quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

A esquizofrenia de Veja, IstoÉ e Época

Israel e o uso político de Brumadinho

Por Soraya Misleh, na revista CartaCapital:

Diante da tragédia em Brumadinho (MG), expressões de solidariedade vêm dos lugares mais distantes. Lamentavelmente, as vidas humanas ceifadas pela ganância do capital também despertam oportunismo. Caso do Estado de Israel, cuja violação de direitos humanos fundamentais é praxe. Frente ao espetáculo midiático em torno da ação dos seus mais de 130 soldados na região desde a última segunda-feira (28), pode ser vista por pessoas bem intencionadas com bons olhos. Natural.

O que Ustra faria com Flávio Bolsonaro?

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

O Brasil da lama bolsonarista conseguiu transformar o assassino Carlos Alberto Brilhante Ustra em algo próximo de um ícone pop.

Saímos definitivamente do armário. A hashtag “Ustra Vive” é um dos assuntos mais comentados do Twitter.

O filósofo e professor da USP Vladimir Safatle foi uma das personalidades entrevistadas no programa que o DCM fazia com produção da TVT.

Safatle falou da nova configuração da sociedade brasileira no pós-golpe. O Brasil precisa encarar, dizia ele, que “não é um país”.

Brumadinho e a legislação ambiental

Por Alexandre Guerra, no site da Fundação Perseu Abramo:

O rompimento da barragem ocorrida na planta de mineração de ferro da empresa Vale de Brumadinho (MG) já deixou 84 mortos e 276 desaparecidos até esse momento. O crime ocorrido na mina Córrego do Feijão trouxe para a centralidade da pauta política a discussão sobre a questão ambiental, até então deixada em segundo plano pelo governo Bolsonaro.

O Brasil e o ensaio venezuelano

Por Roberto Amaral, em seu blog:

Seria bom nossa diplomacia lembrar que o trumpismo que vale hoje para a Venezuela, amanhã valerá para nós

Eis o principal legado do quase primeiro mês de bolsonarismo: abandonamos o posto e a responsabilidade de liderança regional para cumprir o papel de coadjuvantes da política ditada pelos interesses e conveniências da estratégia de guerra dos EUA de Donald Trump, voltados, agora mais consistentemente, para o Atlântico Sul e a América do Sul, aproveitando, até, o vácuo deixado pelo Brasil.

Por força de sua história e de sua liderança, o Brasil se havia destacado por alimentar o espírito integracionista e esta foi a maior proeza, e também a atitude mais arriscada de nossa política externa, desdenhada nos breves dias do novo governo.

Lula, Toffoli, Moro e o corpo de Vavá

Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:

A decisão do ministro Dias Toffoli pode ser vista como uma página de realismo fantástico. Ele autorizou Lula a ir ao velório do irmão, desde que o corpo fosse levado a uma unidade militar. Poderíamos imaginar algum sargento exigindo a identificação do cadáver pra autorizar a entrada do caixão…

A decisão, no entanto, saiu quando o corpo já fora baixado à sepultura no ABC paulista. Podemos imaginar então um tenente do bravo Exército nacional exigindo que o corpo de Vavá fosse desenterrado e levado até o quartel. Cumpra-se! Selva! Brasil acima de todos os corpos e caixões!

Contee discute conjuntura e comunicação

Do site da Contee:

“O momento é de coragem, força e capacidade para enfrentar a onda ultraliberal”. Assim o coordenador-geral, Gilson Reis, abriu a 16ª Reunião da Diretoria Executiva da Contee, dia 30, na sede da entidade, em Brasília. “Estamos sob um governo que não tem compromisso com a democracia, com as instituições, com o diálogo. No setor econômico ele tem uma plataforma ultraliberal e está repleto de militares em postos chave. Ao mesmo tempo, boa parte do extinto Ministério do Trabalho foi colocada sob o comando do Ministério da Justiça, do Sérgio Moro, com o objetivo de criminalizar o movimento sindical”, acrescentou.

A “retomada” do crescimento para pior

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Duas notícias de hoje chamam a atenção.

Uma a de que os empregos informais – sem carteira ou “por conta própria”, na imensa maioria, os “bicos” – , em 2018, superaram o número de empregos formais, e com folga.

33 milhões de carteiras assinadas, – quatro milhões a menos que em 2014 – contra 11,5 milhões de trabalhadores sem carteira (2 milhões a mais que antes) e 23,8 milhões trabalhando “por conta própria”, também dois milhões a mais que no início da crise, segundo as contas do IBGE.

Lula, seu irmão Vavá e o estado de direito

Foto: Ricardo Stuckert
Editorial do site Vermelho:

O ambiente de ódio e rancor que prevalece no Brasil e que resultou no golpe de 2016, acentuado desde a eleição do direitista Jair Bolsonaro para dirigir os destinos do país, ficou nítido mais uma vez com a decisão de parte do o judiciário e da Polícia Federal de proibir que o ex-presidente Lula, aprisionado em Curitiba (PR), compareça ao funeral de seu irmão mais velho, Genival Inácio da Silva, o Vavá, morto de câncer nesta terça-feira (29), em São Bernardo do Campo (SP).

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Brumadinho e a privatização da Vale

Por Mouzar Benedito, na revista Fórum:

O que interessa a uma empresa? Lucros. Qualquer despesa que diminua os lucros vai contra o interesse dos acionistas. Esta é a lógica. E parece que empresas estatais, quando privatizadas, querem mais ainda “mostrar serviço”, provar que nas mãos de capitalistas elas são muito mais “eficientes”. Entenda-se como “eficientes” lucrativas.

Então, tragédias como as de Mariana e Brumadinho estão dentro desta lógica, embora tenhamos governos (há muito tempo, talvez sempre, não é de hoje) que agem como donos de empresas. Mas lembro que algumas empresas estatais assumiam um monte de responsabilidades sociais, como custear sistemas de educação e saúde em municípios em que atuavam.

O destino de Jair "Bagagem de Dejeitos"

Por Bepe Damasco, em seu blog:                                                                                   

Nas redes sociais não faltam críticas de pessoas do campo democrático e progressista à inação dos partidos de esquerda, sindicatos e movimentos sociais diante das inacreditáveis primeiras semanas do governo Bolsonaro.

Dois fatores, na minha visão, contribuem para fortalecer a sensação de que o cavaleiro das trevas que ocupa a cadeira presidencial não vem sendo cobrado e pressionado pela oposição na proporção do festival de imbecilidades protagonizado pelo seu governo.

O discurso da servidão voluntária

Por Emiliano José, na revista Teoria e Debate:

Certamente, são poucos os que hoje ostentam certezas sobre a conjuntura que atravessamos no Brasil, e quem sabe no mundo. Mais do que nunca, o pensamento de Romain Rolland, retomado por Gramsci, pessimismo da inteligência, otimismo da vontade, torna-se útil, necessário. Une a necessária capacidade de analisar o que nos cerca com todo rigor com a indispensável interferência da política, da ação para enfrentar os obstáculos que se colocam à nossa frente. A democracia sofreu uma grave derrota nas últimas eleições para uma candidatura que em nenhum momento escondeu suas predileções autoritárias extremadas. Uma derrota que atinge todos os democratas e, de modo especial, a esquerda, que precisa se armar teoricamente para enfrentar os novos desafios.

É certa a indicação de Lula ao Nobel da Paz

https://www.humanite.fr/
Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Para que Lula vença a disputa pelo Nobel da Paz de 2019, falta muito. Apesar de ser mundialmente reconhecido por ter promovido a maior redução da pobreza, da miséria e da desigualdade que já se viu, as questões políticas que envolvem essa premiação dificultarão a vitória. Mas que ele será indicado ao prêmio, isso já é praticamente certo.

A mera indicação de Lula ao Nobel da Paz causará um terremoto político no Brasil – quantos brasileiros você acha que já foram indicados para receber a premiação internacional mais cobiçada do mundo?

O início da campanha de Dallagnol à PGR

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

É fácil entender os objetivos por trás da matéria “Os 500 dias de Raquel Dodge e o enterro da Lava Jato” publicada na última edição da revista Época.

Trata-se de mais um capítulo da parceria da mídia com a Lava Jato, visando interferir nas eleições internas para a Procuradoria Geral da República. Agora, como parte da estratégia montada com respaldo do Ministro da Justiça Sérgio Moro, visando emplacar Deltan Dallagnol na próxima lista tríplice.

Vamos a um histórico dessa parceria:


Uma Vale e muitos crimes

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

A criação da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) foi mais uma das muitas decisões estratégicas adotadas por Getúlio Vargas. Com um projeto bastante definido a respeito dos rumos de um desenvolvimento nacional autônomo, ele deixou um legado fundamental para o futuro da sociedade brasileira. A constituição de uma empresa pública federal para se ocupar da exploração da riqueza do subsolo (em especial o minério de ferro) ocorreu mais de uma década antes do lançamento da Petrobrás.

Bolsonaro aprofunda desmonte da EBC

Por Cristiane Sampaio, no jornal Brasil de Fato:

As últimas informações oficiais divulgadas pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) a respeito do futuro da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) aumentaram o estado de alerta na estatal, que vive um processo de desmonte desde setembro de 2016, sob a gestão de Michel Temer (MDB), após o golpe que depôs Dilma Rousseff (PT).

Em nota interna publicada nesta segunda-feira (28), a direção da empresa anunciou o corte de cargos comissionados nas sedes de Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Maranhão. Além disso, informou que o programa Repórter Brasil Maranhão, produzido pela TV Brasil no estado, deixa de existir a partir desta terça-feira (29).

Sobre a imprensa e a classe trabalhadora

Por Elaine Tavares, no blog Palavras Insurgentes:

Jornal Nacional. Rede Globo. O presidente da Vale fala por um tempo gigante, a considerar o valor do tempo num jornal global. Repete insistentemente que o que houve em Brumadinho foi um acidente. Um acidente? Com todos os laudos técnicos que mostram o risco dessas barragens? Com todos os avisos de gente muito especializada que milita nos movimentos? Com a trágica experiência de Mariana? Acidente? Foi um crime.

O respeito à soberania da Venezuela

Por Jeferson Miola, em seu blog:       

A autoproclamação de Juan Guaidó como presidente insulta a Constituição venezuelana e despreza o senso do ridículo.

Não fosse apenas outra tentativa de golpe de Estado numa Venezuela continuamente agredida pelos EUA, o gesto seria considerado como puro delírio da extrema-direita oposicionista.

Não existe previsão, na Constituição venezuelana, de mecanismo pelo qual, de repente, um indivíduo tresloucado desperta na manhã do dia que se celebra o 61º aniversário do fim da última ditadura do país [23/1] e se autoproclama ditador.

Vale: a trajetória da tragédia

Por Luiz Alberto Gomes de Souza, no site Outras Palavras:

Estamos diante da terrível e criminosa tragédia do dia 25 de janeiro, quando se rompeu a barragem de rejeitos de Córrego Feijão, da Vale, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, com um rio de lama cobrindo rapidamente uma área administrativa da Vale e uma comunidade próxima. Essa lama está contaminando o rio Paraopeba, afluente do São Francisco, podendo chegar até este, com um resultado catastrófico.

Uma barragem é um reservatório destinado a reter resíduos resultado do processo de beneficiamento de minérios. Estes resíduos são armazenados numa espécie de lixeira, para evitar que, soltos, causem danos ambientais. Entretanto, rompida a barragem, a saída violenta da lama represada dos resíduos produz danos ainda maiores.

Crime de Brumadinho e a luta por justiça

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

“Não foi desastre. Foi crime! (Milton Nascimento, resumindo a tragédia de Brumadinho, na abertura do seu show, sábado, no Mineirão).

“Não esperem da Vale nada. Vocês que vão conseguir, unidos, resolver o problema de vocês” (Promotor André Sperling, do MP de Minas Gerais, falando a 200 atingidos pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho).


Espero que meu amigo Guilherme Boulos, líder dos sem teto, e demais lideranças do que sobrou da oposição, tenham lido estas sábias lições do grande e eterno Milton e do promotor Sperling publicadas pela imprensa nesta terça-feira de luto no Brasil.