terça-feira, 7 de maio de 2019

A quem Bolsonaro baterá continência?

Do site Vermelho:

O mais recente entrevero no interior do governo de Jair Bolsonaro revela bem a essência dos grupos que assumiram o poder. A junção que se formou, reunindo peças mal encaixadas que perfilaram na campanha e na pré-campanha eleitoral, tem se mostrado frágil. A base política de Bolsonaro e seus filhos, as ideias de extrema direita de Olavo de Carvalho, tem se chocado com a ala militar. Esse pensamento medíocre do presidente e sua prole é uma verdadeira ameaça ao avanço civilizacional no país.

Bateu o desespero na economia

Por Luiz Carlos Bresser-Pereira

Em sua excelente coluna de domingo na Folha, Vinicius Torres Freire, diante da estagnação econômica, diz que “começa a bater o desespero”.

“Economistas sorriem amarelo, sem graça com as previsões furadas de recuperação. Mais que isso, parecem desnorteados, sem explicações precisas para o fato de mesmo o broto verde e mirrado do PIB estar murchando. Empresários parecem com medo, nervosos ou acham que a retomada de 2019 deu chabu… Gente do governo começa a falar em ‘pacotes’ e ‘medidas’ para estimular o crescimento.”

Mas como poderia ser de outra maneira?

O que quer Olavo de Carvalho?

Por Manuel Domingos Neto

Os pesquisadores do futuro borrarão seus textos com palavrões.

No movimento militar que proclamou a República, eram corriqueiras expressões agressivas tipo “canalhocracia jurídica”, “pedantocracia fardada”... Ao longo da história republicana, a criatividade na linguagem foi bem exercitada.

Agora, a coisa complicou. Depois de agredir o general Mourão, Olavo de Carvalho chamou um ícone da operacionalidade do Exército, o general Santos Cruz, de “bosta engomada”. Imagine-se o impacto nas fileiras diante desta ofensa à farda!

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Witzel metralha e curte em hotel de luxo

Por Altamiro Borges

Na cavalgada neofascista que devastou o país graças à escandalização midiática da política, os cariocas elegeram o desconhecido Wilson Witzel, um sinistro aventureiro, como governador de um dos mais importantes Estados da federação. O ex-juiz saltou do 1% nas pesquisas no início da campanha para 60,6% dos votos no segundo turno das eleições. A sua disparada se deu a partir do comício no qual foi destruída uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada covardemente. Ele passou a ser encarado como o candidato do ódio, da violência.

Um dos principais sistemas de ensino do mundo

Por Marcio Pochmann, no site da Fundação Perseu Abramo:

O Brasil possui um dos principais sistemas de formação no ensino superior do mundo. Embora o país represente 2,8% da população mundial, a sua participação relativa no total de estudantes universitários no planeta saltou de 2,7%, em 2000, para 4,4%, em 2014, segundo a Unesco.

O sistema universitário nacional compreende o funcionamento de 2.448 Instituições de Ensino Superior que anualmente absorvem cerca de 3,2 milhões de novos ingressantes e formam ao redor de 1,1 milhão de profissionais oriundos de 35,4 mil cursos de graduação (MEC-Inep). Além de grandioso e complexo, o sistema universitário detém uma das principais plataformas de ensino e pesquisa na pós-graduação mundial que forma anualmente mais de cinquenta mil mestres e quase dezessete mil doutores.

Por que as universidades ameaçam Bolsonaro?

Por Jessy Dayane, no jornal Brasil de Fato:

Abril refletiu fortemente o nível de irresponsabilidade e a total ignorância do governo federal e seus aliados com a educação brasileira. Uma série de fatos demonstra a falta de compromisso e a intenção de patrulhamento ideológico, em especial com as universidades públicas.

Com essas ações, o governo se comporta como verdadeiro inimigo da educação e pretende atingir objetivos econômicos, políticos, sociais e culturais que fazem nosso país retroceder décadas em desenvolvimento.

Como acertadamente afirmava Darcy Ribeiro: “A crise da educação no Brasil não é uma crise; é projeto”. Diante dessa grave ameaça não podemos vacilar; é preciso enfrentar os ataques à educação pública, defender a autonomia universitária e a pluralidade de ideias.

Anarcocapitalistas ganham espaço no Brasil

Por João Filho e Alexandre Andrada, no site The Intercept-Brasil:

O mercado das ideias alucinógenas anda saturado. É terraplanismo, é negacionismo climático, é movimento anti-vacina, é olavismo. Há groselhas para todos os gostos no submundo do pensamento. O mais novo hit é o anarcocapitalismo, um engodo teórico que vem fazendo sucesso na internet entre os jovens de direita, entre empresários e no governo Bolsonaro. Há o incrível caso de um diretor no Ministério da Economia que ganha dinheiro do estado, veja só, para defender o fim do … estado.

A desigualdade e a erosão da democracia

Por Tomás Rigoletto Pernías, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

É razoável supor que, num país democrático, o governo seja capaz de conter facilmente o crescimento da desigualdade social empregando políticas públicas que redistribuam a renda e desconcentrem a riqueza. O raciocínio é elementar: na medida em que a riqueza se concentra cada vez mais nas mãos de uma ínfima minoria, a vasta maioria da população irá, por meio dos mecanismos de representação democrática, eventualmente reverter a concentração da riqueza exercendo seu poder de maioria eleitoral. Aqueles prejudicados pela crescente desigualdade social poderiam influenciar as políticas públicas, modificando a distribuição dos frutos econômicos e, assim, revertendo a concentração da renda e da riqueza. São suposições razoáveis e, à primeira vista, aparentemente factíveis.

A defesa da democracia exige coragem

Por Aldo Fornazieri, no Jornal GGN:

É forçoso reconhecer que, até agora, o desgaste do governo Bolsonaro se deve muito mais aos seus desatinos do que a uma atuação consistente das oposições. Com efeito, Bolsonaro mostra-se absolutamente despreparado para o cargo que exerce e não passa dia que não promova algum mal-estar. Seu governo volta-se para a destruição dos débeis pilares de uma democracia incompleta e parcial. Os poucos avanços e consolidações que ocorreram em algumas áreas – a exemplo da educação, da saúde, da habitação, da agricultura familiar, dos direitos, do meio ambiente, entre outras – vêm sendo atacados e demolidos de forma impiedosa e cruel. Bolsonaro e alguns de seus ministros, a exemplo de Ricardo Salles, são vistos como pessoas deploráveis e indesejáveis em setores crescentes das sociedades e dos governos de outros países. A incultura, a insciência e o caráter néscio deste governo causam indignação, repulsa e vergonha.

Exército protege Bolsonaro de protestos

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

De um lado, pais, alunos e professores de colégios federais no Rio, com faixas e cartazes.

Do outro lado da calçada, tropas do Polícia do Exército com metralhadoras.

No meio, ficou o presidente Jair Bolsonaro cercado de generais, incluindo o vice Mourão.

Esta cena bélica, em frente ao Colégio Militar do Rio, que comemora 130 anos, poderá se tornar corriqueira depois que o governo decidiu abrir guerra contra as universidades e instituto federais, com o corte de 30% das verbas para este ano.

Os protestos contra Bolsonaro, ao entrar no seu quinto mês de governo, estão saindo das redes sociais para as ruas e, quando isso começa, ninguém sabe como vai acabar.

"Imprensa deve muito à causa da democracia"

Por Rodolfo Lucena, no site Tutaméia:

Com uma homenagem a Julian Assange, fundador do Wikileaks preso em Londres por ter ajudado a divulgar documentos comprovando crimes de governos e corporação internacionais, a jornalista Eleonora de Lucena, copresidente do Tutaméia, começou sua participação em seminário realizado no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, três de maio.

“Assange é hoje, no mundo, a pessoa que encarna a luta pela liberdade de imprensa e as ameaças que sofre a liberdade de imprensa. Até o silêncio sobre o caso dele, em muitos lugares do mundo, revela muito sobre o momento que a gente está vivendo.”

Nem todos os economistas se rendem

Por Paulo Kliass, no site Outras Palavras:

Dia sim, outro também, os grandes meios de comunicação oferecem alguma manchete para seus leitores afirmando que “os economistas” pensam isso ou propõem aquilo. Nossos jornalões e as redes de televisão não se cansam de se apoiar na suposta narrativa técnica, neutra e isentona dessa entidade inatingível chamada de “os economistas” para oferecer suporte para medidas de política econômica de inspiração conservadora. Em geral, diga-se de passagem, trata-se de decisões a respeito das quais a maioria do povo nem imagina a natureza e muito menos as consequências.

Recado de NY: Bolsonaro é uma aberração

Por Jeferson Miola, em seu blog:

A mensagem que Nova Iorque transmitiu ao mundo é muito representativa. A cidade mais cosmopolita do planeta tratou Bolsonaro como uma aberração intolerável, que tem de ser repelida.

A repulsa de Nova Iorque à presença de Bolsonaro no seu território simboliza a resistência à barbárie e ao que ele significa enquanto antítese radical dos valores humanos e civilizatórios.

Com seus atos, idéias e gestos, Bolsonaro atesta que é muito mais que uma aberração política; ele é, principalmente, uma monstruosidade humana.

Lula dá uma lição de resistência

Por Mino Carta, na revista CartaCapital:

A entrevista de Lula à Folha de S.Paulo e ao El País ainda vibra nesta redação e o que nos toca em primeiro lugar é a lição de altivez e desassombro que a marca para sempre. As palavras do ex-presidente sobre as razões que o levam a manter a resistência a partir da prisão curitibana nos comovem e nos empolgam.

domingo, 5 de maio de 2019

Helicóptero e avião bloqueados irritam Neymar

Por Altamiro Borges

Agora está explicado o motivo da sinistra reunião do pai do craque Neymar com o ministro Paulo Guedes, da Economia, e das constrangedoras selfies com o “capetão” Jair Bolsonaro. Segundo reportagem publicada na Folha na semana passada, o objetivo foi tentar liberar os bens bloqueados por sonegação fiscal do bilionário jogador, incluindo um avião e um helicóptero. Até agora, aparentemente, o bajulador do presidente não teve sucesso – mas a bola segue rolando e pode haver um daqueles tapetões tão famosos no mundo do futebol.

Ainda líder, Globo perde força na TV aberta

Por Altamiro Borges

Em seus levantamentos sobre audiência na televisão brasileira, o jornalista Ricardo Feltrin postou no site UOL nesta quarta-feira (1) um dado que explica os temores da famiglia Marinho. Mesmo ainda mantendo folgada liderança na TV aberta, a Globo segue perdendo participação – o que, com certeza, tem reflexos negativos no bilionário e hermético mundo da publicidade. A notinha do colunista é emblemática:

Bolsonaro extingue conselhos e STF reage

Por Altamiro Borges

O ministro Marco Aurélio Mello decidiu submeter ao pleno do Supremo Tribunal Federal uma ação ajuizada pelo PT contra o decreto do “capetão” Jair Bolsonaro que extingue os conselhos, comitês e outros colegiados da administração pública federal. Ainda não há data definida para o julgamento da liminar, mas a tendência é que o assunto seja agendado pelo ministro Dias Toffoli, presidente do STF, antes que o decreto fascistoide entre em vigor, em 28 de junho, e destrua o pouco que ainda resta de canais democráticos no Brasil.

Indústria afunda e agrava a crise econômica

Por Altamiro Borges

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acaba de divulgar que a produção industrial em março caiu 1,3%, na comparação com fevereiro. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, a queda foi de 6,1% – a maior desde a paralisação dos caminhoneiros. Para a mídia ultraliberal, que apostou todas as suas fichas na recuperação econômica a partir do golpe do impeachment de Dilma Rousseff, a informação é desesperadora. “Queda no setor industrial reforça a retração no crescimento da economia brasileira”, destacou a Folha em título bem pessimista.

A “marxismo cultural” e o macro-fascismo

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

Felix Guattari faleceu em 1992 aos 62 anos. Filósofo, estudioso, crítico e intérprete da psicanálise, deixou uma obra inquietante e desbravadora dos novos tempos da subjetividade moderna e das novas formas de revolucionarização da vida. Refiro-me a ele porque estamos vivendo uma época em que os instrumentos de interpretação histórica vindos da economia e da teoria política - aplicados sem mediações - são mais insuficientes do que antes para pensar o presente de crise da economia e da moralidade política democrática, ora vivida no Brasil e no mundo.

Governo sabota a agricultura familiar

Por Rodrigo Gomes, na Rede Brasil Atual:

O BNDES suspendeu novamente o repasse de verbas para investimentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) estima em R$ 800 milhões o montante que deixará de ser repassado aos trabalhadores, sendo que projetos da ordem de R$ 350 milhões já haviam sido apresentados, apenas no Banco do Brasil, que representa metade desse tipo de financiamento. Além disso, o governo de Jair Bolsonaro (PSL) deixou de repassar ao menos R$ 6 bilhões dos R$ 30 bilhões anunciados para a safra 2018/2019 da agricultura familiar.