terça-feira, 28 de março de 2017

A correlação de forças virou nas ruas

Por André Tokarski, no Blog do Renato:

“A toda hora rola uma história
que é preciso estar atento
A todo instante rola um movimento
que muda o rumo dos ventos

Quem sabe remar não estranha
vem chegando a luz de um novo dia
O jeito é criar um outro samba
sem rasgar a velha fantasia”
(Paulinho da Viola – Rumo dos ventos)


O mês de março vai chegando ao fim e com ele a marca de uma virada importante na renhida luta política em curso no país: mudou quantitativa e qualitativamente a correlação de forças nas ruas.

Polícia Federal virou pau-mandado da Globo

Por Miguel do Rosário, no blog Cafezinho:

A Polícia Federal, há tempos, tornou-se uma agência subversiva, que trabalha contra o interesse nacional, contra a democracia, contra os governos eleitos.

Para isso, age como polícia política, selecionando alvos segundo a sua própria ideologia (coxinha, subserviente aos EUA).

Engana-se, porém, quem acha que a PF não respeita a hierarquia.

Respeita sim. A PF tem dono: a Globo.

A mais recente manifestação dos delegados da Lava Jato comprova que a PF, ou pelo menos um setor politicamente hegemônico na instituição, tornou-se mera prestadora de serviços da família Marinho.

Como derrotar a 'reforma' da Previdência?

Por Felipe Bianchi, no site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

As maldades da reforma da Previdência proposta pelo governo Temer e a adesão “vergonhosa” dos grandes meios de comunicação ao desmonte da aposentadoria foram temas de seminário realizado em São Paulo, na sexta-feira (24). Economistas, jornalistas e ativistas discutiram as minúcias da PEC 287 e como os meios sindicais, alternativos e populares devem abordar a pauta. A atividade foi promovida por parceria entre a Agência Sindical e o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.

Um dos autores da Plataforma Política Social - Previdência: Reformar para Excluir?, Eduardo Fagnani classificou a reforma que tramita no Parlamento como “draconiana" e "excludente”. “Em resumo, essa reforma acaba com o direito à proteção à velhice no Brasil”, diz. “Estamos rasgando o artigo 25 de um monumento da civilização, que é a Declaração Universal dos Direitos Humanos”.

Dirceu questiona os desmandos de Moro

Do blog Nocaute:

Em correspondência exclusiva para o Nocaute, da prisão de Curitiba José Dirceu aponta, um por um, os desmandos do juiz Sérgio Moro, que acaba de condenar o ex-ministro a onze anos e três meses de prisão. “Para me manter preso, Moro alega ameaça à ordem pública, de forma genérica, e que o produto do crime não foi recuperado, expondo mais uma de suas razões sem base nos fatos”, afirma Dirceu. E completa: “Estou sem renda há três anos. Todos os meus bens estão sequestrados, arrestados e — com exceção de dois — confiscados.”

O desespero de Marcelo Madureira

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

“Seu vagabundo, Lula da Silva, nós não temos medo! Sua ladrona, sua vagabunda, mentirosa, Dilma Rousseff, nós não temos medo! Seu Gilmar Mendes, nós não temos medo! Vagabundo!”

O discurso de Marcelo Madureira na Paulista, proferido em altos brados para duas dezenas de pessoas sedentas de sangue, de cima do carro de som do Vem Pra Rua, é um dos capítulos mais baixos da história recente dos protestos.

A frase foi atribuída a Regina Duarte, inclusive pelo DCM (pedimos desculpas pelo erro). Não era de uma atriz, mas de um comediante. Ou melhor, ex-comediante.

Greve geral é marcada para 28 de abril

Do site Vermelho:

O Brasil vai parar no dia 28 de abril. Nessa data, as centrais sindicais farão seu grande ato unitário contra as reformas da Previdência e trabalhista encaminhadas pela gestão de Michel Temer. O Fórum das Centrais se reuniu nesta segunda-feira (27), em São Paulo, na sede da UGT para traçar planos de resistência da classe trabalhadora às políticas que restringem direitos trabalhistas e sindicais e que tramitam no Congresso Nacional.

Ruiu o podre reino de 'Golpenhague'

Por Marcelo Zero

O pânico chegou ao governo e a seus apoiadores. Como na trama dinamarquesa de Hamlet, rui em enredos escabrosos o reino brasileiro de Golpenhague. Apesar do apoio da mídia, que tenta criar um clima artificial de otimismo, com o seu patético “parou de piorar”, não se pode mais esconder que o golpe fracassou em todas as frentes.

Com efeito, o golpe foi dado com os seguintes pressupostos:

1) A crise econômica se resolveria com relativa facilidade e presteza, assim que Dilma Rousseff fosse afastada.

2) A “sangria” seria estancada e os efeitos da Lava Jato ficariam circunscritos seletivamente ao PT, como era o desejo de seus apoiadores desde o início.

segunda-feira, 27 de março de 2017

Por que a marcha fascista foi um fiasco?

Por Altamiro Borges

As marchas das seitas fascistoides neste domingo (26) foram um fiasco. Um baita fracasso! Até a mídia golpista, que deu total apoio a estes grupelhos na cruzada pelo impeachment de Dilma, foi obrigada a reconhecer o mico. O Estadão, por exemplo, registrou: “Manifestação em Brasília atrai apenas 630 pessoas, ante expectativa de 100 mil”. E ainda ironizou: “O volume de manifestantes foi praticamente o mesmo do efeito policial para fazer segurança durante o protesto”. No mesmo rumo, o site da Folha destacou: “Em protesto com baixa adesão, manifestantes defendem Lava Jato e criticam Congresso”. Quem melhor sintetizou o fiasco, talvez sinalizando que já decidiu abandonar os fascistas mirins, foi o site G1, da golpista famiglia Marinho:

Bispos excomungam reforma de Temer

Por Altamiro Borges

Na semana passada, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) – que se omitiu vergonhosamente diante da cruzada golpista pelo impeachment de Dilma Rousseff – divulgou uma dura nota contra a reforma previdenciária proposta pela gangue que assaltou o Palácio do Planalto. O documento inclusive convoca “os cristãos e as pessoas de boa vontade, particularmente nossas comunidades, a se mobilizarem ao redor da atual reforma da Previdência, a fim de buscar o melhor para o nosso povo, principalmente os mais fragilizados”. Na prática, os bispos finalmente decidiram excomungar o Judas Michel Temer.

Uma justa homenagem à Rádio Brasil Atual

Mistificação da Lava-Jato foi derrotada

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

O espetáculo das mobilizações a favor da Lava Jato, neste domingo, é um caso clássico de Fracasso Memorável.

O vazio das ruas confirma, em primeiro lugar, o fiasco do discurso da moralidade como projeto político para um país – seja o Brasil da AP 470 e da Lava Jato, a Itália da Mãos Limpas, a Argentina de Cristina Kirchner, a Coreia do Sul de Park Geum-hie, o que mais você acrescentar à lista.

Se ninguém coloca em dúvida a necessidade de um país combater a corrupção, em particular no sistema político, a experiência universal ensina que nada pode substituir o debate livre e democrático, no qual uma sociedade define as opções e prioridades, numa escolha civilizada – em urna – sobre política econômicas, interesses sociais e projetos nacionais. Esta é a primeira lição de ontem. Não é a Lava Jato que se encontra em risco. Mas a mistificação política criada em torno dela.

Não vale mais a pena bater nos 'coxinhas'

Por Gilberto Maringoni, em seu página no Facebook:

Depois do fiasco das manifestações deste domingo (26), arrisco um palpite: a conjuntura parece estar mudando. Neste cenário, é importante parar de estigmatizar os chamados "coxinhas". Boa parte deles pode mudar de lado, na dinâmica da luta política.

Não é ingenuidade. Explico.

A possível virada dos ventos deve ser entendida pelo conjunto de uma obra que veio a público há menos de quinze dias. As manifestações nacionais contra a reforma da Previdência - essas sim, de êxito retumbante! - na semana anterior e o aluvião humano que cercou Lula em Monteiro (PB), no domingo (19), mostram que gente há anos ausente das ruas decidiu deixar a passividade de lado.

Doria radicaliza no refluxo da onda coxinha

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O prefeito João Doria Júnior, em sua estratégia “Collor 2” para ser candidato a presidência da República, segue no caminho da radicalização.

E, a meu ver, erra redondamente.

Hoje, fez divulgar um vídeo, pelo seu Facebook, onde vocifera “contra os populistas, que agora, depois de terem destruído o Brasil, têm a cara de pau de dizer que vão voltar para resgatar o Brasil”. E diz que dedica o cabo de vassoura que está segurando – nem é preciso dizer que em mais uma de suas performances – “a esse mentiroso, Luiz Inácio Lula da Silva, o maior cara de pau do Brasil”.

Propina de Aécio não dá manchetes

Do blog Viomundo:


O post de Aécio e a sede da Leyroz

Dilma Rousseff foi parar recentemente nas manchetes de jornais. Segundo o herdeiro da Odebrecht, Marcelo, ela sabia de doações feitas pela empresa à sua campanha eleitoral em 2014.

A defesa da presidenta no processo de cassação da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nega veementemente: “Dilma Rousseff jamais teve qualquer relação de proximidade com Marcelo Odebrecht e nunca fez qualquer reunião em particular com ele, nem tratou de qualquer assunto que tivesse relação direta ou indireta com suas campanhas eleitorais”, disse o advogado Flávio Caetano.

No mesmo texto (íntegra aqui) a defesa de Dilma reage à ação movida pelo candidato derrotado Aécio Neves, presidente do PSDB:

A religião dos economistas de mercado

Por Leonardo Segura Moraes, no site Brasil Debate:

Os economistas de mercado são pessoas curiosas. Preocupam-se com soluções possíveis desde que essas perpetuem as estruturas sociais dominantes. Como qualquer humano, esses seres têm medos, anseios e desejos, os quais, geralmente, estão representados nas distintas formas de espiritualidade. Concretamente, a religião desses economistas coloca o Mercado como rei dos deuses, cuja ânsia devoradora exige sacrifícios de tempos em tempos. Infelizmente, os sacrificados pouco importam para deus Mercado.

A edição de novembro e dezembro de 2016 da revista Rumos reporta uma síntese do debate entre vários economistas (de mercado) promovido pelo BNDES no intuito de discutir saídas para a atual crise brasileira e caminhos para o desenvolvimento. É bem verdade que nem todos ali se mostram tão comprometidos a deus Mercado, porém mesmo os mais céticos mantêm alguma crença.

Daniel Blake encontra Antonio Gramsci

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

Li, anotada num velho livro de leitura recorrente, uma frase que me parece ser de Benjamin, que faz todo o sentido recordá-la, no momento em que as forças do conservadorismo e da reação obtém duas vitórias estratégicas sobre o mundo do trabalho. De um lado dividindo-o, mais uma vez, com a exclusão da Reforma da Previdência, de um grande grupo de servidores públicos, apostando na suas divisões corporativas e assim enfraquecendo a resistência à referida reforma. De outro lado, aprovando uma “terceirização” selvagem, que não só fragmenta as comunidades de trabalho – que são a base material da unidade de classe no contrato socialdemocrata, fazendo-o, para estimular formas de prestação de serviços que vão reduzir, brutalmente, o valor da massa salarial dos trabalhadores mais pobres: uma cunha política que divide, e uma cunha de diferença de renda, que segrega, eis as vitórias estratégicas da contra-revolução neoliberal.

Terceirização desmonta sistema de proteção

Por Vitor Nuzzi, na Rede Brasil Atual:

Ao impor limite de gastos primários e apresentar propostas de reformas trabalhista e previdenciária, o governo simplesmente busca atender a apelos da livre iniciativa e "remover" obstáculos representados por um Estado indutor de crescimento e articulador de políticas públicas. Essa é, em resumo, a filosofia das medidas da gestão Temer, na visão da desembargadora aposentadora Magda Barros Biavaschi, pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Universidade Estadual de Campinas (Cesit-Unicamp).

Como parte desse processo, ela vê a aprovação do Projeto de Lei 4.302, de terceirização irrestrita, "um bárbaro retrocesso, um salve-se quem puder". Um cenário de universidades sem professores, hospitais sem médicos e empresas aéreas sem pilotos. É um momento grave, observa, "em que a gente precisa discutir o modelo de sociedade que queremos".

Por que destruir Lula?

Por Aldo Fornazieri, no Jornal GGN:

Atendendo pedido de alguns leitores, procurarei aqui esclarecer melhor o sentido de artigo anterior - "A perseguição a Lula e a destruição do sentido ético" (GGN 16/01/17). A questão principal posta consiste em entender as razões mais profundas da sanha persecutória e declarada de destruir não só a figura política, mas a figura simbólica de Lula. É verdade que o golpe tem uma estratégia de dois momentos, sendo que o primeiro consistiu no afastamento de Dilma e, o segundo, na tentativa de inviabilizar a candidatura Lula em 2018. As elites brasileiras querem o controle absoluto do Estado e do orçamento para atender os seus interesses.

Seis fatos sobre a reforma da Previdência

Por Étore Medeiros, Maurício Moraes e Patrícia Figueiredo, no site da Agência Pública:

O projeto de reforma da Previdência enviado pelo governo Michel Temer (PMDB) ao Congresso tem provocado manifestações em todo o país, por endurecer as regras para a obtenção de aposentadorias e pensões. Em meio a toda a turbulência causada pela proposta, informações certas, exageradas, falsas e sem contexto têm circulado pela rede. Ao longo dos últimos meses, o Truco – projeto de checagem da Agência Pública – verificou frases relevantes de políticos sobre o tema. Leia, abaixo, o que é de fato verdade sobre o cenário atual e sobre as mudanças defendidas pelo governo federal.

Contra Temer, um novo ciclo de lutas

Por Guilherme Boulos, na revista CartaCapital:

O último dia 15 pode ter inaugurado um novo momento na luta social brasileira. Centenas de milhares de cidadãos foram às ruas em defesa da Previdência pública e contra o desmonte proposto pelo governo Temer.

Ocorreram mobilizações expressivas não apenas nas capitais. Cidades pequenas e médias, no interior do País, registraram manifestações. Em São Paulo, a Avenida Paulista foi palco do maior ato do último período, sem convocação nem cobertura midiática.

O maior destaque do dia foram, porém, as paralisações de categorias importantes: condutores, metroviários, professores, bancários e outros tantos cruzaram os braços de Norte a Sul. Há alguns anos não se via uma greve nacional tão ampla. Esse foi o principal salto qualitativo. Os trabalhadores e trabalhadoras, enfim, entraram em campo.