terça-feira, 28 de setembro de 2010

Heloisa Helena e a vingança de Lula

Por Altamiro Borges

A vingança é maligna. Eleita senadora pelo PT, em 2002, a alagoana Heloisa Helena se tornou uma das vozes mais estridentes contra o governo Lula. Já no processo traumático da contra-reforma da previdência, ela e mais três deputados deixaram a legenda petista para fundar o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), em junho de 2004. Logo depois, na chamada crise do “mensalão”, ela passou a ter destaque nas telinhas da televisão com duros ataques ao presidente – muitas vezes acompanhada de senadores demos e tucanos.

Esta forte exposição a projetou nacionalmente e garantiu uma expressiva votação nas eleições presidenciais de 2006. A exemplo que faz hoje com Marina Silva, o grosso da mídia vitaminou sua campanha como forma de barrar a reeleição de Lula. Heloisa teve 6,5 milhões de votos (6,85% do total), o que inclusive ajudou a manter a bancada do PSOL com três deputados. Na sequência, porém, a ex-senadora deixou mais explicita sua visão limitada da política, quase que udenista, e caiu num certo ostracismo.

Cenas fatais de um vídeo

Para as eleições deste ano, Heloisa Helena voltou a tentar vôos maiores. Lançou-se ao Senado e, no início, era tida como imbatível. Hoje, porém, o jornalista Ilimar Franco, do jornal O Globo, noticia que sua candidatura “está afundando em Alagoas”. E, por ironia da história, o maior motivo, segundo o colunista, é o próprio Lula. “São fatais os vídeos, exibidos no horário eleitoral, onde ela xinga o presidente Lula quando era senadora”.

Ela já havia perdido a corrida pelas duas vagas ao Senado para o ex-presidente da casa, Renan Calheiros (PMDB). Agora, disputa a segunda com o usineiro Benedito Lira (PP), velho conhecido da ex-senadora. Caso se confirme esta mudança abrupta, Heloisa Helena estará pagando por seus próprios erros, pela visão política udenista e messiânica. Enquanto serviu à tática diversionista das elites, ela foi insuflada. Hoje, ela é descartada.

Qual será a reação do PSOL?

É difícil imaginar qual será a reação de centenas de lutadores sociais que confiaram na ex-senadora e investiram as suas melhores energias na construção do PSOL. Há tempos que Heloisa Helena já causava desconfiança no próprio partido, que ainda preside. Na convenção do início deste ano, ela adotou um comportamento arrivista, retirando-se do evento por discordar do lançamento da candidatura de Plínio de Arruda Sampaio. Ela já havia sinalizado o seu apoio a verde Marina Silva.

Em vários momentos da campanha, ela fez comentários agressivos contra o candidato da própria legenda, mostrando total desprezo pelo coletivo. “Quem entrou no partido depois dele ser fundado não tem o direito de rasgar a militância que o criou”, fustigou a ex-senadora, num ataque explícito a Plínio de Arruda. Até o colunista Lauro Jardim, da revista Veja, registrou sua trairagem numa nota no final de agosto:

“Heloísa Helena vem gravando pequenas participações em programas de candidatos do PSOL Brasil afora. Até Jefferson Moura, inexpressivo candidato do partido ao governo do Rio de Janeiro, foi contemplado com um rápido vídeo. Enquanto isso, Plínio Arruda Sampaio segue sem qualquer manifestação de apoio daquela que ainda é a principal liderança do PSOL no país”. O desespero da ex-senadora nesta reta final de campanha talvez sirva como penitência pelos erros políticos cometidos no período recente.

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7 comentários:

  1. Caro Altamiro, sou de Uberaba terra em que Dilma também viveu, este texto é do Dr Jorge, psiquiatra e diretor clínico da Fundação Gregório Baremblitt de Uberaba, modelo de luta Antimanicomial, ficaria muito feliz se colocasse este post em seu blog. Vá ao blog dele e veja os seus escritos. Tenho acompanhado a luta dos blogueiros progressistas e recentemente num congresso de esquizoanálise, uma das palestrantes foi Roseli Goffman, psicóloga que falou sobre mídia, disse lhe conhecer. Grande abraço e rumo à vitória.
    DIÁRIO DE BORDO: UM VOTO CONSCIENTE E ALEGRE
    http://jorgebichuetti.blogspot.com/2010/09/diario-de-bordo-um-voto-consciente-e.html
    JORGE BICHUETTI
    Amigos votaremos… É um direito, uma responsabilidade e uma obrigação.
    Mas em quem? sicrano, beltrano e fulano, todos aparecem, agora, com promessas e atá o rosto se revela mais sincero.
    Somos atores por natureza, não se enganem…
    Não votem em pessoas, vote no futuro que deseja para nossa Terra e para a nossa gente.
    Pense: o que farão? o que defenderão?
    Cuidado: Judas se vendeu por 30 moedas, e muitos dos nossos políticos inflacionaram o mercado das traições.
    Não vote em canditado com ficha suja, exija ficha limpa, uma conquista popular.
    Votar é um ato histórico: um dia, na empolgação dos urros populares, o povo votou em Barrabás, condenando à morte o meigo e terno Nazareno que tinha como sonho e vida o amor na plenitudade da compaixão.
    Pense… Pense…
    Você estará escolhendo o pão para os famintos ou elegendo a miséria e o abandono para a maioria dos nossos irmãos.
    Um dia, me perguntaram se eu não iria votar num amigo comum, e me disseram: Ele é nosso amigo. Pensei, e não tive dúvida: eleição não é um momento de escolha ou glorificação dos amigos pessoais. Disse, então: Gostaria, mas não vou votar… Ele é meu amigo, não é amigo dos famintos, dos sem-tetos, dos miseráveis que perambulam pelas ruas, das mulheres vítimas de violência doméstica, das crianças que sofrem abuso sexual, dos infelizes, dos necessitados…
    Meu voto é um voto na potência da vida que deseja o sonho de justiça social e solidariedade, acolhimento e liberdade materializados na vida do nosso país.
    Voto contra o desemprego, os baixos salários, a poluição, o preconceito sexual-de raça e qualquer que seja… Voto contra o desmatamento, contra a guerra e contra as políticas de enriquecimento de poucos às custas da massacre das multidões.
    SEM MEDO DE SER FELIZ – eu voto num mundo de inclusão social, de políticas públicas de cuidado dos desvalidos….
    SEM MEDO DE SER FELIZ – eu voto nos projetos de economia solidária e desenvolvimento sustentável…
    SEM MEDO DE SER FELIZ – eu voto na reforma agrária, na política internacional de apoio aos países pobres e de apoio ao direito de autonomia de todoas as nações…
    Não voto… na opressão, na exploração, na mistificação…
    Voto na reversão do aquecimento global, na convivência pacífica com o pleno direito à diferença.
    Voto, sim… no Plano Nacional de Direitos Humanos.
    SEM MEDO DE SER FELIZ, EU VOTO NA PERMANÊNCIA DA PRIMAVERA, POIS EU NÃO VOTO EM QUEM CORTAM AS NOSSAS FLORES E NOS FEREM COM OS ACÚLEOS DA DOMINAÇÃO.

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  2. Caro Altamiro, sou de Uberaba - MG e desejo entrar em contato com você mas não acho nenhum email no blog, meu email é zhe4@hotmail.com, gostaria de lhe pedir uma divulgação de um post de Dr. Jorge Bichuetti, diretor clínico da Fundação Gregório Baremblitt de Uberaba, que é referência na Luta Antimanicomial
    http://jorgebichuetti.blogspot.com/2010/09/diario-de-bordo-um-voto-consciente-e.html
    Grande abraço e muita paz e saúde

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  3. Lamentável é o PT, de partido revolucionário classista, passar a apoiador de Calheiros, Collors, Jaders, "usineiros" do PP (Arena-malufistas), etc.. Uma vergonha pra esquerda. Esperam a aprovação da direita, que sabem bem nunca terão. Fora essa baixaria da Erenice, petista deu pra fazer "conultoria" agora!!! "Consultoria" não é coisa de quem é de esquerda, isso é coisa de burguês propineiro! Total desvirtuamento!

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  4. Os ex petistas hoje candidatos têm o ego maior que o ideal,ao constatarem que não teriam espaço para concorrrer pelo PT. resolveram sair candidatos, o "pv" partido berruga do "psdb" e o Plinio PSOL cheio de graça. Infelizmente uma fogueira de vaidades. A laranja madura e a laranja podre.

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  5. Quando as pessoas querem se desligam de qualquer coisa para alcançar voo próprio, tem que ter um objetivo muito claro e coerente. Do contrário se for por mero oportunismo como no caso de Heloísa Helena ou no Silva, dá em água. Heloísa Helena é um caso emblemático.

    Marina Silva, ressentendida porque não foi a escolhida pelo Presidente Lula para ser A Candidata, resolveu fazer voo solo querendo queimar a feijoada, mas não vai conseguir uma coisa nem outra.

    Virou uma Laranja-Verde, de um verde desbotado ainda por cima, porque abandona os índios que ela diz defender (querendo que a gente acredite que ela é um Chico Mendes de saia), tirar o corpo fora na batalha que esses índios enfrentam para ter direito aos conhecimentos que detêm sobre a flora amazônica, que o vice de Marina surrupiou, infiltrando cientistas na tribo, para fazer cosméticos com a marca Natura.

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  6. Peço licença ao Anonimo, para lembrá-lo que a Marina não saiu ressentida de não ter sido escolhida candidata. Ela saiu depois da trairagem do Lula que entrEgou o plano da Amazonia Sustentável nas mãos do Mangabeira Ünger, aquele ministro-do-ninguem- sabe-o-quê, em vez de entregar o projeto na mãos da Ministra do Meio-Ambiente, ainda por cima, uma cidadã da Amazonia.
    Que que o Mangabeira fez? Pediu demissão do governo e voltou correndo pra Harvard (EUA), depois de ser ameaçado com a perda de seu salário em dolar, pago pela universidade estadounidense.
    É sempre bom ter memória pra não cair na esparrela dos robôzinhos.

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  7. Heloísa Helena foi eleita senadora em 98, não em 2002.

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