sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

A noite das facas falsas

Por Lincoln Secco, no site A terra é redonda:

“Não há outro meio de acabar com o comunismo senão acabando de vez com a democracia liberal, terreno propício ao desenvolvimento de todos os micróbios virulentos” (Miguel Reale, agosto de 1935) [1].

Entre 11 e 12 de outubro de 2019 a cidade de São Paulo sediou a Conferência da Ação Política Conservadora [2]. Tenho ao meu lado o jornal Folha de São Paulo impresso. A data é 14 de outubro de 2019. Numa das fotografias da matéria está o deputado federal Eduardo Bolsonaro abraçado a um mastro com uma bandeira do Brasil. Ele sorri, meio curvado, aparentemente simulando uma pole dance.

A paranoia de Bolsonaro na revista 'Veja'

Por Fernando Brito, em seu blog:

Na entrevista que deu à Veja, Jair Bolsonaro não disse o nome, mas deixou claro, para bom entendedor, que a acusação era contra seu ex-ministro Gustavo Bebianno de ter um plano para assassiná-lo:

Bolsonaro acredita que, além do ex-garçom Adélio Bispo dos Santos de Oliveira, autor da facada, uma figura do seu staff de campanha estaria envolvida de alguma forma no plano para matá-lo. O presidente não revela a quem se refere, mas, ao longo da entrevista, vai fornecendo detalhes que apontam para um ex-ministro.

Como se monta o desmonte

Por Roberto Amaral, em seu blog:

“Apesar de você / Amanhã há de ser / Outro dia” (“Apesar de você”, Chico Buarque)

Está em fase de conclusão a montagem da Secretaria Especial da Cultura que, no governo do capitão, passou a ser um apêndice do Ministério da Cidadania. É o que restou do Ministério da Cultura, que em anos passados já teve como titulares Celso Furtado e Antônio Houaiss.

Um anônimo, identificado pela imprensa como “maestro”, foi nomeado presidente da Funarte, aquele órgão do governo federal cuja missão “é promover e incentivar a produção, a prática, o desenvolvimento e a difusão das artes no país”. Para o novo burocrata, “O rock ativa as drogas, que ativam o sexo livre, que ativa a indústria do aborto, que ativa o satanismo”.

Dieese: 64 anos ajudando o sindicalismo

Por Clemente Ganz Lúcio, no site Brasil Debate:

A história fazemos todos, juntos ou não, por meio do complexo processo de construção social tecido por incontáveis mãos, a maioria, de gente anônima, e costurada, em grande parte, por fios invisíveis. Há “interruptores” históricos que, acionados, podem liberar ou travar o fluxo de processos sociais.

No ano de 1955, houve uma onda de frio muito severa. Entretanto, na política, o clima era quente, com muitas mudanças desde o suicídio de Vargas, ocorrido no ano anterior. Café Filho assumira a presidência e o país enfrentava problemas com a inflação e o déficit na balança comercial. Juscelino Kubitschek (JK) lançara-se candidato à presidência pelo PSD. A UDN e os militares articulavam chapa com Juarez Távora, ex-tenentista. O PTB, partido de Getúlio, constrói naquele ano uma aliança com o PSD e lança a chapa JK/Jango para concorrer às eleições presidenciais. Com apoio do eleitorado paulista, Ademar de Barros corre por fora.

Bolsonaro, a besta, está babando

Por Leandro Fortes

Quem, como eu, passou os últimos 30 anos como jornalista militante, em Brasília, sempre soube que Jair Bolsonaro era um desqualificado absoluto. Um sujeito simplório, ignorante, mas esperto o suficiente para ter vislumbrado na comunidade de baixas patentes das Forças Armadas um nicho eleitoral eficiente.

Nessa alcova, elegeu-se repetidamente deputado federal, ora pregando o fechamento do Congresso Nacional, ora dando abrigo a mulheres de praças e oficiais que iam bater panela na Esplanada dos Ministérios em nome das reivindicações salariais dos maridos.

Karol Eller e a vitimização da picaretagem

Reprodução do Facebook
Por Nathalí Macedo, no Diário do Centro do Mundo:

Mesmo quando um bolsonarista é vítima, ele é culpado, e eu posso provar.

Karol Eller, a youtuber bolsominion que supostamente sofrera um ataque homofóbico na Barra da Tijuca – inspirando algumas pessoas um lamento e à maioria delas o mais sincero foda-se – não passa, na verdade, de uma picareta.

Ela disse que levou uma coça por andar de mãos dadas com sua namorada, mas a Polícia Civil logo descobriu que Karol apanhou porque provocou uma briga (vindo de uma eleitora de Bolsonaro, por que isso não me surpreende?) e inventou a história do ataque homofóbico pra não perder a chance de posar de vítima.

Quem são os jornalistas da Lava-Jato?

Na foto, da esquerda para a direita: Vladimir Netto, da TV Globo;
Ricardo Brandt, do Estadão; André Guilherme, do Valor;
Germano Oliveira, da Isto É; e Flávio Ferreira, da Folha de S. Paulo
Da revista Fórum:

A nova reportagem da Vaza Jato, publicada nesta sexta-feira (20) pelo The Intercept e a Ilustríssima, da Folha de S.Paulo, revelou o conluio de jornalistas de diferentes veículos com procuradores da Lava Jato para favorecer a narrativa da força-tarefa através de matérias jornalísticas.

Ao menos cinco repórteres “de confiança” combinaram matérias com os procuradores Deltan Dallagnol e Carlos Fernando dos Santos Lima, responsáveis pelo trato com a imprensa.

Coincidentemente – ou não –, cinco jornalistas celebraram a condenação do ex-presidente Lula após julgamento do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em uma selfie dentro do próprio tribunal.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Bolsonaro leva o prêmio de "Fóssil do Ano"

A aliança que sustenta o governo Bolsonaro

Por Luiz Filgueiras e Graça Druck, no site Outras Palavras:

“Se a esquerda radicalizar a esse ponto,
a gente vai precisar ter uma resposta.
E uma resposta pode ser via um novo AI-5”. 

(Eduardo Bolsonaro)

“Sejam responsáveis, pratiquem a democracia. Ou democracia é só
quando o seu lado ganha? Quando o outro lado ganha, com dez meses
você já chama todo mundo para quebrar a rua? Que responsabilidade
é essa? Não se assustem então se alguém pedir o AI-5. Já não
aconteceu uma vez? Ou foi diferente?”
(Paulo Guedes)


O ministro admitiu que o ritmo das reformas desacelerou no Congresso
após a aprovação das mudanças na Previdência e disse que, quando as
pessoas começam a ir para as ruas “sem motivo aparente”, é preciso
“entender o que está acontecendo” e avaliar se é possível prosseguir
com a agenda liberal
(Folha de S.Paulo, 23/11)


No momento atual - transcorridos onze meses do governo Bolsonaro, mais de três anos do golpe/impeachment que pôs fim ao governo de Dilma Rousseff eleita democraticamente, e seis anos das manifestações de 2013 que deram início à atual conjuntura político-econômica do país –, pode-se identificar, mais claramente, o significado e o sentido de todo o processo, bem como reconstituir a sua origem e desenvolvimento – destacando-se alguns dos seus aspectos fundamentais.

Brexit: fim da globalização ou do Reino Unido?

Por Liszt Vieira, no site Carta Maior:

Alguns analistas de política internacional viram na vitória conservadora que ratificou o Brexit uma rejeição de trabalhadores à ameaça, real ou imaginária, de imigrantes e uma rejeição de industriais ao polo financeiro de Londres, uma das praças internacionais do capital financeiro mundial. Como se sabe, 80% da economia britânica vem do setor serviços.

A derrota trabalhista com a vitória dos conservadores levará provavelmente o Reino Unido a se aproximar mais dos EUA, o que agrada a Trump que sempre detestou a União Europeia (UE), como símbolo do multilateralismo que tanto lhe desagrada. Mas negociar com Trump é uma faca de dois gumes. O America First de Trump, se aplicado, vai dificultar muito a possibilidade de um acordo de livre comércio que é, em última instância, o que deseja Boris Johnson.

A ofensiva de Witzel sobre os Bolsonaro

A "rachadinha" de Flávio Bolsonaro

O objetivo da Lava-Jato foi destruir o Brasil

Por Vanessa Grazziotin, no jornal Brasil de Fato:

Na última segunda-feira (16), o jornal O Estado de S. Paulo trouxe uma entrevista com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, que merece a leitura de todos os brasileiros.

A manchete do jornal diz o seguinte: "Toffoli diz que Lava Jato destruiu empresas e que MP [Ministério Público] é pouco transparente". Ou seja, o que declara o presidente do STF nada mais é do que aquilo que estamos dizendo há muito tempo.

A Lava Jato não nasceu efetivamente para o combate à corrupção. Lamentavelmente, ela nasceu para aplicar uma política de interesses do capital internacional no Brasil, sobretudo os interesses estadunidenses em nosso país. Porque o combate à corrupção é algo que deve ser feito pelo Poder Judiciário, pelo Poder Executivo, pelo Poder Legislativo e, principalmente, pela sociedade brasileira. E deve ser feito de forma permanente, porque, lamentavelmente, a corrupção é algo inerente à sociedade capitalista em que vivemos, onde o que importa são os bens, o dinheiro, a propriedade e não as pessoas.

Papa Francisco convoca jovens economistas

Por Luiza Dulci, na revista Teoria e Debate:

A cidade de Assis, na Itália, irá sediar em março de 2020 o encontro Economia de Francisco, que reunirá jovens economistas para debater e elaborar propostas para uma nova agenda econômica mundial. O encontro foi convocado pelo papa Francisco em carta lançada, não à toa, no dia 1º de maio de 2019. A convocatória abrange jovens economistas das áreas de pesquisa acadêmica, empreendedores e ativistas – um entendimento, portanto, amplo e não corporativista da categoria. A carta do papa Francisco se destina a economistas “interessados em um tipo diferente de economia: aquele que traz vida, não morte, que é inclusivo e não exclusivo, humano e não desumanizado, que cuida do meio ambiente e não o superexplora”. Trata-se, portanto de um chamado que visa reunir ecumenismo, ecologia e economia.

Elite dos EUA prevê fim do neoliberalismo

Por André Motta Araújo, no site da Fundação Maurício Grabois:

As 200 maiores corporações americanas, reunidas no Business Roundtable, principal entidade de cúpula do capitalismo americano, presidido por Jamie Dimon, CEO do mega banco J.P. Morgan Chase, pela voz de seus executivos principais reunidos, decidiram que o credo neoliberal praticado há 40 anos, segundo o qual o principal objetivo das corporações é gerar “valor para o acionista”, está errado e deve ser revisto porque esse ideia causou um desastre que vai colocar em riso o próprio capitalismo. Esse desastre se chama "concentração de renda".

Será que agora o Queiroz vai falar?

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

A devassa desencadeada esta manhã pelo Ministério Público do Rio, contra a família Bolsonaro e assessores do clã, explica o nervosismo do presidente nos últimos dias, assustado com as investigações sobre “rachadinhas” e o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.

O próprio Bolsonaro, em suas declarações semana passada no cercadinho do Alvorada, antecipou que novas denúncias viriam e acusou o governador do Rio, Wilson Witzel, de estar por trás da operação.

As primeiras denúncias contra Fabrício Queiroz, ex-PM que é motorista, segurança, faz-tudo e caixa da família, surgiram há 14 meses, tempo em que ele está desaparecido para tratar de um câncer em São Paulo.

Aumenta violência nas escolas paulistas

Por Rodrigo Gomes, na Rede Brasil Atual:

A violência contra professores e estudantes cresceu nas escolas públicas paulistas nos últimos anos, segundo pesquisa divulgada hoje (18) pelo Instituto Locomotiva e pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). De acordo com os dados, cinco em cada 10 professores da rede (54%) já sofreram algum tipo de violência nas dependências das escolas em que lecionam. Esse número era de 51% em 2017 e de 44% em 2014. Entre os estudantes, 37% declararam ter sofrido algum tipo de violência, como bullying e discriminação. A pesquisa ouviu mil estudantes e 701 professores em todo o estado, entre setembro e outubro.

Jogo bruto de Bolsonaro contra os sindicatos

Editorial do site Vermelho:

A queda da sindicalização constatada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), é um dado que revela muita coisa. O levantamento mostra que apenas 12,5% dos trabalhadores estavam sindicalizados em 2018, a menor taxa de sindicalização na série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.

Segundo o IBGE, em 2012 a taxa de sindicalização era de 16,1%. Ela se manteve estável em 2013, mas iniciou trajetória descendente a partir de 2014, que foi acentuada em 2016. A queda acompanha o aumento do desemprego, mas tem a ver, principalmente, com as políticas antitrabalhistas dos governos Temer e Bolsonaro.

A face oculta da diplomacia de submissão

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

A prisão de 18.000 brasileiros - entre eles, 3 000 crianças - pela polícia de fronteira dos Estados Unidos é uma vergonha para o país e uma ofensa à nossa dignidade.

Também é uma resposta esclarecedora à diplomacia de submissão de Jair Bolsonaro.

Há apenas 9 meses, na primeira visita oficial ao Deus Trump, como diz o chanceler Ernesto Araújo, Bolsonaro anunciou uma alfandega de gentileza.

Informou que a partir de então os viajantes norte-americanos estariam dispensados de obter visto de entrada no Brasil.

Depois disso, eles puderam entrar no Brasil como se estivessem na casa deles.

A íntegra do manifesto de Lula à Cultura

Rio de Janeiro (Circo Voador), 18/12/19. Foto: Ricardo Stuckert
Do site Lula:

Em primeiro lugar, quero agradecer a cada um e a cada uma de vocês aqui presentes, e à classe artística que se mobilizou de todas as formas para que eu pudesse estar de volta ao convívio com o povo brasileiro.

Minha eterna gratidão aos trabalhadores e trabalhadoras da cultura, dos mais famosos aos mais anônimos, e aos intelectuais comprometidos com a construção de um Brasil melhor, que novamente emprestaram sua arte e seu ofício a uma causa justa, como tantas outras vezes em nossa história.

Tenho a consciência de que a luta de vocês não foi só pela liberdade do Lula. A luta de vocês foi, e será sempre, pela Liberdade, esta palavra que, na definição da Cecília Meireles,“o sonho humano alimenta, e não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”.