Reproduzo artigo do legendário jornalista Miguel Urbano Rodrigues, publicado no sítio português O Diário com o título “a barbárie fascista do III Reich e o apagamento da História”:
A morte de um delinquente cubano, mascarado de preso político, após prolongada greve da fome, e a entrada em greve da fome de outro cubano são há semanas tema de editoriais e reportagens na mídia internacional. O segundo, em liberdade, exige, tal como o fez o primeiro, a libertação de todos os “presos políticos cubanos”.
Os dois cidadãos que desafiaram o governo de Havana com tão inédita reivindicação foram imediatamente guindados a heróis pela comunicação social, de Washington a Paris, de Londres a Otawa. Simultaneamente, chovem sobre Cuba violentas críticas, acusando o seu governo de ditadura desumana e desrespeitadora dos direitos humanos.
Os mesmos órgãos de comunicação social que participam dessa campanha anti-cubana, de âmbito mundial, raramente dedicam um mínimo de atenção aos crimes, esses sim, muito reais diariamente praticados no Afeganistão e no Iraque pelas forças dos EUA e da NATO que ocupam esses países. Quanto à tortura de prisioneiros em Guantánamo e aos horrores do presídio de Abu Ghrabi são temas há muito esquecidos pelos grandes jornais e emissoras de televisão do Ocidente.
O denominador comum nesta campanha anti-cubana é um anti-comunismo transparente. Tudo serve aos analistas e politólogos de serviço para deturpar os fatos, de modo a despejaram calúnias contra a Ilha, com tempero de ataques a Fidel, Marx e Lenine.
O objetivo desta gritaria reacionária é, afinal, o mesmo das campanhas que visam criminalizar o comunismo, equiparando-o ao fascismo.
Nestes tempos em que na República Checa tentam proibir o Partido Comunista, e em Riga a direita desfila prestando homenagem aos letões que combateram nas SS de Hitler contra a União Soviética, a imprensa “bem pensante”, que se apresenta como democrática e anti-comunista, mantém um silêncio praticamente total sobre os crimes do fascismo.
Se a Alemanha da Sra. Merkel é o motor da União Europeia, para que recordar o que foi o III Reich, desaparecido há 65 anos? O apagamento da História é imprescindível à sua falsificação.
Mensagens e sonhos de Hitler
O achado pelo exército dos EUA nos últimos dias da guerra de 485 toneladas dos arquivos do Ministério dos Estrangeiros do III Reich, em castelos e cavernas das montanhas de Harz, permitiu o conhecimento de documentação muito valiosa sobre a História contemporânea da Alemanha. Outros arquivos ainda mais importantes permaneceram sepultados até 1955 num depósito do exército norte-americano, na Virgínia.
Foi após cinco anos de estudo de parte dessa documentação que o jornalista William Schirer escreveu a sua obra The Rise and Fall of the Third Reich, editada em 1960 em Nova York, e cuja tradução brasileira em quatro tomos foi publicada em 1963 pela Civilização Brasileira, do Rio de Janeiro.
Não conheço outro trabalho que, a partir dos arquivos secretos alemães, ilumine tão ampla e minuciosamente a ascensão e o desmoronamento do nazismo e a personalidade de Hitler.
William Shriver que viveu na Alemanha como correspondente do Chicago Tribune de 1926 a 1941, foi um observador privilegiado da História nesse período.
Quando a sua obra me chegou às mãos eu acabava de ler uma tradução do Mein Kampf (A Minha Luta), de Adolph Hitler, definido pelo Ministério da Educação nazi como “a infalível estrela polar pedagógica”.
Como foi possível, perguntava-me, que tenha chegado a chanceler do Reich (chamado pelo marechal Hindenburgo) um tresloucado ex-cabo austríaco que durante onze anos iria impor despoticamente a sua vontade a um povo de velha cultura, conduzindo a humanidade a uma hecatombe (mais de 40 milhões de mortos, dos quais 20 soviéticos e 8 alemães)?
Shriver, um liberal americano do qual me distancio ideologicamente, ajudou-me a entender melhor Hitler e a marcha para o abismo da Alemanha. Empurrou-me, aliás, para uma releitura do Mein Kampf.
No seu único livro – o mais vendido no país durante anos – Hitler expõe, afinal, numa linguagem primária, a sua concepção louca e megalômana do mundo e esboça o projeto que o levaria ao poder, à guerra e à destruição da Alemanha.
Na sua opinião, “o Estado Tribal deve agir de modo a que tudo gire em torno da raça (…) providenciar para que apenas às pessoas sadias seja conferido o direito de procriar”.
Caberia aos arianos (os alemães seriam o seu ramo mais puro) dominar o mundo, mas as decisões seriam tomadas por um só homem. Somente ele (Hitler), liderando o povo predestinado, “poderá exercer a autoridade e o direito de commando”.
A Nova Ordem
O que parecia uma impossibilidade absoluta aconteceu. E não é surpreendente que, ao tomar o poder com a aprovação do Reichstag, Hitler tenha principiado a levar à prática, a Nova Ordem que idealizara. A destruição da cultura alemã e mundial, acumulada durante séculos, surgiu-lhe como necessidade.
As fogueiras de obras clássicas foram realizadas nas praças públicas com o aplauso da juventude nazi e a indiferença do novo Exército, a Wehrmacht. Os livros de autores como Heine, Thomas Mann, Einstein, Freud, Proust, Gide, Zola, H.G.Wells foram queimados perante multidões entusiasmadas. Dirigindo-se aos estudantes, Goebells, ministro da Propaganda comentou: “Estas chamas não só iluminam o final de uma velha era, mas lançam luzes sobre a nova”.
Nas universidades os programas de nazificação incluíram o ensino daquilo a que chamavam “a física alemã, a química alemã, a matemática alemã”. Na revista Deutsche Mathematik um editorial proclamou que a recusa de considerar a matemática racialmente continha “os germes da destruição da ciência alemã”.
Para Hitler, os judeus e os eslavos, sobretudo os polacos e os russos, eram uma “escória humana”. Para os primeiros concebeu a solução final, ou seja o extermínio. Quanto aos eslavos, via neles um género de escravos de novo tipo.
O general Halder, que era então o chefe do Estado Maior General da Wehrmacht, registrou no seu diário, publicado após a guerra – uma conversa que manteve dias após a invasão da Polônia com o general Eduard Wagner – que discutira com Hitler o futuro daquele país.
“Deve-se impedir, informou Wagner que a classe culta se estabeleça como classe dirigente. Deve-se manter um baixo padrão de vida. Escravos baratos…”.
Heydrich, o lugar-tenente de Himmler, comunicou ao general Wagner que era preciso “limpar a casa dos judeus, e da classe culta, da nobreza e do clero”.
Hanz Frank, nomeado governador da área do país não anexada ao Reich, declarou ao tomar posse do cargo: “Os polacos deverão ser escravos do Reich alemão”. E, dirigindo-se a um jornalista nazi, afirmou: “Se eu ordenasse que fossem afixados cartazes por cada sete polacos fuzilados não haveria florestas suficientes na Polónia para a fabricação de papel para esses cartazes”.
Em l943, em Poznan, na Polônia, Himmler, num discurso oficial, declarou aos jovens oficiais das SS: “Se 10.000 mulheres russas caírem exaustas ao cavarem fossos anti-tanques, interessa-me somente que esses fossos sejam terminados para a Alemanha”.
Em 2 de Outubro de 1940, Hitler, num relatório secreto, escreveu: “Deve haver apenas um senhor para os polacos, um alemão (…) Todos os representantes da classe culta polaca, têm, portanto, de ser exterminados. Isso parece crueldade, mas é a lei da vida”.
Foi, porém, na URSS que a barbárie nazi atingiu o auge.
Em 16 de Julho de 1941, poucas semanas após a invasão, Hitler, no seu quartel-general, dirigindo-se os marechais do Reich, declarou: “Toda a Região do Báltico terá de ser incorporada à Alemanha. Todos os estrangeiros terão de ser evacuados da Crimeia que será colonizada somente por alemães e se transformará em território do Reich... O Fuehrer arrasará Leningrado e entrega-la-á depois aos finlandeses”.
Falando com Ciano, genro de Mussolini, Goering afirmou: “Este ano morrerão de fome na Rússia entre vinte a trinta milhões de pessoas”.
Em Setembro de 44 trabalhavam para o Reich sete milhões e meio de estrangeiros, submetidos a um regime de escravidão. Nas deportações para trabalhos forçados as mulheres eram separadas dos maridos e os filhos dos pais. Generais da Wehrmacht colaboravam no sequestro de crianças que eram enviadas para a Alemanha.
Num campo da Krup, na Renânia, os franceses que o ocuparam em 1945 encontraram trabalhadores que dormiam em canis, mictórios e antigos fornos. É útil recordar que as autoridades americanas permitiram anos depois que a família de Gustav Krup von Bohlen – julgado como criminoso de guerra em Nuremberg – recuperasse anos depois a sua imensa fortuna.
Os prisioneiros de guerra soviéticos foram tratados como animais. Dois milhões morreram no cativeiro alemão, de fome, frio e doenças. Segundo Rosenberg, o filósofo oficial do nazismo, “quanto mais prisioneiros morrerem melhor para nós”.
Os campos de extermínio
Em todos os países ocupados, a Wehrmacht, e sobretudo as SS, cometeram crimes monstruosos, massacrando milhões de pessoas. Tornaram-se símbolos da barbárie nazi duas aldeias, a checa Lidice, e a francesa Oradour sur Glane. Em ambas os moradores foram abatidos como gado.
Não há estatísticas sobre a dimensão do massacre de civis nos países ocupados, mas somente na União Soviética o total de vítimas é avaliado em alguns milhões. As novas gerações quase desconhecem a história verdadeira dos campos de extermínio, Vernichtunggslager, porque o tema é incômodo para as classes dominantes dos EUA e da União Europeia, que preferem falsificar a história da URSS nas suas campanhas anti-comunistas.
Somente na Polônia foram instalados cinco - Aushwitz, Treblinka, Belsec, Sibibor e Chelmno – que adquiriram sinistra celebridade. Visitei Aushwitz em 1981 e, transcorridas quase três décadas, guardo lembrança inapagável das horas de angústia que passei no campo medonho, hoje transformado em museu.
Quantos foram assassinados ali? Não há estatísticas confiáveis porque os registros foram destruídos quando as vanguardas do Exército Vermelho se aproximavam. R. Hoess, ex-comandante do campo, ao depor em Nuremberg, como criminoso, avaliou em 3 milhões o total dos prisioneiros ali mortos.
Recordo que ao regressar a Varsóvia, na lenta viagem noturna, não consegui trocar mais de meia dúzia de palavras com o tradutor que me acompanhava.
Aushwitz é inimaginável. Semanas depois, quando escrevi um artigo sobre aquela jornada no templo dos horrores nazis senti uma dificuldade enorme em encontrar palavras para expressar emoções e ideias. Porque Aushwitz, museu que ilumina facetas obscuras da degradação humana, coloca-nos perante a quase impossibilidade de palavras criadas por humanos transmitirem o que se sente ao descobrir o que ali aconteceu.
Diariamente nas câmaras de gás eram abatidos 6.000 prisioneiros.
O aspecto do lugar não é o que tinha em 1944.
Antes, relvados com flores encimavam as câmaras.
Uma náusea quase me fez vomitar quando o guia, falando com lentidão, informou que uma orquestra de belas jovens vestidas de branco e azul recebia os prisioneiros à entrada das câmaras executando trechos de operetas vienenses e francesas.
Era ao som dessas melodias que as vítimas cruzavam a porta na convicção de que iriam tomar “um duche”.
Fechada a porta, serventes de turno abriam os respiradouros, invisíveis nos relvados, e os cristais de Zyklon B (acido prússico), produzido por empresas associadas da gigante da indústria química I B Farben, eram introduzidos na câmara e transformavam-se no gás letal.
Quando os carrascos SS, que observavam tudo por vigias envidraçadas, concluíam que a matança, rápida, findara, a porta era aberta.
Prisioneiros – abatidos posteriormente – removiam os cadáveres. Em Aushwitz, ao contrário de outros campos, as SS pretendiam evitar “por motivos humanitários” que os prisioneiros soubessem que iriam ser gaseados.
Shriver cita o depoimento de Reitlinger, uma testemunha da “operação de limpeza”.
“A primeira tarefa deles consistia em remover o sangue e as fezes antes de separar e arrastar com cordas e ganchos aqueles corpos agarrados uns aos outros, prelúdio da busca ao ouro e da remoção dos dentes e cabelos, considerados materiais estratégicos pelos alemães. Depois, o transporte, em elevador ou vagão, para os fornos, o moinho que os reduzia a cinzas muito finas e o caminhão que as espalhava nas águas do Sola”.
As cinzas, contudo, também eram utilizadas como fertilizantes. O ouro dos dentes era depositado no Reichsbank, numa conta especial das SS.
A construção dos fornos crematórios, segundo ampla documentação existente nos arquivos do Reich, era atribuída por concurso às empresas que sabiam a que fim eles se destinavam.
Mas quando o número de execuções aumentou, as câmaras de gás e os fornos não podiam ultrapassar a capacidade máxima para que estavam programadas. As SS recorreram então, paralelamente, a fuzilamentos em massa. Os cadáveres eram depois lançados em grandes fossas, aí queimados, e, depois, bulldozers, cobriam tudo com terra.
É insignificante hoje o número de jovens que nos países da União Europeia e nos EUA tem uma noção, mesmo superficial, do que foram os campos de extermínio do III Reich. Os programas de História nas escolas, com poucas exceções, são omissos a respeito do assunto. O apagamento da memória no tocante aos crimes do fascismo é a regra.
Mas sobreviventes da minha geração, prestes a desaparecer, aqueles que visitaram Aushwitz, não podem esquecer o que ali viram e ouviram evocar.
Em noites de insônia revejo-me a caminhar pelas salas do museu de horrores. Impossível esquecer os espaços envidraçados onde se acumulavam milhares de sapatos das crianças que as SS gaseavam, e os cabelos de mulheres, cortados minutos antes de serem introduzidas nas câmaras da morte. Recordo então também, com nitidez, a macabra exposição de objetos e “produtos” que alguns prisioneiros eram ali obrigados a fabricar, como margarina confeccionada com gordura humana, abat-jours de candeeiros cuja matéria foi a pele de pessoas exterminadas no campo.
Impossível – repito – esquecer.
Conspirações
É um facto que na Alemanha houve desde a ascensão de Hitler ao Poder gente que se opôs ao nazismo. Mas na prática somente os comunistas o combateram frontalmente. O preço dessa resistência foi aliás muito alto. Thalmann, o secretário-geral do Partido, morreu num campo de concentração. Na burguesia, o nível da conspiração contra o regime foi sempre baixo, o que explica o desconhecimento pela Gestapo das atividades de altas personalidades que, mesmo antes de Munique, se reuniam com os objetivos de derrubar Hitler para evitar a guerra.
Mas foi somente após Stalingrado que nas Forças Armadas surgiu uma organização conspirativa que se propunha a eliminar Hitler. A ela aderiram marechais e generais da Wehrmacht e o próprio chefe de estado-maior general, o general Halder.
Muitos desses oficiais tinham durante anos apoiado Hitler sem restrições. Quando a derrota do Reich lhes apareceu como inevitável, concluíram que somente eliminando Hitler se impediria a destruição total do país. Acreditavam ingenuamente que poderiam negociar uma paz satisfatória pelo menos com a Grã-Bretanha e os EUA.
O atentado contra o Fuhrer, em 20 Julho de 1944, no Quartel-general de Rastenburg, na Prússia Oriental, foi preparado minuciosamente com muita antecedência. Mas fracassou devido a um imprevisto, porque a pasta que continha a bomba foi desviada do lugar onde o coronel Stauffenberg a tinha colocado, perto de Hitler.
A Alemanha entrara na agonia e o próprio Quartel-general foi apressadamente transferido para Berlim.
Mas a repressão assumiu proporções gigantescas, sem precedentes na breve história do Reich. Atingiu três marechais Witzleben, Kluge e Rommel – e o general Beck, ex-chefe do Estado-maior. O primeiro foi enforcado, os outros foram obrigados a suicidar-se. Os chamados Tribunais do Povo condenaram à força ou ao fuzilamento, em julgamentos de farsa, milhares de militares e civis implicados na conspiração.
Segundo uma fonte citada por William Shriver, a Gestapo prendeu 7.000 pessoas e da lista de condenados à morte constam 4.980 nomes, entre os quais os do almirante Canaris, chefe da Abwehr, e os de dezenas de generais e oficias superiores.
Na opinião de todos os historiadores do Reich, a perturbação mental de Hitler, que se acentuara após as últimas derrotas militares, agravou-se muito a partir do atentado de julho.
Epílogo da tragédia
Nas últimas semanas da guerra, todos os hierarcas do Reich estavam conscientes de que a guerra estava perdida e prestes a findar com a tomada de Berlim. Excepto Hitler. Doente, desesperado, mergulhara num estado de histeria permanente, imaginando planos loucos de vitória. Acreditava que as V1 e V2, as bombas voadoras, destruiriam Londres (as rampas de lançamento já haviam sido destruídas pela Royal Air Force) e que os primeiros aviões de combate a jato varreriam dos céus a aviação anglo-americana (a maioria desses caças pioneiros foram destruídos no solo pelos bombardeamentos).
Hitler emitia as ordens mais estapafúrdias, admitindo inclusive que o cerco de Berlim findaria com a chegada do exército do general Steiner (que já se desintegrara). Mas ninguém, então, o escutava.
Nos últimos dias acusou de traição Goering e Himmler. A 30 de Abril suicidou-se no bunker da chancelaria.
Como foi possível – insisto – que tal homem tomasse o poder na Alemanha, instaurasse nela um regime de terror e desencadeasse a mais mortífera guerra da História?
Como é possível – coloco a questão – que governantes e intelectuais que se apresentam como paladinos da liberdade e da democracia se empenhem hoje em deformar e falsificar a História, esforçando-se por apagar a memória do fascismo reichiano, enquanto tudo fazem para satanizar o socialismo (e o comunismo), única alternativa à barbárie do capitalismo em crise?
Como é possível que os governos e a grande mídia da Europa assistam com indiferença à ascensão na Holanda, na Áustria e nos países bálticos de organizações fascistas e despejem calúnias contra os trabalhadores gregos que lutam nas ruas em defesa dos seus direitos?
Como é possível que dezenas de milhões de norte-americanos manifestem apreço pela política do governo neofascista da Colômbia, aceitem passivamente o bloqueio a Cuba e expressem simpatia pela histérica campanha contra a Ilha socialista transformada, de repente, em assunto do dia?
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