Reproduzo artigo de Marcos Coimbra, presidente do Instituto Vox Populi, publicado na revista CartaCapital:
Quando, no futuro, for escrita a crônica das eleições de 2010, procurando entender o desfecho que hoje parece mais provável, um capítulo terá de ser dedicado ao papel que nelas tiveram os jornalistas tucanos.
Foram muitas as causas que concorreram para provocar o resultado destas eleições. Algumas são internas aos partidos oposicionistas, suas lideranças, seu estilo de fazer política. É bem possível que se saíssem melhor se tivessem se renovado, mudado de comportamento. Se tivessem permitido que novos quadros assumissem o lugar dos antigos.
Por motivos difíceis de entender, as oposições aceitaram que sua velha elite determinasse o caminho que seguiriam na sucessão de Lula. Ao fazê-lo, concordaram em continuar com a cara que tinham em 2002, mostrando-se ao País como algo que permanecera no mesmo lugar, enquanto tudo mudara. A sociedade era outra, a economia tinha ficado diferente, o mundo estava modificado. Lula e o PT haviam se transformado. Só o que se mantinha intocada era a oposição brasileira: as mesmas pessoas, o mesmo discurso, o mesmo ar perplexo de quem não entende por que não está no poder.
Em nenhum momento isso ficou tão claro quanto na opção de conceder a José Serra uma espécie de direito natural à candidatura presidencial (e todo o tempo do mundo para que confirmasse se a desejava). Depois, para que resolvesse quando começaria a fazer campanha. Não se discutiu o que era melhor para os partidos, seus militantes, as pessoas que concordam com eles na sociedade. Deram-lhe um cheque em branco e deixaram a decisão em suas mãos, tornando-a uma questão de foro íntimo: ser ou não ser (candidato)?
Mas, por mais que as oposições tivessem sido capazes de se renovar, por mais que houvessem conseguido se libertar de lideranças ultrapassadas, a principal causa do resultado que devemos ter é externa. Seu adversário se mostrou tão superior que lhes deu um passeio.
Olhando-a da perspectiva de hoje, a habilidade de Lula na montagem do quadro eleitoral de 2010 só pode ser admirada. Fez tudo certo de seu lado e conseguiu antecipar com competência o que seus oponentes fariam. Ele se parece com um personagem de histórias infantis: construiu uma armadilha e conduziu os ingênuos carneirinhos (que continuavam a se achar muito espertos) a cair nela.
Se tivesse feito, nos últimos anos, um governo apenas sofrível, sua destreza já seria suficiente para colocá-lo em vantagem. Com o respaldo de um governo quase unanimemente aprovado, com indicadores de performance muito superiores aos de seus antecessores, a chance de que fizesse sua sucessora sempre foi altíssima, ainda que as oposições viessem com o que tinham de melhor.
Entre os erros que elas cometeram e os acertos de Lula, muito se explica do que vamos ter em 3 de outubro. Mas há uma parte da explicação que merece destaque: o quanto os jornalistas tucanos contribuíram para que isso ocorresse.
Foram eles que mais estimularam a noção de que Serra era o verdadeiro nome das oposições para disputar com Dilma Rousseff. Não apenas os jornalistas profissionais, mas também os intelectuais que os jornais recrutam para dar mais “amplitude” às suas análises e cobertura.
Não há ninguém tão dependente da opinião do jornalista tucano quanto o político tucano. Parece que acorda de manhã ansioso para saber o que colunistas e comentaristas tucanos (ou que, simplesmente, não gostam de Lula e do governo) escreveram. Sabe-se lá o motivo, os tucanos da política acham que os tucanos da imprensa são ótimos analistas. São, provavelmente, os únicos que acham isso.
Enquanto os bons políticos tucanos (especialmente os mais jovens) viam com clareza o abismo se abrir à sua frente, essa turma empurrava as oposições ladeira abaixo. Do alto de sua incapacidade de entender o eleitor, ela supunha que Serra estava fadado à vitória.
Quem acompanhou a cobertura que a “grande imprensa” fez destas eleições viu, do fim de 2009 até agora, uma sucessão de análises erradas, hipóteses furadas, teses sem pé nem cabeça. Todas inventadas para justificar o “favoritismo” de Serra, que só existia no desejo de quem as elaborava.
Se não fossem tão ineptas, essas pessoas poderiam, talvez, ter impulsionado as oposições na direção de projetos menos equivocados. Se não fossem tão arrogantes, teriam, quem sabe, poupado seus amigos políticos do fracasso quase inevitável que os espera.
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na próxima 4a feira o stf vai decidir se a lei da ficha limpa vale para estas eleições
ResponderExcluirexiste um enorme risco que gilmar dantas e marcoaureliocacciola consigam convercer alguns meret_íssimos
de novo a AVAAZ está juntando assinaturas para uma petição a favor da lei, foi a AVAZZ que recolheu milhões de assinaturas e a petição pressionou o congressio que queria engavetar a lei
por favor, assinem e espalhem entre os amigos
senão eles passarão!!!
https://secure.avaaz.org/po/ficha_limpa_supremo/?fp
Caro Altamiro e pessoal! Acontecerá no CCBB Rio, dia 21 de setembro, terça-feira, das 18h30 às 20h30, dentro de um projeto que trata das vanguardas na Internet (artísticas e outros temas), um debate com o Azenha e o Mauro Santayana. Eles debaterão sobre a Blogosfera – A imprensa Alternativa do Séc XXI? Um bom programa para refletir sobre as atividades golpistas do PIG e a debandada de leitores mais qualificados para os blogues nos últimos tempos. O debate será transmitido ao vivo (online) pela TV UOL (por incrível que possa parecer) com possibilidade de participação dos internautas com perguntas online que serão respondidas em tempo real pelos debatedores. Vale a pena dar uma olhada, ou ao vivo no CCBB ou pela internet.
ResponderExcluirAs senhoras de Santana da imprensa
ResponderExcluirCynara Menezes - Blog Brasília, Eu vi
Em 1980, surgiu em São Paulo um grupo de mulheres preocupadas com a “imoralidade” que tomava conta da televisão. Sobretudo com os programas que surgiam naquela década falando abertamente de sexo, como o da hoje candidata a senadora Marta Suplicy no TV Mulher. Apelidadas de “senhoras de Santana”, por serem moradoras do bairro com este nome, elas marcaram época e viraram sinônimo do atraso e do conservadorismo nos costumes.
Trinta anos depois, surge uma nova geração de “senhoras de Santana”. Desta vez, não descobertas por jornalistas: são jornalistas. Instaladas em número cada vez mais volumoso nas redações, premiadas com cargos de chefia e ascensão meteórica, as senhoras de Santana do jornalismo são o exato oposto da figura mítica do repórter talentoso, espirituoso, culto e algo anarquista: têm um texto ruim de doer e nunca leram nada a não ser seu próprio veículo, mas cumprem rigorosamente as tarefas que lhes são dadas. Seu maior ídolo é o patrão.
Esqueça a imagem do jornalista concentrado, batucando com rapidez sua reportagem com um cigarro pendurado no bico. As novas senhoras de Santana do jornalismo não fumam. Aliás, deduram quem estiver fumando em ambiente fechado, como reza a lei imposta por aquele político que seus patrões adoram e que eles, obedientemente, passaram a bajular. Fumar baseado, então, nem pensar. Os repórteres de Santana são contra a descriminação de todas as drogas, até da menos nociva delas. Se as senhoras de Santana do jornalismo soubessem que andam por aí fumando orégano, fariam matérias pela proibição do uso, mesmo na pizza.
(continua ... http://brasiliaeuvi.wordpress.com/ )
Caro Altamiro, de há muito leio seu blog. Agora como seguidor. Quero parabenizá-lo por esse trabalho e dizer que estou tentando juntar fôlego para acompanhá-lo e a outros blogueiros que tentam fazer valer a seriedade na informação. Através do meu blog somo forças à essa cruzada. (http://gramaticadomundo.blogspot.com/2010/09/midia-brasileira-manipulacao-e-golpismo.html)
ResponderExcluirProf. Romualdo Pessoa - IESA/UFG
Para não dizer perfeita análise, direi ótima, Coimbra. Você tem acertado no alvo, com comentários claros, pertinazes e contundentes. Resta-me pedir aos seus leitores, pelo amor a Deus e ao Brasil, deixem de assitr ao Jornal Nacional, ler Veja e Folha. E vamos nos preparar paras essas duas últimas semanas. Alô movimentos sociais, alô partidos aliados, alô associações e sindicatos, nossa arma é mostrar a verdade para o povo em todas as partes, principalmente a quem não tem acesso a Internet.
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