segunda-feira, 3 de junho de 2019

MC Reaça, Brilhante Ustra e o bolsonarismo

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

O líder nazista Adolf Hitler tinha um ideal masculino, o “ariano”: branco, heterossexual, sem mestiçagem alguma, germânico “puro” de raça. O bolsonarismo também possui seu “ariano”: o macho misógino e sádico que tem sua imagem e semelhança em duas figuras homenageadas pelo presidente da República, o coronel Brilhante Ustra e o MC Reaça.

Tales Volpi Fernandes, o MC Reaça, de 25 anos, se matou no fim de semana em Valinhos (SP) após uma tentativa de feminicídio contra a namorada que tinha fora do casamento e estava grávida. A moça está na UTI em Indaiatuba com edemas na face e no olho, além de fraturas no maxilar, e será submetida a cirurgia. A morte do “músico” foi lamentada pelo presidente nas redes sociais. Para Bolsonaro, o MC Reaça tinha “talento” e “o sonho de mudar o país”. Nem uma só palavra sobre a moça espancada.

O comando de caça à UNE

Por Ricardo Miranda, no Diário do Centro do Mundo:

A tara do patético dublê de Gene Kelly - “Cantando na Chuva para dizer que está chovendo fake news contra o MEC” é coisa de gênio do marketing -, Abraham Weintraub, tem até objeto de desejo e musa - no caso, objeto de ódio e anti-musa, sua medusa. Obcecado com a ideia de extrair o comunismo ou ideologias esquerdistas e o pecado ou pensamentos impuros do ensino, o preposto de Jair Bolsonaro no Ministério da Educação – junto com Fazenda e Justiça, o ministério mais relevante para o presidente, e certamente o ideologicamente mais íntimo – tem uma ideia fixa. Destruir aquela entidade que representa a memória e os ensinamentos de luta dos estudantes, a União Nacional dos Estudantes, seu objeto de desejo, hoje liderada por Marianna Dias. 

Moro está apático diante do caos na segurança

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

Enquanto se contava os cadáveres nos presídios de Manaus, o ministro da Justiça estava em Portugal para participar de uma conferência sobre combate à corrupção. No domingo, quando já havia 15 mortos, Sergio Moro foi ao Twitter agradecer à militância bolsonarista que saiu às ruas defender o governo. “Gratidão”, escreveu o ministro sem dar nenhuma palavra sobre o massacre.

Na segunda-feira, a guerra entre facções resultou em mais 40 assassinatos. Foi um acontecimento de enorme gravidade na área de atuação de Moro, mas ele preferiu ficar concentrado em sua palestra em Portugal. Apenas na terça-feira o ministro da Justiça deu o ar da graça e determinou o envio de uma Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária. Também prometeu vagas em presídios federais para receber os líderes responsáveis pelo massacre.

Unir o Brasil para salvar a Educação

Por Fernanda Melchionna, no site Sul-21:

A luta dos estudantes nos dias 15 e 30 de maio foram verdadeiros tsunamis em defesa da Educação Pública, que mostraram a força do movimento estudantil organizado frente às tentativas do governo de difamar e destruir as universidades e instituições federais de ensino. Às vésperas de junho, mais de 1 milhão de jovens ocuparam as ruas de mais de 200 cidades brasileiras – o que mostra que a juventude é a ponta de lança da oposição a este governo obscurantista, fanático e autoritário. No Rio Grande do Sul, os jovens foram verdadeiros guarda-chuvas da resistência.

O problema das três regras fiscais

Por Nelson Barbosa, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

O governo federal contingenciou aproximadamente R$ 32 bilhões do seu orçamento neste ano. Como o total de gastos discricionários previstos para 2019 é de R$ 129 bilhões, o corte representa quase 25% dos recursos disponíveis e coloca em risco a continuidade de diversos programas públicos, da educação às forças armadas.

O contingenciamento de 2019 seguiu a lógica da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), segundo a qual o governo deve ter meta de resultado primário (receitas menos despesas exclusive juros). Toda meta de resultado fiscal é baseada em uma projeção de receita e uma autorização de despesa, ou seja, ela pode ou não acontecer na prática. Tudo depende da evolução da economia.

Zema é preposto do mercado

Por João Paulo Cunha, no jornal Brasil de Fato:

Com quase seis meses à frente do governo de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), confessou em entrevista recente que se surpreendeu com a vitória nas eleições. Talvez esse susto explique parte da falta de empenho em governar o estado. Ele está onde não queria, exercendo uma função para a qual não é preparado, convivendo com pessoas que parece não respeitar e tendo como patrão o povo, do qual certamente não gosta. Nem faz força para gostar.

Subutilização bate novos recordes no Brasil

Por Ana Luíza Matos de Oliveira, no site da Fundação Perseu Abramo:

A continuidade da política de austeridade no Brasil tem levado a sucessivos recordes negativos no país. É o que mostram os dados da PNAD Contínua, calculados pelo IBGE e divulgados no dia 31 de maio.

O já anunciado decrescimento da economia brasileira no primeiro trimestre de 2019 (-0,2%) se soma agora a um novo recorde negativo no mercado de trabalho: a população subutilizada (28,4 milhões de pessoas) é recorde da série histórica iniciada em 2012 no trimestre de fevereiro a abril de 2019. Este contingente engloba as pessoas desocupadas, pessoas que desistiram de procurar emprego e pessoas que trabalham menos de 40 horas na semana e gostariam de trabalhar mais.

Pacote de Moro: marqueteiro e perigoso

Do site Outras Palavras:

Acontece em São Paulo o ato contra o Pacote, a partir das 19h do dia 04 de junho, na Sala dos Estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Trata-se de mais uma ação da campanha lançada no Congresso Nacional em março: “Pacote Anticrime, uma solução fake”. O ato, organizado por diversas organizações da sociedade civil, chama atenção para a falácia do pacote apresentado pelo Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, como solução para o problema da segurança pública.

O superministro da Economia pifou

Editorial do site Vermelho:

Pífio. Esse é o resultado das promessas de Paulo Guedes, anunciado por Jair Bolsonaro como o verdadeiro messias do seu governo. Ele assumiu o controle do que seria a nave capitânia do bolsonarismo, ainda na campanha eleitoral, prometendo um mar de rosas assim que o novo presidente tomasse posse. Sua aposta era de um crescimento de até 3,5% este ano, baseado no que seria a “potência da plataforma liberal”. O combustível viria com a “reforma” da Previdência Social, as privatizações e mais algumas medidas administrativas, como a simplificação de impostos e a redução cosmética dos juros.

domingo, 2 de junho de 2019

A contração do PIB e o risco de recessão

Por Pedro Paulo Zahluth Bastos, Arthur Welle e Gabriel Petrini, no site Brasil Debate:

O risco de uma recessão em 2019 é evidente. A queda do PIB no primeiro trimestre exige uma recuperação muito significativa nos trimestres seguintes apenas para que a variação do PIB em 2019 seja igual às expectativas do mercado. Como ocorre há muitos anos, de novo é pouco provável que a atual previsão do governo ou do mercado financeiro para o PIB se verifique.

O motivo fundamental para a retração do PIB é a contração dos itens de demanda. O consumo das famílias continua desacelerando de trimestre a trimestre, sob o peso do elevado desemprego, a desaceleração do crédito e a elevação dos spreads bancários (a despeito da queda da taxa de inadimplência).

Toffoli é ministro do STF ou de Bolsonaro?

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Tratava-se de um singelo café da manhã do capitão Jair Bolsonaro, em fase de relações públicas, reunido no Palácio do Planalto com a bancada feminina aliada no Congresso.

A rigor, nem mereceria manchetes na imprensa, se não fosse um detalhe instigante e perturbador: o que fazia ali ao lado dele o sorridente senhor de óculos, que não é ministro do seu governo, mas o presidente do Supremo Tribunal Federal?

Dias Toffoli virou habitué dos palácios presidenciais deste as cerimonias inaugurais, quando foi a uma série de posses de ministros do governo recém-inaugurado, como se fosse um deles.

Os terraplanistas do jornalismo econômico

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Na entrevista com Mônica de Bolle, uma afirmação dela pode ter passado despercebida para a maioria dos leitores: a de que existe agora um consenso entre os analistas econômicos de que o custo da dívida interna é função direta das taxas de juros praticadas.

Trata-se da revisão de um daqueles dogmas que permanecem soltos no ar, como ectoplasmas do rentismo, para justificar as taxas de juros praticadas nas últimas décadas: a de que as taxas refletiam o maior risco fiscal do país.

A imprensa é o câncer da democracia

A economia no fundo do poço. Qual é a saída?

Por João Sicsú, na revista CartaCapital:

Nas últimas semanas alguns economistas começaram a falar que a economia brasileira estaria em estado de depressão. Parece que a avaliação começa a se tornar mais realista. Quase todos abandonaram a ideia da recuperação lenta. Alguns falam de estagnação dando uma ideia difusa do que pensam. A turma que fala de estagnação confunde suas vontades com realidades.

Trimestre após trimestre, desde 2014, a economia vem mostrando fraquezas. A taxa média de crescimento de 3% do período 2011-2013 foi perdida. A economia mergulhou no fundo do poço após dois anos de agudas recessões (2015 e 2016). A partir de 2017, estacionou na depressão.

Governo persegue a ciência e pesquisadores

Por Vitor Nuzzi, na Rede Brasil Atual:

O golpe completava seis anos, em 1º de abril de 1970, e a ditadura estava no período mais agudo, desde a implementação do AI-5, em 1968. Com base nesse ato institucional, 10 cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), no Rio de Janeiro, foram cassados, tiveram os direitos políticos suspensos e não puderam mais trabalhar nem em outras instituições federais. O caso, conhecido como “Massacre de Manguinhos” – referência ao bairro da zona norte carioca onde fica a sede da agora Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – é relatado em livro publicado em 1978, que acaba de ganhar nova edição. Foi escrito por um dos cientistas atingidos, Herman Lent, uma referência mundial em estudo de besouros. A capa da edição original traz desenho de Oscar Niemeyer: uma das torres do Castelo Mourisco, onde fica a Fiocruz, desmoronando. O relançamento do livro faz parte das comemorações pelos 119 anos da Fiocruz, que vão até a próxima sexta-feira (31).

Lava-Jato e os traidores da pátria

Setores empresariais e o patrocínio do caos

Por Luciano Freitas Filho, no site Carta Maior:

“Brasil, mostra tua cara! Quero vem quem paga, pra gente ficar assim!
Brasil, qual é o teu negócio, o nome do teu sócio...” - Brasil, Cazuza.


Por trás de textos inclusivos com apelo à diversidade e de jingles ‘bem bolados’ no marketing de muitas empresas, existem performances políticas anti-éticas e nada engraçadas.

No cenário contemporâneo do mercado globalizado, diversas empresas têm feito lances altos para fomentar projetos populistas e/ou partidos de extrema-direita, em troca de mandatos que defendam seus interesses, essencialmente, neoliberais.

Bolsonaro, Queiroz e o domínio do fato

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Não há, até agora, nenhum ato do sr. Jair Bolsonaro que permita ligá-lo, do ponto de vista criminal, às estrepolias de seu confessadamente amigo Fabrício Queiroz ou às de seu filho, Flávio.

Não há, a não ser que se utilize o estranho “Direito” que passou a imperar aqui e, embora com vergonha de utilizar o nome de “Teoria do Domínio do Fato”.

Neste caso, o fato de Jair Bolsonaro ter nomeado a filha de Queiroz em seu gabinete, recebendo sem trabalhar e repassando dinheiro ao esquema, além das contratações partilhadas – ora com ele, ora com Flávio – de parentes de sua ex-mulher Ana Cristina Valle são tão suficientes para provar que ele conhecia e patrocinava o esquema quanto o fato de Lula ter nomeado diretores que desviavam dinheiro na Petrobras.

Bolsonaro contra a Educação choca o mundo

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Todos sabem que a imagem do país no exterior vem piorando rápido após a posse de Bolsonaro, mas a guerra que ele declarou à Educação colocou essa desmoralização em outro patamar. As ameaças que o ministro da Educação faz a educadores, alunos e suas famílias constituem um golpe de misericórdia na imagem Brasil. Desse jeito, vamos falir.

Correu o mundo a imagem de manifestantes pró-Bolsonaro arrancando uma faixa onde se lia proposta de “Defesa da Educação”. A faixa estava afixada na fachada do prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba.

O caráter suicidário do atual governo?

Por Leonardo Boff, em seu blog:

As práticas políticas do atual governo estão destruindo as possibilidades de uma governança que traga alguma melhoria para o povo e aos mais destituídos. Não possui projeto de nação nenhum e mostra comportamentos indignos do cargo que ocupa.

Quando todas as portas se fecham e um governo não vê mais nenhuma saída para sua sobrevida, a alternativa é o suicídio. Este pode ser físico ou político. Com Vargas, foi físico: deu um tiro no coração. Com Jânio Quadro, foi político sob o pretexto de insuportável coação de forças ocultas. Com Collor, foi também político, renunciando antes da conclusão do impeachment. Com Bolsonaro pode ocorrer algo semelhante, por reconhecer o Brasil como ingovernável e por causa da fortíssima pressão das corporações. Não o evitarão as manifestações do dia 26/5 nem o estranho pacto entre os três poderes, no qual o ministro Toffoli jamais deveria estar.