O jornal Valor publicou recentemente matéria que deve ter irritado os filhos de Otávio Frias – os donos da Folha, do Datafolha e do próprio Valor – em parceria com as Organizações Globo. Ela informa que, de 1996 a 2009, a Folha perdeu 43% de seus leitores. No mesmo período, O Globo, dos filhos do Marinho, teve queda de 36%; e o Estadão caiu 23%. Os herdeiros estão afundando os impérios dos seus pais, que tiveram a sua fase áurea nos tempos da ditadura militar no Brasil.
O artigo é até razoavelmente honesto e consistente. Ele tenta apontar as causas da decadência dos jornais impressos. Mostra que a internet causou a migração de milhões de leitores; que a recente crise capitalista afetou as empresas tradicionais, que cortaram gastos e pioraram a qualidade dos conteúdos; e que, na contracorrente, há um crescimento dos jornais populares e gratuitos. Estas causas são reais e geram fortes abalos na mídia impressa do mundo todo.
A crise mundial da indústria de jornal
Há poucos dias foi divulgado o relatório “Estado da Imprensa”, publicado anualmente pelo Pew Project for Excellence in Journalism. Ele comprova que a situação da mídia impressa mundial é dramática. Como apontou Carlos Castilho, num artigo no Observatório da Imprensa, “o relatório de 2010 está carregado de pessimismo, a ponto de prever que os jornais norte-americanos têm um prazo até 2013 para achar um novo modelo de negócios”. O risco é de se tornaram inúteis!
Já o Instituto Poynter, da Flórida, estima que a indústria de jornal perdeu 30% de sua capacidade produtiva, avaliada em US$ 1,6 bilhão, desde 2000. E a firma Veronis Suhler Stevenson calcula que, em 2013, a mídia dos EUA deve faturar 43% a menos do que em 2006. “É uma queda assustadora e que fica ainda mais preocupante quando se leva em conta que a tiragem média dos jornais norte-americanos caiu 25,6% desde o ano 2000 e que aproximadamente 14 mil jornalistas ficaram desempregados desde 2007”, conclui Castilho.
A perda de credibilidade dos jornais
Neste sentido, a grave crise da mídia impressa tem fortes razões objetivas. Mas o artigo do Valor peca ao não tratar também das causas subjetivas. Ele isenta os barões da mídia de qualquer culpa pelo vertiginoso declínio. Nem daria para esperar outra atitude do jornalista, que poderia colocar o seu emprego em risco. Vários estudos, porém, têm demonstrado que há uma sensível perda de credibilidade dos jornais tradicionais. O próprio êxodo para a internet deriva da queda dos meios unidirecionais, com os leitores procurando fontes alternativas de informação e entretenimento.
Pascual Serrano, um dos criadores do sítio Rebelión, não vacila em afirmar que a atual declínio decorre de quatro fatores essenciais: “crise de identidade” (o público já não confia nos veículos, tendo constatado que eles mentem e ocultam a realidade); “crise de objetividade” (o mito da neutralidade sucumbe e a confiança no jornalismo despenca); “crise de autoridade” (a internet revela a capacidade das mídias alternativas de enfrentar o poder das corporações); e “crise de informação” (a dinâmica mercantilista provoca a perda de qualidade da atividade jornalística).
O PIG não presta, é um lixo
No mesmo rumo, Emir Sader conclui que “a crise da imprensa é da perda de credibilidade, é uma crise ética, de sua transformação num instrumento de publicidade, do ponto de vista econômico, e da sua constituição em mentor político e ideológico da direita. Os dados demonstram que todos os grandes jornais brasileiros perdem leitores e, sobretudo, perdem influência. Embora todos os maiores jornais e quase todas as revistas semanais – à exceção da Carta Capital – sejam de férrea oposição ao governo, este mantém 83% de apoio e eles conseguem apenas 5% de rejeição ao governo. Temos aí a uma idéia da baixíssima produtividade desses órgãos de oposição”.
Mais escrachado, o blogueiro Paulo Henrique Amorim festejou os dados recém-divulgados pelo Valor. Para ele, a reportagem só cometeu um erro. “Esqueceu-se da principal causa da acelerada decadência do PIG (Partido da Imprensa Golpista). O PIG não presta... O PIG é um lixo”.
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Paulo Henrique Amorim é tudo de bom, é o nosso porta-voz, me abasteço no ConversaAfiada, no Terror do Nordeste, Amigosdopresidentelula, blog da Dilma e neste também, não leio o PIG (Jornal e TV Bobo, Folha, Estadão, Veja, Época e tantos outros.
ResponderExcluirMiro
ResponderExcluirNão sei se isso te interessa, mas os chamados jornais populares ligados aos grandes jornalões do PiG são versões pioradas dos jornalões feitas para adestrar as massas mais desmonetarizadas. As classes alta e média alta continuarão assinando os jornalões. O povão mesmo está largando esses jornais (pelos motivos que você aponta, mais o financeiro). Então os jornalões criaram versões populares de si mesmos, com menos análise, menos texto e mais futilidades (notícias da TV, fofocas de celebridades, futebol a rodo, etc).
Indico a leitura do blog okylocyclo.blogspot.com de Alexandre Figueiredo, que vez ou outra aborda os jornais populares (ou populistas) do PiG.
Embora não traga grandes surpresas, os dados são animadores. Quanto mais eles (os donos da mídia) insistirem em deturpar a realidade em prol de suas causas políticas, maior será a diminuição da credibilidade e, consequentemente, dos lucros.
ResponderExcluirO que está acontecendo, resultado da inversão da produção de conteúdos, é inevitável e imparável. A "grande" imprensa não deixará de existir, mas terá perdas significativas quanto aos seus poderes. E isso será suficiente para as necessárias mudanças sociais, também inevitáveis.
Abraços!
Miro,
ResponderExcluirOntem no Jornal da Globo, foi mostrado o video onde, de um helicóptero estadunidense, soldados disparam contra pessoas no Iraque. Para a Globo, foi mais importante relatar que dois jornalistas da Reuters foram atingidos e mortos, do que as duas crianças que se encontravam dentro do veículo que foi ao resgate desses jornalistas. Na matéria apresentada, não se mencionou as crianças.
Segue o link da materia...
ResponderExcluirhttp://g1.globo.com/jornaldaglobo/0,,MUL1561293-16021,00-MILITARES+QUE+EXECUTARAM+JORNALISTAS+NO+IRAQUE+PODEM+SER+PROCESSADOS.html
George,
ResponderExcluirPior que omitir a morte das crianças no ataque foi o JN afirmar que o ataque pode ter sido por engano. Não por ser mais inescrupoloso que o assassinato de crianças à sangue frio, mas por ignorar os indícios capazes de comprovar mais um atentado terrorista dos EUA.
Postei o vídeo no Imprensa Marginal, questionando a postura do telejornal da Vênus Platinada.
Eles omitiram inclusive que o equipamento do fotógrafo da Reuters foi apreendido pelos soldados americanos após os assasinatos, informações publicadas no G1, na época do ataque.
Abraços!
O Governo do Estado de São Paulo fez assinaturas de Jornais e Revistas para todas as escolas da Rede. Diariamente são entregues a Folha de SP e O Estado de São Paulo. Revistas semanais e mensais das Editoras Abril e Época. E tem gente que ainda acredita que a intenção é de manter os professores atualizados...
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