocupadas por estudantes que protestam contra o governo Temer e a PEC 241. Aprovada na Câmara dos Deputados na última quarta-feira (26), a "PEC do congelamento" tramita agora no Senado e deve entrar em votação no dia 29 de novembro.

Para pressionar o governo, a comunidade universitária (professores, técnicos e estudantes) tem deflagrado greves em universidades públicas de norte a sul do Brasil.

A operação Lava-jato, segundo Moro

Por Roberto Amaral, em seu blog:

Os sucessos objetivos, mediáticos e ideológicos do que hoje se intitula ‘Operação Lava-jato’, com seus erros e acertos, é a reprodução, quase mutatis mutandi, da italiana mani pulite, que tem no juiz Sérgio Moro, no Brasil, seu principal cavaleiro e seu escrivão, seu principal teórico e seu principal executante, pois o que se vê, e o que ainda se verá, entre nós, já podia ser lido em seu artigo “Considerações sobre a ‘Operação Mani pulite’” (R. CEJ. Brasília.n.26. p. 56-62. Jul/set.2004). Destaco o ano de publicação (2004) e lembro que a operação brasileira foi desencadeada em 2014.

A operação italiana terminou numa farsa – a eleição de Berlusconi; a crise política brasileira rapidamente transita para uma crise institucional que pode cobrar alto preço à democracia representativa.

Lula e Juscelino nas lutas da história

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Num país indignado com a perseguição a Lula, o processo que levou à cassação de Juscelino Kubitschek, meio século atrás, merece uma reflexão. Políticos diferentes pela origem de classe e pela visão de mundo, Lula e JK possuíam importantes traços em comum, a começar pelo apego aos ideais desenvolvimentistas. Tanto Lula como JK foram os políticos mais populares de seu período histórico e enfrentaram um ambiente de caça política quando exibiam a condição de candidatos favoritos à uma eleição presidencial já em seu horizonte político. Se o destino de Lula permanece uma incógnita, a perda dos direitos políticos de JK, em junho de 1964, dois meses depois do golpe militar de abril, eliminou um dos principais obstáculos à consolidação da ditadura nascida no 1 de abril de 1964, abrindo caminho para novas cassações e à consolidação de um regime de força que se prolongou por duas décadas.

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Os filhos do Cunha e o desespero de Temer

Por Altamiro Borges

Reportagem publicada no jornal O Globo neste sábado (29) deve ter causado angústia no presidiário Eduardo Cunha e desespero nos usurpadores que assaltaram o Palácio do Planalto. Ela informa que a força-tarefa da Lava-Jato investiga os dois filhos do correntista suíço – Danielle e Felipe Dytz da Cunha – pelo crime de lavagem de dinheiro. O ex-presidente da Câmara Federal, que foi descartado por seus comparsas após a concretização do "golpe dos corruptos", já disse várias vezes que não vai se calar caso sua família seja presa. Ele ameaçou ligar o ventilador no esgoto para atingir todos os que o traíram após o trabalho sujo do impeachment. O Judas Michel Temer está na linha de tiro!
    

Xadrez de um Supremo que se apequenou

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Cena 1 - de como Gilmar tornou-se o condestável da República

Gilmar Mendes tornou-se o mais influente dos brasileiros, e faz questão de exercer o poder em sua plenitude. Literalmente, Gilmar manda na República.

Preside o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e tem maioria de cinco votos. Com ele votam Henrique Neves, Napoleão Nunes Maia Filho, Luiz Fux e Antônio Herman de Vasconcellos Benjamin, um antipetista radical. Napoleão é professor no IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público), com salário estimado em R$ 40 mil mensais.

Segurem-se, o piloto sumiu!

ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br
Por Joaquim Palhares, no site Carta Maior:

O Brasil está desgovernado. Sequestrada a ordem democrática, os três poderes (Judiciário, Executivo e Legislativo) se golpeiam. Enquanto isso, o Estado mínimo, imposto pelo núcleo econômico do governo, essencialmente tucano, estrangula o Estado Social esculpido na Constituição Cidadã de 1988.

A desordem atinge todos os níveis. Basta acompanhar os sucessivos fatos:

"Lição de casa" e a mexicanização do Brasil

Por Danilo Sartorello Spinola, no site Brasil Debate:

Uma frase constantemente repetida na mídia político-econômica é a de que devemos fazer a “lição de casa”. Creio que é natural, inicialmente, aceitar tal afirmação, mas deve-se questionar do que de fato ela se trata.

Tentarei resumir seu significado. A “lição de casa” consiste em um discurso cuja base reside em ideias tecnicistas associadas a um determinado projeto de inserção no cenário internacional. Tal projeto é defendido por teóricos de orientação liberal, muitas vezes como o único correto e possível. Seus argumentos se baseiam em elementos econômicos – alocação de fatores, incentivos econômicos de mercado e respeito a preferências de agentes econômicos.

Faltou povo à candidatura Freixo!

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

A apuração vai revelando uma vitória muito mais folgada do que os institutos de pesquisa haviam previsto para Marcello Crivella e ainda muito maior do que, na esquerda, em algum momentos muitos chegamos a sonhar.

O mapa aí em cima, mais do que qualquer discurso, explica para qualquer um que queira ver: faltou povo à candidatura Freixo.

Temer discute cobrar INSS de aposentados

Por Leonardo Sakamoto, em seu blog:

Se a equipe responsável por desenhar a Reforma da Previdência confirmar que o governo federal deve propor a possibilidade de cobrança de contribuição ao INSS de todos os aposentados, teremos algumas comprovações – isso, é claro, se ainda restar um país depois dos protestos causados pela aprovação dessa medida.

Primeiro, ficará comprovado que o governo Michel Temer acha que desiguais, ricos e pobres, devem ser tratados de forma desigual. Não como deveria ser, com os trabalhadores sendo mais protegidos pelo Estado por sua condição de vulnerabilidade econômica e social. Mas com as pessoas que dependem do INSS mensalmente para sobreviver, ou seja, a camada mais pobre da sociedade, tendo que voltar a contribuir com a Previdência para ajudar nas contas do país.

PSDB toma o lugar do PT no mapa político

ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br
Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:

Passando a régua na enxurrada de números do segundo turno das eleições municipais deste domingo, destaca-se a inversão de posições do vitorioso PSDB e do derrotado PT no novo mapa político do País que sai das urnas.

Basta citar um dado somente para evidenciar a guinada radical na balança do poder, apenas dois anos após a última eleição presidencial. Em relação à disputa municipal de 2012, o PSDB cresceu 89% na parcela da população que vai governar (48,7 milhões), enquanto o PT caia na mesma proporção (85%), ficando com apenas 5,9 dos 38 milhões que tinha em 2012. Foi uma lavada.

Vitória de Crivella ou derrota da Globo?

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

A maior questão que emerge deste domingo vem do Rio: chorar a vitória de Crivella ou comemorar a derrota da Globo?
Uú!

Se eu votasse no Rio, certamente teria optado por Freixo uma, duas, dez vezes se pudesse. Não formularia nem para mim mesmo a questão que abre este texto.

Mas, passado o calor das eleições, já dá para discutir o caso.

Uma eleição para a esquerda lembrar sempre

Por Renato Rovai, em seu blog:

Os resultados que brotam das urnas na noite de hoje, somados aos que já haviam sido confirmados no dia 2 de outubro, levam o Brasil para uma das suas maiores guinadas de direita.

O PT foi disparado o grande derrotado. Mas os outros partidos progressistas não conseguiram avançar sobre o seu eleitorado. Ao contrário, também foram muito mal.

Neste segundo turno, o PT, por exemplo, perdeu todas as cidades que disputou, incluindo Anápolis e Santa Maria, onde tinha boas chances de vitória. Mas também se deu mal em Mauá, Recife, Santo André, Vitória da Conquista e Juíz de Fora.

Primavera estudantil: nada será como antes

Foto: Leandro Taques
Por Emir Sader, na Rede Brasil Atual:

A reação não se fez esperar e veio de onde menos se esperava: do Paraná. Mais de mil escolas ocupadas pelos estudantes secundaristas, cerca de 80% nesse estado.

O movimento se alastrou como pólvora por todo o Brasil, demonstrando imediatamente como os estudantes não estão dispostos a ter sua educação regida por uma medida provisória do ministro da Educação de um governo que não foi eleito pelo povo. Tampouco os professores, que entraram em greve em vários estados, começando pelo próprio Paraná, e os estudantes universitários também.