sábado, 17 de março de 2018

Temer, Cármen e o desrespeito à "Justiça"

Marielle e Anderson: Luto e luta

Arte: Mary Cagnin
Por Jandira Feghali

Uma quarta-feira de março, que começou como outra qualquer, cuja noite desabou sobre nós e que movimentou nossas emoções com a força e a energia de poucos momentos da vida.

A trágica execução da qual foram vítimas Marielle e Anderson se abateu sobre nós com uma intensidade que não imaginávamos suportar. Nos fez refletir e, ao mesmo tempo, elevar a revolta e o tom de nossas vozes. A onda de indignação e solidariedade que tomou conta das ruas e das redes, no Brasil e no exterior, nos trouxe mais certeza e gana de lutar.

A segunda morte de Marielle

Por César Kuzma, no blog Caminho pra Casa:

Há um sistema que mata! Mas há um fundamentalismo e conservadorismo (político e religioso) que insistem em matar ainda mais, mesmo depois, tem que sangrar. Incrível!

Há limite para o ódio? Chega a ser assustador.

Interessante como alguns rótulos colocados tentam definir e marcar as pessoas. Não se vê mais nada além, são respostas impostas de fora, taxativas e preconceituosas. Triste! Absurdo!

Enquanto alguns choram a morte de Marielle, sendo ela simbólica pela forma como aconteceu e por ser ela a pessoa que era (pela história, vida e opções que a precederam), outros, sem compaixão, ou com um pseudo-autoritarismo, até cristão, dizem: mulher, negra, pobre, de esquerda, feminista, defensora dos DH, lésbica…. Ofensas que matam! De novo! E outra vez!

Os tiros no pé do pato amarelo da Fiesp

Por Wagner Gomes, no site da CTB:

Em matéria de 04/03, publicada no Estadão, com o seguinte título “Sindicatos patronais demitem para sobreviver à reforma trabalhista”, os patrocinadores do pato amarelo desfiam um longo rosário.

Relatos apurados pelo jornal apontam que as entidades patronais estão reduzindo suas atividades como viagens e eventos. A Confederação Nacional do Turismo apontou uma queda de 70% em sua arrecadação e inclusive ingressou na Justiça para tentar manter a contribuição.

A Fiesp reduziu em 20% seu quadro de funcionários e fundiu departamentos. Dados disponibilizados em 06/03, pela Coordenação Geral de Recursos do FAT, dão conta de que em janeiro/17 o sistema patronal arrecadou R$ 668.375.267,98 contra R$ 150.843.847,28 em janeiro/18, uma redução de 77%.

O sangue de Marielle e a Suprema Corte

Por Mauro Santayana, na Revista do Brasil:

Em todo o país, o tráfico de drogas tem se transformado em um esquema simbiótico em que policiais corruptos muitas vezes chantageiam, pressionam, matam e sequestram traficantes e membros de suas famílias em troca de dinheiro e entorpecentes.

Há casos, como no Ceará, em que policiais civis sequestravam traficantes para pedir resgate. No Rio Grande do Norte, PMs roubavam de traficantes até mesmo aparelhos celulares. No Distrito Federal policiais militares se passavam por policiais civis e invadiam, com mandatos falsos, casas de traficantes, para depois dividir entre si as “mercadorias” apreendidas. Policiais corruptos de Minas Gerais e do Paraná atuavam em conjunto para a apreensão de “transportes” de carga e de contrabando.

Depois de titubear, Globo 'abraça' Marielle

Do blog Viomundo:

A infame disputa de narrativas

Por Sergio Amadeu, no Facebook

A Globo e a revista Veja começaram a disputar a narrativa sobre a execução da militante negra e vereadora do PSOL, Marielle Rocha.

As direções desses órgãos promovem a descontextualização dos fatos, desvirtuam a história e agridem a memória e a luta de Marielle.

Tentam retirar o conteúdo político, anti-racista, feminista, em defesa dos direitos humanos, querem anular sua militância de esquerda.

Menores salários, propõe o Banco Mundial

Por Paulo Kliass, no site Outras Palavras:

Nos tempos mais recentes, o Banco Mundial parece ter recuperado um pouco de seu triste protagonismo histórico. Trata-se de um retorno à condição de organismo encarregado de sugerir o que existe de pior no cardápio de recomendações de política econômica e políticas públicas para os países membros da instituição.

Confesso que fui um dos que acreditaram, de forma um tanto ingênua, que os efeitos da crise econômica e financeira de 2008/9 poderiam ter contribuído para um processo de oxigenação de ideias e procedimentos no interior do banco. Afinal, um conjunto de países do chamado “mundo desenvolvido” mudou a forma como passaram a lidar com determinados aspectos das respectivas políticas econômicas.

Tiros na intervenção militar no RJ

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Os cinco tiros que mataram a vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes varejaram a intervenção federal no Rio, alvo de protestos da multidão que acorreu ao centro durante o velório, colocando o presidente Michel Temer no centro do drama: enquanto não vier um esclarecimento cabal do crime, cobrado pela ONU e uma dezena de organizações internacionais, ele pesará sobre seu governo, podendo devorar o que lhe resta de mandato, assim como o caso Riocentro liquidou com o governo do último ditador-presidente, João Figueiredo.

Execução de Marielle sangrou a democracia

Por Hildegard Angel, em seu blog:

O momento é da maior gravidade. Abrem-se as cortinas da tragédia anunciada. Não podemos restringir a execução de Marielle a mais um crime de gênero ou mais um crime racial. Sua dimensão é ainda mais abrangente. Foi sobretudo um crime político, de cerceamento de opinião. Um tiro fatal na liberdade, nove balas UZZ-18 em nossa agonizante Democracia.

O tiro no Calabouço, em 1968, levou embora o secundarista Edson Luís, mas despertou a massa humana, que desde 1964 se mantinha passiva observadora dos fatos. Nessa era da internet, tudo acontece em maior velocidade. Do golpe de 2016 ao despertar das multidões entorpecidas e da consciência nacional, neste 15 de março de 2016.

A desembargadora que desonra sua toga

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

A manifestação da desembargadora Marilia Castro Neves, dizendo que a vereadora Marielle Franco estava “engajada com bandidos”, que ” eleita pelo Comando Vermelho” e que tem “certeza de que seu comportamento” foi “determinante para seu trágico fim” não é apenas um sinal dos tempos de ódio, que merece ser repudiado por qualquer pessoa que tenha um mínimo de respeito à vida humana e, também, aos mortos.

"Transformar as lágrimas em muita luta"

Ilustração: Vasco Gargalo
Do site Vermelho:

“Nenhuma Assembleia Mundial de Mulheres foi tão importante quanto essa, porque nesse Fórum nós construiremos a maior resposta que podemos dar àqueles que buscaram eliminar Marielle da luta do povo, da luta das mulheres, da luta do negro, da luta das comunidades, é a de transformar nossas lágrimas em luta, em muita luta”, disse Manuela D’Ávila, pré-candidata do PCdoB à Presidência da República, no ato desta sexta-feira (15), no Fórum Social Mundial, em Salvador.

Morte de Marielle é consequência do golpe

Por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena, no site Tutaméia:

Marielle Franco foi assassinada pelo golpe comandado por interesses estratégicos externos e pela elite rentista. Ela era uma liderança popular que militava contra os golpistas e em defesa dos mais pobres, das mulheres, dos negros, dos direitos humanos. Sua execução foi política, um ato de terrorismo de Estado, e é assim que deve ser enfrentada.

Os tiros que derrubaram Marielle atingiram o Brasil.

sexta-feira, 16 de março de 2018

Cunhado atrapalha Alckmin, cutuca a ‘Época’

Por Altamiro Borges

Na eleição presidencial de 1989, a primeira após a redemocratização do país, a direita nativa ficou meio perdida. Ela só estava unida no intento de derrotar o operário Luiz Inácio Lula da Silva, da coligação PT-PSB-PCdoB, mas não sabia qual dos postulantes reunia as melhores condições para isto. Expressão desta confusão ficou evidente na cobertura manipulada da Rede Globo – a emissora do golpe e da ditadura militar. Num primeiro momento, ela apoiou Aureliano Chaves, o vice-presidente do general João Batista Figueiredo. Com o seu fiasco, ela se bandeou para a candidatura do empresário Afif Domingos, que também não vingou. No desespero, a famiglia Marinho até cogitou apoiar Mário Covas, mas só após este divulgar o manifesto “choque de capitalismo”. No final, sem alternativas, ela apoiou o outsider Collor de Mello, apesar das desavenças entre os dois barões da mídia.

Marielle e o ódio fascista na internet

Ilustração: Titi Carnelós
Por Altamiro Borges

O assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) causou uma comoção nacional. Milhares de manifestantes saíram às ruas em várias cidades nesta quinta-feira (15) para exigir justiça e o fim da onda de ódio e preconceito que cresceu no país desde a cruzada golpista contra a nossa democracia. Até a TV Globo, que sempre inviabilizou a luta das forças democráticas por direitos humanos, foi forçada a recuar, tentando capturar o sentimento de revolta da sociedade. Mas nas redes sociais, os fascistas voltaram a sair do esgoto para destilar seu veneno. Alimentados por alguns “calunistas” da mídia tradicional e por grupelhos da extrema-direita, eles culparam a própria vítima pela barbaridade cometida.

A morte de Marielle e o fascismo

Por João Ricardo Dornelles, no blog Cafezinho:

No dia 10 de junho de 1924, milicianos fascistas sequestram o deputado socialista Giacomo Matteotti, secretário-geral do Partido Socialista Unitário italiano, e opositor ferrenho ao poder crescente de Benito Mussolini.

Matteotti foi sequestrado em Roma permaneceu desaparecido, tendo o corpo encontrado apenas dois meses depois. Uma onda de revolta agitou a Itália e a opinião pública internacional, chegando a chegando a criar algum embaraço entre as forças do Partido Nacional Fascista e as suas milícias de camisas negras.

A ciência é contaminada pela crise política

Por Cezar Xavier, no site da Fundação Maurício Grabois:

Na sexta (9), o Programa de Pós-graduação em Ciência da Comunicação da ECA-USP recepcionou seus alunos no Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE) para uma Aula Magna de Olival Freire Jr, um dos cientistas brasileiros mais destacados internacionalmente, pesquisador da história da ciência. A aula magna versou sobre a trajetória da ciência no Brasil.

Olival Freire Júnior é pesquisador em história da teoria quântica, história da física no Brasil e utilizações da história e filosofia da ciência no ensino das ciências. Já realizou estágios de pesquisa pós-doutoral nas universidades Paris 7, Harvard, MIT e Maryland. Em 2004, recebeu a Senior Fellowship do Dibner Institute for the History of Science and Technology, MIT, EUA. Em 2011, ganhou o Prêmio Jabuti pela obra Teoria quântica: estudos históricos e implicações culturais, co-editado com O. Pessoa e J.L. Bromberg. É o atual Pró-Reitor de Pesquisa, Criação e Inovacão da UFBa e integra o conselho da History of Science Society (EUA).

Um tiro na intervenção militar no RJ

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

O assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) foi um xeque na intervenção militar no Rio de Janeiro.

Primeiro, por comprovar que o combate ao crime organizado não reside nessa farsa de ocupação de territórios. O crime está instalado no comando do PCC e na Polícia Militar. Dias antes, Marielle denunciou especificamente as violências cometidas pelo 41º Batalhão da PM.

Depois, por ser um desafio ostensivo à intervenção militar no Rio – que, entre suas missões mais relevantes, incluiu a limpeza da Polícia Militar.

Somos todos (as) Marielle

Por Frei Betto, no site Jornalistas Livres:

Os assassinatos da vereadora Marielle Franco, do PSOL, na noite de 14 de março, no Rio, e de seu motorista, Anderson Pedro Gomes, equivalem ao do estudante Edson Luis, no Calabouço, em 28 de março de 1968. Este representou o desmascaramento da ditadura militar e de sua natureza cruel, sacramentada pelo AI-5, a 13 de dezembro de 1968.

Agora, o crime organizado escancara suas impressões digitais e proclama que é o dono do pedaço carioca. Não pretenda a intervenção militar extirpar o conluio entre a banda podre da polícia e o narcotráfico, nem ousar defender os direitos humanos dos moradores de favelas. Este o recado dado.

Assassinato de Marielle: “recado” à esquerda

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

A recém-falecida vereadora carioca Marielle Franco não foi vítima da violência urbana brasileira, não morreu por reagir a um assalto; foi executada com 4 (!!) tiros na cabeça por um carro que parou ao lado do seu. A quem interessava sua morte? Só se pode concluir que foi um assassinato político – ou seja, foi morta por sua militância política. Nada foi roubado e os tiros foram para matar. Matar Marielle interessava a quem quer acabar com a esquerda brasileira. Foi um recado.

Quem Marielle criticava?

Abusos marcam um mês de intervenção no RJ

Por Júlia Dolce, no jornal Brasil de Fato:

A intervenção federal militar no Rio de Janeiro completa um mês nesta sexta-feira (16), apenas dois dias após o assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol). Cenas como crianças tendo suas mochilas revistadas antes de entrarem na escola e moradores das favelas serem fotografados segurando a identidade para circular pela cidade se tornaram corriqueiras e exemplificam a arbitrariedade da ações militares desde a intervenção.

Para Filipe dos Anjos, secretário geral da Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (Farferj), essas mudanças na rotina das favelas mostram que o principal interesse do Estado com a intervenção não é a garantia da segurança da população.