quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Ricaços e mídia torcem por Kassab

O Grupo de Líderes Empresariais (Lide), comandado por João Dória Jr., o mesmo que organizou o movimento golpista “Cansei”, realizou na segunda-feira (29) um almoço com 302 presidentes de megaempresas nacionais e multinacionais. Na ocasião, os barões do capital foram consultados sobre as eleições municipais em São Paulo: 48% afirmaram que votarão em Geraldo Alckmin, o tucano traído, e 45% declararam seu voto em Gilberto Kassab, o demo-laranja do presidenciável tucano José Serra. Mas a maioria previu que o atual prefeito irá ao segundo turno. Na prática, ele já contaria com quase 100% de preferência do empresariado nesta fase decisiva da campanha.


Alguns dias antes, o Observatório Brasileiro de Mídia demonstrou que os veículos privados de comunicação torcem abertamente pelo demo-tucano. Na semana de 12 a 19 de setembro, o atual prefeito foi mencionado em 86 reportagens, das quais 41,9% de forma favorável e apenas 26,7% de modo desfavorável. Marta Suplicy apareceu em 62 reportagens, sendo tratada negativamente por 37,1% delas e de forma positiva por 29%. Pior se deu com o tucano Geraldo Alckmin, citado em 67 matérias, sendo tratado de forma negativa em 47,8% delas e de modo favorável em apenas 13,4%. Detentor de enorme poder na mídia, o presidenciável Serra confirma que é vingativo!

A cristianização de Alckmin

Estes e outros fatos explicam porque o “Geraldo” Kassab ultrapassou “Gilberto” Alckmin e deve disputar o segundo turno com Marta Suplicy. A elite paulista e sua mídia já fizeram suas apostas. Avaliam que o atual prefeito tem melhores condições de derrotar a candidata petista. Sabem que a sua vitória alavancará a candidatura presidencial de José Serra e ofuscará a “onda lulista” nas eleições municipais. Todas as pesquisas confirmam a crescente popularidade do atual presidente e a vitória acachapante das forças governistas. A derrota em São Paulo, maior centro econômico e político do país, fragilizaria o governo Lula, mantendo-o ainda como refém das elites paulistas.

Para fazer vingar este projeto de poder, o governador José Serra, os “traíras” do PSDB, as elites e a mídia hegemônica não vacilaram em cristianizar (rifar) Geraldo Alckmin. Ele foi abandonado à própria sorte, ficando sem estrutura e recursos de campanha e sendo alvo de intrigas de 11 dos 12 vereadores tucanos na capital e de vários líderes do seu partido. Até Aécio Neves, que patrocinou a campanha com olho na disputa presidencial, já jogou a toalha. Uma foto emblemática, postada no blog “Amigos do presidente Lula”, registrou o candidato empurrando o jipe da sua campanha. O seguidor do Opus Dei precisará de muita fé para ressuscitar desta violenta traição.

Uma disputa estratégica

A pergunta que fica é como se comportarão seus seguidores e eleitores. Ainda terão energia para forçar a ida ao segundo turno? Caso sejam derrotados nesta última cartada, conseguirão superar os traumas da traição e fazer campanha para o demo-tucano? A candidata Marta Suplicy tem procurado explorar esta contradição. A briga entre o tucano e o papagaio, exposta num comercial da TV, cumpre este objetivo. Marta até instiga o adversário. “O que está acontecendo no PSDB não é digno. Se eu acho isso, imagina o que pensam seus eleitores. Estão fritando o Alckmin”.

Mas as elites e a mídia venal não têm brios ou crises de consciência. Elas já demonstraram que estarão unidas como aço no segundo turno. Sabem que 2008 é uma prévia de 2010. Na prática, o que está em jogo é a sucessão presidencial. Participando ou não da guerra campal em São Paulo, o presidente Lula estará na berlinda. O maquiavélico FHC, presidente de honra do PSDB, já percebeu o significado da contenda e está em plena atividade para garantir a reedição da aliança entre demos e tucanos. O objetivo das negociações entre os dois partidos, segundo Rodrigo Maia, presidente do DEM, é “evitar a vitória de Lula na capital paulista”. A batalha será titânica!

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