segunda-feira, 4 de junho de 2018

Dias de fúria e esperança

Foto: Agência Brasil
Por Lindbergh Farias e Jaldes Meneses

Pesquisa divulgada na Folha de São Paulo na semana passada estampou três resultados acachapantes: a greve dos caminhoneiros tinha o apoio de 87% da população; e 92% consideravam justas as reivindicações. Mais relevante, ainda, foi que também 87% consideravam que as propostas de Temer para solucionar a crise não eram satisfatórias.

De onde veio tanto apoio aos caminhoneiros? Não é preciso consultar as análises de conjuntura feitas pela esquerda. Os analistas mais antenados do mercado financeiro reconhecem as razões profundas de tanto apoio social: a agenda neoliberal tornou-se irremediavelmente impopular no Brasil. E perceberam o impasse. Ítalo Lombardi, estrategista sênior para mercados emergentes do Crédit Agricole em Nova York, na edição do Valor Econômico de 28/05/2018, declara: "É uma agenda econômica que claramente a população está rechaçando. [...] Consigo ver perdedores claros: o governo e sua agenda econômica".

O caminho que falta para as eleições

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Faltam quatro meses e três dias para o primeiro turno da eleição mas o governo acabou antes do final do mandato. A saída de Pedro Parente da presidência da Petrobras ainda não foi o epílogo da crise deflagrada pela greve dos caminhoneiros. As consequências ainda nem começaram e ainda escavarão mais o trecho de caminho que falta. O problema é como percorrê-lo sem tombos e sem fraturas. Temer, dizem aliados ressabiados, devia fazer como Sarney no final de seu governo: manter o básico e garantir a transição, mas ele parece acreditar que ainda tem um papel relevante a cumprir.

Do paneleiro ao caminhoneiro

Por Luis Fernando Vitagliano, no site Brasil Debate:

A greve dos caminhoneiros revela que o país dos paneleiros não existe. Não existe um país liberal com controle de preços pelo Estado. Não existe um país com liberdades democráticas sem liberdades partidárias. Não existe democracia sem oposição. Não existe liberdade sem justiça social. E o silêncio de agora dos revoltados de panelas nas mãos não mostra indiferença – como queremos crer – mostra a incongruência cognitiva de quem se propôs a discutir política sem o devido cuidado com o assunto.

Parada LGBT homenageia Marielle Franco

Por Lu Sudré, na Rede Brasil Atual:

Milhares de pessoas ocuparam a Avenida Paulista, em São Paulo, para participar da 22ª edição da Parada do Orgulho LGBT neste domingo (3). Com o tema Poder para LGBTI+, Nosso Voto, Nossa Voz, o evento chamou a atenção para as eleições deste ano, para o respeito às diferenças e se posicionou contra a violência.

A arquiteta Mônica Benício, viúva da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), assassinada no Rio de Janeiro em 14 de março deste ano, participou da abertura da Parada, ao lado da Drag Queen Tchaka, que comandou o principal trio elétrico do evento. Emocionada, Mônica reforçou o legado e atuação política de Marielle na defesa dos direitos humanos.

Carta Aberta ao presidente Lula

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Por Samuel Pinheiro Guimarães

Senhor Presidente e Querido Amigo,

Luiz Inácio Lula da Silva

Lula livre!

É o brado do povo oprimido que exige democracia, desenvolvimento, justiça, soberania.

Operários, camponeses, excluídos, religiosos, políticos, estudantes, intelectuais, empresários lutam há séculos pelos direitos do Povo brasileiro.

Dez denúncias contra a Fifa e a CBF

Por Daniel Giovanaz e Poliana Dallabrida, no jornal Brasil de Fato:

A Copa do Mundo da Rússia começa no próximo dia 14 de junho. Quando a bola rolar, o futebol deve se tornar o assunto principal dos bate-papos e coberturas jornalísticas. Por isso, a reportagem do Brasil de Fato aproveita o período de expectativa pela chegada das seleções para relembrar casos de corrupção que envolvem as entidades que organizam o evento.

Confira na lista abaixo os dez maiores escândalos em que foram denunciados ou condenados dirigentes da Federação Internacional de Futebol (Fifa) e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF):

O medo da população como aposta eleitoral

Por Marina Gama Cubas, na revista CartaCapital:

Em 12 de maio, Márcio França, sucessor de Geraldo Alckmin no governo de São Paulo, homenageou a cabo da Policia Militar Katia Sastre, que matou um bandido em frente a uma escola infantil no seu período de folga. Uma enquete que chegou à sua equipe mediu que 90% dos entrevistados apoiaram a atitude do governador.

O gesto de França ocorreu em meio à sua pré-candidatura ao Palácio dos Bandeirantes pelo PSB. Ele não é o único a tentar capitalizar com o episódio. A própria Sastre flerta com a possibilidade de deixar a atuação na PM para começar uma nova carreira na política. Ela aceitou se filiar ao PR e deve disputar uma vaga na Câmara dos Deputados em 2018.

Lição tardia para os saudosos da ditadura

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Leandro Loyola, na edição de hoje de O Globo, publica mais uma revelação de documentos estrangeiros mostrando corrupção no regime militar.

De novo, nenhum efeito fará, porque para os cínicos e hipócritas a verdade tem pouca serventia.

A leitura é, porém, interessante para que se entenda que, embora alguns espertalhões de farda possam tem tirado gordas vantagens, a instituição militar teve um imenso prejuízo com o papel autoritário a que se prestou e que esta consciência, sob os quepes menos obtusos, prevalece há três décadas.

domingo, 3 de junho de 2018

Militares, corrupção e os coxinhas insanos

Por Altamiro Borges

Contaminados pela mídia golpista com sua escandalização da política, setores da classe “mérdia” saíram às ruas para exigir o “Fora Dilma”. Vestidos com as camisetas da “ética” CBF e portando os patinhos da Fiesp, eles ajudaram a alçar ao poder a quadrilha de Michel Temer. A promessa de que a vida melhoria de forma “instantânea”, como bravateou o escravocrata Flávio Rocha, dono da Riachuelo, não vingou e muitos até estão arrependidos – como atestou recente matéria da revista Época. Agora, pendurados na brocha, esses “midiotas” voltam às ruas para exigir “intervenção militar”. Trocam a camiseta amarela pela farda. Durante a greve dos caminhoneiros, que atestou o colapso do covil golpista, alguns “coxinhas” ergueram faixas e fizeram atos diante de quartéis.

Um hino em defesa dos direitos humanos

Miriam Leitão cai com Parente

Por Miguel Enriquez, no blog Diário do Centro do Mundo:

Exatos dois anos depois de sua posse, no dia 1º de junho de 2016, Pedro Parente não é mais o presidente da Petrobras.

Queridinho do mercado, fora apresentado como o homem providencial e o melhor gestor de crises de que o país dispunha, o executivo adequado para sanar a estatal, abalada pelo chamado Petrolão.

Entre os áulicos, ninguém superou a jornalista Miriam Leitão, a decana dos comentaristas de economia dos veículos do grupo Globo.

Militares criaram dependência rodoviária

Por Isaías Dalle, no site da Fundação Perseu Abramo:

O recente movimento dos caminhoneiros despertou, entre outros, o debate sobre como o Brasil é bastante dependente do transporte rodoviário. A capacidade da frota de caminhões de parar o país espantou muitos.

A dependência das estradas decorre de diferentes fatores, porém, é evidente que esse processo teve forte impulso durante o regime militar. O mesmo regime que desperta saudosismo entre segmentos da opinião pública.

Ditadura e a maluquice dos intervencionistas

Por Emílio Rodriguez e Guilherme Silva, no site Jornalistas Livres:

Andar com uma bandeira do Brasil não te faz patriota, pois defender o Brasil é lutar para preservar nossas riquezas, nosso patrimônio, lutar contra a privatização, lutar pela redução da desigualdade entre os brasileiros e por uma vida digna para todos.

Há dois anos os intervencionistas estavam nas ruas pedindo a subida de Temer ao poder e agora dizem na maior cara de pau que querem limpar o país da corrupção. Eles são responsáveis pelo golpe, pela destruição de direitos do povo, venda do nosso patrimônio, aumento da desigualdade, ou seja, pela destruição de nosso país.

Alckmin é candidato de Temer e da direita

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

Em março de 2016, convidados pelo MBL, Alckmin e Aécio encheram uma van de tucanos e aliados e se dirigiram para a Avenida Paulista para participar de um protesto a favor do impeachment de Dilma, que cairia no mês seguinte. O apoio daquela van foi decisivo para que Temer e o MDB traíssem a chapa pela qual foram eleitos e implantassem o programa de governo tucano que havia sido rejeitado pelas urnas.

Petrobras sofre novos ataques especulativos

Por Miguel do Rosário, no blog Cafezinho:

O senhor Pedro Parente pediu demissão da presidência da Petrobras no meio do pregão, provocando uma grande instabilidade no preço das ações da estatal, que sofreram bilionária desvalorização – quase R$ 60 bilhões de prejuízo. Quer dizer, além do prejuízo monstruoso causado à economia pelo aumento criminoso no preço dos combustíveis, além dos danos provocados pela greve dos caminhoneiros, que também chegam a dezenas de bilhões de reais, igualmente causados por uma política irresponsável de preços, o senhor Pedro Parente ainda causou um prejuízo de mais de R$ 60 bilhões ao se demitir, abruptamente, no meio de um pregão, sem negociar com governo e mercado uma transição para sua gestão.

Petrobras: mudar mais que o presidente

Editorial do site Vermelho:

Há um debate causado pela demissão do entreguista ultraliberal Pedro Parente da presidência da Petrobrás. É um debate necessário, que envolve a definição sobre o papel de uma empresa estatal, e a que objetivos ela serve.

Há aqueles que, rigidamente mercadistas, privatistas, supõem que uma empresa do porte da Petrobras deve apenas gerar lucros polpudos a seus investidores, que é um eufemismo para designar o grande capital, brasileiro e principalmente estrangeiro.

Mídia se faz de ignorante para criticar o povo

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

O principal argumento da mídia do pensamento único para desqualificar o apoio da população à greve dos caminhoneiros é um exagero em matéria de mistificação política.

A tese foi resumida por Merval Pereira no Globo de hoje: "enquanto 87% dos pesquisados apoiaram a greve, 81% mostraram-se contrários a pagar os custos das reivindicações através dos impostos". Numa versão radical da crítica a esse ponto de vista, a colunista da Folha Mariliz Pereira Jorge não perdeu a oportunidade: "o pior do Brasil é o brasileiro", escreveu.

É simplesmente ridículo.

Boff: “Devemos manter a indignação”

Por Ivan Longo, na revista Fórum:

Poucos episódios ligados à política nacional brasileira deste ano foram tão tristes como o dia em que o teólogo Leonardo Boff, aos seus 79 anos, foi impedido de visitar o ex-presidente Lula na superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde está preso há quase dois meses.

A imagem de Leonard Boff sentado à sombra da cabine policial, aguardando para visitar seu amigo há mais de 30 anos, rodou o mundo e ajudou a denunciar uma Justiça arbitrária e insensível.

“Negaram a minha humanidade e a do ex-presidente Lula”, disse Boff, aos prantos, na ocasião.

FHC, o demiurgo de alma pequena

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Desde seus tempos iniciais em política, Henrique Cardoso se perdeu pela falta de coragem e excesso de oportunismo. De certa forma ele lembra CEOs de uma empresa, que se preocupam exclusivamente com o próximo balanço trimestral e em preparar as desculpas para a assembleia de acionistas.

Não cometeria a indelicadeza de compará-lo ao ex-Ministro Cristovam Buarque, que é um FHC sem nenhuma sutileza intelectual.Também não gosto de reduzir os grandes conflitos públicos aos fatores pessoais, aos pequenos sentimentos de inveja, arrogância, prepotência, tão ao gosto dos diagnósticos de redes sociais.

A quem pertence a Petrobras?

Por Cezar Britto, no site Congresso em Foco:

A greve dos caminhoneiros transportou para o mundo real o debate sobre o papel da Petrobras, da compreensão estratégica do petróleo enquanto patrimônio do povo brasileiro e quem deve ser o real destinatário dos serviços gerados pelas empresas estatais. Deste debate, entre placas de “pare e siga” para umas e outras análises, perguntas são ligadas, freadas ou estacionadas em locais não pavimentados por respostas sólidas. Mas todos, com raríssimos derrapes excludentes, assumindo a condição de motorista, passageiro, mecânico ou transeunte assumiram o direito de opinar sobre a nova crise gerada pelo governo plantonista. E eu sigo pela mesma estrada opinativa.