quinta-feira, 24 de outubro de 2019

'Bolsonarismo light' não derrotará Bolsonaro

Por Gustavo Freire Barbosa, na revista CartaCapital:

Sérgio Fausto, superintendente da Fundação Fernando Henrique Cardoso, publicou na revista Piauí de setembro artigo no qual reclama da falta de uma “boa direita” em tempos de bolsonarismo (“Que falta faz uma boa direita: Bolsonaro e o liberalismo no Brasil”, edição 156).

Embora defenda o fortalecimento de uma oposição no campo da socialdemocracia, ele reconhece que a direita liberal no Brasil é repleta de flertes históricos com agendas antiliberais. Na rabeira do iluminismo, os liberais brasileiros não teriam conseguido se desprender da gaiola do conservadorismo autoritário e do patrimonialismo. Da República Velha, passando por Vargas e pelo golpe de 1964, é esse o padrão comportamental da nossa direita.

Chile: as ruas contra os tanques

Manifestação em Curicó pela morte de José Miguel Uribe Antipani, 22/10/19
Foto: Daniel Gonzalez
Por Antonio Martins, no site Outras Palavras:

O divórcio entre o capitalismo e a democracia, tratado em inúmeros ensaios pelas ciências sociais nos últimos dez anos, ganhou a concretude das balas, no Chile, nesta segunda-feira (21/10). Diante de uma população sublevada desde a sexta anterior, as tropas e tanques continuam nas ruas. Já havia onze mortos até o domingo. Mas a violência dos militares intensificou-se desde que, no domingo, o presidente Sebastián Piñera fez nova reviravolta. Ele, que no sábado havia revogado o aumento das tarifas de metrô, estopim dos protestos, e reconhecido as razões da população para se indignar, recrudesceu e anunciou “guerra” contra os manifestantes.

A Grande Ilusão e a Linha Maginot

Por Ricardo Gebrim, no jornal Brasil de Fato:

A Grande Ilusão é o título de um livro de Norman Angell, escrito em 1910. O autor fez uma vigorosa análise sobre a possibilidade da grande guerra mundial que seria deflagrada apenas quatro anos após o lançamento de sua obra. Ao estudar as últimas guerras, as características dos novos armamentos, a configuração geopolítica das alianças entre os países, concluiu que uma guerra poderia se espalhar pela Europa, seria uma catástrofe sem precedentes e todas as potências sairiam derrotadas, com a destruição econômica até mesmo dos vencedores.

Eleição na Argentina e rebeliões na região

Movimento indígena do Equador suspende diálogo com
o governo de Lenín Moreno (23/10/19). Foto: Conaie
Por Jeferson Miola, em seu blog:               

A eleição presidencial na Argentina do próximo domingo, 27 de outubro, se desenrola em meio ao clima de convulsões populares que chacoalham a América do Sul.

O Peru, o Equador e, nesses dias recentes, também o Chile, foram abalados por vulcões sociais impressionantes.

Há quem entenda que os protestos tenham sido desencadeados por questões específicas. No Peru, seria a corrupção; no Equador, o aumento em mais que o dobro do preço dos combustíveis; e, no Chile, o aumento da tarifa de metrô para o equivalente a 4,70 reais.

Estas causas específicas são, na realidade, os fatores disparadores das rebeliões; a fagulha que acende o fogo.

Chile em chamas: a fatura do neoliberalismo

Santiago, 24/10/19. Foto: Martin Bernetti/AFP
Por Mariana Serafini, no site Vermelho:

Santiago está em chamas – literalmente. As manifestações contra o aumento da tarifa de metrô começaram há uma semana na capital chilena e rapidamente se alastraram, como fogo, por todo o país. Foi estopim para a maior greve geral das últimas décadas. Nem a repressão, nem o toque de recolher, nem o Estado de Emergência fizeram a população recuar. Chegou a hora de cobrar a conta do neoliberalismo num país onde até a água foi privatizada pela ditadura militar.

Bolsonaro, os filhos e a milícia digital

Por Tereza Cruvinel

O senado aprovou nesta terça-feira por 60 votos a 19, noves fora os destaques, a reforma previdenciária prometida por Jair Bolsonaro e Paulo Guedes. Sem foguetório, pois o mérito, sabem o mercado (que festejou) e todo mundo, não é do governo, é do Congresso e de seus principais atores: Rodrigo Maia, Alcolumbre, Tasso Jereissati e outros.

Obra de Bolsonaro é a briga suja no PSL (por ele começada), que descambou para as graves acusações da deputada Joyce Hasselman contra seus filhos e podem alcançar seu próprio mandato. As práticas por ela apontadas, a rigor, representam atentado à honra, à dignidade e ao decoro do cargo, configurando crime de responsabilidade, pressuposto para o impeachment do presidente.

Sindicalismo e a dupla paisagem

Por João Guilherme Vargas Netto

Em um romance de Julio Verne um trem percorre as vastidões da Sibéria e dois jornalistas, sentados cada um em um lado do vagão, descrevem o que veem pelas janelas, duas paisagens completamente diferentes.

Analisando-se hoje a situação sindical no Brasil o mesmo fenômeno de contraposição e de estranhamento se manifesta.

Se a analisarmos olhando para Brasília, para o governo, para o Congresso Nacional e para as cúpulas dirigentes das centrais e das confederações, o que se vê é uma tripla iniciativa configurada pela PEC do deputado Marcelo Ramos, pelo projeto de lei do deputado Lincoln Portela e pelos trabalhos do GAET que, sob a batuta do famigerado Rogério Marinho, produzirá também uma proposta de novo arranjo para os sindicatos.

Queiroz na ativa: "tem cargo pra caramba"

Por Fernando Brito, em seu blog:

Onde está Queiroz?

Onde sempre esteve, cuidando de nomeações de cupinchas para Flávio Bolsonaro, agora “terceirizadas”, em gabinetes de políticos que “fazem fila” no gabinete do filho-senador, talquei.

O escândalo do dia é o áudio obtido pela repórter Juliana Dal Piva, de O Globo, especializada em falcatruas da família imperial, digo, presidencial.

Nele, o ex-assessor do “Filho 01” mostra que ainda continua, informalmente no cargo de agente-laranja do político:

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Direita racista aposta no caos na Bolívia

Guedes está em baixa no laranjal de Bolsonaro

Chilenos querem renúncia de Piñera

Na guerra do PSL, Bolsonaro é "vagabundo"

Mais um capítulo da crise que divide o PSL

Por Vilma Bokany, no site da Fundação Perseu Abramo:

Apesar do acordo entre a ala bolsonarista e o núcleo ligado à presidência do partido, a semana começou com desentendimentos no PSL. Desde a última semana, foram apresentadas seis listas para definir a liderança do partido na Câmara, duas delas não validadas, e a semana fechou sob liderança do deputado delegado Waldir (PSL-GO).

Na manhã desta segunda-feira (21/10), a ala bivarista teria firmado acordo “de trégua” com a ala bolsonarista para que nenhuma outra lista fosse apresentada para mudar a liderança do partido que previa a manutenção de Waldir até janeiro. Em troca, seria revogada a suspensão dos cinco deputados do grupo ligado a Bolsonaro que atacaram o PSL e correligionários em redes sociais e discursos, conforme foi imposto pelo presidente do partido, na última semana. Bivar chegou a anunciar a suspensão das penalidades dos cinco deputados que tiveram as atividades parlamentares restabelecidas.

A escola sob o dogma do mercado

Por Jorge Barcelos, na jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Carlos Roberto Jamil Cury afirma que o princípio da gestão democrática é mais do que a eleição de diretores ou diretoras em escolas públicas. A gestão implica que os interlocutores dialoguem, tenham paciência na busca de respostas, que saibam construir uma boa educação com base na justiça. A gestão é democrática quando é encontro de pessoas para a solução de conflitos. “Gestão provém do verbo latino gero, gessi, gestum, gerere e significa levar sobre si, carregar, chamar a si, executar, exercer, gerar. Trata-se de algo que implica o sujeito. Isto pode ser visto em um dos substantivos derivado deste verbo. Trata-se de gestatio, ou seja, gestação, isto é, o ato pelo qual se traz em si e dentro de si algo novo, diferente, um novo ente. Ora, o termo gestão tem sua raiz etimológica em ger que significa fazer brotar, germinar, fazer nascer. Da mesma raiz provêm os termos genitora, genitor, gérmen”, finaliza Cury.

O tsunami chileno

Valparaíso, 21/10/19. Foto: Rodrigo Garrido/Reuters
Por Atilio Boron, no site A terra é redonda:

O regime de Piñera – e insisto no termo “regime” porque um governo que reprime com a brutalidade que todo mundo viu não se pode considerar democrático – se defronta com a mais séria ameaça popular jamais enfrentada por governo algum no Chile desde o derrocamento da Unidade Popular em 11 de setembro de 1973. As ridículas explicações oficiais não convencem nem aos que as divulgam; ouvem-se denúncias sobre o vandalismo dos manifestantes, ou seu desprezo criminoso pela propriedade privada, ou pela paz e tranquilidade, sem falar das oblíquas alusões à letal influência do “castro-madurismo” no desencadeamento dos protestos que culminaram na declaração do “estado de emergência” por parte de La Moneda [sede da presidência chilena], argumento absurdo e falacioso anteriormente manejado pelo corrupto que hoje governa o Equador e assombrosamente desmentido pelos fatos.

Da frente de esquerda à frente ampla

Por Roberto Amaral, em seu blog:

O que se pode chamar de “Frente de esquerda” já existe e funciona, na medida de suas limitações, no Congresso Nacional, reunindo, essencialmente, as bancadas do PT, do PCdoB e do PSOL, em alguns momentos ampliando com siglas de centro-esquerda. É um ponto de partida, até animador, mas que se revela, como força política, ainda muito distante das necessidades de resistência e enfrentamento ao projeto de desconstrução nacional em que se empenha o governo do capitão anunciando danos irreversíveis ao futuro do país, como o perseguido atraso em educação, ciência e tecnologia.

Novo Velho Continente e suas contradições

Charge: Adán Iglesias/Rebelión
Por Celso Japiassu, no site Carta Maior:

Do Brexit às agitações e conflitos na Catalunha; dos ataques terroristas na Alemanha à crise dos refugiados e os riscos do baixo crescimento com ameaça de deflação: estes são apenas alguns dos sinais de um novo fantasma que ronda a Europa. Não se trata, hoje, do fantasma do comunismo, como ironizou Marx no seu Manifesto, assinado conjuntamente com Friedrich Engels em 1848. Porém é mais uma vez o fantasma do medo que anda a rondar praticamente todos os países da União Europeia.

Petróleo nas praias: governo culpa os outros

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

As manchas de óleo nas praias nordestinas são a prova cabal da incompetência de Bolsonaro e sua equipe para administrar o país. Não conseguiram prevenir o desastre, até porque o governo extinguiu os dois comitês do plano de ação de incidentes com óleo; estão sendo incapazes de remediar ou minimizar o problema; e nem sequer descobriram até agora quem são os responsáveis pelo derramamento de óleo no mar. O que o governo está fazendo em relação ao petróleo, na verdade, é seguir ao pé da letra as três regras de ouro de Homer Simpson para “lidar” com problemas que ele mesmo causou.


'Judiciário virou partido', diz Milagro Sala

Por Felipe Bianchi, do ComunicaSul, de Buenos Aires/Argentina, no site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

Primeira presa política de uma lista que já soma sessenta líderes populares perseguidos sob o governo de Mauricio Macri, na Argentina, Milagro Sala alerta que o judiciário não tem sido usado para fins políticos apenas em seu caso. Trata-se de um fenômeno continental, que aposta na toga como principal arma para deter quem “se mete com os poderosos” e se dedica à luta “em defesa do povo”.

De sua casa, em Jujuy, no Norte argentino, onde cumpre prisão domiciliar com o uso de tornozeleira eletrônica, a líder comunitária avalia que a semelhança entre casos como o dela não é mera casualidade. Rafael Correa, no Equador; Cristina Kirchner, na Argentina; Lula, no Brasil; mais dezenas de lideranças e ativistas têm sido vítima de processos judiciais que, insuflados pela pressão dos grandes meios de comunicação, já começam com suas sentenças decididas.

O novo marco regulatório do saneamento

Do site da Associação Brasileira de Municípios (ABM):

A ABM assina, ao lado de outras dez entidades, uma nota conjunta que manifesta apoio ao voto em separado do deputado federal Fernando Monteiro quanto ao novo marco legal do Saneamento Básico.

Segundo o texto do deputado, “um novo Marco Legal do Saneamento é necessário e urgente, mas não podemos concordar com alguns termos do relatório apresentado na Comissão, a começar pela ausência de referência e priorização do saneamento rural, que representa 15% da população brasileira”.