Os editores da revista Veja são de um cinismo depravado. Na edição desta semana, este panfleto da direita colonizada estampou mais uma capa com ataques ao MST. A manchete provocadora: “Abrimos o cofre do M$T”. A foto montagem: um boné da organização com dólares e reais. A chamada: “Como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra desvia dinheiro público e verbas estrangeiras para cometer seus crimes”. Na “reporcagem” interna, nenhuma entrevista com lideranças dos sem-terra e nenhuma visita às escolas e assentamentos produtivos do MST.
Como arapongas ilegais, ela se jacta de que “teve acesso às movimentações bancárias de quatro entidades ligadas aos sem-terra. Elas revelam como o governo e organizações internacionais acabam financiando as atividades criminosas do movimento”. As quatro entidades – Associação Nacional de Cooperação Agrícola (Anca), Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária (Concrab), Centro de Formação e Pesquisas Contestado (Cepatec) e Instituto Técnico de Estudos Agrários e Cooperativismo (Itac) – “receberam 43 milhões de reais em convênios com o governo entre 2003 e 2007”, resmunga a revista da Editora Abril, que sempre saqueou os cofres públicos.
Uma “reporcagem” interesseira
O novo ataque ao MST não é gratuito. Ele ocorre poucos dias após a jornada nacional de luta por mais verbas para a reforma agrária e pela atualização dos índices de produtividade, usados como parâmetros legais para a desapropriação de terras. Diante da sinalização do governo Lula de que atenderia as justas reivindicações, a revista Veja resolveu sair em defesa dos latifundiários e dos barões do agronegócio. Não há nenhuma investigação jornalística sobre as premiadas iniciativas educativas e sociais do MST. Apenas opiniões preconceituosas para criminalizar o movimento. Seu objetivo é asfixiar financeiramente o MST, fragilizando a heróica luta pela reforma agrária.
Daí a “reporcagem” esbravejar, num tom fascistóide, que “o MST é movido por dinheiro, muito dinheiro, captado basicamente dos cofres públicos e junto às entidades internacionais. Ao ocupar ministérios, invadir fazendas, patrocinar um confronto com a polícia, o MST o faz com dinheiro de impostos pagos pelos brasileiros e com o auxílio de estrangeiros que não deveriam se imiscuir em assuntos do país”. A matéria também serve de palanque para o tucano José Serra. “Aliados históricos do PT, os sem-terra encontraram no governo Lula uma fonte inesgotável de recursos para subsidiar suas atividades”. E ainda estimula intrigas. “O governo Lula agora experimenta o gosto da chantagem de uma organização bandida que cresceu sob seus auspícios”.
Resposta corajosa do MST
O MST já respondeu com altivez às provocações. “Não há nenhuma novidade na postura política e ideológica desses veículos, que fazem parte da classe dominante e defendem os interesses do capital financeiro, dos bancos, do agronegócio e do latifúndio, virando de costas para os problemas estruturais da sociedade e para as dificuldades do povo brasileiro. Desesperados, tentam requentar velhas teses de que o movimento vive à custa de dinheiro público. Aliás, esses ataques vêm justamente de empresas que vivem de propaganda e de recursos públicos ou que são suspeitas de benefícios em licitações do governo de São Paulo, como a Editora Abril”.
Quanto aos ataques, a nota é elucidativa. “Em relação às entidades que atuam nos assentamentos de reforma agrária, que são centenas trabalhando em todo o país, defendemos a legitimidade dos convênios com os governos federal e estaduais e acreditamos na lisura do trabalho realizado. Essas entidades estão devidamente habilitadas nos órgãos públicos, são fiscalizadas e, inclusive, sofrem perseguições políticas do TCU (Tribunal de Contas da União), controlado atualmente por filiados do PSDB e DEM. Elas desenvolvem projetos de assistência técnica, alfabetização de adultos, capacitação, educação e saúde em assentamentos rurais, que são um direito dos assentados e um dever do Estado, de acordo com a Constituição”.
Um negócio de 719 milhões de reais
Em mais este ataque colérico, a revista Veja prova que é imoral e cínica. Tudo que publica serve a objetivos políticos precisos, mas embalados na manipulação jornalística. De fato, muita coisa precisa ser investigada no país. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a mídia tornou-se uma urgência. No caso da Editora Abril, que condena o “auxílio de estrangeiros que se imiscuem em assuntos do país”, seria útil averiguar sua própria origem, quando o empresário estadunidense Victor Civita se mudou para São Paulo, em 1949, trazendo na bagagem um sinistro acordo com a Disney. Não é para menos que muitos o acusaram de “agente do império” e de servidor da CIA.
Quanto aos recursos públicos, seria necessário apurar as compras milionárias do governo tucano de José Serra das publicações da Abril. O Ministério Público Federal inclusive já abriu processo para investigar o caso suspeito. No embalo, poderia averiguar as recentes denúncias do jornalista Carlos Lopes, editor do jornal Hora do Povo. No artigo intitulado “O assalto do grupo Abril aos cofres públicos na venda de livros do MEC”, com base em dados do Portal da Transparência, ele mostra que “nos últimos cinco anos, o Ministério da Educação repassou ao grupo Abril a quantia de R$ 719.630.139,55 para compra de livros didáticos. Foi o maior repasse de recursos públicos destinados a livros didáticos dentre todos os grupos editoriais do país”.
A urgência da CPI da mídia
“Nenhum outro recebeu, nesse período, tanto dinheiro do MEC. Desde 2004, o grupo da Veja ficou com mais de um quinto dos recursos (22,45%) do MEC para compra de livros didáticos... O espantoso é que até 2004 o grupo Civita não atuava no setor de livros didáticos. Neste ano, o grupo adquiriu duas editoras – a Ática e a Scipione. Por que essa súbita decisão de passar a explorar os cofres públicos com uma inundação de livros didáticos? Evidentemente, porque existe muito dinheiro nos cofres públicos... O MEC, infelizmente, está adotando uma política de fornecer dinheiro público para que o Civita sustente o seu panfleto – a revista Veja”.
“Exatamente essa malta, cínica e pendurada no dinheiro público, acusa o MST de ter recebido, de 2003 a 2007, R$ 47 milhões em alguns convênios com o governo federal... Já o Civita recebeu só do MEC, entre 2004 e 2008, R$ 719 milhões, isto é, 17 vezes mais do que o MST – e não foi para trabalhar, mas para empurrar livros didáticos duvidosos, e a preço de ouro”, critica Carlos Lopes. Como se observa, uma CPI da mídia é urgente.
Enquanto este povo ignorante eleger canalhas como Ronaldo Caiado e Abelardo Lupion nós só podemos ver isso.
ResponderExcluirSe eles elegem pessoas assim por não saber separar o joio do trigo
imagine se conseguem compreender o que está escrito numa reportagem tendenciosa como esta.
Mas a coisa vai ficar bem pior...
Excelente artigo Miro.
ResponderExcluirPegaste o panfleto porno-facista no contrapé!
Vou ter de pescar e colocar no meu Blog!
Abração
O MST deveria fazer o mesmo desafio que a UNE fez à esta mídia venal e entreguista.
ResponderExcluirFicamos sem financiamento do poder público se a mídia abrir mão da propaganda paga pelo poder público.
Miro,
ResponderExcluirEu e meu amigo ficamos indgnados quando vimos o panfleto direitoso no supermercado estampando essa capa das mais ignorantes. Vontade de fazer um ato público e queimar o panfleto mentiroso. Acho q o teu texto expressa bem a raiva que sentimos diante de mentiras assim tão descabidas e da mais baixa linha jornalistica. Pobres coitados. Mas ainda estou com vontade de queimar a Veja.
” É que o explorador não deseja apenas se alimentar da força de trabalho do explorado. Ele quer aniquilar todas as suas formas de produção e expressão.” >
ResponderExcluirESSES KABRAS “PATRONAIS/EMPRESÁRIOS” SÃO UMAS ANTAS. >>
FALAM, POR TODOS OS ORIFÍCIOS E COM UMA “SABEDORIA” DE CONTAMINAR O AMBIENTE.>>
SÓ SAEM BEM NO ROUBO DA MAIS VALIA – porque são atrevidos, descarados e incivilizados - , NO RESTO, SÃO RIDÍCULOS ,são analfabetos, egoístas, incultos e petulantes... >>
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ESSE NEGÓCIO DE VENDER PRODUTOS DUAS, TRÊS, QUATRO,DEZ VEZES MAIS CAROS QUE O CUSTO – já incluindo aí, no custo, o salário dele - E CERCAR UMA ÁREA ENORME DE TERRA E DIZER, ISTO É MEU; É UM ROUBO AOS DEMAIS NECESSITADOS. >>
ASSIM, NÃO HÁ LEI QUE JUSTIFIQUE A PROTEÇÃO AO EXPLORADOR DOS SERES HUMANOS E DA NATUREZA. >>
ABAIXO ESSE SISTEMA DE LEIS FEITO EM FUNÇÃO E A FAVOR DA CLASSE DOMINANTE/PROPRIETÁRIOS. >>
POPULAÇÃO, UNÍ-VOS !!!
Artigo brilhante. Agora, vou fazer um comentário que se enquadra no tema "aliados da direita" como é o caso da senadora Marina Silva, a saber:
ResponderExcluirO Presidente Lula falou claramente que compete ao povo e ao Congresso Nacional o aperfeiçoamento das propostas sobre o pré-sal. Já a senadora Marina Silva criticou no último dia 04 de setembro,em Manaus,o rito de urgência dos projetos de lei do marco regulatório do pré-sal enviados pelo Governo para o Congresso Nacional. Marina Silva despiu-se de vez da pele de cordeiro. Agora ela está mostrando sua face verdadeira: é uma traidora, que trabalha contra os interesses do povo brasileiro, porque a urgência dos marcos regulatórios evita a pressão internacional das grandes transnacionais do petróleo (as chamadas Sete Irmãs).
O pior é saber que o Haddad é que está financiando essa gente. Não dá pra acreditar. Como se pode explicar isso???
ResponderExcluirFazia tempo que não lia a "VEJA", porque me dava nojo verificar seu descaramento.... comprei-a somente pela reportagem (fraquíssima) sobre os soldados que tombam em combate... e verifiquei que virou panfleto do PSDB... não existem "matérias" só ataques ao Lula e ao governo... até as fotos do Lula são horríveis... tenho certeza que passarei longe dessa "revista", mas não longe das bancas de jornais....
ResponderExcluirSó leio a Veja pra ver as gostosas, porque até matérias bestas sobre esporte ou cultura tornam-se tendenciosas, hipócritas e fascistóides!
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