Reproduzo artigo de Leandro Fortes, publicado no blog “Brasília, eu vi”:
Ao acusar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter transformado o Brasil em uma “república sindicalista”, José Serra optou por agregar a seu modelito eleitoral, definitivamente, o discurso udenista de origem, de forma literal, da maneira como foi concebido pelas elites brasileiras antes do golpe militar de 1964. Não deixa de ser curioso ouvir essa expressão, “república sindicalista”, vinda da boca de quem, naquele mesmo ano do golpe, colocava-se ao lado do presidente João Goulart contra os golpistas que se aninhavam nos quartéis com o mesmíssimo pretexto, levantado agora pelo candidato do PSDB, para amedrontar a classe média. Jango, dizia a UDN, macaqueavam os generais, havia feito do Brasil uma “república sindicalista”.
Ao se encarcerar nesse conceito político arcaico, preconceituoso e, sobretudo, falacioso, Serra completou o longo arco de aproximação com a extrema-direita brasileira, iniciado ao lado de Fernando Henrique Cardoso, nos anos 1990. Um casamento celebrado sob as cinzas de seu passado e de sua história, um funeral político que começou a ser conduzido sob a nebulosa aliança de interesses privatistas e conveniências fisiológicas pelo PFL de Antonio Carlos Magalhães, hoje, DEM, de figuras menores, minúsculas, como o vice que lhe enfiaram goela abaixo, o deputado Índio “multa-esmolé” da Costa.
Pior que o conceito, só a audiência especialmente convidada, talvez os amigos que lhe restaram, artistas e intelectuais arrebanhados às pressas para ouvir de Serra seus planos para a cultura brasileira: Carlos Vereza, Rosa Maria Murtinho, Maitê Proença, Zelito Viana, Ferreira Gullar e Marcelo Madureira – este último, raro exemplar de humorista de direita, palestrante eventual do Instituto Millennium, a sociedade acadêmica da neo UDN. Faltou Regina Duarte, a apavoradinha do Brasil, ausente, talvez, por se sentir bem representada. Diante de tão seleta platéia, talvez porque lhe faltem idéias para o setor, Serra destilou fel puro contra as ações culturais do governo Lula, sobretudo aquelas levadas a cabo pela Petrobras, a mesma empresa que os tucanos um dia pretenderam privatizar com o nome de Petrobrax.
Animado com o discurso de Serra, o humorista Madureira saiu-se com essa: “Quero que o Estado não se meta na cultura e no meu trabalho, como está acontecendo”. Madureira trabalha na TV Globo, no “Casseta & Planeta Urgente”. Como o Estado está se metendo no trabalho dele, ainda é um mistério para todos nós. Mas, a julgar pela falta de graça absoluta do programa em questão, eu imagino que deva ser uma ação do Ministério da Defesa.
O que José Serra não confessou a seus amigos artistas é que a “república sindicalista” saiu-lhe da boca por despeito e vingança, depois que as maiores centrais sindicais do país (CUT, CTB, CGTB, Força Sindical e Nova Central) divulgaram um manifesto conjunto no qual acusam o candidato tucano de mentiroso por tentar se apropriar da criação do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e por “tirar do papel”, seja lá o que isso signifique, o Seguro-Desemprego. “Serra não fez nenhuma coisa, nem outra”, esclareceram as centrais.
O manifesto também lembra que, na Assembléia Nacional Constituinte (1987-1988), o então deputado federal José Serra boicotou inúmeros avanços para os trabalhadores e o sindicalismo. Serra votou contra a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, a garantia de aumento real do salário mínimo, a estabilidade do dirigente sindical, o direito à greve, entre outras medidas.
Desmascarado, Serra partiu para a tese da “república sindicalista” e, apoiado em apenas uma central que lhe deu acolhida, a União Geral dos Trabalhadores (UGT), chamou todas as outras de “pelegas” e as acusou de receber dinheiro do governo federal para fazer campanha para a candidata Dilma Rousseff, do PT. Baseado nesse marketing primário, ditado unicamente pelo desespero, Serra mal tem conseguido manter firmes seus badalados nervos de aço, que logo viram frangalhos quando defrontados por repórteres dispostos a fazer perguntas que lhe são politicamente inconvenientes, sejam os pedágios de São Paulo, seja sua falta de popularidade no Nordeste.
Sem amigos e, ao que parece, sem assessores, Serra continua recorrendo ao tolo expediente de bater boca com os jornalistas. Continua, incrivelmente, a fugir das perguntas com outras perguntas, a construir na internet, nos blogs, no youtube e nas redes sociais virtuais uma imagem permanente de candidato à deriva, protagonista de vídeos muitíssimo mais divertidos que, por exemplo, as piadas insossas que seu companheiro de artes cômicas, Marcelo Madureira, insiste em contar na televisão.
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Serra disse que vai "Estatizar o Estado".
ResponderExcluirFonte: Reuters
"O candidato acusou o atual governo de privatizar o Estado e reiterou que se for eleito vai "estatizar o Estado brasileiro". "Isso é essencial para acabar com a corrupção", ressaltou."
"Participaram do encontro com Serra, artistas como Carlos, Vereza, Rosa Maria Murtinho, Maitê Proença, além do diretor de cinema Zelito Viana, o escritor Ferreira Gullar, o humorista Marcelo Madureira, entre outros."
""Quero que o Estado não se meta na cultura e no meu trabalho como está acontecendo", disse Madureira."
O encontro de Serra com artistas globais como Maitê Proença (a que ofendeu o povo português no programa Saia Justa) e Marcelo Madureira (uma das estrelas presentes no Forum promovido pelo Instituto Millenium: "Democracia e a Liberdade de Expressão") é marcado por críticas aos setores da cultura e infraestrutura.
ResponderExcluirEste Instituto tem como um de seus patrocinadores a Rede Globo, a qual detém o monopólio quase total da "informação" no Brasil.
O que prevê a Constituição com relação à Monopólios e Oligopólios dos meios de comunicação?
Art 221, § 5º - Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.
Qual o comprometimento que estas pessoas poderiam ter com a cultura, desde quando são ligados direta ou indiretamente a uma TV cuja programação é toda voltada e feita em função de novelas? Não que isto não seja um tipo de cultura, mas, com certeza, não é o único.
Toda programação da Globo, tirando os telejornais (de seriedade duvidosa), os filmes ("inéditos!!!!"), giram entorno das novelas. O compromisso desta TV é, única e exclusivamente, com a audiência. E cultura, infelizmente, não dá "IBOPE".
http://todeolhomalandragem.blogspot.com
Com relação a interferência do estado, Marcelo Madureira diz que recebia recadinhos, como os da máfia, vindos através (segundo ele) do senhor Luiz Gushiken pedindo para que pegasse mais leve, pois o presidente Lula não estaria gostando ou a Dona Mariza não estaria gostando.
ResponderExcluirEstas são palavras dele em uma entrevista aoa site terra ou UOL (não lembro).
Talvez se ele atendesse o pedido de Gushiken, de repente o programa ficaria mais palatável.
http://todeolhomalandragem.blogspot.com
Este Marcelo Madureira não acordou para a vida. Todos já perceberam que aquele programa de humor? que o gajo apresenta é uma bosta, à medida que eles esqueceram de fazer um humor e fazerem política foram abandonados. Nãso tenho um só conehcido que assiste estaiel- Governador Valadares MG merda de programa. De humor?
ResponderExcluirRuy Barbosa Maciel-Governador Valadares MG
ZÉ SEROX
ResponderExcluirO cara que não é o que parece
O povo escracha com um apelido:
- É Denorex este atrevido,
Mentiroso que fala e o nariz cresce.
Se o Serra diz que faz e acontece,
Finge ser alguém, sem nunca ter sido,
A ele este título é cabido,
E ninguém mais do que ele merece.
Mas tendo tanto apodo o Nosferatu
Precisa de mais um? Sim. E do fato
De tudo copiar como Xerox,
Ganhou novo apelido que é a luva
Perfeita para este mandachuva,
Que copia o alheio: Zé Serox.
Erigutemberg Meneses
(Intertexto de citação de Júlio Silveira, publicada em 16.07.2010 na sessão Pitaco do blog Conversa Afiada de Paulo Henrique Amorim: "Doravante vou chamar o Serra de Serox, o cara copia tudo".) Mais do autor em www.sonetosdecampanha.blogspot.com