domingo, 6 de janeiro de 2019

Base militar dos EUA: servilismo ou bravata?

Por Altamiro Borges

Em entrevista ao SBT (Sistema Bolsonazista de Televisão) na quinta-feira, o capitão-presidente – que bate continência para a bandeira dos EUA – sinalizou que seu governo aceita discutir a instalação de uma base militar ianque em território nacional. O vassalo repetiu que a aproximação com os EUA é uma questão estratégica, que não é “apenas econômica, mas pode ser bélica também”, e insinuou que a base militar seria “até simbólica” desta dependência. O servilismo foi tanto que muita gente achou que seria mais um factoide do bravateiro que adora espalhar fake news para desviar a atenção sobre os temas mais delicados. Neste domingo (6), porém, em entrevista à insuspeita Eliane Cantanhêde, no Estadão, a oferta vexaminosa foi confirmada.

Por que não se deve acreditar em Bolsonaro

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Uma das primeiras lições, nessa estreia inicial do novo governo, é que a palavra de Jair Bolsonaro não deve ser levada a sério.

Bolsonaro não tem noção sobre tema algum, a não ser sobre o exercício do preconceito. Quando dispara declarações sobre cada tema, as bolsas ainda reagem, como reagiriam às declarações de qualquer presidente normal, de um governo normal.

Em breve irão aprender que nem como insider (dono de informações privilegiadas) Bolsonaro serve. Se, algum dia, alguma declaração sua bater com as decisões que estão sendo tomadas por seu governo, será por absoluta coincidência.

'Inteligência' na qual não se deve acreditar

Por Dilma Rousseff, em seu site:

A “senhora Rousseff não acreditava na inteligência”. A declaração é do “senhor Heleno” ao assumir o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Tal afirmação vem sendo feita pelo “senhor Heleno” em todas entrevistas dadas à imprensa. Em vista disso, é inevitável tratar do assunto.

De fato, durante meu mandato, tive várias situações de manifesta ineficácia do GSI e do sistema de inteligência a ele articulado.

Governo 'bate cabeça' ou é 'balão de ensaio'?

Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:

As mudanças tributárias anunciadas nesta sexta-feira (4) pelo presidente Jair Bolsonaro – de aumento da alíquota de IOF e a redução da faixa mais alta da tabela de Imposto de Renda – não estão claras. Mas, se efetivamente adotadas, vão penalizar quem ganha menos e beneficiar as classes mais altas. Como outras medidas anunciadas, porém, o caso dos impostos mostra contradições dentro do governo.

Não foi delírio, foi ensaio

Tereza Cruvinel
Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

O que assistimos bestificados, nessa primeira semana de janeiro, como se a virada do ano tivesse nos levado a outro país, não foi ao início de um novo governo, mas à implantação de um novo regime político, de traço teocrático-militar-fundamentalista e nitidamente ultraliberal na economia.

É preciso entender sua natureza e não apostar que terá vida curta.

É ilusão também acreditar que os absurdos da semana inaugural foram apenas expressões de regozijo e júbilo, temperados pelo revanchismo, na chegada ao poder.

E se Pondé fosse filósofo?

Por Fran Alavina, no site Outras Palavras:

Ao fim de 2017, o nosso mais singular caso de intelectual homologado – Luís Felipe Pondé – nos presenteou com um texto que com certeza se tornará um dos clássicos de sua douta produção: tanto mais verborrágica, quanto rasa. Em sua coluna na Folha de S.Paulo, mais precisamente no artigo “E se o PT voltar ao poder em 2018?”, revelou-se a faceta mais determinante, porém não suficientemente discutida de sua produção.

Temer golpeia rádios comunitárias

Por Katarine Flor, no jornal Brasil de Fato:

No último dia de mandato, governo Temer extinguiu a licença de cerca de 130 Rádios comunitárias em diversas regiões do país. Entidades representativas das emissoras criticam a medida e destacam a falta de debate público sobre o assunto. A decisão do Ministério da Ciência, Tecnologia, inovações e Comunicações (MCTIC), à época sob o comando de Gilberto Kassab, foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) no dia 31 de dezembro de 2018.

Bolsonaro e o Brasil no Mapa da Fome

Por Patrus Ananias, no blog Viomundo:

O presidente Jair Bolsonaro começa seu governo cumprindo o que prometeu: levar o Brasil novamente para o Mapa da Fome.

O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) tinha como função propor ao governo federal as “diretrizes e prioridades” nesta área tão essencial.

A eliminação do Consea federal por medida provisória, assinada por Jair Bolsonaro em seu primeiro dia de governo, abre espaço para toda a desconstrução desse sistema, que abrange também conselhos estaduais e municipais.

Pesquisa mostra Bolsonaro fraco e Lula forte

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Escolhido em segundo turno por 39,6% dos eleitores, confirma-se agora que a sustentação popular dos planos de governo de Jair Bolsonaro tem consistência de uma gelatina. Diz o Datafolha:

- a reforma da Previdência é rejeitada por 71% dos brasileiros;

- o programa de privatização é rejeitado por 57%;

- a ideia de enfraquecer leis trabalhistas é rejeitada por 60%;

- o alinhamento preferencial com a diploma dos EUA é condenado por 66%;

A primeira semana sem socialismo no Brasil

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Em ritmo alucinante, não deixaram pedra sobre pedra nas conquistas sociais dos últimos anos e deram uma guinada tão forte para a direita que o Brasil corre o risco de cair no mar.

Ao final de quatro anos, poderá ser anexado à África.

Tento fazer um balanço desta primeira semana do bolsonarismo varrendo o “socialismo” do país, mas nem sei por onde começar, tantas são as barbaridades cometidas e anunciadas neste início de governo cívico-militar, uma nova jabuticaba nativa.

O regime do golpe empossou o da tirania

Por José Reinaldo Carvalho, no blog Resistência:

A posse de Jair Bolsonaro na Presidência da República mereceu um ruidoso consenso por parte da mídia empresarial e das lideranças conservadoras do mundo político e econômico-financeiro.

Por alguma razão, o ato de investidura no mais alto cargo do país de um político tão desafeto da democracia é designado como “festa da democracia”.

Atribuir caráter democrático ao novo regime e propagar que a democracia lhe deu posse é mais uma dessas falsificações que fazem parte da época das chamadas fake news.

sábado, 5 de janeiro de 2019

Governo Bolsonaro se esfacela a olhos vistos

Por Carlos Fernandes, no blog Diário do Centro do Mundo:

Três dias após tomar posse, Jair Bolsonaro descobre, na prática, que governar um país das proporções do Brasil requer muito mais do que frases de efeito e twitters mal escritos.

O verdadeiro tiro no galinheiro provocado pelas declarações do presidente nessa sexta (4) mostrou, mais do que o seu completo despreparo para todo e qualquer assunto, as fissuras já aparentes no relacionamento interno de um governo fadado ao fracasso.

O desespero em que se viram os membros do primeiro e segundo escalões para amenizar os efeitos da fala do chefe criaram uma cena pastelão de envergonhar Zélia Cardoso, aquela ministra da economia de Fernando Collor.

Cinco medidas reveladoras do novo governo

Por Vinicius Segalla, na revista CartaCapital:

O governo de Jair Bolsonaro mal começou, mas já mostrou a que veio. Decretos assinados na área econômica, extinções de secretarias, anúncios de alteração no Código Penal, na liberação de posse de armas, na demarcação de terras e em programas de inclusão do Ministério da Educação são algumas das áreas que já contam com as primeiras iniciativas do governo que tomou posse no dia 1º de janeiro. Veja, abaixo, algumas das medidas anunciadas até agora.

Liberação do porte de armas por decreto


Trump e Netanyahu atormentam Bolsonaro

Por Renato Rovai, em seu blog:

Não foi só a baixa participação popular na posse de Bolsonaro – que o GSI estimou em 115 mil pessoas e alguns veículos deram como número real (pausa para rir) – que teve pouco destaque na mídia em geral. Mas, principalmente, a baixíssima participação de delegações internacionais e de chefes de Estado no ato de transmissão do cargo.

Alguns comentaristas políticos atribuíram isso em razão do dia 1º de janeiro ser um feriado (pausa pra rir 2). Desde 2003 tem sido assim. Com Lula foram 120 delegações presentes. Com Dilma em 2011, 130. Com Bolsonaro 47.

As cores da manipulação política e ideológica

Por Osvaldo Bertolino, no site Vermelho:

Uma das formas de manipulação ideológica mais usada pelo bolsonarismo é a de associar ideologias a cores. O caso mais recente é o desse rumoroso posicionamento da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, de que o Brasil está em "uma nova era" e agora "menino veste azul e menina veste rosa. O mais emblemático, contudo, é o mantra de que a bandeira brasileira jamais será vermelha.

A direita europeia e a Previdência

Por Marcelo Manzano, no site da Fundação Perseu Abramo:

Por aqui, já não se consegue atravessar um dia sem que o tema da reforma da Previdência seja lembrado como tábua de salvação para a nossa economia. Depois de esfolarem a CLT e travarem os gastos sociais, o mantra da vez dos donos do dinheiro é dizer que sem mexer na Previdência não se conseguirá restabelecer a sacrossanta “confiança do mercado”.

Congresso mais conservador dos últimos anos

Por Antônio Augusto de Queiroz, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

O novo Congresso Nacional, renovado em 52% na Câmara e 85% no Senado – em relação às 54 vagas em disputa – será mais liberal na economia, mais conservador nos costumes e mais atrasado em relação aos direitos humanos e ao meio ambiente do que o atual. Pulverizado partidariamente e organizado em torno de bancadas informais – como a evangélica, segurança/bala e ruralista –, será o mais conservador desde a redemocratização.

Quem está fazendo “rolo” é Bolsonaro

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Admita-se, com toda generosidade do mundo, que possa haver verdades na história de que os R$ 1,2 milhão movimentados na conta de Fabrício Queiroz possam vir do seu alegado comércio de automóveis, embora os valores de cada movimento não sejam compatíveis com o valor de veículos.

Isso, porém, desmonta a história de que era uma pessoa em dificuldades, que precisava de empréstimos pessoais e de empregar a família inteira nos gabinetes de pai e filho Bolsonaro.

A experiência do “governo paralelo”

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Em 1990, após a vitória de Fernando Collor na eleição de 1989, o PT decidiu montar um “governo paralelo” em contraponto ao oficial. Foram escolhidos “ministros” e tudo, com o objetivo de mostrar à população as diferenças entre os dois projetos de país e as medidas que seriam tomadas por Lula na comparação com o que estava sendo feito pela direita. É hora de os partidos de esquerda, capitaneados pelo PT, PSOL e PCdoB, reeditarem esta experiência.

Sobre política, distração e destruição

Por Silvio Almeida, no site Jornalistas Livres:

O atual governo tem três núcleos:

1. O ideológico-diversionista. Serve apenas para manter a moral da “tropa” em alta, dando representatividade e acomodação psicológica a quem realmente acredita que o Brasil é socialista, que existe ideologia de gênero ou que a terra é plana. Serve também para causar indignação e tristeza nos “progressistas” e, assim, desviar a atenção das questões centrais manejadas pelos núcleos 2 e, especialmente, pelo 3. Pode também ser utilizado para criar bodes expiatórios: se algo der errado em qualquer setor dir-se-á que foi porque não houve “pulso” para combater a ameaça vermelha, os defensores dos direitos humanos ou os apologistas da ideologia de gênero. Basta trocar por outro mais moderado ou ainda mais alucinado, a depender das circunstâncias. Por mais que haja oportunismo, é importante que os recrutas desse núcleo acreditem nas coisas que dizem. É o exército de Brancaleone, mas causará muitos estragos.