Reproduzo artigo de Lula Miranda, publicado no sítio Carta Maior:
“Como é que faz pra sair da ilha?/ Pela ponte, pela ponte”. Esses são versos da bela canção A Ponte de Lenine e Lula Queiroga. Lenine prossegue cantando/versejando: “Este lugar é uma maravilha/mas como é que faz pra sair da ilha?/Pela ponte, pela ponte”.
Sim, é através da “ponte” que a turma da blogosfera começa a fazer a sua/nossa grande “travessia”. Essa turma começa a sair do individualismo de um ensimesmamento paralisante e deletério de antanho [a ilha] e parte com coragem e determinação rumo ao porvir, em busca da construção de um novo modelo de comunicação social mais participativo e cidadão, da construção de uma nova realidade de um novo Brasil de/para todos os brasileiros.
À revelia e apesar da pauta infame, infamante e pútrida da grande imprensa, e de certo candidato à Presidência [melhor nem citar o nome do tinhoso], acontece nesse fim de semana na cidade de São Paulo o 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas [com uma “parcial” de 312 inscritos]. E o que pretendem esses novos personagens, esses blogueiros? Qual a sua pauta?
Eles desejam/reivindicam que a “ponte” [a internet] seja extensiva e de fácil acesso para todos; mais internet, e de melhor qualidade, para todos os brasileiros. Por isso apóiam, com algumas ressalvas ou sugestões de melhorias, o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).
Reivindicam ainda a democratização dos meios de comunicação e das verbas publicitárias destinadas a esses meios; combatem os espúrios oligopólios de mídia no país, hiper-concentrados hoje, como se sabe, nas mãos de uma meia-dúzia de famílias e de alguns políticos privilegiados. Ou seja: eles desejam alcançar um novo e belo horizonte; eles estão seguros de que farão a “travessia”.
Nesse primeiro encontro, não à toa já rotulado de “histórico”, os blogueiros progressistas, rótulos à parte, certamente darão um pequeno-grande passo [ressalvo que alguns deles prefeririam ser chamados de blogueiros “de esquerda”, “alternativos”, “libertários” etc., mas tudo bem... são apenas rótulos]. Não se pode perder tempo discutindo o sexo dos anjos – não é mesmo?
Por isso, é grande a missão, é grande a responsabilidade. Não podem, portanto, perder-se em estéreis debates semânticos e/ou ideológicos, tampouco se deixarem consumir pela fogueira das vaidades; e que, espera-se, não percam tempo com protagonismos e antagonismos mesquinhos, “de umbigo”, de ocasião. Que sejam, pois, ciosos do seu importante papel e que realizem o milagre de serem ao mesmo tempo “utópicos” e pragmáticos nos caminhos e discussões que empreenderão rumo à realização dos seus/nossos objetivos. Posto que agora são/estão mais maduros e sabem, desde sempre, onde desejam chegar.
Assim, quem sabe, farão jus, de fato [e agora sou eu quem lhes aplica um vetusto “título”], também, ao epíteto de “blogueiros históricos”. Pois o que fazem agora, de modo audaz, é tomar para si o necessário e autêntico protagonismo de quem escreve, diariamente, essa nova história que constroem com sua militância nacionalista, desinteressada, democrática, “utópica”. Esses brasileiros audazes, que caminham “sobre as águas desse momento” [como nos ensina também a canção que deu o mote e emprestou um pouco de poesia a esse texto], estão mudando a cara da comunicação no Brasil. Quem viver verá.
O Brasil muda e a gente muda junto com ele.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente: