segunda-feira, 12 de abril de 2010

A crise do PSOL e a disputa sucessória

Em clima de tensão, a 3ª Conferência Nacional do PSOL, ocorrida neste final de semana no Rio de Janeiro, aprovou a pré-candidatura de Plínio de Arruda Sampaio para o pleito presidencial de outubro. Dos 162 delegados eleitos nos encontros estaduais, o veterano militante teve 89 votos. O ex-deputado Babá retirou seu nome da disputa; já os apoiadores do ex-sindicalista Martiniano Cavalcante, entre eles a própria presidente do PSOL, Heloisa Helena, boicotaram a conferência, realizaram um encontro paralelo e prometem recorrer judicialmente contra o seu resultado.

O jovem partido, que nasceu como oposição frontal ao governo Lula e obteve votação expressiva no pleito de 2006, agora se apresenta fraturado e fragilizado. O processo da conferência nacional foi marcado pela disputa interna fratricida, com rasteiras e muito bate-boca. Na origem, a decisão unilateral da vereadora Heloísa Helena de não concorrer novamente à presidência da República, preferindo disputar uma vaga ao Senado em Alagoas. Na sequência, seu grupo iniciou conversações não oficiais com Marina Silva (PV), o que foi rejeitado pela maioria do partido – que considera a candidata verde de direita, aliada dos demotucanos.

Dois sítios e muitas divergências

As divergências políticas desembocaram num racha explícito. Até a página oficial do PSOL na internet virou motivo de litígio, com a criação de dois sítios – um editado pelo grupo de Heloisa Helena e da deputada Luciana Genro, dirigente do Movimento Esquerda Socialista (MES); e outro bancado pelos apoiadores de Plínio de Arruda. Houve ainda acusação de manipulação na eleição dos delegados de Minas Gerais, Acre e Roraima, que foram descredenciados para a conferência nacional, o que causou a retirada da conferência de 92 partidários de Martiniano Carvalho.

Irritada, Heloisa Helena rechaçou o descredenciamento “por formalidades burocráticas e sem nenhuma alegação formal”. Ela já anunciou que, como presidente do PSOL, recorrerá da decisão e pedirá a convocação de um congresso extraordinário do partido. “É a única forma de garantir a legitimidade nacional”. A ex-senadora também decidiu abrir uma guerra frontal contra a Ação Popular Socialista (APS), tendência do deputado Ivan Valente. “Quem entrou no partido depois dele ser fundado não tem o direito de rasgar a militância que o criou com enormes dificuldades”.

Heloisa Helena é “omissa”

No extremo oposto, Afrânio Boppré, secretário-geral do PSOL e apoiador de Plínio de Arruda, ataca a principal referência do partido. Para ele, Heloisa Helena foi “omissa” na organização e no fortalecimento do partido. Ao não aceitar a “tarefa” de ser novamente candidata à presidente e ao preferir apoiar Marina Silva, ela teria gerado a grave crise partidária. Mais diplomático, Plínio de Arruda preferiu não criticar as posturas da presidente do partido e somente lamentou a sua ausência na conferência. “Gostaria que a senadora estivesse presente”.

Animado, Plínio de Arruda lembra que sua pré-candidatura teve o apoio de “15 das 17 correntes internas” do PSOL e de dois de seus três deputados federais – Chico Alencar e Ivan Valente. Ele afirma que pretende fazer uma campanha mais “ideológica”, um contrapondo à polarização entre Dilma Rousseff e José Serra. “A esquerda faz agitação, porque é isso que ela tem que fazer... O desafio é criar o consenso entre os excluídos e consciência política para enfrentar o capitalismo... Este é o nosso desafio de campanha: falar a verdade e plantar a semente do socialismo”.

Os entraves da “frente de esquerda”

O PSOL definirá agora seu programa e a política de alianças. Entre outros pontos, a conferência aprovou o não pagamento dos juros da dívida pública, reforma agrária, “combate à transposição do Rio São Francisco, à construção da usina Belo Monte e aos transgênicos”. Quanto às alianças, Plínio de Arruda defende a retomada da “frente de esquerda”, com o PSTU e o PCB, repetindo a coligação de 2006. Mas esta tarefa também não será fácil. O PCB ameaça ter candidato próprio e o PSTU, em conferência realizada em meados de março, decidiu manter a candidatura de José Maria Almeida, dirigente da Conlutas, “como uma alternativa socialista dos trabalhadores”.

É certo que o PSTU também aprovou persistir no esforço para recompor a “frente de esquerda”, mas com condicionantes. “A ampla maioria dos militantes decidiu manter o chamado, mas com as condições que o partido vem apresentando: que esta frente tenha um programa socialista, que indique a ruptura com o capitalismo... Até agora, o PSOL não tem demonstrado concordância com o programa e com a independência de classe. Se não chegarmos a um acordo para a apresentação de uma candidatura única, o PSTU terá sim a sua candidatura à Presidência da República”, garante Zé Maria.

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7 comentários:

  1. HH querendo ser a dona da bola... Entrou primeiro, logo, manda? Ridículo... O PSOL vai pro buraco!

    Compartilho minha leitura sobre o caso: http://tsavkko.blogspot.com/2010/04/o-que-resta-ao-psol.html

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  2. Como pode um partido com 3 pessoas ter 17 correntes????????? Tem mais tendências que pessoas ou as pessoas tem dupla personalidade?

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  3. Este artigo é injusto com Heloisa Helena e faz uma análise parcial do processo que aconteceu dentro do PSol. Uma grande mentira foi dita. A CANDIDATURA DE PLINIO NAO SERA CONTESTADA. O novo congresso será provocado depois das eleições. Martiniano já renunciou à sua pre-candidatura. Plinio será candidato.

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  4. Grande novidade! Um partido trotskista não poderia ser diferente. Eles são ultra sectários só semeiam divisisonismo. Mais parecem um partido de direita. A UND de calças curtas. Não é a toa que a grande maioria dos troskos se tornam direitistas raivosos. O que os trotskistas contruiram ate hoje em termos de luta revolucionária? NADA! Nos sindicatos ou entidades
    que assumem a direção causam divisão e enfraquecimento. E tem um discurso anti Lula muito parecido com o do dem-psdb.

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  5. Que confusão deliciosa. Os histéricos psolistas já fazem oposição a si próprios.kkkkkkk

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  6. Esta é uma versão completamente manipuladora, errônea e desvirtuada da realidade do PSOL. Isto só pode ser explicado com o fato do PCdoB desejar o pior para o Partido do Socialismo e Liberdade.

    Lamentável Traidores!

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  7. Se não me engano foi este mesmo que escreveu defendendo o Sarney, dizendo que ele foi "fundamental" para a redemocratização do país e por isso o PCdoB não iria entrar na luta pelo Fora Sarney.

    Que moral tem pra falar do PSOL?

    Por favor.... Vai defender o Sarney e o Renan "Calheiros"..

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