Reproduzo artigo de Marcos Coimbra, presidente do Instituto Vox Populi, publicado no jornal Correio Braziliense:
Já faz algum tempo, começou a se generalizar no meio político a convicção de que Dilma vai ganhar as eleições. Embora nem todos admitam, é o que pensam até as principais lideranças da oposição, assim como a quase totalidade dos formadores de opinião e da imprensa. Para consumo externo, continuam a dizer que o processo está aberto, que nada está definido. Mas não é o que, no íntimo, acreditam que vai acontecer.
Do lado governista, nem se fala. Não é de agora que os principais estrategistas do Planalto e do PT trabalham com o cenário de crescimento e vitória da candidata de Lula. A rigor, é nisso que apostam desde 2008, quando o presidente deixou claras duas coisas: que ele próprio não tentaria mudar as regras do jogo para disputar um terceiro mandato; e que achava que conseguiria ganhar as eleições através de alguém que o representasse.
Tudo que está acontecendo na sua sucessão, até o momento, confirma seu cálculo. Ele não se baseava no que diziam as pesquisas sobre as intenções de voto do conjunto do eleitorado. Ao contrário, o raciocínio sempre foi sobre o potencial de crescimento de uma candidatura identificada com ele e o governo, avaliados, pela grande maioria da população, como ótimos ou bons.
Nunca foi relevante considerar os resultados agregados das pesquisas (que são os que a imprensa normalmente divulga), pois misturavam respostas de quem sabia e quem não sabia qual era a candidatura apoiada por Lula. Enquanto não aumentasse a proporção dos que tinham essa informação, a vantagem de Serra era ilusória e não preocupava quem, no PT, sabia fazer as contas.
É de se notar que, na oposição, as pessoas pensaram de maneira oposta. A opção por Serra, em detrimento de Aécio, mostrou que ela preferia escolher em função do desempenho presente dos pré-candidatos, deixando em segundo plano seu potencial de crescimento. Serra prevaleceu pelo patamar de largada, não pela perspectiva de chegada.
Há quem defenda que é cedo para decretar que a eleição está resolvida. De fato, é preciso admitir que muita água ainda pode rolar por baixo da ponte. Não é impossível que Dilma, sua campanha, seus apoiadores e o vasto conjunto de forças políticas mobilizadas para elegê-la cometam erros calamitosos. É, apenas, pouco provável.
Em função da possibilidade cada vez mais concreta de que Dilma venha a ganhar (talvez já no primeiro turno), alguns setores da oposição andam à cata de novos argumentos, para tentar convencer os eleitores a mudar de ideia. Um dos mais engraçados tem a ver com o conceito de alternância do poder.
Trata-se da tese de que é bom, para a democracia, que as eleições ensejem a mudança do partido ou coalizão que está no poder, assim permitindo que ocorra uma salutar alternância de pontos de vista e prioridades. A continuidade seria ruim, ao impedir que novas agendas sejam discutidas e que outras políticas, mais adequadas a um novo momento, sejam formuladas.
O ápice dessa argumentação aconteceu outro dia, quando uma importante revista semanal entrevistou o candidato do PSDB e perguntou “porque é positivo”, para “a democracia brasileira”, experimentar “uma alternância de poder depois de 8 anos de governo Lula”.
Difícil imaginar algo mais sem sentido, a começar pelo fato da pergunta ser feita ao candidato interessado na alternância. É o mesmo que perguntar ao macaco se quer banana. Ou alguém supõe que Serra diria que o melhor, para o país, é a continuidade?
Mas o importante não é isso. A democracia não está na ideia abstrata de alternância. Para o ideal democrático, o relevante não é o conteúdo da escolha. Tanto faz que os cidadãos prefiram continuar ou mudar. O que torna uma sociedade democrática é haver instituições que assegurem, a cada cidadão, a possibilidade real de escolher.
Se a maioria da sociedade brasileira quer a continuidade e vota Dilma, é bom que todos se acostumem, incluindo os que querem a alternância. Em si, ela só é importante como uma possibilidade. Se não, nem seria preciso haver eleições. Bastaria trocar o governo a cada período estipulado. (O problema é que ninguém saberia como fazê-lo.)
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A continuidade.
ResponderExcluirAh, a continuidade...
Num foi esse mesmo pessoal que botou aquela velha senhora na TV, dizendo que tinha "medo" de Lula e da mudança????
O que mudou??
A alternancia de poder é um conceito que só vale para o Governo Federal.
ResponderExcluirQuanto aos governos estaduais, a tese não vale, principalmente, em relação a São Paulo. Os paulistas e paulistanos são muito politizados, muito bem formados e informados e por isso sabem votar, sabem escolher seus governantes. Não é?
Quanto aos tucanos, achei um sinal de avanço, um progresso que tenham colcado um Indío em meio a tantos caciques. Agora a coisa vai.
Sergio Alexandre Antunes de Carvalho
No 1º turno eu e minha esposa votamos na Marina, agora ficaremos com a Dilma, pois creio eu que seja uma melhor opção, mas o importante é que cada um jugue com consciencia e não com "paixãonismo". pois como eu posso está erra, vocês tambem pode. vamos pensar para não errar.
ResponderExcluirNão tive dúvida quando votei no Lula em todas as vezes que ele se candidatou, mas agora, estou receoso com relação a Dilma. Não por não conhece-la, achar que ela não tenha condições de governar o país, mas por ser a candidata do Lula. Nesses oito longos anos só me decepcionou o PT e Lula, acho que ele poderia ter feito muito mais e não fez, principalmente com relação a corrupção e as reformas, política, fiscal, agrária e etc.Não vi (posso estar cego), grandes investimentos na cultura, na saúde, na educação (escola pública!!!),segurança e etc, etc. Temo pela Amazônia e pelo Brasil.
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