Reproduzo reportagem de Maurício Thuswohl, publicada na Rede Brasil Atual:
Um debate entre colunistas de veículos da imprensa convencional promovido na quinta-feira (23) pelo Clube Militar no Rio de Janeiro serviu como reunião de "preparação" dos setores mais conservadores da sociedade brasileira. Eles pediram "vigilância" aos militares sobre um eventual governo de Dilma Rousseff (PT), em virtude do que consideram ser ameaças à democracia e à liberdade de expressão. Esses riscos se tornariam mais concretos em caso de vitória da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, nas próximas eleições.
Organizado com o apoio do Instituto Millenium com o tema "A democracia ameaçada – Restrições à liberdade de expressão", o debate com os representantes da grande mídia atraiu muito mais público do que a palestra do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, realizada no começo do mês no Clube da Aeronáutica. Participaram do debate os jornalistas Merval Pereira, da Rede Globo, Reinaldo Azevedo, blogueiro e colunista da revista Veja, e Rodolfo Machado Moura, diretor de Assuntos Legais da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).
Composta em sua maioria por militares da reserva, a plateia ouviu dos debatedores conselhos de prudência e vigilância em relação a um eventual terceiro governo consecutivo de esquerda no Brasil. Entre as "ameaças" citadas, o destaque foi para o terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos (III PNDH), para as mudanças na produção cultural e para as conferências setoriais realizadas pelo governo Lula.
O representante da Abert afirmou que "a liberdade de expressão e de imprensa no Brasil está assegurada pelo Artigo 5º da Constituição". Ele reconheceu que “no Brasil, as instituições felizmente têm amadurecido muito nos últimos anos". Moura, no entanto, fez um alerta: “É importantíssimo que a gente se mantenha sempre atentos para proteger a liberdade de expressão e de imprensa no país. Essa vigilância terá que ser diuturna, e não podemos em momento algum nos descuidar”, defendeu.
Moura afirmou que a Abert monitora atualmente cerca de 400 propostas legislativas para o setor de comunicação, sendo que 380 dessas propostas são contrárias aos interesses da entidade. O dirigente citou uma série de medidas do governo Lula que "preocuparam a Abert" nos últimos oito anos, como a ameaça de expulsão do correspondente do New York Times, Larry Rother, e as propostas de criação do Conselho Nacional de Jornalismo e da Agência do Cinema e Áudio Visual (Ancinav), além do PNDH e da realização das conferências setoriais.
Merval Pereira também criticou o governo Lula após afirmar que escreveu mais de duas mil colunas nesses oito anos. Aproveitou para avisar e divulgar o lançamento de um livro com uma coletânea de cerca de 200 colunas que falam "sobre o aparelhamento do Estado" no governo petista, entre outros temas. "Há um método neste governo desde o primeiro momento. Todos os passos na tentativa de controlar a imprensa não foram arroubos de grupos isolados. O controle da produção cultural do país é um objeto de estudo e de trabalho do governo federal. Existe uma tese, não é uma coisa por acaso. Desde o primeiro momento eles tentaram e tentam controlar a produção de notícias e a produção cultural no país”, disse.
"Limites do PT"
O jornalista da Rede Globo alertou ainda que a sociedade brasileira tem que estabelecer "os limites do PT", e que a imprensa é fundamental para isso. "O Lula e o grupo que o cerca sabem que existe limite para eles. A sociedade já havia dado os limites do PT, e o PT não pode ultrapassar esses limites", analisou. Mas, para ele, desde a tentativa de aprovação do Conselho Nacional de Jornalismo e da Ancinav, setores do governo teriam testado limites. "Mas, eles sabem que a sociedade brasileira é moderna e que os meios de comunicação no Brasil são muito fortes, muito atuantes, e continuam tendo uma influência muito grande", aliviou.
Em um eventual governo Dilma, segundo Merval, o PT certamente fará novas tentativas nessa linha. "Eles vão testar sempre os limites, vão reapresentar de diversas maneiras esses projetos. Por isso, o governo está tentando fazer uma maioria no Senado para que não seja barrada nenhum tipo de emenda constitucional que tente passar por lá. Mas, acho que essa maioria que parece que o governo vai obter no Congresso é tão heterodoxa e heterogênea que não há nenhum tipo de programa de governo que possa ser aprovado por uma gama de partidos que vai do PP ao PCdoB", ponderou.
Ditadores e democratas
Fiel ao seu estilo, Reinaldo Azevedo mostrou-se mais duro e até raivoso nas críticas ao ato contra o "golpismo midiático", realizado na quinta-feira (23) em São Paulo pelos movimentos sociais. O jornlaista acusou o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Franklin Martins, de estar por trás da manifestação – por supostos elos com o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.
"O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, calculem, abriga hoje uma manifestação contra a liberdade de imprensa. Quem diria, um sindicato defendendo a censura e o Clube Militar defendendo a democracia! Os senhores que no passado fizeram a ditadura e deram o golpe agora querem democracia e eu me pergunto: os que hoje estão pedindo ditadura no ato lá de São Paulo queriam democracia em 64? Não, não queriam", atacou.
"É uma vergonha que o sindicato participe disso. Um dos principais promotores dessa patuscada que acontece em São Paulo é funcionário do senhor Franklin Martins, cujo compromisso com a democracia é de todos aqui conhecido", insistiu.
Azevedo endossou o alerta contra as "ameaças" à democracia no Brasil: "Há ameaça à liberdade sim, ela está configurada. A sociedade brasileira tem reagido, mas o preço da liberdade é a eterna vigilância", pregou. A seguir, comparou o presidente brasileiro ao venezuelano Hugo Chávez: "Se você permitir que avancem, eles avançam. O chavismo do Lula consiste em testar permanentemente os limites, ele é chavista tanto quanto as instituições brasileiras lhe permitem ser chavista", disse.
O colunista de Veja chamou o PNDH de "Plano Nacional Socialista de Diretos Humanos" e afirmou que o governo pretende “criar uma comissão de redação para decidir o que pode ou não ser publicado" no país. Também não faltaram críticas ao processo de conferências setoriais levado a cabo pelo governo, com nova estocada no ministro da Secom. "O Franklin Martins está agora mesmo com o resultado das várias conferências que eles fizeram, ocupado em criar propostas de Projetos de Lei para apresentar para o Congresso que vem aí. As conferências de comunicação, de cultura e de direitos humanos pregaram a censura à imprensa. Se eles fizerem uma conferência de culinária, vão pregar a censura à imprensa. É uma tara", ironizou.
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Eleição faz governo de SP adiar mudança no Detran
ResponderExcluirData: 24/09/2010
Veículo: FOLHA DE S. PAULO - SP
Editoria: PODER
Jornalista(s): CATIA SEABRA
Assunto principal: POLITICA
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Projeto que tira órgão da Polícia Civil corre em silêncio para poupar Alckmin
Governo já tem projeto para vincular área a outras duas pastas, mas vai deixar a discussão para depois do pleito
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Para evitar turbulência em período eleitoral, o governo de São Paulo conclui, em silêncio, projeto com potencial explosivo no pós-eleição: retirar o Detran (Departamento Estadual de Trânsito) do controle da Polícia Civil.
O governo já tem desenhada proposta pela qual o Detran seria subordinado, ainda este ano, a duas secretarias estaduais, saindo da esfera da Segurança Pública.
A intenção é combater a corrupção no departamento, que ficaria sob o comando das duas secretarias até a criação de uma autarquia exclusivamente destinada a sua administração.
Hoje a cargo da Secretaria de Gestão Pública, o projeto será submetido à Secretaria da Fazenda na semana que vem. Mas só será apresentado ao governador Alberto Goldman (PSDB) na segunda semana de outubro, após o primeiro turno das eleições.
A cautela se deve ao medo da reação da Polícia Civil em plena corrida eleitoral.
Como prevê a informatização dos serviços prestados por despachantes, o projeto deverá enfrentar resistência de escritórios especializados.
A elaboração de um novo modelo para o Detran foi encomendado pelo ex-governador e hoje candidato do PSDB à Presidência, José Serra.
Pela delicadeza do tema, a decisão será assumida por Goldman. Sem pretensões políticas, ele poupará o futuro governador de desgaste. O tucano Geraldo Alckmin lidera as pesquisas.
A separação poderá ser fixada por decreto. Mas a criação da autarquia requer aprovação na Assembleia.
Inversão total e completa! Será que alguém realmente acredita nessa farsa montada pela imprensa? DUVIDO!
ResponderExcluirMiro, na garupa deste post, convido os seus leitores de Pernambuco para o lançamento do meu livro "A Imprensa x Lula - golpe ou 'sangramento'?", no sábado dia 02.10, às 17:00 hs, na Saraiva Mega Store, Shopping Recife, na Boa Viagem.
ResponderExcluirEspero a todos por lá!
Obrigado.
Como são calhordas. E, um fdp desses não passa na minha frente. Idiota.
ResponderExcluirA que ponto chegou a saudade de 1964. Que vergonha para os parentes destes jornalistas.
ResponderExcluirMiro quero lhe cumprimentar. Ainda bem que temos guerreiros como você do nosso lado. De minha parte pessoas como você nunca ficarão sozinhas. Conte comigo
ResponderExcluirVoltando ao assunto em pauta, esse processo de procurar apoio de militares já estava delineado por mentes psicopatas. Há alguns meses atrás um artigo do ator global Carlos Vereza enfatizava: “e qual é a posição das Forças Armadas?! Elas não têm o dever de zelar pela ordem da nação? É necessário que os militares se pronunciem,não como golpe,mas para que se estabeleça um limite,que,tenho certeza,contaría (sic) com o apoio de parcelas expressivas da população”.
Tenho quase certeza que quem escreve para o Vereza é o Reinaldo Azevedo. Esse asqueroso sujeito é "leitor assíduo" do blog do Vereza.