segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

O holocausto dos servidores públicos

Por Sergio Araujo, no site Sul-21:

Nunca no Brasil democrático uma conjugação governamental se apresentou tão ameaçadora aos servidores públicos – e porque não dizer à sociedade -, como a iniciada em 1º de janeiro de 2019. Nela, a União e a maioria dos estados conjugam do mesmo mantra: A crise econômica do país, estados e municípios chegou à beira do colapso por culpa dos privilégios, vantagens e benefícios diversos, concedidos ao funcionalismo. E para combater essa “praga” o liberalismo econômico é apresentado como a solução para todos os problemas, com direito a um uníssono grito de guerra entre seus integrantes (governantes, políticos, empresários e grande imprensa): REFORMAS JÁ.

Crise fiscal dos estados e a sanha privatista

Por Felipe Calabrez, no site Outras Palavras:

O governo Bolsonaro ainda não havia assumido e a atenção dos governadores já se centrava em seu futuro ministro da economia. Paulo Guedes foi o centro das atenções em uma reunião realizada em dezembro de 2018. O motivo: A situação fiscal falimentar dos estados.

Até o momento, 7 estados já decretaram situação de Calamidade Financeira. Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Goiás e Roraima. A medida amplia a margem de manobra dos entes federados para manejar seus recursos. Diante disso, conversas dos governadores com a equipe econômica do Governo Federal têm sido uma constante.

Pacote de Moro cria 'licença para matar'

Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:

O Projeto de Lei Anticrime, anunciado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, na manhã de hoje (4), introduz no ordenamento jurídico do país uma “licença para matar” para os policiais, viola vários princípios da Constituição, aumentará o encarceramento e atingirá principalmente jovens pobres e negros das periferias.

“É um projeto de lei anticrime, mas na verdade é um projeto que assassina a Constituição, matando direitos e garantias fundamentais”, diz o advogado criminalista Leonardo Yarochewsky.

O plano de dominação evangélico

Por Túlio Gustavo, no site The Intercept-Brasil:

Em meados de 2007, converti-me ao cristianismo, bastante influenciado por uma família de empresários, donos de alguns bazares no 3º Distrito de Duque de Caxias, no Rio, onde moro até hoje, para quem trabalhei no final da adolescência e início da vida adulta, e que depois viriam a se tornar bons amigos. Eu tinha 17 anos e muitas dúvidas existenciais. As clássicas perguntas “por que estamos aqui”?, “para onde vamos?” dominavam os meus pensamentos. Em termos práticos, também não sabia o que fazer profissionalmente.

Pacote de Moro e a restauração conservadora

Por Rodrigo Vianna

Com Bolsonaro preso à cama do hospital, e numa condição de saúde aparentemente mais grave do que médicos e família admitem, o superministro Moro lança um "pacote" de medidas contra crime organizado e corrupção.

O ministro age com absoluta autonomia em relação ao presidente - o que seria impensável num governo de FHC ou de Lula.

No aeroporto de BH, onde escrevo essas linhas, os televisores mostram um Moro com poder hipertrofiado na tela da GloboNews, diante da classe media que aguarda seus voos.

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Nova OAB peitará fascistização de Bolsonaro?

Por Altamiro Borges

Na última quinta-feira (31), o conselho federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) elegeu Felipe Santa Cruz como novo presidente da entidade. De imediato, toda a imprensa destacou que o advogado é filho de um militante assassinado durante a ditadura militar e que já comprou várias brigas contra o ex-deputado e atual presidente Jair Bolsonaro. Ele presidiu a OAB do Rio de Janeiro por dois mandatos e comandará o órgão nacional até 2022, substituindo o paquidérmico oportunista Cláudio Lamachia, que apoiou a cruzada golpista contra Dilma Rousseff e nada fez contra a quadrilha de Michel Temer.

O Brasil afunda e o Bradesco lucra

Charge: Marcio Baraldi
Por Altamiro Borges

Na semana passada, dois indicadores econômicos confirmaram que a desigualdade cresce celeremente no Brasil do golpe do impeachment e da ascensão fascista de Jair Bolsonaro. Os dados sobre desemprego e informalidade revelaram o drama de milhões de brasileiros; já o balanço financeiro do Bradesco indicou que os abutres financeiros seguem com lucros recordes. Para piorar ainda mais o cenário, as estimativas de recuperação da economia mundial não são nada animadoras, como ficou patente no convescote da cloaca empresarial em Davos; e os sinais da economia nativa também são preocupantes, apesar das bravatas otimistas do ministro Paulo Guedes – o “Posto Ipiranga” do presidente-capetão e o queridinho da mídia rentista.

Vice demo de João Doria tem irmão foragido

Por Altamiro Borges

Na quinta-feira (31), o Ministério Público de São Paulo acionou a Organização Internacional da Polícia Criminal (Interpol) para pedir a captura de Marco Aurélio Garcia, irmão do vice-governador de São Paulo, o demo Rodrigo Garcia. Ele e mais duas pessoas tiveram a prisão decretada por envolvimento no escândalo da máfia do ISS, mas o trambiqueiro conseguiu escapar e há suspeita de que esteja no exterior. A mídia falsamente moralista evita dar destaque para a caça ao foragido, talvez para não constranger o governador tucano João Doria, que adora tanto bravatear sobre corrupção e corruptos.

"Guarnição do Mal" da PM e o "Filho 01"

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

No dia 4 de novembro de 2003, Flávio Bolsonaro apresentou moção de louvor a um grupo de oito policiais – entre eles o apontado chefe de milícias Adriano Magalhães da Nóbrega – por sua “dedicação, brilhantismo e galhardia”.

23 dias depois, eles foram denunciados por sequestro, tortura e extorsão de três jovens da favela de Parada de Lucas, presos, condenados (e, depois de uma manobra, absolvidos, mesmo com fartura de provas).

Brumadinho: desastre mais que anunciado

Por Jaime Sautchuk, no site Vermelho:

As barragens de usinas hidrelétricas, mesmo as maiores e mais complexas do país, oferecem um padrão de segurança bem superior aos de lagos de resíduos de minérios. Estes, porém, pela legislação em vigor, deveriam ser temporários.

Mas, essa norma tem sido descumprida pelas empresas mineradoras, prenunciando desastres gigantescos, como esse que se repetiu semana passada em mina de ferro da Vale, em Brumadinho, Minas Gerais.

Bolsonaro assume delírio subimperialista

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Longe de ser uma novidade, o engajamento do governo Jair Bolsonaro no esforço para derrubar o governo Nicolás Maduro marca a reconhecida tentativa de realinhar o Brasil numa postura anti-democrática e pró-imperialista que foi um traço fundamental da ditadura de 64 - cujo legado o presidente pretende resgatar.

Capaz de oferecer aos golpistas articulados em torno Juan Guaidós as mesmas facilidades de renegociação da dívida venezuelana que foram negadas por Michel Temer em dezembro de 2018, nas vésperas de sua posse, Bolsonaro retoma a escancarada tradição entreguista da política externa brasileira. Numa primeira intervenção direta na situação interna do país, não só promete reescalonar o pagamento de uma dívida de US$ 791 milhões, mas também promete agir em organismos internacionais como o FMI e Banco Mundial para facilitar o auxílio a Venezuela - caso Guaidó venha a assumir assumir a cadeira de Maduro. (Folha, 1/2/2019).

Momento de rupturas e roteiro da resistência

Por Silvio Caccia Bava, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Vivemos um momento de rupturas. Não se trata apenas de uma mudança de governo; é uma mudança no regime político e talvez a abertura de um novo ciclo histórico. O capitalismo global, dominado pelas instituições financeiras, fortalece as direitas autoritárias em todo o mundo e impõe um novo padrão predatório de exploração dos trabalhadores e do meio ambiente que não comporta regimes democráticos e instituições reguladoras que limitem sua voracidade.

O advogado de Lula em Curitiba

Por Ana Carolina Caldas e Pedro Carrano, no jornal Brasil de Fato:

O curitibano Manoel Caetano ingressou no corpo de defesa do ex-presidente Lula (PT) em 2017. Com a saída do advogado Juarez Cirino, era necessário um advogado na capital paranaense para acompanhar de perto o andamento das acusações no âmbito da operação Lava Jato. Dois dias depois da prisão, em 9 de abril de 2018, Caetano recebeu autorização para visitá-lo.

Durante as visitas, Caetano leva informações sobre o andamento do processo, mas também é o amigo que debate a conjuntura política, ouve as resenhas dos livros lidos pelo petista e testemunha momentos emocionantes – como a visita do ex-presidente do Uruguai, José Mujica.

Preparado para ter Mourão na presidência?

Por César Locatelli, no Jornal GGN:

“Quem conhece o mínimo de história do Brasil não pode desgrudar a atenção, seja em períodos de normalidade ou em períodos excepcionais, acho que estamos vivendo um período excepcional, dos militares.”

O tema era “Os Militares e o Governo Bolsonaro” e foi assim que Manuel Domingos Neto, doutor em história, iniciou sua palestra para o Soberania em Debate, mediado pelo professor de história da UFRJ Francisco Carlos Teixeira da Silva. Todos os trechos abaixo foram extraídos das palavras do professor Domingos.

O capitão é um desastre. E agora, Brasil?

Por Saul Leblon, no site Carta Maior:

Algumas semanas de um governo, de qualquer governo, representam um tempo curto demais para sentenças conclusivas.

Exceções existem quando a fulminante exposição de um despreparo político desaba sobre o imaginário coletivo e avança a bordo de indicadores de um caráter inescrupuloso, que acende o alarme para o desastre iminente -- de comando e do cânone aos quais a sociedade entregou a sua sorte.

Fernando Collor, o caçador de marajás; 29 anos antes dele, Jânio Quadros, o 'varre, varre vassourinha'; para descer um pouco mais, lembremo-nos da meteórica passagem de Celso Russomano: todos empolgaram a opinião manipulada do país a seu tempo.

O pacote de caos e violência de Bolsonaro

Por Jordana Pereira, no site da Fundação Perseu Abramo:

Das 35 metas para os cem dias de governo anunciadas pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, no último dia 23 de janeiro, duas dizem respeito à política de Segurança Pública. São elas, a meta 14 - decreto de facilitação da posse de armas; e a 15 - Projeto de Lei Anticrime. Em 15 de janeiro, Sérgio Moro e Bolsonaro assinaram um decreto que flexibiliza a posse de armas no país, alterando o Decreto de 2004 que regulamenta a Lei de 2003, o Estatuto do Desarmamento.


Organograma agrário e ambiental do governo

Charge: Helô D'Angelo (Helozinha)
Por Luiza Dulci e Nilton Tubino, no site Brasil Debate:

Medidas tomadas nestes primeiros dias de janeiro dão o tom e a direção do novo governo nas áreas socioambiental e agrária. Apesar das mudanças drásticas, há que se registrar que não há espanto, afinal todas ou quase todas as medidas haviam sido anunciadas na campanha eleitoral e no período de transição.

A medida provisória (MP) 870, publicada em 2 de janeiro de 2019, e os posteriores decretos sobre pastas específicas, definiram nova estrutura governamental com 22 ministérios e 19 secretarias especiais. A fusão de ministérios e a criação dos chamados superministérios – Economia, Agricultura, Cidadania – não resulta propriamente em redução da máquina e da burocracia. Vale mencionar, por exemplo, que o Ministério da Cidadania, antigo Ministério do Desenvolvimento Social, que anexou Cultura e Esportes, prevê em sua estrutura até 19 secretarias. Da mesma forma, o novo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que anexou a antiga secretaria especial da Pesca, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o Sistema Florestal Brasileiro (SFB) e a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário (Sead), por sua vez ex-Ministério do Desenvolvimento Agrário, conta agora com sete secretarias.

A dignidade de Lula diante da canalhada

sábado, 2 de fevereiro de 2019

Bolsonaro no inferno; Mourão como cordeiro

Por Jeferson Miola, em seu blog:                                   

O general Mourão faz forte investida nos meios de comunicação para vender uma imagem de aparente racionalidade e razoabilidade em contraposição à boçalidade e torpeza do Bolsonaro.

Somente na última semana, entrevistas com o vice foram publicadas em todos os principais jornais de circulação nacional – um contraste e tanto com Jair, que só aceita participar, e raramente, de entrevistas de encomenda nas 2 TVs oficiais do regime, SBT e Record.

Nesta investida, Mourão se esforça em mostrar-se alguém com predicados superiores ao capitão, a começar pela capacidade cognitiva de exprimir raciocínios articulando mais de 140 caracteres de twitter.

O risco de uma guerra civil na Venezuela

Por Celso Amorim, na revista CartaCapital:

Desde o agravamento da crise na Venezuela, com a autoproclamação do presidente da Assembleia Legislativa como chefe do Poder Executivo e seu precipitado reconhecimento por vários governos da região, liderados pelos Estados Unidos, a sensação que se tem é de que já se disse tudo (ou quase tudo) que precisava ser dito. No Brasil, o general Hamilton Mourão, então no exercício da Presidência da República, afirmou que nosso País não participaria de uma intervenção.