Reproduzo mensagem de João Pedro Stedile e poema de Ademar Bogo, dirigentes do MST:
A partida de nosso amigo Saramago!
A literatura universal e portuguesa, em especial, perde seu patrono maior. Samarago projetou como ninguem a beleza de nosso idioma em seus contos e ensaios. Como militante social, soube refletir no seu primeiro livro a tragedia do camponês português, "Plantados do chão", na luta para ver a terra dividida.
O MST teve o privilégio e a honra de ter seu envolvimento militante, quando somou-se ao projeto de Sebastiao Salgado e Chico Buarque, e nos ajudou a difundir com sua letra a exposição “Terra”. E graças aos livros e fotos dos três, pudemos iniciar a construção de nossa escola nacional. Seremos sempre gratos à sua solidariedade.
Pessoalmente, sinto-me extremamente lisonjeado por ter podido conhecê-lo. Deixou um legado enorme na literatura, na militancia e no compromisso com as causas justas. Por isso será eterno (João Pedro Stedile).
Suspiros Lusitanos (Ademar Bogo)
Se um suspiro, leve e lusitano
Zumbir nas almas das nações imensas
É o comunista que para além das crenças
Silenciosamente da vida física se dispensa.
Vai pessoalmente viver a eternidade
E olhar de perto na tez do criador
Que pelas criaturas foi subjugado
E obrigado a justificar o horror.
Irá verificar que as guerras entre os deuses não existem
Pois são apenas conflitos da existência
Que os homens criam e põe-se a conflitar
Pedindo a Deus que tome providências.
E faça sempre o mais forte vitorioso
Abençoado pelas cruéis vitórias
Para deixar nos livros registrados
Os escritos que reflitam a superior memória.
Tudo o que disse são sobre os seus dilemas
Ficam como dizeres formulados
Se não dava nem acreditava em conselhos
É porque queria vê-los por conta experimentados.
Os próprios passos seriam os conselheiros
E os conselheiros caminhantes e aprendizes;
Se os erros deveriam ser experiênciados
Com os acertos formariam matrizes.
Era a crença de um apaixonado
Que a si mesmo o saber se concedeu
Porque acima de todas as verdades
Acreditava que não existe o absoluto ateu.
Por sobre as oliveiras e as corticeiras
Versos e letras irradiarão verdades
A qualquer tempo virarão consciências
E viverás nos povos em forma de saudades.
Assim abrimos o tempo enlutado
Para purgar a dor do prejuízo humano
Se no passado choramos escravizados
Hoje, nossos suspiros também são lusitanos.
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