domingo, 20 de janeiro de 2019

Índios atacados em nome de Bolsonaro

Por Gerson Neto, no site Outras Palavras:

Uma organização criminosa sediada no município de Jaru, Rondônia, está organizando invasões a terras indígenas. Seu objetivo é a grilagem das terras para ocupação por colonos brancos, inspirados por declarações do presidente Jair Bolsonaro. No dia 11 de janeiro último, um grupo de 40 homens invadiu a Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, no município de Governador Jorge Teixeira, na região central de Rondônia, próximo a aldeia conhecida como Linha 623, às margens do Rio Campanito.

Venezuela e o fanatismo do Itamaraty

Por Jeferson Miola, em seu blog:                 

O ex-embaixador Rubens Ricúpero exprimiu como ninguém a estupefação causada pelo comunicado do Itamaraty sobre a reunião do ministro Ernesto Araújo “com as principais forças políticas democráticas venezuelanas”.

O chanceler do Bolsonaro atacou que “o sistema chefiado por Nicolás Maduro constitui um mecanismo de crime organizado. Está baseado na corrupção generalizada, no narcotráfico, no tráfico de pessoas, na lavagem de dinheiro e no terrorismo” [ler comunicado].

O sequestro do espanto

Por Ayrton Centeno, no jornal Brasil de Fato:

Não existe maior espanto no Brasil de 2019 do que a desaparição do espanto. Nada espanta mais. O cotidiano do poder na Pátria Amada tornou-se tão assombroso que tudo é possível, tudo é crível. Todo dia o Absurdo diz “Oi” para a gente, e a gente responde como se não fosse uma aberração, mas nosso vizinho de porta.

Bastaram duas semanas de regência militar-evangélica-neoliberal para se desatarem os últimos fiapos das amarras que ainda nos prendiam ao real. Os eventos deste janeiro insano, as vacilações, as asneiras, os tropeções, as cabeçadas, a exaltação da estupidez nos arremessaram no meio de algo similar a uma comédia dos "Três Patetas", com a desvantagem óbvia de que os patetas aqui não são apenas três. Mesmo assim, não ficamos estarrecidos como a situação nos impunha. Parece mesmo que o espanto foi sequestrado.

A violência do Estado brasileiro

Por Arlene Laurenti Ayala e Giane Maria de Souza, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Estado e governo são aparatos distintos de poder. O Estado em sentido estrito se faz representar para os cidadãos por meio das suas instituições. Os governos atuam no comando político das instituições públicas de forma direta, por intermédio de seus gestores na operacionalização das políticas.

No Brasil há uma percepção da sociedade de que o Estado não se faz presente em algumas áreas, principalmente em sua dimensão material. As “ausências” podem ser particularmente percebidas na cultura, educação, saúde, uso e ocupação da terra, no transporte e na mobilidade urbana. Estar ausente ou presente, em se tratando de políticas públicas tem se confirmado uma escolha política.

PC Farias chegou antes da hora

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Nas redes sociais bolsonaristas, periferia do esquema em que se sustenta o atual presidente, a bomba que o Jornal Nacional detonou ontem – com os 48 depósitos sequenciais, em rajadas de poucos minutos, na conta de Flávio Bolsonaro – teve o efeito da Operação Choque e Pavor, desfechada pelos EUA contra o Iraque, em 2003.

As labaredas são visíveis na internet, em várias tonalidades: desde os “arrependidos”, passando pelos “decepcionados” e pelos “atônitos”, até os que bradam contra o “Grande Satã” global, atribuindo tudo a uma trama urdida no Jardim Botânico.

Escândalo abala 'lua de mel' de Bolsonaro

Por Jean-Philip Struck, na revista CartaCapital:

Prestes a completar três semanas, o governo Jair Bolsonaro enfrenta o seu primeiro escândalo, que já testa a “lua de mel” que os novos presidentes brasileiros costumam ter com as forças políticas e com os eleitores nos primeiros meses de mandato. O caso vem ofuscando a divulgação de novas medidas do Planalto.

Ao longo da última semana, tal como ocorria nos tempos da Lava Jato nos governos do PT e do MDB, o governo foi acossado por uma série de fatos negativos envolvendo figuras próximas do presidente. No caso, um dos filhos de Bolsonaro, o deputado estadual e senador eleito Flávio (PSL-RJ), e Fabrício Queiroz, um amigo do presidente e ex-assessor do seu filho, são suspeitos de operar um sistema que coletava parte dos salários de assessores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), uma prática ilegal conhecida como “rachadinha” ou “pedágio”, típica de políticos do baixo clero pelo país.

Xadrez do fim do governo Bolsonaro

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

“A verdade iniciou sua marcha, e nada poderá detê-la” - Emile Zola, analisando os movimentos da opinião pública no caso Dreyffus.

Há uma certeza e uma incógnita no quadro político atual.

A certeza, é que o governo Bolsonaro acabou. Dificilmente escapará de um processo de impeachment. A incógnita é o que virá, após ele.

Nossa hipótese parte das seguintes peças.

CNN apresenta suas credenciais a Bolsonaro

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Como já era de se prever, os donos da CNN Brasil, anunciada no começo da semana, apresentaram nesta sexta-feira suas credenciais ao presidente Jair Bolsonaro, como fazem os novos embaixadores que chegam ao país. A audiência não constava da agenda presidencial.

Logo depois, também entrou no gabinete presidencial do terceiro andar do Planalto, em audiência agendada, a cúpula da Record, para apresentar seu novo diretor de jornalismo, indicado no lugar de Douglas Tavolaro, que vai comandar a CNN Brasil.

sábado, 19 de janeiro de 2019

Datena, José Mayer e o assédio na TV

Por Altamiro Borges

Dois casos de assédio sexual envolvendo celebridades midiáticas agitaram a televisão brasileira nesta semana. Na terça-feira (15), a TV Globo confirmou, por meio de comunicado à imprensa, a dispensa do ator José Mayer após 35 anos de trabalho na emissora. Já na quinta-feira, estourou a denúncia contra o apresentador José Luiz Datena, o falso moralista que comanda programas policialescos e sensacionalistas na Band. Este último caso teve enorme repercussão na internet e ainda promete desdobramentos. A acusação foi feita por Bruna Drews, ex-repórter do programa “Brasil Urgente”. O apresentador nega que tenha assediado a jornalista. “Tenho defeitos, mas não este”, jura Datena.

JN da TV Globo desnorteia os bolsominions

Por Altamiro Borges

O Jornal Nacional de sexta-feira (18) segue causando estragos entre os bolsominions, os seguidores mais tapados do “mito” Jair Bolsonaro. Eles estão em pânico e não conseguem explicar a grave denúncia exibida pelo principal telejornal da TV Globo contra o filho do presidente-capetão. Segundo a reportagem, Flávio Bolsonaro recebeu 48 depósitos suspeitos em apenas um mês, totalizando R$ 96 mil. Só para irritar os bolsominions vale reproduzir alguns trechos da longa e destrutiva reportagem:

Bolsonaro apura bagrinhos e ignora tubarões

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Cartão de visitas que Jair Bolsonaro pretende apresentar em Davos, a Medida Provisória destinada a apurar fraudes na Previdência constitui um retrato sem retoques da visão social de seu governo.

O plano é passar o pente fino em irregularidades que envolvem auxílio-reclusão, aposentadoria rural e pensão por morte, benefícios no valor de um salário mínimo. Espera-se levantar R$ 9,8 bilhões até o final de 2019, e elevar essa quantia nos anos seguintes. Não há reparo a ser feito num esforço legítimo para apurar ganhos indevidos.

O filho de Bolsonaro e o estado de direito

Editorial do site Vermelho:

A decisão açodada do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender a investigação das irregularidades de Flávio Bolsonaro, senador eleito pelo Partido Social Liberal (PSL) do estado do Rio Janeiro e filho do presidente da República Jair Bolsonaro, tem sentido mais político do que jurídico. Até agora não se conhece o embasamento da decisão do ministro, mas se sabe muito bem quais são as acusações que pesam contra o beneficiado. Nessa equação, existem um fato determinado e uma ação que, protegida pelo segredo de Justiça da sua tramitação, tem a aparência de casuísmo.

Armas de fogo, violência e gastos na saúde

Por Alexandre Padilha, no site Carta Maior:

Em 2002, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou o primeiro “Relatório Mundial sobre violência e saúde”, com a intenção de apresentar uma resposta global à violência e tentar tornar o mundo um lugar mais seguro e saudável. Naquela época, mais de 1,6 milhão de vidas eram perdidas por ano em razão desse problema. Esse trágico estado exigia um esforço urgente das nações para o enfrentamento e compreensão do tema.

Moro abraçou governo idiocrático e corrupto

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Dá para ouvir o grito da torcida nos estádios, daquela gente valorosa que lutou contra a corrupção e jurava que nossa bandeira jamais será vermelha: “Ô, Moro, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver!”

Vai ficando claro como as lágrimas de Santa Teresinha que o ex-juiz da Lava Jato se meteu na maior fria de sua carreira e pode tê-la abreviado por causa de sua ambição desmedida.

Em apenas 18 dias, o governo Bolsonaro se mostrou um lixo em todos os sentidos.

Onyx garfou 200 mil de fabricante de armas

Por Vitor Nuzzi, na Rede Brasil Atual:

Defensor do decreto que facilitou a posse de armas, com direito a uma inusitada comparação com o uso de liquidificadores nas residências, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, recebeu, em duas campanhas eleitorais, um total de R$ 200 mil da Taurus, principal fabricante do produto no país, entre revólver, rifles, carabinas, espingardas e submetralhadoras – a empresa também produz capacetes para motociclistas. Os dados constam das prestações de contas à Justiça Eleitoral. No ano passado, as doações passaram a ser restritas a pessoas físicas.

Bolsonaro perde força nas redes sociais

Por Renato Rovai, em seu blog:

As redes políticas viveram um dia agitado ontem. Logo cedo o presidente capitão cuidou de tentar pautá-las divulgando uma lista das empresas e dos países que mais receberam empréstimos do BNDES nos governos Lula e Dilma como se fosse informação nova.

A lista apresentada já estava à disposição do respeitado público desde 2017. Depois veio uma nova delação de Palocci, agora com motoristas e dinheiro vivo. E via Jornal Nacional mais lenha na fogueira do caso Queiroz e família Bolsonaro, com depósitos no total de R$ 96 mil em um mês na conta do filho senador.

Armai-vos uns aos outros

Por José Barbosa Junior, no site Jornalistas Livres:

O presidente da República Fundamentalista de Vera Cruz (antigo Brasil – porque agora nada pode ser vermelho), decretou nesta terça-feira algumas flexibilizações na Lei que regulamentava a posse de armas, o que, na prática, significa que ele liberou geral. A proposta anterior, de no máximo duas armas por cidadão, passou para quatro armas, sendo liberadas outras mais, conforme a necessidade apresentada pelo futuro portador.

Palocci e as manchetes caluniosas

Do site Lula:

A Lava Jato tem quase 200 delatores beneficiados por reduções de pena. Para todos perguntaram do ex-presidente Lula. Nenhum apresentou prova nenhuma contra o ex-presidente ou disse ter entregue dinheiro para ele. Antônio Palocci, preso, tentou fechar um acordo com o Ministério Público inventando histórias sobre Lula. Até o Ministério Público da Lava Jato rejeitou o acordo por falta de provas e chamou de “fim da picada”.

A doutrina de choque de Donald Trump

Seis lições sobre a guerra às drogas

Por Johann Hari, no site The Intercept-Brasil:

No Brasil atual, as pessoas estão ou inspiradas ou apavoradas com a chegada de Jair Bolsonaro à Presidência – e, para entender o que pode acontecer em seu governo, eu acredito haver uma história que deve ser explorada antes, porque essa é a única forma de enxergar um futuro.

Nos últimos oito anos, viajei pelo mundo inteiro me informando sobre a guerra às drogas (e as alternativas à guerra às drogas) para o meu livro “Na fissura: uma história do fracasso no combate às drogas”, recém-publicado pela Companhia das Letras. Estive em lugares com as políticas mais brutais em relação a usuários, dependentes e traficantes de drogas (como o Vietnã, o norte do México e os Estados Unidos); e fui a lugares que descriminalizaram todas as drogas (Portugal) ou as legalizaram (o estado do Colorado, Uruguai e Suíça). Há seis lições desta guerra global que explicam a ascensão de Bolsonaro – e o que acontecerá se ele fizer tudo o que prometeu durante sua campanha eleitoral.