terça-feira, 5 de março de 2019

O ataque da "Lava-Jato da Educação"

Por Maria do Rosário, na revista CartaCapital:

A educação tem sido duramente atacada pelo governo Bolsonaro. São exemplos a extinção de pastas que coordenavam ações sobre alfabetização, inclusão e diversidade, o projeto Escola sem Partido e a militarização das escolas. Mais recentemente, o episódio do Hino Nacional executado e filmado nos colégios como uma “ordem” evidenciou o caráter autoritário e invasivo à autonomia do pensar na escola. Mostrou o total despreparo do seu titular e sua equipe, que além de desconectada com a educação, não demonstra grau de responsabilidade para assumir a gestão de um órgão com o peso de um Ministério da Educação.

segunda-feira, 4 de março de 2019

Moro frustra Cantanhêde, da massa cheirosa

Por Altamiro Borges

Mais rápido do que se previa, o "justiceiro" Sergio Moro vai perdendo a aura  fabricada pela mídia falsamente moralista  de herói da luta contra a corrupção e de superministro da Justiça. Na prática, o "marreco de Maringá", como foi apelidado no passado, é apenas um serviçal de um governo antipovo  composto de fascistas, milicianos, corruptos, fanáticos e outros trastes. O falso valentão se submete às ordens e às humilhações impostas por Jair Bolsonaro, seu chefe no laranjal. A situação é tão vexatória que até antigos admiradores já explicitam sua frustração. É o caso da jornalista Eliane Cantanhêde, aquela da "massa cheirosa tucana", que apostou suas fichas na midiática Lava-Jato e no "justiceiro" seletivo que prendeu o ex-presidente Lula e fez de tudo para extinguir o PT e as esquerdas no país.

Processo contra Haddad é arquivado. Agora?

Por Altamiro Borges

O Tribunal de Justiça de São Paulo arquivou, na semana passada, a ação penal contra o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), acusado levianamente por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e corrupção passiva. Em setembro do ano passado, em plena campanha eleitoral, o Ministério Público  que há muito tempo virou um instrumento descarado de ação política da direita nativa  denunciou o então candidato à presidência por "suspeita" de pedir R$ 2,6 milhões à construtora UTC. A denúncia teve enorme repercussão na mídia, o que ajudou a pavimentar a eleição do fascista Jair Bolsonaro. Agora, porém, o arquivamento da ação não mereceu manchete dos jornalões, capa das revistonas ou destaque nas emissoras de rádio e tevê  o que evidencia o grau de manipulação da mídia nativa.

Todos os heróis de Jair Bolsonaro

Emílio Garrastazu Médici e Alfredo Stroessner
assinaram o Tratado de Itaipu, em 26/4/1973
Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

A cerimônia de posse do novo diretor-geral da hidrelétrica de Itaipu tinha tudo para ser uma ocasião corriqueira na agenda de Bolsonaro. O ex-capitão nomeou um general para o cargo e aproveitou o evento para exaltar os ditadores brasileiros que participaram da construção da usina binacional junto com o Paraguai. Afirmou que Castello Branco foi “eleito em 1964″ e saudou Costa e Silva, Médici e Geisel. O último ditador militar, Figueiredo, foi merecedor de um afago especial: “saudoso e querido”. Nada demais até aí. Prestar homenagens à ditadura militar é um cacoete do nosso presidente.

Bolsonaro e a demolição do Brasil

Por Marcelo Zero

O governo Bolsonaro tem uma noção extremamente superficial e distorcida de nacionalismo.

De um lado, veste-se de verde-amarelo, proclama “Brasil acima de tudo” e quis até obrigar as crianças cantar o hino nacional nas escolas. De outro, porém, dedica-se com afinco a destruir o setor produtivo interno e a soberania nacional.

Na prática, em vez de “Brasil acima de tudo”, o real lema político do governo é “EUA acima de tudo”.

De fato, em razão de uma subserviência política e ideológica a Trump, o governo Bolsonaro vem tomando uma série de iniciativas em política externa que estão causando prejuízos sensíveis ao setor produtivo do Brasil, notadamente, mas não exclusivamente, à agricultura nacional.

Lula, alvo da inveja e da destruição

Por Valton de Miranda Leitão, no site Sul-21:

O impressionante caudal de ódio coletivo e individual emanado de parte ponderável da classe média sobre a simbólica personalidade de Luiz Inácio Lula da Silva, não pode deixar de impressionar o observador psicanalista. As razões político-ideológicas, racistas e nazi-facistas são insuficientes para explicar politicamente a descarga odienta. As pessoas que não vivenciam essa invasão emocional, independentemente de coloração partidária, ficam estarrecidas com as manifestações passionais de crueldade, principalmente pela comunicação eletrônica (WhatsApp e Facebook). A Alemanha, a Itália e a Espanha viveram isso antes e depois da segunda guerra mundial, mas não dispunham ainda da mídia que facilita o espontaneísmo passional da violência.

Mídia ajudou a levar Bolsonaro ao poder

Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:

O entendimento democrático de que a informação deve ser compreendida a partir do interesse dos cidadãos no Brasil não vigora. Aqui, os meios de comunicação – leia-se redes de televisão – impõem uma visão segundo a qual eles é que são os titulares únicos da liberdade de expressão. 

Em sua tese de doutorado pela Universidade de São Paulo (USP), o pesquisador João Brant discute o lobby e as estratégias das empresas de televisão para fazer pressão política junto aos poderes da República. A tese é intitulada "A atuação das empresas de televisão como grupo de interesse: estratégias e táticas de pressão no caso da política de classificação indicativa".

A crescente rebelião contra o neoliberalismo

Foto: Bebeto Mathews/AP
Por Vicenç Navarro, no site Carta Maior:

Há alguns dias, apareceu na capa dos maiores jornais dos dois lados do Atlântico Norte uma notícia que caiu como uma bomba; vejamos o que ocorreu e o burburinho que ela gerou. Durante vários meses, uma das principais empresas tecnológicas do mundo, Amazon (dirigida pelo homem mais rico do mundo), anunciava a abertura de uma nova sede no distrito de Queens, na cidade de Nova York, prometendo gerar nada menos que 25 mil novos empregos. O Queens é o distrito mais pobre da cidade (e muito mais extenso que o distrito mais rico, Manhattan, a parte de Nova York mais visitada e praticamente a única conhecida pela grande maioria dos turistas que visitam esta cidade).

Abaixo da linha da civilização

Por João Paulo Cunha, no jornal Brasil de Fato:

O presidente Jair Bolsonaro elogiou Alfredo Stroessner durante solenidade de nomeação de dirigentes da hidrelétrica de Itaipu, que Brasil e Paraguai dividem no Rio Paraná. Estava ao lado do presidente Mário Abdo Benítez. Bolsonaro chamou o ditador paraguaio (segundo ele “nosso general”) de “homem de visão” e “estadista”, num discurso que também exaltou a ditadura brasileira, portadora para ele das mesmas características positivas.

Sinais de decepção no horizonte

Por Luciano Siqueira, no site Vermelho:

Com a ressalva de que sempre vale um olhar crítico diante de pesquisas, os dados da sondagem CNT/MDA, recém-divulgados, devem estar incomodando o governo Bolsonaro.

Embora 57,5% da população ainda apoiem o presidente - com apenas dois meses de governo seria catastrófico se assim não ocorresse -, apenas 39% avaliam positivamente o governo.

De quebra, 75,1% consideram que os três filhos do presidente não devem se intrometer no governo, como fazem ostensivamente.

A guerra contra os diferentes

Por Silvio Caccia Bava, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Como entender e superar esta polarização e violência que marcam nossa convivência como brasileiros e brasileiras nos dias de hoje?

O primeiro passo é olhar para a situação real. Pelo lado do cidadão e da cidadã comuns, o que todos sentem na pele é o desemprego, a precarização do trabalho e das condições de vida, a violência, a discriminação, a frustração, a insegurança. Muitos estão endividados, angustiados, sem poder pagar suas contas.

Ao tratarmos da situação atual, não podemos nos esquecer de que o Brasil é dos países mais desiguais do planeta e que 60% dos brasileiros vivem com um salário mínimo. Temos uma desigualdade estrutural, que vem desde os tempos da Colônia e da escravidão, e que não se altera mesmo se a economia for bem.

Argentina: crise econômica ou política?

Por Damián Paikin, na revista Teoria e Debate:

A crise econômica e social que a Argentina atravessa hoje e que possivelmente custará a não reeleição do presidente Mauricio Macri tem suas causas em diversos fatores, tais como o endividamento desmedido, a destruição do consumo interno, a abertura indiscriminada das importações, a fuga de capitais etc.

Entretanto, se observarmos o fenômeno detidamente, poderemos descobrir que as verdadeiras razões da crise estão ligadas principalmente ao modelo de representação política do macrismo e sua forma, persistentemente errada, de observar o mundo e as relações internacionais em que a Argentina se insere.

Judiciário alimentou fascismo à brasileira

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

A semente da politização e início da escalada fascista no Judiciário nasceram e foram alimentados na Procuradoria Geral da República, com a parceria entre o PGR Antônio Fernando de Souza, seu sucessor Roberto Gurgel e seu colega, ex-procurador, e Ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa no caso conhecido como “mensalão”.

Nos últimos anos foram publicados diversos livros traçando uma radiografia do fascismo na história, identificando os pontos de partida, a incapacidade da sociedade de se dar conta da escalada até o movimento se tornar irreversível e promover tragédias nacionais.

domingo, 3 de março de 2019

O excesso de plágio da juíza Hardt

Por Altamiro Borges

A juíza Gabriela Hardt, que provisoriamente lidera a Operação Lava-Jato, deve muito da sua projeção midiática ao "amigão" Sergio Moro  carinhosamente apelidado de "marreco de Maringá", que hoje ocupa o cargo de superministro da Justiça do governo miliciano, laranja e fascista de Jair Bolsonaro. Para formalizar uma nova condenação do ex-presidente Lula, ela simplesmente plagiou uma sentença dada por seu antecessor no posto de justiceiro. Isto foi o que constatou uma perícia solicitada pelos advogados do líder petista e protocolada no Supremo Tribunal Federal na quinta-feira passada (28).

Agente da PF que escoltou Lula é bolsonarista

Por Conceição Lemes, com Beto Mafra e Tânia Mandarino, no blog Viomundo:

"O problema não é o mesmo policial que fez a escolta do Lula ter feito a segurança do Bolsonaro nas eleições. O grave é o engajamento político do policial pro Bolsonaro. É caso de corregedoria. Vamos tomar providências. E pedir explicações do porque ostentar o símbolo da polícia americana". Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT, no twitter.

No enterro de Arthur Araújo Lula da Silva, 7 anos, chamou muito a atenção um dos policiais que fazia a escolta do ex-presidente Lula.

Ele ficava na frente, tinha armamento pesado e na roupa um símbolo da SWAT de Miami.

Desde ontem, buscava-se identificá-lo.

Moro ordena: Lula é custodiado por inimigos

Por Jeferson Miola, em seu blog:

A liberação do Lula para acompanhar a cerimônia de despedida do Arthur, seu netinho mais próximo, seguiu o roteiro e o tratamento de exceção de que Lula é vítima.

A liberação autorizada por Carolina Lebbos, a encarregada da execução penal da república de Curitiba, significa mais um ato de crueldade, inumanidade e arbítrio da Lava Jato.

Os termos da autorização não encontram amparo no Código de Execução Penal, realidade que confirma a condição excepcional do Lula como refém de um sequestro; alguém sem direitos e sem prerrogativas legais.

E se nos livrássemos de todos os bilionários?

Por Farhad Manjoo, no site Outras Palavras:

No último outono, Tom Scocca, editor do blog essencial Hmm Daily, escreveu um pequeno post que está mexendo com minha cabeça desde então.

"Algumas ideias de como tornar o mundo melhor requerem um pensamento cuidadoso e com nuances, sobre como melhor equilibrar interesses conflitantes,” ele começou. “Outras, não: Bilionários são ruins. Nós devemos nos livrar deles preventivamente. De todos eles".

Scocca - escritor por muito tempo no Gawker, até que o site foi abafado por um bilionário - ofereceu um argumento direto para dar um tranco nos mais ricos. Um bilhão de dólares é muito mais do que alguém precisa, mesmo fazendo os maiores excessos da vida. É muito mais do que aquilo a que qualquer um poderia alegar ter direito, não importa o quanto acredite ter contribuído com a sociedade.

Lula mostrou a falta que faz ao país

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Não vamos nos enganar nem minimizar a injustiça tremenda enfrentada por Lula desde que, onze meses atrás, foi preso em Curitiba. Embora tenha ficado fora da cela durante a maior parte deste dia de sábado, antes, durante e depois do velório do neto Arthur, nem por um único segundo ele teve direito a um minuto da liberdade, esse universo de garantias e gestos que definem a forma mais evoluída da existência humana.

Livres estavam os homens e mulheres que foram ao cemitério Jardim da Colina e puderam partilhar sua atenção, comprovar seu sofrimento, chorar com sua dor. E mesmo aqueles que o vigiavam.

A era da insensatez e o neto de Lula

Por Lenio Luiz Streck, no site Consultor Jurídico:

Resumo: A crueldade humana não tem efeito constitutivo; é declaratório. Assim como a imbecilidade. Ela sempre esteve aí. A internet a revelou! Se o mundo tem pessoas horríveis, meu dever é incomodá-las!

Duas frases marcaram a semana: a blogueira Alessandra Strutzel (sim, temos de dar nome aos bois e bois aos nomes!) disse, ao saber da trágica morte do neto de Lula, de 7 anos: "Pelo menos, uma notícia boa". E a do deputado Eduardo Bolsonaro (Deus acima de todos – eis o slogan da moda): A ida de Lula ao enterro "só deixa o larápio em voga posando de coitado"! Houve ainda muitos outros "pronunciamentos" de ódio e regozijo pela morte do menino de 7 anos.

Como a cultura resiste a uma ditadura

Por José Geraldo Couto, no Blog do Cinema:

Estão chegando aos cinemas dois documentários que, à primeira vista, não poderiam ser mais contrastantes: o espanhol O silêncio dos outros, de Almudena Carracedo e Robert Bahar, e o brasileiro Tá rindo de quê?, de Claudio Manoel, Álvaro Campos e Alê Braga. No entanto, ambos têm um tema em comum: as variadas formas de reagir a uma situação de tirania e opressão.

O filme espanhol, produzido por Pedro Almodóvar e premiado em Berlim, começa mostrando uma anciã em seu casebre, prendendo os cabelos brancos e depois saindo pelas ruas de seu vilarejo, amparada por um andador. À beira de uma estrada ela diz, com uma voz débil e rouca que é quase um sussurro: “Foi aqui que jogaram o corpo da minha mãe. Não deixaram que a família o levasse ao cemitério”.