sábado, 3 de novembro de 2018

Bolsonaro e o punitivismo medieval de Moro

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

O juiz Sérgio Moro, que se notabilizou pelos excessos nas prisões provisórias para forçar delações e por permitir acorrentar pés e mãos de presos, além de espionar e vazar conversas privadas de seus investigados, aceitou o convite de Jair Bolsonaro e será o ministro da Justiça e Segurança Pública do novo governo. A ida de Moro para o governo do candidato a quem beneficiou diretamente ao condenar seu principal rival reforça a percepção de que a decisão de prender Lula foi política e também a expectativa de que Bolsonaro, com forte controle sobre as Forças Armadas e a Polícia Federal, instaure um estado policial no país utilizando os métodos que consagraram Moro em Curitiba.

Tolerância zero com o estado de exceção

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Movimento 1 – as hipóteses de trabalho

Para tornar mais objetiva a análise vamos definir um conjunto de evidências prévias:

Evidência 1 – Jair Bolsonaro é um defensor do estado de exceção. Ponto. Havendo condições, implantará o Estado de Exceção em um país em que já se quebrou a mística da democracia estável que existia desde a Constituição de 1988.

Evidência 2 – Bolsonaro já apontou os movimentos populares como alvo de repressão. As mudanças em andamento na legislação, tentam enquadrar toda manifestação social na categoria de terrorismo.

O general da repressão é Sergio Moro

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Escrevi aqui que ontem poderia ser considerado o dia da fundação do Estado Policial Brasileiro mas, desde já, tal como se trocou em 1964 o “Primeiro de Abril” pela “redentora Revolução de 31 de Março”, sugere-se que fique a data como sendo a de hoje: o Dia de Finados, pelo simbolismo em relação à morte dos direitos à privacidade, à presunção de inocência e à segurança no exercício de nossas liberdades.

Trump, Bolsonaro e o "inimigo permanente"

Do blog Viomundo:

No dia 4 de agosto deste ano, o deputado federal Eduardo Bolsonaro tuitou uma foto feita em Manhattan com uma mensagem em inglês: “Foi um prazer encontrar Steve Bannon, estrategista da campanha presidencial de Donald Trump. Tivemos uma boa conversa e compartilhamos da mesma visão de mundo. Ele se disse um entusiasta da campanha de Bolsonaro e estamos em contato para juntar forças, especialmente contra o marxismo cultural”.

Como a conversa não foi pública, é impossível dizer até que ponto os dois de fato concordam.

STF será a oposição natural de Bolsonaro?

Por João Carlos Dalmagro Junior, no site The Intercept-Brasil:

O caminho de Jair Bolsonaro à presidência foi marcado por uma profusão de impropérios e um desprezo tosco pelas instituições democráticas. O Supremo Tribunal Federal não passou despercebido à metralhadora engasgada da extrema-direita. Agora, seu papel está prestes a ser remodelado. No olho do furacão, o Brasil.

Desde sua instalação em 1891, o STF foi responsável por julgamentos históricos. Mas seu protagonismo aumentou exponencialmente com o transmissão ao vivo das decisões do Plenário, a partir de 2002. Ministros, então juízes, se tornaram estrelas e passaram a encher a boca para ler seus votos, muitos deles quilométricos e maçantes. Rompantes vergonhosos e arroubos de botequim se transformaram em rotina entre os membros da Corte. A população, mesmo embasbacada pelo juridiquês, passou a assistir à TV Justiça para ver o circo pegar fogo.

Bolso-Moro e o toma-lá-dá-cá da política

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

“Ministro Moro é Judiciário com partido - Os protagonistas da Lava Jato estavam e estão empenhados em um projeto político” (Reinaldo Azevedo, jornalista, hoje na Folha).

A festiva entrega do Ministério da Justiça plus size por Bolsonaro para Moro, na quinta-feira, apenas escancarou o que todo mundo já sabia: o papel decisivo da Justiça na eleição de 2018.

Antes mesmo da eleição, como revelou o general Mourão, já tinha sido acertada a entrada triunfal do juiz de Curitiba no novo governo.

Os custos da guinada na política externa

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

O presidente eleito Jair Bolsonaro já definiu os ocupantes de pastas estratégicas como Casa Civil, Economia e Justiça, mas não o de Relações Exteriores, geralmente um dos primeiros anunciados, até para que os governos estrangeiros tenham logo um interlocutor.

Ele segue fixando, pessoalmente, as linhas de uma política externa que pode ter custos elevados para o Brasil e comprometer décadas de esforços diplomáticos. O convidado terá que aceitar o prato feito.

O alinhamento com os Estados Unidos deve alcançar o nível das “relações carnais”, definição do ex-presidente argentino Carlos Menem para a submissão de seu governo.

Brasil vai virar um grande Porto Rico?

Por Marcelo Zero

Porto Rico é um “estado associado” dos EUA. 

Anexado em 1898 pelos norte-americanos, após a guerra contra a Espanha, Porto Rico é um território subordinado, que não faz parte dos Estados Unidos.

Seus habitantes, embora tenham a cidadania norte-americana, não podem votar para eleger o presidente, senadores ou deputados. No Congresso, Porto Rico tem apenas um Resident Commissioner, com direito a voz, mas sem direito a voto.

Dessa forma, Porto Rico não é nem um Estado soberano nem um Estado dos EUA.

Sergio Moro e a falsa ingenuidade

Por Céli Pinto, no site Sul-21:

Enquanto parte expressiva da imprensa internacional noticiou a ida de Sergio Moro para o Ministério da Justiça com espanto e desconfiança (Le Monde; Guardian; Clarín; Times), os órgãos da grande mídia brasileira encontraram no juiz paranaense a razão que precisavam para cair nos braços de Bolsonaro. O paladino da justiça, o grande balizador do bem e do mal está no governo. Agora, o eleito que prometeu matar inimigos e deixar apodrecer outros na cadeia, tornou-se um político ponderado e com escolhas corretas.

O triunfo do populismo de direita nas urnas

Por Luis Fernando Vitagliano, no site Brasil Debate:

Ao contrário do que possa parecer aos olhos desatentos, a ascensão de Jair Bolsonaro não tem nada de casual ou acidental, pelo contrário, tem laços internacionais, doutrina testada e muitas semelhanças a outras ameaças no restante do mundo. O nome do movimento que colocou essa figura pouco palatável no poder e ameaça a ordem democrática é o populismo de direita.

Criado pelo conservador estadunidense Steve Bannon, o populismo de direita é o fenômeno que, associado à internet, tem dado ao capitalismo sua forma mais radical depois da crise de 2008. Esse populismo de direita se combina ao nacionalismo para reforçar valores das maiorias. Ao criticar as elites econômicas e políticas, ao chamá-las de corruptas e de manipuladoras, defendem que essas elites atuam para defender seus privilégios e condenar a população ao estado de pobreza e opressão em que vivem.

Moro: Justiça com dois pesos, duas medidas

Editorial do site Vermelho:

A emblemática escultura de Alfredo Ceschiatti instalada em frente ao edifício sede do Supremo Tribunal Federal (STF), na Praça dos Três Poderes, em Brasília, simboliza, com seus olhos vendados, a imparcialidade que deve reger os vereditos da Justiça. Pode-se afirmar que esse simbolismo passou ao largo da trajetória de Sérgio Moro na magistratura, que num salto meteórico passou de juiz de primeira instância a ministro da Justiça do futuro governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Moro do Ministério da Justiça poderá ir para o STF, como admitiu o próprio Bolsonaro.

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Herói da mídia, Moro vira superministro

Previdência no Chile e Plágio de Armínio

Por Eduardo Fagnani, na revista CartaCapital:

A proposta de Reforma da Previdência Social do novo governo elaborada por Armínio Fraga prevê a instituição de uma renda mínima universal para pessoas acima de 65 anos equivalente a 70% do salário mínimo no primeiro ano. A renda mínima substitui o BPC (Benefício de Prestação Continuada) e o RGPS (Regime Geral de Previdência Social) para a maior parte dos trabalhadores urbanos e rurais que recebem benefícios de até um salário-mínimo.

Bolsonaro já assusta parceiros comerciais

Por Marcelo Manzano, no site da Fundação Perseu Abramo:

Passados apenas três dias do desfecho eleitoral, as declarações desastradas de Bolsonaro e de seus assessores mais próximos já provocam preocupações em diversas áreas, em especial no que tange as relações comerciais do Brasil com seus principais parceiros.

Ao fazer questão de manifestar sua simpatia especial por tudo que cerca a terra de Tio Sam, Bolsonaro tem conseguido azedar o humor com parceiros comerciais estratégicos, para os quais somos grandes exportadores ou dos quais importamos bens e serviços fundamentais para a nossa produção.

O capitão e seu feiticeiro

Por Paulo Kliass, no site Outras Palavras:

Anunciados os resultados do segundo turno do pleito presidencial, é natural que sejam aceleradas as tratativas e as negociações em torno da formatação da versão 1.0 do futuro governo do Capitão Bolsonaro. Por mais que estejamos a dois meses da posse, o novo presidente avança na definição de nomes estratégicos na composição ministerial. Além disso, precisa responder aos pleitos por cargos dos setores que o apoiaram no processo eleitoral e também atender às demandas dos atuais e, principalmente, dos futuros integrantes do Congresso Nacional.

Adeus, meu país, adeus

Por Eric Nepomuceno, no site Carta Maior:

Ontem, depois de votar, fomos minha companheira de mais de quatro décadas atrás, nosso filho e eu ao " Alvaro’s " comer algo leve e experimentar a emoção de ter votado para um futuro em que acreditamos e que era ameaçado .

Na segunda metade da década de 1960, em plena ditadura, e, em seguida, até o retorno da democracia o "Alvaro’s" um bistrô de bairro, era um ponto de encontro de artistas e pessoas progressistas.

Vamos continuar: no final volto ao "Álvaro's" o antigo.

No sábado à noite, meu filho, que estava fora e retornou ao Brasil com a única missão para votar ontem, me disse: "Você tem que levar um livro".

Paulo Guedes e o obeso com pneumonia

Por Cesar Locatelli, no site Jornalistas Livres:

Qual é o médico que cuidaria primeiro da obesidade de uma ou um paciente para depois cuidar da pneumonia? Cometesse tal doidice o “doutor”, certamente, se complicaria com o Conselho Regional de Medicina. Entre os economistas parece haver maior blindagem para desatinos.

A dupla Jair Bolsonaro e Paulo Guedes acha que, em primeiro lugar, deve-se “emagrecer” o Estado brasileiro, cortar gastos, ajustar as contas, produzir superávit já em 2019. O desemprego, que é a pneumonia, será resolvido com a “dieta”, acreditam eles, seus parceiros do mercado financeiro e liberais em geral.

O alerta da China a Bolsonaro

Por Haroldo Lima, no Blog do Renato:

As reiteradas posições inamistosas de Bolsonaro face à China fizeram com que este país, dois dias após a eleição no Brasil, tenha lavrado um protesto a suas posições e expressado um alerta vigoroso.

Jair Bolsonaro conseguiu ser eleito presidente da República sem apresentar suas ideias sobre o Brasil. Vituperava frases, em geral insolentes, agredindo setores sociais vulneráveis. Sobre a economia, repetia bordões genéricos e voluntaristas. Suas afirmações causavam sobressalto, mas seus apoiadores acreditavam que ele não as cumpriria. Nunca se desejou tanto que um presidente eleito desconsidere tudo o que prometeu. É a torcida de muitos dos que votaram nele, com elevada dose de ingenuidade.

Moro se assumiu como agente do golpe

Por Jeferson Miola, em seu blog:

Ao primeiro assobio, Moro se atirou no colo do presidente eleito como aquele cachorrinho faceiro, com o rabo abanando, ávido por receber do seu dono a recompensa pelo dever cumprido.

O editorial da Folha de SP [1º/11] se espantou com “a sofreguidão com que o juiz federal Sérgio Moro atendeu ao chamado do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), poucas horas após o fechamento das urnas […]” [sofreguidão, no dicionário Houaiss: característica do que é sôfrego; voracidade, gulodice; desejo ou ambição de conseguir sem demora alguma coisa; avidez ‹s. de enriquecer›; desejo sensual imoderado].

Anotações sobre o grande desastre

Por Gilberto Maringoni

A maior proeza de Jair Bolsonaro não foi ter vencido as eleições. Foi ter imposto sua agenda para toda a disputa.

E esse – contraditoriamente – pode ser seu calcanhar de Aquiles no governo.

A mercadoria que prometeu vagamente entregar – “mudar isso que está aí” – pode não constar de seu estoque.

Esse é tema para outro artigo. Quero me deter no caminho que percorremos até aqui.